Patologia de sementes olerícolas 1 Ana Paula Simplício Mota, 2 Érica Fernandes Leão, 3 Laís Assupção Junqueira, 4 Lucas Emanuel Nunes Gonçalves, 5 Maristela dos Santos Rey 1 Bolsista PIBIC/UEG 2 Voluntária PIVIC/UEG 3 Colaboradora 4 5 Orientadora PIBIC/UEG UEG (Unu - Ipameri), CEP 75680-000, Brasil anapaula_pjb@hotmail.com, maris_rey@yahoo.com.br PALAVRAS-CHAVE: Patologia de sementes, olericolas, patógenos, transmissibilidade. 1 INTRODUÇÃO 1.1 O mercado e a partipação das sementes olerícolas no Brasil e no Mundo As hortaliças são produtos importantes na alimentação e na economia nacional. Esta importância se deve não só ao valor agregado do produto que é comercializado como também nas muitas espécies distribuídas por dezenas de cultivares comerciais (REIFSCHNEIDER, 1985). Os países, tradicionalmente, exportam pouca semente de hortaliças, apesar de possuírem sementes de alta qualidade e germoplasma adaptado para muitas regiões. Entretanto, nos últimos anos tem crescido a exportação dessas sementes no Brasil e redução nas importações. NASCIMENTO (2002) afirma que a importação de sementes de hortaliças no Brasil deve-se a diferentes fatores: falta de tradição na produção de sementes e ineficiência de tecnologia de produção de sementes para determinadas espécies; condições climáticas inadequadas para o florescimento e produção de sementes de 1
algumas hortaliças; baixo custo na aquisição de sementes em algumas hortaliças; e, a facilidade de importação, devido à rapidez de informação e aquisição de sementes, em conseqüência da globalização de mercado da comercialização de sementes de alto preço de algumas hortaliças. Com o aumento da importação brasileira de sementes olerícolas, cresceu também a importância tecnológica e fitossanitária. Nossos pontos de vulnerabilidade se concentram em fatores como: insuficiência da estrutura nacional de produção de sementes, inadequação genética de cultivares e estrangeiras e falta da avaliação fitossanitária das sementes importadas. 1.3 Importância da Patologia Sementes em Espécies Olerícolas No Brasil, os estudos de patologia de sementes ganharam importância a partir de 1977 com a realização de um workshop em Londrina- PR com a participação de diversos especialistas na área. Juntamente com a criação do Programa Brasileiro de Patologia de Sementes (COPASEM), livros foram editados e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o Grupo Técnico Permanente em Qualidade de Sementes (GTPSS). A associação desses fatores proporcionou ao Brasil conhecimentos relacionados à patologia de sementes, que consequentemente foram incorporados no sistema produtivo (HENNING, 2005). A associação de patógenos a diversas sementes, inclusive de olerícolas é uma preocupação antiga e tem sido apontada como causa responsável de inóculo primário de epidemias e doenças nessas espécies de plantas (BOFF, 1995). A análise sanitária é um método pouco utilizado entre produtores e comerciantes de hortaliças, mas além de ser um parâmetro que determina a qualidade da semente, pode ser uma medida útil no controle de diversas doenças. Testes de patologia de sementes podem esclarecer causas de baixa germinação comum em amostras com elevados índices de fungos patogênicos. Um exemplo claro dessa situação é fornecido pelo DIACOM (diagnóstico completo) que esclarece a baixa germinação de sementes quando estas estão com elevados índices de Phomopsis spp (HENNING & FRANÇA NETO, 1981). 2
1.3.1 Patologia de sementes em repolho e pepino - benefícios O repolho (Brasica Oleracea var. capitata), entre as variedades botânicas da espécie, é, mundialmente, a de maior importância econômica, sendo no Brasil, a brasicacia mais consumida. Ao longo do tempo, foram obtidas cultivares adaptadas a temperaturas elevadas, ampliando consequentemente os períodos de plantio e de colheita. A produção de mudas de qualidade é uma das etapas mais importantes no cultivo de hortaliças (SILVA JÚNIOR et al., 1995), pois delas depende o desempenho final das plantas nos canteiros de produção (CARMELLO, 1995). Devido à importância de se obter mudas de qualidade a boa sanidade da semente é fator indispensável ao bom cultivo dessa olerícola. Segundo GALLI (2001), no caso do repolho, há alguns casos em que os patógenos que infectam as sementes provocam danos durante a germinação e no estabelecimento das plântulas ou posteriormente, durante o desenvolvimento da cultura. De acordo com ABDO (2005), dentre as diversas hortaliças, o pepino (Cucumis sativus) é produzido em volumes significativos. As sementes, por apresentarem considerável valor comercial e, ainda, pela forma de comercialização, merecem atenção especial quanto ao potencial fisiológico e patogênico. Dessa forma, as técnicas de patologia de sementes favorecem de forma significativa o melhor controle de patógenos em sementes de pepino e repolho e consequentemente beneficia a produção dessas duas importantes culturas. 1.4 Testes de Sanidade em Sementes Os testes de sanidade tem como principal objetivo determinar a condição sanitária das sementes e fornecer informações para serviços como: quarentena, certificação de sementes, tratamento de sementes, teste de qualidade de grão armazenados e avaliaçao de resistência de cultivares (MACHADO, 2000). A escolha do método a ser utilizado vai depedender de fatores como o patógeno, condições laboratoriais disponíveis e propósitos do teste. Podem ser utilizados métodos sem incubação, métodos com incubação, métodos de sintomas em plântulas, testes bioquímicos, testes sorológicos e microscopia eletrônica 3
(HENNING, 2005). Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação 1.4.1 Testes com incubação Testes com incubação apesar de algumas desvantagens são bastante eficientes, pois permite o crescimento e esporulação do fungo e sua posterior identificação ao nível de espécie. Os dois testes mais utilizados são o método do papel-de-filtro (teste de blotter) e método da placa com ágar. Segundo HENNING (2005) o método do papel-de-filtro permite a visualização dos fungos que se desenvolvem na semente sem pertubação e em um meio que favorece a condição de crescimento dos mesmos. O teste pode ser utilizado em todos os tipos de sementes, embora apresente algumas desvantagens como: fungos de crescimento rápido pode dificultar os de desenvolvimento mais lento; o teste não detecta patógenos importantes, dentre eles estão: Peronospora manshurica e Plasmopara halstedii. Contaminação com saprófitas (Rhizopus spp, Mucor sp, Trichoderma spp) podem impedir o bom andamento da análise. Já o o método da placa de ágar é utilizado quando o teste de papel-filtro não oferece condições adequadas para o crescimento de alguns fungos. Nesse caso a identificação é realizada macroscopicamente, sem preparo de lâminas. 2 MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho tem como objetivo avaliar a patologia de sementes de quatro importantes espécies olerícolas amplamente cultivadas no Brasil. Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária de Ipameri. Foram avaliadas patogenicidade de sementes das seguintes espécies de hortaliças: Pepino (Cucumis sativus) e Repolho (Brassica oleracea var. Capitata),. Para realização do teste de sanidade foi utilizado o teste do papel-filtro (blotter-test), sob condições de fotoperíodo de 12 horas luz/escuro e temperatura de 25 C, sendo as sementes incubadas por 7 dias. Para execução do teste, usou-se caixas plásticas (gerbox) lavadas com detergente e desinfestadas com hipoclorito de sódio (1%). Posteriormente, colocou- 4
se duas folhas de papel filtro em cada gerbox e adicionou-se água esterilizada suficiente para umedecer o papel. Foram utilizadas 200 sementes (anteriormente tratadas com fungicidas) distribuídas em 8 repetições de 25 sementes para cada espécie. A distribuição das sementes foi baseada considerando-se o tamanho das sementes (Figura 1). Figura 1: Sementes de pepino (25 na forma 5 x 5). Universidade Estadual de Goiás, Unidade de Ipameri. 2010. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas sementes avaliadas de pepino verifica-se seis gêneros de fungos: Trichoderma sp., Rhizopus sp., Penicillium sp., Fusarium sp., Quetomio sp. e Phoma sp,, sendo que a maior média foi obtida pelo fungo Rhizopus sp., entretanto não ocorreu diferença significativa entre os tratamentos. Já nas sementes de repolho, houve maior incidência do fungo Penicillium sp, dentre os três ocorridos. Também não ocorreu diferença significativa entre os tratamentos. Os dados foram subtidos a um teste de normalidade que indicaram a necessidade de transformação em "(x+k)^1/2" com k = 0,1. Tabela 1. Médias obtidas pelos dados de patogenicidade dos fungos em duzentas sementes de pepino. Universidade Estadual de Goiás (UEG). Ipameri. 2010. Fungos ocorridos nas sementes Médias Médias sem tratamento Trichoderma sp. Penicillium sp. Fusarium sp. Quetômio sp. Rhizopus sp. 5
Phoma sp. C.V. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%. Tabela 2. Médias obtidas pelos dados de patogenicidade dos fungos em duzentas sementes de repolho. Universidade Estadual de Goiás (UEG). Ipameri. 2010 Fungos ocorridos nas sementes Médias Médias sem tratamento Penicillium sp. Rhizopus sp. Trichoderma sp. C.V. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%. 4 CONCLUSÕES As análises feitas nas sementes de pepino e repolho mostram a incidência de fungos de armazenamento, como Penicillium sp., e biocontroladores como o fungotrichoderma sp., e outros, que apesar de serem considerados saprófitas por alguns autores, devem ser contados pela sua importância. Sendo que o primeiro pode ser responsável pela completa deterioração das sementes quando as condições de armazenagem são inadequadas. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDO, M.T.V.N; PIMENTA, R.S.; PANOBIANCO, M.; VIEIRA, R.D. Testes de vigor para avaliação de sementes de pepino. Revista Brasileira de Sementes, 2005. v 27, nº1, p 195-198. BOFF, P.; STADNICK, M. J.; FERRARI, R.; DA SILVA, T.D. Estado Sanitário de Semente 6
de Cebola Comercializado em Santa Catarina. Revista Brasileira de Sementes, 1995. v 17, nº2, p 125-132. CARMELO, Q.A.C. Nutrição e adubação de plantas hortícolas. In: MINAMI K, Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. 1ª Ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 1995. p. 27-37. GALLI, J.A; PANNIZI, R. J.; PANIZZI, R.C.; SADER, R.; CAMARGO, M. Efeito de Xanthomonas campestris pv. campestris na germinação de sementes de couve-flor e eficiência de meios de cultura na detecção do patógeno em sementes de repolho. Revista Brasileira de Sementes, 2001. v 17, nº2, p 171-176. HENNING, A.A. Patologia e Tratamento de Sementes: noções gerais. Embrapa Soja, 2005. 1 ed, 52p. HENNING, A.A.; FRANÇA NETO, J.B.; COSTA, N.P. Avaliação dos efeitos de diferentes níveis de sementes com mancha-púrpura, sobre qualidade fisiológica e sanitária das sementes. In: Centro Nacional de Pesquisa de Soja. Resultados de Pesquisa de Soja 1980/81. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 1981, p 290-294. MACHADO, J. da C. Tratamento de sementes no controle de doenças. Lavras: LAPS/UFLA/FAEPE, 2000. 1 ed. 138p. NASCIMENTO, W. M. A semente germina. Cultivar HF, 2002. v 12, p 14-16. REIFSCHNEIDER, F. J. B.; CUNHA, M. C.; GUEDES, A. C. Diagnóstico da Patologia de Sementes no Brasil. Revista Brasileira de Sementes, 1985. v 7, nº2, p 125-132. SILVA JÚNIOR, A.A.; MACEDO S.G; STUKER H. Utilização de esterco de peru na produção de mudas de tomateiro. Florianópolis: EPAGRI, 1995. 28 p. (Boletim Técnico 73). GITIRANA JR, G. F. N.; FREDLUND, D. G.; LIMA, M. C. G. Fluxo em solos não saturados e o processo erosivo. In: CAMAPUM DE CARVALHO, J.; SALES, M. M.; SOUZA, N. M.; MELO, M. T. S. (Org.) Processos erosivos no centro-oeste brasileiro. 1ª ed. Brasília: FINATEC, 2006. v 1, p 285-317. 7