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Transcrição:

O Grupo Cultural AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) +55 21 3095.7200 Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) +55 11 3249.1168 Contatos www.afroreggae.org facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. InfoReggae - Edição 21 Encontro Além do Arco Íris 06 de dezembro de 2013 Coordenador Executivo José Júnior Gerente de Acompanhamento de Projetos e Programa Sociais Alessandra Lins Projeto Além do Arco Íris Daiane Paradise Felipe Pasqualotto Coleta de Informações Ana Pinheiro Naira Pereira Gerência de Informação e Monitoramento Danilo Costa Responsável Técnico do InfoReggae Thales Santos Assistência de Pesquisa Nataniel Souza Coordenação Editorial Marcelo Garcia Este InfoReggae é dedicado a cantora e atriz Rogeria, que construiu uma história pautada na generosidade, solidariedade e respeito a todas as diferenças.

Apresentação O AfroReggae lançou em 2013 o Projeto Além do Arco Íris que, a princípio, realizou uma busca ativa permanente de transexuais e travestis em situação de risco social. Com o passar do tempo, o projeto amadureceu, ganhou força e organizou nos dias 25 e 26 de novembro o Encontro Além do Arco Íris. A abertura contou com a presença do Deputado Jean Wyllys que bateu um papo muito aberto com todas as participantes e destacou a importância do reconhecimento legal em relação à identidade feminina das travestis. Evento Além do Arco Íris. Foto: Fofinho O AfroReggae convidou o Teatro dos Oprimidos para fazer uma oficina com as participantes e, a partir de suas vivências, construir de forma conjunta um novo olhar sobre a realidade. Para fechar o primeiro dia do evento, a atriz e cantora Rogéria apresentou um show emocionante. De forma totalmente generosa, ela criou um caminho em cada música, para que as participantes construíssem o orgulho de ser quem são. 2

No segundo dia a equipe e as participantes realizaram um passeio ao Museu de Artes do Rio - MAR e depois, de volta ao local do evento, uma reunião de encaminhamentos. Esta edição do InfoReggae vai apresentar o perfil das participantes, a agenda social de prioridades levantadas nesses dois dias, bem como a avaliação das mesmas sobre as atividades. E como sempre, na coluna Um Debate a ser Feito, vamos aprofundar o que vem pela frente. O Encontro Além do Arco Íris foi uma saudação ao Viver. Um encontro sem celebridades mas com muita gente que CELEBRA a vida todos os dias, mesmo tendo que enfrentar as mais duras e perversas dificuldades que a vida continua apresentando para cada uma das Marias, Joanas, Scarletes, Priscilas e tantas outras brasileiras que apenas esperam viver o direito de serem mulheres. Como definiu Simone De Bouavoir: Ninguém Nasce Mulher. Torna-se Mulher Marcelo Garcia Consultor AfroReggae e Coordenador do Conselho Editorial. Foto: Apresentação da atriz e cantora Rogéria com Michelle no Encontro Além do Arco Íris. 3

Perfil das Participantes O Projeto Além do Arco Íris tem como público alvo aquelas cidadãs que, mesmo dentro da comunidade LGBT, são marginalizadas pela sua identidade de gênero ou por outros marcadores sociais que atravessam a questão de gênero e sexualidade. Para o 1º Encontro da rede Além do Arco Íris, o projeto focou seus esforços em ouvir as demandas de mulheres transgêneras, especialmente aquelas em maior risco social: dependentes químicas, em situação de prostituição compulsória ou sem renda fixa. O contato com estas mulheres foi feito através de buscas ativas em pontos de prostituição e abrigos públicos, aproveitando a rede de contatos das próprias, para divulgar o evento e aproximar o projeto desta parcela da população. Estiveram presentes nas atividades 25 travestis e transexuais. 43,5% Gráfico 1: Participantes segundo a Idade 17,4% 17,4% 21,7% Entre 18 e 29 anos Entre 30 e 39 anos Entre 40 e 49 anos Acima de 49 anos Participaram do encontro travestis e transexuais de diferentes idades, o que proporcionou uma oportunidade única de troca de experiência. A participante mais nova tinha 18 anos, e a mais velha, 64 anos. A maior parte das participantes nasceu no estado do Rio de Janeiro, entretanto, também estiveram presentes meninas de estados como Bahia, Ceará, Minas Gerais, Espírito Santo, Pará, Paraná e Santa Catarina. 4

Gráfico 2: Participantes segundo a Cor/Raça 4,2% 16,7% 54,2% 25,0% BRANCA PARDA PRETA INDÍGENA Gráfico 3: Participantes segundo a Escolaridade 37,5% 33,3% 12,5% 16,7% ENS. FUNDAMENTAL INCOMPLETO ENS. FUNDAMENTAL COMPLETO ENS. MÉDIO INCOMPLETO ENS. MÉDIO COMPLETO O gráfico acima nos mostra que a escolaridade das participantes é um grave problema a ser enfrentado, 37,5% das participantes ainda não completaram o Ensino Fundametal. Apenas 16,7% concluíram o Ensino Médio. Nenhuma possui diploma do Ensino Superior. 5

Gráfico 4: Motivos de Abandono dos Estudos 33,3% 33,3% 16,7% 8,3% 4,2% 4,2% PRECISAVA TRABALHAR PRECONCEITO NÃO QUIS OUTROS MOTIVOS CONCLUIU O ENSINO MÉDIO NÃO RESPONDEU A fim de entender a baixa escolaridade das participantes, questionamos o motivo pelo qual abandonaram a escola. Uma das razões apontadas foi o fato de que, ao iniciar a transformação do corpo, foi necessário sair de casa devido ao preconceito. Sendo assim, foi importante se inserir no mercado de trabalho e, consequentemente se afastar da sala de aula. Outro motivo apontado, se refere ao preconceito que as participantes enfrentam dentro de sala de aula. É importante lembrar que os motivos de abandono estão, muitas vezes, associados e não isolados entre si. Em quase todas as respostas, o preconceito apareceu como uma barreira para concluir os estudos. Destacamos que 83,3% das paticipantes manifestaram o seu desejo em ter um diploma. Gráfico 5: Participantes segundo Companhia de Moradia 37,5% 25,0% 16,7% 12,5% 8,3% ABRIGO SOZINHA FAMÍLIA AMIGOS COMPANHEIRO 6

Grande parte das pessoas de identidade trans saem de casa bem cedo para não enfrentar os problemas acarretados pelo preconceito dentro da família. Infelizmente é grande a dificuldade em se alugar um imóvel, principalmente, devido ao preconceito. Os imóveis que aceitam receber travestis e transexuais cobram caro pelos serviços, uma vez que são poucas as unidades que aceitam hospedar pessoas com identidade trans. Essas barreiras dificultam ainda mais a vida fora de casa. Muitas procuram abrigos ou casas de prostituição que as acolhem. Gráfico 6: Participantes segundo vínculo Familiar 20,8% Não tem contato Tem contato 79,2% O contato familiar é de grande importância para o acompanhamento sócio-afetivo das pessoas de identidade trans. Entre as participantes do evento, identificamos que 20,8% não possui nenhum tipo de contato familiar. Apenas 16,7% das participantes afirmaram morar com a família. Foto: Carlos Fofinho 7 Foto: Carlos Fofinho

33,3% Gráfico 7: Participantes segundo Religião 20,8% 16,7% 12,5% 8,3% 4,2% 4,2% CANDOMBLÉ EVANGÉLICA ESPÍRITA CATÓLICO NÃO TEM RELIGIÃO, MAS ACREDITA EM DEUS NÃO ACREDITA EM DEUS UMBANDA Gráfico 8: Participantes segundo a Ocupação Atual CABELEIREIRA 25,0% PROSTITUIÇÃO 20,8% NÃO TRABALHA 16,7% COZINHEIRA SERVIÇOS GERAIS 8,3% 8,2% ATRIZ CAKE DESING CONTADORA COZINHEIRA RECICLAGEM 4,2% 4,2% 4,2% 4,2% 4,2% Neste gráfico podemos destacar a informalidade das funções bem como os baixos salários, indicando assim a vulnerabilidade à que estão expostas. 8

Gráfico 9: Interesse em Mudar de Profissão segundo a Profissão Atual Não deseja mudar de profissão Deseja mudar de profissão ATRIZ AUX. SER. DOMÉSTICOS 100% 100% CABELEIREIRA 33,3% 66,7% CAKE DESING CONTADORA COSTUREIRA 100% 100% 100% COZINHEIRA 50,0% 50,0% PROSTITUIÇÃO RECICLAGEM SERVIÇOS GERAIS 100% 100% 100% Um dos pontos questionados às participantes se refere à preferência em atuar em outra área profissional que não seja a sua. Observamos através do gráfico acima que a maior parte gostaria de mudar de profissão. Quando questionamos qual curso profissionalizante elas gostariam de realizar para a nova profissão, 29,2% respondeu que gostaria de aprender sobre trabalhos de salão de beleza, como maquiagem e corte de cabelo. Em segundo lugar temos gastronomia, e em terceiro lugar as participantes responderam que gostariam de aprender telemarketing, teatro, serviço social, enfermagem e administração. 9

Gráfico 10: Participantes e seu Envolvimento com a Prostituição 20,8% Nunca se prostituiu Já se prostituiu 79,2% 37,5% Gráfico 11: Participantes segundo a Renda 29,2% 12,5% 16,7% 4,2% ATÉ 678,00 DE 679,00 A 1.401,00 1.401,00 A 3.000,00 NÃO RESPONDEU SEM RENDA O Projeto Além do Arco Íris buscou convidar travestis e transexuais em situação de maior vulnerabilidade social. Nesse contexto é possível observar através do Gráfico 11 que mais da metade das participantes possui renda de até dois salários mínimos. 10

Gráfico 12: Participantes que Já Foram Agredidas 8,3% Nunca sofreu agressão Já sofreu agressão 91,7% Em relação à discriminação e ao preconceito, apenas duas participantes responderam que não foram agredidas. A grande maioria já foi vítima de preconceito de diversas formas, inclusive estupro pelos próprios familiares e agressões físicas de vizinhos próximos. A maior parte das agressões ocorreu em locais públicos como a rua (75,0%) e a escola (8,3%). 11

Agenda Social de Prioridades O AfroReggae tem um compromisso com a transformação. Foi pensando neste compromisso que o Projeto Além do Arco Íris propôs, com 100% de aceitação, uma reunião semanal permanente para receber as diferentes demandas deste público de forma individualizada. Uma comissão de 5 pessoas foi escolhida por voto, a fim de ajudar na mobilização do grupo e no monitoramento dos avanços, caso a caso. As demandas de cada uma dessas cidadãs são as mais variadas e serão apresentadas abaixo, individualmente, para garantir que não se percam em generalizações: Tabela 1: Agenda Social de Prioridades Celeridade no processo de documentação oficial (já fez a cirurgia) Licença da prefeitura para trabalhar na rua Palestras atividades de lazer direcionadas para o público Cirurgia mudança de sexo Cirurgia de varizes - Urgente Publicação de livro pessoal Ocupação Curso/Atividade Social (voluntária) Recursos/Orientação para abrir seu próprio negócio Trabalho (já trabalha como faxineira) Terminar curso de enfermagem Tratamento dentário Trabalho Tratamento de pele para queimadura do braço Curso/Orientação para abrir seu próprio negócio Curso maquiadora Tratamento Hormonal Completar estudos Empregabilidade Recuperar documentação perdida/alterar nome Completar estudos Centro de Referência Trans Reintegração Social/Serviços Médicos/Ass. Social/Cursos Empregabilidade Celeridade no processo de documentação oficial (já fez a cirurgia) Cursar curso superior (gastronomia) Envolvimento com artes cênicas (já faz parte de uma companhia que está parada) 12

Tabela 1: Agenda Social de Prioridades Continuação Emprego AuxÍlio Financeiro Carro Imóvel próprio Documentos Estudos Emprego Aposentadoria Moradia (reside atualmente em abrigo público) Assessoria jurídica Emprego Tratamento Hormonal Emprego Moradia (reside atualmente em abrigo público) Celeridade no atendimento médico público Centro de Referência Trans Assistência Social/Orientação Celeridade jurídica (em geral) Curso Profissionalizante Cursos de Idiomas Envolvimento com artes cênicas Regularizar documentação Emprego Escolaridade Envolvimento com Artes Cênicas Trabalho Tratamento dentário Voltar a estudar Empregabilidade Moradia (reside atualmente em abrigo público) Ajuda financeira/orientação para montar seu próprio salão Moradia (reside atualmente em abrigo público) Voltar a estudar Estudos Envolvimento com dança Trabalho 13

Avaliação do Encontro Além do Arco Íris Ao fim do encontro, todas as participantes foram convidadas a responder um questionário avaliando as atividades desenvolvidas. As opções de respostas eram: Gostei, Gostei Muito e, Não Gostei. De uma forma geral, o evento foi muito bem avaliado. Gostei Gostei Muito Não Gostei Não Respondeu Transporte 3,6% Hospedagem 3,6% 28,6% 28,6% 67,9% 67,9% Alimentação 3,6% Gráfico 17: Reunião com Jean Wyllys 28,6% 28,6% 67,9% 71,4% 14

Gostei Gostei Muito Não Gostei Não Respondeu Passeio ao Museu de Arte do Rio Oficina de Teatro com a Companhia Teatro do Oprimido 10,7% 32,1% 28,6% 14,3% 57,1% 3,6% 53,6% Show Rogéria Equipe AfroReggae 3,6% 28,6% 28,6% 67,9% 3,6% 67,9% 15

Um debate a Ser Feito O nome do Projeto Além do Arco Íris define bem a proposta do projeto. Queremos e estamos trabalhando para construir um caminho que está muito além deste arco íris tão decantado em paradas e marchas gays. Queremos e precisamos entender a pluralidade da comunidade LGBT. Uma pluralidade que se traduz em diferenças econômicas, sociais, educacionais e habitacionais. As participantes do Além do Arco Íris encontram todos os dias inúmeras dificuldades para sobreviver. Muitas moram em abrigos. Muitas não trabalham. Muitas eram prostitutas, mas não conseguem mais se sustentar com esta profissão. Muitas estão doentes. Muitas estão com medo do amanhã. Muitas estão sem esperanças. Muitas não estão preocupadas em casar ou com heranças, pois o que tem mal da para chegar ao fim do dia. Muitas não querem tratar de pensão e nem de aposentadoria, pois estão, até mesmo, sem documentos. Muitas sofrem violência e convivem com o preconceito e com a discriminação. Muitas vivem dificuldades, mas TODAS estão vivas e é por acreditar na vida que o AfroReggae esta trabalhando em um movimento esquecido pelos grupos gays ou pelas representações oficiais. Nós acreditamos que a VIDA de cada uma que esteve no encontro, ou que participa do projeto, precisa de um olhar especial e particular. O mundo do arco íris não traduz a vida de quem está sobrevivendo muito além dele. É por isso que temos o compromisso de ir além e de reorganizar a vida destas e de outras brasileiras que convivem muito pouco com o respeito e são invisíveis aos direitos e solidariedade da sociedade. Elas existem e vivenciam situações que precisam mudar. O Além do Arco Íris, antes de qualquer mudança coletiva, defende as mudanças individuais. Temos o compromisso de mudar a vida de cada uma com o entusiasmo que só se produz com doses de solidariedade e compromisso social. A Agenda de Prioridades apontada neste InfoReggae será cumprida. Decidimos nos reunir todas as terças feiras as 17h num espaço chamado PODE CHEGAR e queremos muito apoiar a criação da Rede Além do Arco Iris. 16

Olhando cada participante do encontro fica impossível não nos lembrarmos de Clarisse Lispector: Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome. É sobre o que não tem nome, mas que sabemos que existe, que vamos nos esforçar de forma solidária e compromissada, pois, cada BRASILEIRA que estava no encontro, mais do que tudo, merece que a vida seja ressignificada. Foto: Carlos Fofinho. Marcelo Garcia Consultor AfroReggae e Coordenador do Conselho Editorial. 17

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