Um plano de trabalho~ práticos de Física PAULO PEREIRA MUNIZ * CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES o plano aqui apresentado não se refere, como parece indicar lo título, a um curso essencialmente experimental, sugerido algumas vêzes como solução para o ensino da Física, mas para nós apresenta defeitos tão graves como os de um curso eminentementemente teórico; se um curso apenas teórico dá ao aluno uma idéia deformada da Física, transformando-se quase sempre num estudo de Matemática Aplicada, um estudo da Física somente por meio de experiências fege também aos objetivos do ensino de tal cadeira pois, antes de tudo, impede que o aluno perceba que a linguagem natural da Física é a Matemática. Nos planejamentos dos nossos cursos de Física, levadas em conta as considerações acima, incluímos aulas teóricas, aulas práticas, sessões de estudo dirigido, resolução de problemas, procurando alcançar os objetivos de ensino da Física através de' tôdas essas atividades.. Outra característica de nossos cursos é que procuramos fazer com que a parte prática do cursa. não seja considerada como algo isolado, surgindo os trabalhos práticos como uma seqüência natural da matéria em andamento. * PAULO PEREIRA MUNIZ - Chefe da Seção Didática de Ciências e Vice Diretor do Colégio Nova Friburgo.
PLANO DE TRABALHOS PRATICaS DE FtSICA 51 Os trabalhos práticos do curso estão divididos entre as demonstrações, realizadas pelo professor para ilustração de suas preleções e os trabalhos f.eitos pelos próprios alunos. Para as aulas de demonstração, dispomos no laboratório do Colégio Nova Friburgo do material tradicional da OTTO BENDER, de algum material do PSSC e, recentemente, adquirimos o equipamento da PHYWE, que consta de peças isoladas com as quais é possível montar experiências diversas, descritas no livro Practicas de Física para Escolares, de autoria de KURT MAYe que acompanha o conjunto. Conside'ramos as demonstrações práticas bastante úteis aos cursos, porém damos mais importância aos trabalhos realizados pelos próprics alunos, que além de uma maior motivação permitem que êl 'S mesmos utilizem o método. da Física e verifiquem ou redescubram uma série de leis ou relações físicas. Os estudos práticos realizados pelos alunos são geralmente quantitativos e, então, o objetivo fundamental de tais trabalhos é o da verificação experimental de alguma relação entre as grandezas físicas. Para que o aluno cumpra o primeiro objetivo nas suas atividades práticas, temos a preocupação de ensiná-lo a medir, trabalhar de modo ordenado e'a analisar os dados obtidos em uma experimentação. Assim, por exemplo, antes de trabalhos práticos sôbre termologia, o aluno aprende vários detalhes sôbre a utilização do tetillômetro de mercúrio. Várias normas elaboradas com antecedência ensinam o aluno a trabalhar com ordem e a análise de diversos dados, prov1 nientes de trabalhos práticos já realizados, propiciam ao aluno condições para que mais tarde êle possa interpretar os: seus próprios resultados. Um outro objetivo dos trabalhes práticos é dar ao aluno uma possibilidade de desenvolver o seu espírito de iniciativa e a sua capacidade de criação.
52 CURRICULUM 11/67 o trabalho prático deve ser projetado de tal modo que ao executá-lo o aluno seja como um cientista em miniatura, percorrendo as diversas etapas de uma pe5quisa real: colocação do problema, escolha dos métodos que serão utilizados na solução dos problemas, realização. de medidas, análise dos dados:e conclusão. Para realização dos trabalhos práticos, os alunos são sempre divididos em pequenos grupos e aos grupos ressaltado a cada instante o fato de que qualquer descoberta científica é resultante de trabalho de equipe. Ao contrário do que em geral sucede com as demonstrações práticas, nos trabalhos práticos. dos alunos O> material é bastante simples e fàcilmente improvisável. Exemplos. I - Determinação do Calor de Fusão do Gêlo. Material Necessário: 1 termômetro, 1 copo de pirex, 1lamparina de' álcool, 1 tela de amianto e gêlo. II - Significado Físico da Caloria. Material Necessário: 1 termômetro, 1 copo de pirex, 1 lamparina de álcool, 1 tela de amianto e água. Após cada trabalho, para que o aluno possa avaliar o que aprendeu realmente de concreto, é sempre aplicado um questionário e como complemento de seu trabalho deve êle apresentar um relatório individual, segundo o modêlo do colégio; os trabalhos feitos merecem sempre comentários do professor, seja no local apropriado do relatório ou em aula posterior ao trabalho. Na relação. que se segue, estão apresentados trabalhos que são feitos por alunos, destacados dos dive'rsos planos de unidades da 2. a série do Curso Colegial onde, de acôrdo com o programa de Física do Co,légio Nova Friburgo, faz~ se o estudo da Termologia no 1.0 semestre e de Ótica no 2. semestre.
PLANO DE TRABALHOS PRATICOS DE FíSICA 53 1. SEMESTRE - TERMOLOGIA Assunto Gráficos Cartesianos Interpretação de uma Experiência Temperatura Temperatura Dilatação Trabalho Prático ou Exercício Exercícios Exercícios Escala Natural de Temperaturas Comparação entre Termômetros de Mercúrio Determinação de Coeficiente de Dilatação Linear Verificação Experimental do Significado Físico da Caloria. Velocidade de Suprimento. do Calor por um Bico de Bunsen Verificação Experimental de Princípio Fundamental da Construção de um Calorímetro Determinação do Calor Específico de Sólidos Determinação do Calor Específico de Líquidos Análise da Fusão da Naftalina Exercícios Estudo da Fusão da Parafina Determinação do Calor de Fusão do Gêlo Ebulição (Substância Pura e Mistura) Determinação do Calor de Vaporização da Água
54 Estudo dos Gases Estudo dos Gases CURRICULUM 11/67 Verificação da Lei de Boyle-Mariotte Determinação de Coeficiente de Dilatação dos Gases Referências Bibliográficas Física - PSSC - Ed. da Universidade de Brasília - 1965 Muniz, Paulo Pereira - Problemas e Exercícios de Terminologia - FGV - 1965 2. SEMESTRE - ÓTICA As\Sunto Refração da Luz Lâmina de Faces Paralelas Prisma Lentes Lentes Lentes Trabalho Prático ou Exercício Sistema num Espelho Plano Sistema de Espelhos Planos Imagens nos Espelhos Planos Determinação do Rsio de Curvatura de Espelhos Convexcs Características das Imagens nos Espelhos Côncavos Estudo Determinação do Índice de Refração do Vidro Determinação do Desvio Imagens produzidas po r uma Lente Convergente Determinação da Convergência Associação
PLANO DE TRABALHOS PRATICOS DE FtSICA 55 Fotometria Fotometria Interferência e Difração Análise de, uma Experiência sôbre Iluminamento Intensidade de Iluminação ec Função da Distância Características Referências Bibliográficas Física - PSSC - Ed. da Univ. de Brasília - 1965 Lodel, E. - Enserlanza de la Física - Ed. Kapeluz