BOLETIM CLIMÁTICO - JULHO 2016 1. Condições meteorológicas sobre o Brasil No mês de julho de 2016, os valores acumulados de precipitação mais significativos ocorreram no noroeste do Amazonas, sul de Roraima e no nordeste do Rio Grande do Sul. Nessas regiões, foi observada anomalia positiva de precipitação. Entretanto, em grande parte do país predominou anomalia negativa de precipitação, Figura 1 (a e b). Consequentemente, as principais bacias do SIN fecharam o mês com chuva abaixo da média, Figura 1.2. Neste mês, cinco frentes frias atingiram o país, sendo que três desses sistemas atingiram o litoral da região Sudeste, provocando chuva predominantemente na faixa leste do país. A Figura 1.3a mostra que a média mensal das linhas de corrente em baixos níveis da atmosfera (850 hpa) indica o predomínio de uma massa de ar seco (circulação anti-ciclônica) em todo o Brasil central, situação típica deste período do ano. Na altura do Rio Grande do Sul foi observado um cavado que favoreceu a ocorrência de chuvas na cabeceira do rio Uruguai, principalmente na primeira quinzena do mês. Nos altos níveis da atmosfera (200 hpa), a corrente de jato teve um comportamento distinto durante a primeira e a segunda quinzena do mês. Na primeira quinzena, uma crista dificultou a entrada de massas de ar frio no centro sul do país, Figura 1.3b. Na segunda quinzena, a formação de um cavado no oceano Atlântico na altura da região Sudeste, associado ao fluxo de sul em todo o sudeste da América do Sul, favoreceu a incursão de massas de ar frio nas regiões Sul, Centro Oeste e no estado de São Paulo, Figura 1.3c.
(a) Figura 1: (a) Precipitação Total Acumulada e (b) Anomalia de Precipitação Julho 2016. Fonte: CPTEC (b) Figura 1.2: Anomalia de Precipitação (%). Fonte: ONS
(b) Linha de corrente e anomalia de vento zonal (sombreado) em 200 hpa. Média entre 1 e 15 dee julho de 2016 (a) Linha de corrente e anomalia do vento meridional (sombreado) em 850 hpa (c) Linha de corrente e anomalia de vento zonal (sombreado) em 200 hpa. Média entre 16 e 31 de julho de 2016 Figura 1.3: Linhas de corrente e: a) anomalia de vento meridional (sombreado) em 850hPa, b) média da anomalia de vento zonal (sombreado) em 250hPa entre 1 e 15 de julho de 2016 e c) média da anomalia de vento zonal (sombreado) em 250hPa entre 16 e 31 de julho de 2016. Fonte: CPTEC/INPE, NOAA-ESRL Physical Sciences Division, Boulder Colorado http://www.esrl.noaa.gov/psd Esta análise explica o comportamento das anomalias de temperatura mínima e máxima durante o mês de julho, com extremos acima da média na primeira quinzena e abaixo da média na segunda em todo o centro-sul do Brasil. Nessa região, na média mensal, as temperaturas estiveram próximas a média histórica. No restante do país foram observadas anomalias positivas de temperatura, Figura 1.4 (a e b).
(a) Figura 1.4: Anomalia de Temperatura: (a) Mínima e (b) Máxima Julho 2016. Fonte: CPTEC (b) 2. Condições Oceânicas e Atmosféricas Em julho, a temperatura da superfície do mar TSM - permaneceu abaixo da média em uma faixa estreita ao longo do oceano Pacífico equatorial central, mais especificamente nas regiões Niño Niño 3 e Niño 3.4, com anomalias de -0.48 C e -0.49 C respectivamente. Nas regiões Niño 1+2 e Niño 4 a TSM se encontra ligeiramente acima da média com valores de anomalias de 0.17 C e 0.26 C respectivamente. Ao redor do Oceano Pacífico equatorial, predominam anomalias positivas de TSM. Esta configuração oceânica, associada às anomalias de oeste do vento em 850 hpa sobre a região de resfriamento bem como outras variáveis meteorológicas, indicam que tecnicamente estamos em um período de neutralidade em relação a atuação do fenômeno ENOS (Figura 2.1). O Índice de Oscilação Sul (IOS) neste mês foi de 0.4.
Figura 2.1: Anomalia de TSM e vento em 850 mb observada no mês de julho de 2016. Fonte: NCEP/CPTEC 3. Climatologia Os meses de setembro outubro e novembro apresentam totais elevados de precipitação média, aumentando gradativamente mês a mês, nas regiões Sudeste e Centro Oeste (Figura 3.1). Historicamente, as temperaturas aumentam na maior parte do país. (Setembro) (Outubro) (Novembro) Figura 3.1: Climatologia de precipitação (mm) 1961-1990. Fonte: INMET
4. Previsões climáticas Embora exista incerteza nos resultados das previsões dos modelos oceânicos (dinâmicos/estatísticos) e acoplados, a maioria prevê o desenvolvimento do fenômeno La Niña de intensidade fraca para o trimestre setembro-outubro-novembro de 2016. Levando em consideração as atuais condições oceânicas e atmosféricas, bem como os diversos modelos de previsão climática, a previsão de consenso para o trimestre setembro-outubro-novembro de 2016, elaborada pelo CPTEC/INPE em conjunto com o CCST, CEMADEN, INPA, INMET, FUNCEME e Centros Estaduais de Meteorologia, indica que nas bacias dos rios Iguaçu e Paranapanema a precipitação tem maior probabilidade de ficar próxima da média histórica. Essa também é a previsão para o trecho incremental a Uhe Itaipu. As demais bacias do subsistema Sudeste e as bacias dos subsistemas Nordeste e Norte, se encontram em uma área de baixa previsibilidade e o atual estado da arte das previsões climáticas não permite fazer uma previsão confiável. As temperaturas deverão variar entre normal e acima da média nos subsistemas Sudeste, Nordeste e Norte e em torno da média no subsistema sul para este trimestre. BACIAS HIDROGRÁFICAS PREVISÃO PARANAÍBA GRANDE TOCANTINS TIETÊ PARANAPANEMA Precipitação: próxima da média histórica PARANÁ Precipitação: dentro da média histórica no trecho ao sul da bacia. O restante da bacia se encontra na região de baixa previsibilidade IGUAÇU Precipitação: próxima da média histórica SÃO FRANCISCO Precipitação: URUGUAI e JACUÍ Precipitação: