FACULDADE DE BALSAS CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA RFID NA RASTREABILIDADE ALIMENTAR JORGE ADRIANO GRAMPES



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Transcrição:

FACULDADE DE BALSAS CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA RFID NA RASTREABILIDADE ALIMENTAR JORGE ADRIANO GRAMPES Balsas MA 2010

FACULDADE DE BALSAS CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA RFID NA RASTREABILIDADE ALIMENTAR Por Jorge Adriano Grampes Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Sistemas de Informação à Faculdade de Balsas, sob a orientação do Msc. Profº. Cleverton Marlon Possani. Balsas MA 2010

FACULDADE DE BALSAS CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO A comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). APLICABILIDADE DA TECNOLOGIA RFID NA RASTREABILIDADE ALIMENTAR Elaborada por Jorge Adriano Grampes como requisito parcial para obtenção de Bacharel em Sistemas de Informação BANCA EXAMINADORA: Prof. Msc. Cleverton Marlon Possani Profº Orientador Prof. Alexandre Maia Membro da Banca Examinadora Prof. Msc. Junior Bandeira Membro da Banca Examinadora

Dedico este trabalho ao meu querido pai que foi minha inspiração para a conclusão desta graduação, a todos os meus professores e colegas, que contribuíram para minha formação e principalmente a Deus, por ter me dado forças para concluir esta etapa de vida.

AGRADECIMENTOS A Deus, pela oportunidade, pela sabedoria, pela vida. Agradeço a minha família, meus pais Reni Jorge Grampes e Berenice Maria dos Santos Grampes, e ao meu irmão Frederico Anderson Grampes, pela confiança, por sempre estarem ao meu lado e pelo apoio durante todos esses momentos. Aos meus colegas de sala, dos quais muitos acabaram se tornando uma nova família. Agradeço o companheirismo e amizade dos colegas, que me ajudaram a crescer meu conhecimento. Juntos, fomos capazes de conquistar mais um objetivo de vida. A Cleverton Marlon Possani, pela orientação, leitura, dedicação e críticas que me levaram a conclusão e aperfeiçoamento do projeto. Agradeço aos professores da Faculdade de Balsas que durante todos esses anos de convívio participaram da minha graduação transmitindo conhecimento com muita sabedoria e dedicação. Aos meus amigos, que em momentos de trabalho souberam, como sempre, trazer descontração. Obrigado.

RESUMO Em tempos atuais, o consumidor está cada vez mais preocupado com a qualidade dos produtos que são consumidos, devido a este fator as empresas estão definindo conjuntos de políticas com o intuito de manter níveis elevados de qualidade dos produtos ofertados e assegurar que os mesmos se encontrem em ótimas condições para consumo. Para auxiliar nesse processo é necessária uma ferramenta tecnológica capaz de prover rastreamento que possibilite a disponibilização de informações precisas sobre todo o processo de fabricação e distribuição do produto, deste a produção até o consumidor final. Uma ferramenta inovadora que pode ser utilizada é a RFID (Radio Frequency IDentification), esta tecnologia permite que os objetos sejam identificados automaticamente utilizando radio frequência. O RFID vem sendo potencialmente utilizado em diversos segmentos do mercado e é uma ferramenta em potencial para otimização de processos que visam redução de custos e maximização de lucros. Este trabalho de conclusão de curso teve como foco principal propor uma arquitetura de comunicação de alto nível para um sistema de informação agregado com a tecnologia RFID para o rastreamento de frangos, a arquitetura visa reunir todas as informações relevantes ao processo produtivo e de distribuição em um único banco de dados, desta forma, em combinação com a tecnologia RFID, oferece rastreabilidade e controle das mercadorias ao envolvidos que participam do ciclo de vida do produto. Palavras-chaves: RFID (Radio Frequency IDentification), ferramenta tecnológica, rastreamento de alimentos, radio freqüência, segurança na produção.

ABSTRACT Nowadays, consumers are more concerned about the quality of the products that are consumed, for this reason companies are defining sets of policies in order to maintain high quality of products offered and ensures that they are under optimal conditions for consumption. To help in this process is a necessary technological tool capable of providing tracking to available accurate information about the entire process of manufacturing and distribution the product, from production to the final consumer. An innovative tool that can be used is RFID (Radio Frequency IDentification), this technology allows objects are identified automatically using radio frequency. RFID is being used in potentially different market segments and is a potential tool for optimizing processes to reduce costs and maximize profits. This conclusion of course work focused as main propose an architecture of high-level communication for a system to aggregate information with RFID technology to track chickens, architecture brings together all relevant information to the production process and distribution in a single database, this way, in combination with RFID, provides traceability and control of the commodity to the participants involved in the life cycle of the product. Keywords: RFID (Radio Frequency IDentification), tool technology, food tracking, radio frequency, safety in production.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 3.1 - Funcionamento do Sistema RFID... 18 Figura 3.2 - Diferentes tipos de Tags e Readers... 22 Figura 3.3 - Leitor UHF RFID... 25 Figura 3.4 Estrutura da TAG... 26 Figura 3.5 Etiquetas inteligentes ou Smart Labels... 28 Figura 3.6 Etiquetas inteligentes de bagagens... 29 Figura 3.7 Arquitetura Middleware... 33 Figura 3.8 Modelo de Circuito RFID: Padrão Único... 39 Figura 4.1 Operações do Sistema em Cada Estágio... 53 Figura 4.2 Arquitetura Interna... 55 Figura 4.3 Arquitetura Externa... 56 Figura 4.4 Consulta de Informações pelo o ID numérico... 58 Figura 4.5 Consulta de Informações pela etiqueta RFID... 58 Figura 4.6 Arquitetura em toda a cadeia... 59

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 10 2 RASTREABILIDADE... 12 2.1 Contexto... 13 2.2 Importância... 14 2.3 Legislação... 15 2.3.1 Legislação no Brasil... 16 3 A TECNOLOGIA RFID... 17 3.1 Histórico RFID... 19 3.2 Componentes de um sistema RFID... 21 3.2.1 Antena... 22 3.2.2 Leitor... 23 3.2.3 Tags... 25 3.2.3.1 Tag Passiva... 29 3.2.3.2 Tag Ativa... 30 3.2.4 Controlador ou Middleware... 31 3.3 Segurança... 34 3.4 Protocolo... 35 3.5 Faixa Freqüências Utilizadas... 36 3.6 Vantagens e Desvantagens... 36 3.7 Utilização da Identificação por Radiofreqüência no Brasil... 38 3.7.1 Projeto Brasil-ID para rastreamento de Mercadorias... 39 3.8 O Futuro do RFID... 41 3.9 Tendências... 42

4 ARQUITETURA PROPOSTA... 44 4.1Rastreabilidade Alimentar Atual... 44 4.2 Exigências para aplicar o RFID na rastreabilidade... 44 4.3 Concepção do Sistema... 45 4.3.1 Rastreabilidade Interna... 47 4.3.2 Rastreabilidade Externa... 49 4.3.3 Rastreabilidade em toda a cadeia... 52 5 CONCLUSÃO... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 54

10 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a segurança alimentar se tornou uma preocupação primária a nível global, para fornecer a devida segurança, a rastreabilidade e monitoramento podem ser considerados fatores-chave no setor alimentar. Melhoria na detecção e acompanhamento sem perder a privacidade dos dados é requerida tanto pela legislação quanto pelas organizações de consumidores (BERNARDI, 2007). Um sistema de rastreabilidade pode levar a muitos benefícios, tais como: a retirada rápida do produto, proteção do consumidor, minimização de impacto financeiro, melhora a confiança do consumidor, maior eficiência, fornece informações sobre feedback, logísticos e de qualidade interna, informações para empresas, consumidores e autoridades. Em muitos países os sistemas de rastreabilidade são obrigatórios para empresas na cadeia alimentar, embora as regras sobre rastreabilidade e informações dos rótulos dos alimentos podem mudar de acordo com o país. No exterior, a Europa enfrentava problemas de segurança relacionados à crise da vaca louca, alguns fazendeiros tomaram a iniciativa de utilizar o RFID como ferramenta para oferecer rastreabilidade total e segurança no alimento ofertado (HOLMO, 2005). A tecnologia RFID, por exemplo, tem seu uso prático na cadeia produtiva de carne bovina, onde é utilizada no gerenciamento das propriedades rurais, na alimentação automática e no registro de dados como identificação eletrônica desde os anos 70, também surgiu como solução para sistemas de rastreamento e controle de acesso nos anos 80. Pelo fato de haver deficiência nos sistemas de rastreabilidade atuais, percebe-se que há necessidade da utilização de um sistema que forneça total rastreabilidade e monitoramento, que possa servir de apoio na disponibilização de informações precisas e confiáveis sobre todo processo de produção desde a matéria prima até o consumidor final. A tecnologia inovadora RFID é uma forte ferramenta para auxiliar no processo de rastreamento alimentar, pode ser potencialmente utilizada na rastreabilidade de qualquer mercadoria, principalmente na produção agropecuária e no varejo de alimentos (RIBEIRO, 2008).

11 RFID é uma tecnologia madura, na última década suas aplicações aumentaram em número e difusão, devido à alta redução dos seus custos. Quanto à gestão da cadeia de suprimentos, RFID pode ser adequadamente utilizado para gerenciamento de rastreabilidade (GANDINO, 2009). Este trabalho de conclusão de curso teve como foco principal propor uma arquitetura de comunicação de alto nível para um sistema de informação agregado com a tecnologia RFID para o rastreamento de frangos, a arquitetura visa reunir todas as informações relevantes ao processo produtivo e de distribuição em um único banco de dados, desta forma, em combinação com a tecnologia RFID, oferece rastreabilidade e controle das mercadorias ao envolvidos que participam do ciclo de vida do produto. Este trabalho foi desenvolvido sob a metodologia de pesquisa bibliográfica, onde foram selecionados conteúdos relevantes ao assunto, utilizando artigos científicos, periódicos e e-books disponibilizados na internet. Este trabalho está organizado em 5 capítulos, o primeiro descreve uma introdução. O segundo capítulo aborda assuntos inerentes a rastreabilidade, seus conceitos, importância, contextos e legislação. O terceiro relata sobre a tecnologia RFID, onde é feita uma abordagem histórica, define conceitos, componentes, formas de alimentação, freqüências utilizadas, situação atual no cenário. No quarto capítulo é proposta uma arquitetura de comunicação de um sistema de informação para rastreabilidade interna e externa de frangos trabalhando em conjunto com a tecnologia RFID e por fim, no quinto e último capítulo é feita a conclusão.

12 2 RASTREABILIDADE Segundo a norma ISO 8402 1, a rastreabilidade consiste na capacidade de traçar o histórico, a aplicação ou a localização de um item através de informações previamente registradas. De acordo com HOLMO (HOLMO,2005), rastreabilidade também por ser definida como um grupo de ações técnicas, medidas e procedimentos que permite conhecer o produto desde a sua origem até o final da sua cadeia, passando por todos os processos de produção intermediários. A rastreabilidade permite não somente apontar a origem do produto, mas também mostrar o caminho que ele percorreu, incluindo todos os processos a que foi submetido. A exigência do registro do histórico de um produto está se alastrando por outros setores da economia brasileira. A empresa Paripassu que é especializada em rastreamento, explica que os acordos internacionais estão cada vez mais exigentes quando o assunto é rastreamento. Nos últimos anos, especificamente, a partir dos problemas ocorridos com a doença da vaca louca em 2005, o mercado nacional e internacional tem exigido maior controle dos processos produtivos do sistema agroindustrial. "A prática do controle da produção aplicada há tempos nos produtos industrializados tem migrado a passos velozes na direção da produção e distribuição dos produtos in natura"(bio DIGITAL, 2010). Em geral, empresas de sucesso enxergam a rastreabilidade como uma necessidade independente da tecnologia para cumprir regulamentações específicas ou requisitos de clientes. Nestas empresas a rastreabilidade de tornou uma ferramenta para a redução dos riscos ao consumidor, proteção da marca e gestão dos riscos relacionados à distribuição e consumo de produtos inadequados (insumos fora de especificação, problemas no processo de fabricação, alterações atípicas, adulterações, falsificações), o que melhora seus resultados e minimiza perdas e custos com eventuais recalls 2 e indenizações (BRONZATTO, 2009). 1 Gestão da qualidade e garantia da qualidade Terminologia. 2 É uma solicitação de devolução de um lote ou de uma linha inteira de produtos feita pelo fabricante do mesmo. Geralmente isso ocorre pela descoberta de problemas relativos à segurança do produto.

13 Um sistema de identificação e rastreabilidade deve constituir um conjunto de práticas passíveis de adoção por diversos setores da economia para disponibilizar todas as informações essenciais sobre seus produtos desde as matérias-primas utilizadas na elaboração, passando pelo transporte, até o momento em que os produtos são vendidos ou chegam ao consumidor final. Neste sentido, Juran & Gryna (JURAN;GRYNA, 1992) apontam diversas finalidades da rastreabilidade, tais como: assegurar que apenas materiais e componentes de qualidade entrem no produto final; identificar clara e explicitamente produtos que são diferentes, mas que se parecem a ponto de serem confundidos entre si; permitir o retorno de produto suspeito numa base precisa e localizar falhas e tomar medidas corretivas a preço mínimo. Para Vinholis Azevedo (Vinholis, 2000), um sistema de rastreabilidade, seja ele informatizado ou não, permite seguir e rastrear informações de diferentes tipos, podendo ser referente ao processo, produto, pessoal e ou serviço. A rastreabilidade permite ter um histórico do produto, sendo que a complexidade do conteúdo deste histórico dependerá do objetivo a que se pretende alcançar. Esse objetivo pode ser influenciado pelas estratégias adotadas e pelo ambiente externo em que a empresa está inserida. A rastreabilidade não pode ser separada dos processos logísticos, internos, de segurança ou programas de qualidade, temos que considerá-la como parte integrante de todo o processo de negócio, devendo fazer parte da estrutura organizacional e envolvendo diversas áreas da empresa, além de fornecedores, parceiros logísticos e comerciais, o que aumenta a complexidade da implementação de sistemas de rastreabilidade (BRONZATTO, 2009). 2.1 CONTEXTO As normas técnicas impostas ao comércio de produtos agrícolas foram geradas devido aos recentes acontecimentos com contaminação de alimentos, o

14 que está ocasionando constante crescimento na implantação de sistemas de identificação e rastreabilidade. No entanto, a busca por oportunidades de diferenciação de mercado e, em alguns casos, associação de valor aos produtos, também são motivações para adoção voluntária de sistemas de qualidade, identificação e rastreabilidade de produtos agroindustriais (LEONELLI, 2004). Regulamentações específicas foram criadas para garantir a rastreabilidade de produtos envolvendo a aquisição de matéria-prima, fabricação, distribuição e comercialização. No setor de carnes, no qual o Brasil vem sofrendo restrições recentes para exportação por problemas no sistema de rastreabilidade nacional, estes regulamentos exigem que os países exportadores forneçam a identificação individual dos animais; o registro de todos os dados sobre criação, alimentação e vacinas; o passaporte animal e a manutenção, nas propriedades, de registros sobre as ocorrências relevantes na vida do animal. Do frigorífico, é exigida a etiquetagem dos cortes, que deve permitir a ligação entre os cortes e o animal que gerou estes cortes ou lote de animais (BONZATTO, 2009). 2.2 A IMPORTÂNCIA Para Machado (Machado, 2000) a rastreabilidade também assume importância estratégica para a indústria de alimentos e para o segmento de distribuição, por representar: a) um diferencial de competitividade; b) fortalecer a imagem institucional da empresa; c) auxiliar no posicionamento da marca no mercado; d) estimular a concorrência através da diferenciação da qualidade; e) estreitar a relação com os fornecedores e contribuir para a construção de estratégias competitivas da empresa e, com isso, definir a estrutura de coordenação vertical. Em âmbito institucional, os sistemas de identificação e rastreabilidade auxiliam na minimização de riscos de contaminação, facilita à localização do foco de problemas, tranqüiliza a população e dá credibilidade ao próprio Estado. O Brasil precisa agregar aos seus produtos padrões inquestionáveis de controles de qualidade e de rastreabilidade. Isto implica, porém, que todos os participantes das cadeias produtivas - fornecedores, fabricantes, distribuidores, operadores logísticos, varejistas e governo - trabalhem em conjunto. O uso da tecnologia da informação e a automação de processos são ferramentas fundamentais para garantir a confiabilidade dos sistemas de rastreabilidade. Esta é a

15 receita de sucesso utilizada na Europa, que pode e deve ser aprimorada no Brasil (BRONZATTO, 2009). 2.3 LEGISLAÇÃO O regulamento (CE) 1 178/2002 trata sobre a questão de rastreabilidade alimentar, onde é definida no art. 3º, item 15, como segue abaixo: (Regulation (EC), 2002) A capacidade de detectar a origem e de seguir o rasto de um gênero alimentício, de um alimento para animais, de um animal produtor de gêneros alimentícios ou de uma substância, destinados a ser incorporados em gêneros alimentícios ou em alimentos para animais, ou com probabilidades de o ser, ao longo de todas as fases da produção, transformação e distribuição. No mesmo artigo, no item 16 relata sobre uma fase a ser rastreada: Fases da produção, transformação e distribuição", qualquer fase, incluindo a importação, desde a produção primária de um gênero alimentício até a sua armazenagem, transporte, venda ou fornecimento ao consumidor final e, quando for o caso, a importação, produção, fabricação, armazenagem, transporte, distribuição, venda e fornecimento de alimentos para animais. Já na rastreabilidade de bovinos foi estabelecido o regulamento CE 1760/2000, que determina que seja seguido um regime de identificação e registro, incluindo: - Marcas auriculares 2 com código único de identificação; - Base de dados informatizada para registro e controle; - Passaporte de animais, para o comércio intracomunitário; - Registro individuais mantidos na propriedade; 1 Comunidade Européia 2 Refere-se à região da orelha.

16 Determina ainda, o Regulamento CE 1760/2000, que na rotulagem obrigatória da carne bovina, deve-se assegurar uma relação entre as peças de carne e o animal específico, utilizando na composição do código de barras um número de referência que deve conter os dígitos da identificação individual do animal. No caso da rotulagem facultativa, o regulamento prevê a rejeição da carne que não assegurar a relação entre as peças e o animal específico, isto é, identificado individualmente, sob pena de imposições suplementares ou a retirada da aprovação do produto. 2.3.1 LEGISLAÇÃO NO BRASIL A lei 12.097 de 24 de novembro de 2009 dispõe sobre o conceito e a aplicação de rastreabilidade na cadeia produtiva das carnes de bovinos e de búfalos. No Art. 2 relata sobre a rastreabilidade: A rastreabilidade de que trata esta Lei é a capacidade de garantir o registro e o acompanhamento das informações referentes às fases que compõem a cadeia produtiva das carnes de bovinos e de búfalos, permitindo seguir um animal ou grupo de animais durante todos os estágios da sua vida, bem como seguir um produto por todas as fases de produção, transporte, processamento e distribuição da cadeia produtiva das carnes de bovinos e de búfalos. No Art. 4, parágrafo 1º trata o seguinte: Poderão ser instituídos sistemas de rastreabilidade de adesão voluntária que adotem instrumentos adicionais aos citados no caput, e as suas regras deverão estar acordadas entre as partes. No Art. 8, explica sobre o cumprimento das regras de rastreabilidade: A autorização de importação de animais e produtos de origem animal de que trata esta Lei fica condicionada à comprovação pelo importador de que foram cumpridas as regras de rastreabilidade do país de origem e que essas normas sejam pelo menos equivalentes ao disposto nesta Lei.

17 3 A TECNOLOGIA RFID RFID é a abreviação de Radio Frequency Identification Identificação por Radiofreqüência, surgida inicialmente como solução para sistemas de rastreamento e controle de acesso na década de 80 quando o MIT 1, juntamente com outros centros de pesquisa, iniciou o estudo de uma arquitetura que utilizasse os recursos das tecnologias baseadas em radiofrequência para servir como modelo de referência ao desenvolvimento de novas aplicações de rastreamento e localização de produtos. Desse estudo, nasceu o Código Eletrônico de Produtos - EPC (Electronic Product Code) onde foi definido uma arquitetura de identificação de produtos que utilizava os recursos proporcionados pelos sinais de radiofreqüência, chamada posteriormente de RFID (SANTANA, 2005). A identificação por radiofrequência é um termo genérico que é usado para descrever um sistema que possui a capacidade de transmitir a identidade (na forma de um único número de série) de qualquer entidade utilizando-se de ondas eletromagnéticas dispensando o uso de fios para o processo de identificação. Os sistemas de identificação por rádio freqüência são destinados para identificação de etiquetas eletrônicas (tags) com a utilização de Leitores (Readers) em um ambiente aberto onde não é necessário nem o contato visual e nem físico para que seja feita a comunicação entre os dispositivos. As etiquetas eletrônicas conseguem armazenar muito mais informações que o código de barras, no entanto, um grande diferencial é que essas etiquetas possuem um número de série único chamado de código do produto eletrônico ou EPC (Electronic Product Code), isto permite o rastreamento de itens individuais. Ao contrário do código de barras, as etiquetas eletrônicas RFID não precisam estar em proximidade ou na linha de visão para identificar itens, essas etiquetas podem ser 1 MIT (Massachusetts Institute of Tecnnology) é um instituto privado de pesquisa localizado em Cambrigde Massachusetts.

18 encaixadas dentro de pacotes, dependendo do tipo de etiqueta e aplicação, pode ser lido em uma escala variando de distâncias. A figura abaixo demonstra o funcionamento da tecnologia RFID. Figura 3.1: Funcionamento do Sistema RFID Fonte: RR Etiquetas Pode-se observar na figura 3.1 a execução das seguintes ações: 1. O tag entra no campo de rádio freqüência. 2. O sinal de rádio freqüência energiza o tag. 3. O tag transmite seu ID + dados. 4. A leitora captura os dados.

19 5. A leitora envia dados ao computador. 6. O computador determina as ações. 7. O computador envia dados pela leitora para gravar no tag. Um dispositivo de RFID pode variar de tamanho dependendo da entidade que será anexado, por exemplo, pequenos produtos individuais teriam menores dispositivos, considerando os itens de grande porte teria provavelmente um maior dispositivo de RFID a elas associadas. Esses dispositivos transmitem em escalas de Kilohertz, Megahertz e Gigahertz, as etiquetas podem ter sua própria energia ou derivam sua energia das ondas de radio freqüência providas dos leitores. Esta tecnologia que é relativamente nova já está mudando a forma de funcionamento de vários segmentos dos mercados. A primeira vista esta tecnologia parece simples de ser implementada, porém esta afirmação não é verdadeira, o RFID exige o desenvolvimento de sistemas distintos, aplicativos e infra-estrutura de rede com alto grau de complexidade, implicando em uma análise de propagação do rádio, técnicas de produção de circuitos integrados, design e receptor de dados de mecanismos de codificação, criptografia leve e protocolos de segurança, a descoberta de rede e serviços de informação, somente para citar alguns das inúmeras características que estão envolvidas para o desenvolvimento de sistemas completos de RFID (ROUSSOS, 2008). 3.1 HISTÓRICO DO RFID Os marcos históricos descritos nesta sessão são baseados em publicações do RFID Journal (RFID Journal, 2005). A tecnologia de identificação por rádio frequência teve suas origens na segunda guerra mundial. Os alemães, japoneses, americanos e britânicos estavam usando o radar, que havia sido descoberto em 1935 pelo físico escocês Sir Robert Alexander Watson-Watt, para avisar da aproximação aviões enquanto eles ainda estavam quilômetros de distância, o problema era que não havia maneira de identificar quais aviões eram inimigos ou amigos. Os alemães descobriram que se os pilotos girassem seus aviões quando estivessem retornando à base, iria mudar o sinal de rádio refletida de volta. Este

20 método simples alertava os técnicos responsáveis pelo radar que se tratava de aviões alemães e não os aviões aliados. De acordo com Watson-Watt, que liderou um projeto secreto, os ingleses desenvolveram o primeiro sistema ativo para identificar quem era amigo ou inimigo. Foi colocado um transmissor em cada avião britânico, quando recebiam sinais das estações de radar no solo, começavam a transmitir um sinal que identificava o aeroplano como amigo. Os sistemas RFID funcionam no mesmo conceito básico: Um sinal é enviado a um transponder, que é acionado e reflete de volta o sinal (sistema passivo) ou transmite seu próprio sinal (sistema ativo). Avanços nos sistemas de radar e de comunicações de radio frequência continuou até os anos 1950 e 1960. Cientistas e acadêmicos nos Estados Unidos, Europa e Japão fizeram uma pesquisa e apresentaram como a energia de radio frequência pode ser utilizada para identificar objetos remotamente. As empresas começaram a comercializar sistemas anti-roubo que usavam a tecnologia para determinar se um item havia sido pago ou não. Etiqueta eletrônica de vigilância, que ainda são usados em embalagens de hoje, têm uma marca de 1 bit, onde o bit é ligado ou desligado. Se alguém pagar pelo o item, o bit está desligado e a pessoa pode sair da loja normalmente. Mas se a pessoa não paga e tenta sair da loja, os leitores na porta detectam o tag e soa um alarme. Mario W. Cardullo afirma ter recebido a primeira patente de uma etiqueta RFID ativa com memória regravável em 23 de janeiro de 1973, nesse mesmo ano, Charles Walton, um empreendedor da Califórnia, recebeu a patente para um transponder passivo utilizado para destravar uma porta sem chave onde um cartão com um transponder embutido emitia sinais para um leitor localizado perto da porta, quando o leitor detectava um número de identificação válido armazenado na etiqueta RFID o mesmo destravava a porta imediatamente. Por volta de 1970 o governo dos Estados Unidos também fazia suas pesquisas em RFID. O departamento de energia solicitou ao Laboratório Nacional Los Alamos para desenvolver um sistema de rastreamento de materiais nucleares de segurança. Eram colocadas as etiquetas eletrônicas nos caminhões transportadores e leitores posicionados estrategicamente nos locais de acesso permitidos para receber esses materiais, o leitor receberia o sinal da etiqueta eletrônica que por sua vez enviaria seu identificador único autorizando o acesso.

21 Este sistema foi comercializado no meio dos anos 80 para automatizar praças de pedágio nos Estados Unidos, sistema muito utilizado até hoje. A pedido do Departamento de Agricultura, Los Alamos também desenvolveu uma etiqueta RFID passiva para rastrear bovinos, o problema era que as vacas estavam recebendo hormônios e medicamentos quando estavam doentes. Mas era difícil fazer cada vaca com certeza tem a dose certa e não foi dada duas doses acidentalmente. Los Alamos veio com um sistema RFID passivo que utilizou ondas de rádio UHF 1 (Ultra High Frequency), o dispositivo era energizado pelo sinal emitido pelo leitor e simplesmente refletia de volta um sinal modulado para o leitor usando uma técnica conhecida como backscatter 2. No começo da década de 90, engenheiros da IBM 3 desenvolveram e patentearam um sistema de RFID baseado na tecnologia UHF (Ultra High Frequency). O UHF oferece um alcance de leitura muito maior e rapidez na transferência de dados. Apesar de realizar testes com a rede de supermercados Wal-Mart, não chegou a comercializar essa tecnologia. Em meados de 1990, devido a problemas financeiros, a IBM vendeu a sua patente para a Intermec 4 (Intermec, 2010), um provedor de sistemas de código de barras. Posteriomente, o sistema de RFID da Intermec tem sido instalado em inúmeras aplicações diferentes, desde armazéns até o cultivo. Mas a tecnologia era muito cara se comparada ao pequeno volume de vendas (RFID Journal, 2005). 3.2 COMPONENTES DE UM SISTEMA RFID Os sistemas RFID são constituídos basicamente por quatro principais componentes: Antena (Antenna), Leitor ou Interrogador (Reader ou Transceiver), 1 É a sigla para o termo em inglês Ultra High Frequency, que significa Frequência Ultra Alta. 2 Reflexão de ondas, partículas e sinais de volta da direção que eles vieram. 3 É a sigla para o termo em inglês International Business Machines, empresa estadunidense voltada para a área de informática 4 Grande fabricante e fornecedor mundial de equipamentos automatizados de identificação e captura de dados, sua sede está localizada em Everett, WA, Estados Unidos.

22 Etiqueta Eletrônica (Tag), e Middleware, a figura 3.2 ilustra os diversos tipos de TAGs e Readers que podem ser utilizados em um sistema RFID. A figura 3.2 demonstra um modelo do funcionamento de um sistema RFID, onde pode possuir diferentes tipos de etiquetas e leitores que são interconectados em um servidor local (Local Server) que através de um Middleware envia estas informações para um sistema ERP 1 (Enterprise Resource Planning). Figura 3.2: Diferentes tipos de TAGs e Readers Fonte: Foodylife 3.2.1 ANTENA A antena tem a função de fazer com quê a etiqueta eletrônica possa receber ou enviar as informações ao leitor. Existem antenas em diversos tamanhos e formatos que possuem por sua vez configurações e características diferentes, cada 1 São sistemas de informação que integram todos os dados e processos de uma organização em um único sistema