Dia da Independência de Angola

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Transcrição:

Dia da Independência de Angola O dia 11 de Novembro de 1975 foi uma data muito importante para a Angola, já que foi o dia em que deixou de ser colónia de Portugal. Na época das grandes navegações, os portugueses chegaram a Angola cerca de 1480 e, desde então, Angola passou a ser território português do ultramar. A situação que prevaleceu durante a época colonial como na maioria das colónias do mundo, era desigual, já que só se retirava de Angola aquilo que a metrópole precisava, e não havia preocupações com a situação económica e social da colónia. Foi apenas em 1920 que se concedeu autonomia financeira a Moçambique e a Angola (os maiores territórios de Portugal em África), com possibilidades de contraírem empréstimos para os seus planos de fomento económico. Mas, nas condições de Angola, esta decisão dos portugueses foi uma má postura governamental, dado que pelo menos 50% das receitas orçamentais provinham do imposto indígena, conhecido por imposto de palhota. Os empréstimos adquiridos demasiado grandes em relação às magras receitas, pelo que a moeda local perdeu todo o seu valor e a economia começou a deslizar para a banca rota, sendo os territórios salvos apenas por subsídios da metrópole. Em 1930, o controlo da política e da economia da Angola era total por parte da metrópole, e, como modo de legitimação, o então ministro das colónias, Salazar, proibiu aí o trabalho forçado em proveito das companhias, mas, como muitas das suas resoluções, permaneceu letra-morta. A representação das colónias na metrópole era feita através do governador-geral, assistido por um conselho de governo desde 1926 e, muito mais tarde (1955), por um conselho consultivo eleito, mas mediante listas cuidadosamente preparadas e onde, na prática, só as missões, as actividades económicas e os trabalhadores portugueses se encontravam representados, deixando de lado os povos nativos e principalmente de raça negra. No âmbito da educação, em 1959-60 a população tinha muitas deficiências e era analfabeta na sua maioria, já que do total do povo angolano, 40% não sabiam ler nem escrever. No caso do ensino, o número de jovens portugueses constituía 60% do número total dos alunos, quando os portugueses em Angola não passavam de 3% da população.

Todas estas condições fizeram com que, no interior do país, se formassem grupos de libertação: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), cujo presidente era António Agostinho Neto; a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), cujo líder era Jonas Malheiro Savimbi; e a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA). No dia 4 de fevereiro de 1961, deu-se um levantamento popular contra da colonização por parte dos portugueses: era o sinal de que a população queria a independência. Na madrugada daquele dia um grupo de mulheres e homens, munidos de paus, catanas e outras armas brancas, atacaram a casa de reclusão e a cadeia de São Paulo para libertarem presos políticos, ameaçados de morte. O regime colonial reagiu com acções repressivas em todo o território, perdendo-se assim muitas vidas. Desde então, o dia 4 de Fevereiro é lembrado em Angola como o dia da exaltação do nacionalismo angolano. É importante lembrar que a luta pela independência se levou a cabo aquando do periodo da guerra fría, e assim formaram parte indirectamente dela as principais forças hegemónicas. O MPLA foi sempre apoiado pela antiga U.R.S.S., que financiava e mandava armamento para o grupo independentista, com a firme intenção de obter mais uma área de influência na região. Do outro lado encontrava-se a FNLA que era apoiada pelos E.U.A. que tinham a mesma finalidade que os soviéticos; neste contexto, a UNITA conseguiu o apoio por parte da República Popular da China. No entanto, o FNLA tinha menos armamento do que os outros movimentos e perdeu força rapidamente. Após a Revolução dos Cravos em Portugal (1974), o governo socialista comprometeu-se a pôr fim às guerras e dar autodeterminação aos povos africanos. Aproveitando a situação, o MPLA através do seu líder e, futuramente, o primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto, declarou a independência do país no día 11 de Novembro do mesmo ano. Nos anos seguintes continuou a guerra civil entre o MPLA e a UNITA, que deixou de ser apoiada pela China para o ser pelos E.U.A., tendo maior apoio e constituindo-se como o principal grupo de oposição militar, até que, em 2002, morreu o seu líder, Jonas Malheiro Savimbi, e assim a situação de guerra perdeu um pouco a intensidade dos anos anteriores.

Bandeira da Angola proposta por Franz Paul de Almeida Langhans em 1965, em Lisboa, e aprovada por o conselho de ministros no ano de 1967 (nunca entrou em vigor). As armas menores: à esquerda, de prata, cinco escudetes, de azul, postos em cruz e carregados cada um com cinco besantes de prata em aspa; à direita, de púrpura, um elefante e uma zebra de ouro; em ponta, de prata, cinco ondas de verde. António Agostinho Neto, na cerimónia de declaração da independência do povo angolano. Bandeira actual da Angola. Tem uma clara influência da bandeira do MPLA. O vermelho simboliza o sangue derramado pelos angolanos durante as lutas pela independência, o negro simboliza o continente africano. O símbolo no centro é uma roda dentada e uma catana, cruzados, e uma estrela, que simbolizam os trabalhadores, e é um símbolo de comunismo (clara influência do comunismo soviético, já que a U.R.S.S. apoiou o movimento).

HINO ACTUAL DE ANGOLA: Ó Pátria, nunca mais esqueceremos Os heróis do quatro de Fevereiro. Ó Pátria, nós saudamos os teus filhos Tombados pela nossa Independência. Honramos o passado e a nossa História, Construindo no Trabalho o Homem novo, Honramos o passado e a nossa História, Construindo no Trabalho o Homem novo, Coro Angola, avante! Revolução, pelo Poder Popular! Pátria Unida, Liberdade, Um só povo, uma só Nação! (repetir) Levantemos nossas vozes libertadas Para glória dos povos africanos. Marchemos, combatentes angolanos, Solidários com os povos oprimidos. Orgulhosos lutaremos Pela Paz Com as forças progressistas do mundo. Orgulhosos lutaremos Pela Paz Com as forças progressistas do mundo. Coro Trabalho elaborado por: José Francisco Gama Ledezma. Aluno da UNAM FES Acatlán.

Bibliografía: - Ki-Zerbo, Joseph. História da África Negra, volume II, 2da. Edição. Ed. Publicações Europa- América, Paris, 1972. - Manolo, Jesús. 2007. Cerimónia da Independência de Angola - 11 de Novembro de 1975. Flickr. http://www.flickr.com/photos/moitas61yahoocombr/2352218397/ (23 de Outubro de 2009). - Martins, Antonio. 2007. Bandeiras de Angola. Tuvalkin. http://www.tuvalkin.web.pt/terravista/guincho/1421/bandeira/ao.htm (28 de Outubro de 2009). - Alvez, José. 2006. Exaltação de nacionalismo dos angolanos. Leste de Angola. http://lestedeangola.weblog.com.pt/arquivo/223567.html (28 de Outubro de 2009).