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1 Patrocínio Institucional Parceria Institucional Apoio

2 O Grupo AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) InfoReggae - Edição 57 Desemprego no Brasil 31 de Outubro de 2014 Coordenador Executivo José Júnior Coordenador Geral Adjunto Danilo Costa Gerência de Informação e Monitoramento Thales Santos Assistentes de Pesquisa Nataniel Souza Juliana Paula Mattos Coordenação Editorial Marcelo Reis Garcia Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) Contatos facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Patrocínio Institucional Parceria Institucional Apoio

3 Apresentação Esta edição do InfoReggae apresenta e media informações sobre um tema que se mostra importante e urgente a ser debatido e acompanhado no Brasil. Apesar do Brasil ter uma das mais baixas taxas de desemprego de sua história, os dados do IBGE apontam para um hiato metodológico entre os brasileiros que estão desempregados e os que estão desocupados. Nesta edição, vamos apresentar o real significado destes conceitos e, sobretudo, demonstrar quem são os brasileiros considerados desocupados. São mais de 7 milhões de desempregados e 62,6 milhões, fora da força de trabalho. Esta edição também vai apresentar um cenário sobre o perfil dos usuários da Agência Segunda Chance e o significado deste trabalho para um responsável processo de acesso ao mundo do trabalho. A cidadania e a inclusão, de fato, só serão sustentáveis quando o acesso ao emprego de qualidade for uma real possibilidade para todos os brasileiros. Entre as pessoas com maiores dificuldade de conseguirem emprego estão as que tem idade entre 25 e 39 anos, que somam 36,4% dos desempregados. É urgente a necessidade de criar caminhos de capacitação para esse público. O AfroReggae, através de sua Gerência de Informação e Monitoramento (GIM), bem como da Editora AfroReggae, vai iniciar uma série de estudos regionais, pois a garantia do acesso ao emprego é, sem dúvida, um de seus mais estratégicos desafios.

4 Desemprego no Brasil No 1 Trimestre de 2013, o Brasil contava com mais de 160 milhões de brasileiros em idade de 14 anos ou mais. É a partir desta idade que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) começa a contar como População Economicamente Ativa (PEA). Deste total, mais de 7 milhões estão desempregados e 62,6 milhões estão fora da força de trabalho. Gráfico 1: Taxa de Desemprego no Brasil 7,9 8,0 7,1 1 Trimestre de Trimestre de Trimestre de 2014 Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 1 trimestre de 2014 Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), o Brasil conseguiu, no 1 Trimestre de 2014, a menor taxa de desemprego entre a População Economicamente Ativa (PEA) para o período, desde 2012, ano em que a pesquisa começou a ser realizada. Apesar de ter sido as melhores taxas registradas desde 2012, o país tem 1 milhão a mais de desempregados em comparação ao último trimestre de Em números gerais esses dados significam que existem mais de 7 milhões de brasileiros economicamente ativos fora do mercado de trabalho. A pesquisa diz ainda que 77,7% das pessoas empregadas no setor privado tinham carteira assinada. O Sudeste é a região com a maior quantidade de pessoas com emprego formal, 80,4%, e a região com menos empregados com carteira assinada era o Nordeste. 02

5 Estimativas preliminares do Relatório Tendências Mundiais do Emprego 2014, da Organizaçao Internacional Trabalho (OIT), revelam que o Brasil teve a mais elevada taxa de desemprego entre a China, Russia e Índia, países integrantes do BRICS, em O relatório estima que o desemprego na Russia atingiu 5,8% da população, na China 4,5 e na Índia 3,6%. Além disso, o Brasil supera também a meta mundial que é de 6%, segundo o OIT. Em comparação com países da América Latina e Caribe, esse mesmo relatório estima que, em 2013, o Brasil teve menos desemprego que a Argentina, com 7,3% e mais desemprego que o México, com 5,0%. O que necessitamos com urgência é repensar as políticas. Devemos intensificar nossos esforços para acelerar a geração de empregos e apoiar as empresas que criam empregos. Guy Ryder, diretor-geral da OIT. Gráfico 2: Taxa de Desemprego no Brasil segundo a Idade 1 Trimestre de (9,5%) (33,8%) (36,4%) (18,6%) 125 (1,8%) 14 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 1 trimestre de Entre as pessoas com maiores dificuldade de conseguirem emprego estão as que tem idade entre 25 e 39 anos, que somam 36,4% dos desempregados. Apesar desse grupo ter tido uma queda de 0,4% em relação ao mesmo período de 2013, eles estão em primeiro lugar no número das pessoas em busca de emprego. Para a Organização Mundial do Trabalho (OIT) existem no mundo cerca de 74,5 milhões de desempregados entre 15 e 24 anos, ou seja, 13,1% da população mundial. 03

6 Nos últimos anos foi adquirida muita experiência sobre a forma de enfrentar os obstáculos nos quais os jovens tropeçam ao ingressar no mercado de trabalho. O desafio é colocá-las em prática, estender sua aplicação tanto geográfica como temporalmente e otimizar seu planejamento para que sejam eficientes. Guillermo Dema, especialista regional da OIT em emprego juvenil. Gráfico 3: Taxa de Desemprego segundo o Sexo 1 Trimestre de 2014 Homens Mulheres 53,2% 46,8% Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 1 trimestre de 2014 Apesar da população feminina ser maior que a população masculina no Brasil, elas têm menos chance de emprego no mercado de trabalho. Entre as mulheres Economicamente Ativas, apenas 42,7% estavam empregadas no período da pesquisa. "Embora as mulheres sejam maioria na população (52,4% da população em idade de trabalhar), no mercado de trabalho, elas são minoria na ocupação, e na fila da desocupação elas são mais da metade". Cimar Azeredo, Coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. 04

7 Gráfico 4: Taxa de Desemprego segundo o Grau de Instrução 1 Trimestre de 2014 Sem instrução e menos de 1 ano 3,8% Ensino fundamental incompleto ou equivalente 21,5% Ensino fundamental completo ou equivalente Ensino médio incompleto ou equivalente 11,6% 11,5% Ensino médio completo ou equivalente 37,2% Superior incompleto ou equivalente Superior completo 5,7% 8,7% Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 1 trimestre de 2014 Os dados da PNAD Contínua nos mostram que mais de 1,5 milhões de pessoas que procuram emprego no Brasil, com mais de 14 anos de idade, ainda não completaram, ao menos, o Ensino Fundamental Isso desmonstra a importância que os estudos têm na vida, não só intelectual do cidadão, como também profissional. É necessário estimular imediatamente a volta das pessoas que estão fora das salas de aula aos estudos, pois só assim elas terão, de fato, chances de terem uma melhor oportunidade no mercado de trabalho. Não podemos nos conformar com o fato de haver cerca de 11 milhões de jovens entre 18 e 24 anos sem o Ensino Fundamental. Entre os que estão fora do mercado de trabalho, as pessoas que tem o Ensino Médio completo são a maioria, 2,6 milhões de pessoas. 05

8 Gráfico 5: Taxa da População Economicamente Ativa e Inativa no Brasil 1 Trimestre de 2014 População Economicamente Ativa População Economicamente Inativa 61,2 61,2 61,1 38,8 38,8 38,9 1 Trimestre de Trimestre de Trimestre de 2014 Fonte: IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 1 trimestre de 2014 O Gráfico 5 nos mostra que houve um pequeno aumento na taxa da população em idade ativa, porém fora da força de trabalho no Brasil. Esse pequeno aumento significa cerca de 1 milhão de pessoas a mais nesta situação. A quantidade de mulheres que se encontram nesta situação é aproximadamente o dobro do número de homens, ou seja, existem 41,6% de mulheres e 21,0% de homens. Entre as pessoas que estão economicamente inativas, a maioria está na faixa etária com 60 anos ou mais, 33,7%, em seguida a população com idade entre 14 a 17anos, representando 17,8%. A população na faixa etária entre 18 e 39 anos representa 54,4% da população economicamente ativa, enquanto na popolação fora do mercado de trabalho, essa faixa etária representa 26,1%. 06

9 Gráfico 5: Taxa da População Economicamente Inativa segundo a Disponibilidade Agosto ,8% 6,9% 2,3% Não gostaria de trabalhar Gostaria e estava disponível Gostaria e não estava disponível Fonte: IBGE Pesquisa Mensal de Emprego (PME) Agosto de O IBGE divulga mensalmente a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) que apresenta os dados de seis capitais do Brasil, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Segundo a pesquisa, existiam, em agosto de 2014, milhões de pessoas Economicamente Inativas no país e quase a totalidade desta população não gostaria de estar no mercado de trabalho. A situação mais crítica é no Rio de Janeiro com 94,8% de brasileiros nesta situação, seguido por São Paulo (93,1%), Porto Alegre (91,5%), Belo Horizonte (89,2%), Recife (79,7%) e Salvador (79,5%). Segundo a OIT, o desemprego aumentou em 5 milhões no ano de 2013 no mundo, o que acarreta em mais de 202 milhões de pessoas desempregadas. Além disso, cerca de 23 milhões de pessoas no mundo passaram a não querer mais trabalhar neste mesmo ano. É importante destacar que a População Economicamente Inativa (PEI) está relacionada àquelas pessoas que não estão trabalhando nem procurando emprego, como as crianças, estudantes, aposentados e donas de casa. 07

10 Agência Segunda Chance A Agência Segunda Chance, projeto implementado desde 2008 pelo AfroReggae, contribui na ressocialização dos egressos do sistema penitenciário do Rio de Janeiro e São Paulo, oferecendo-lhes apoio psicológico e auxílio na regularização dos documentos que se façam necessários desde o momento de saída do sistema prisional até o processo de regularização para o ingresso no mercado de trabalho. Todas as atividades do projeto são acompanhadas por um assistente social, responsável por todo o suporte, desde a entrevista de emprego até o acompanhando no ambiente de trabalho junto ao empregador. A Agência tem um papel fundamental para a ressocialização dos egressos e para a redução da criminalidade na sociedade. Conheça o perfil dos egressos atendidos e entenda os principais desafios para sua entrada no mercado de trabalho. 31,4% Egressos Segunda Chance segundo a Cor/Raça 28,5% 38,1% 2,0% Branco(a) Mestiço(a) Negro(a) Pardo(a) Egressos Segunda Chance segundo o Sexo Feminino Masculino Trans 0,2% 48,3% 51,5% 08

11 Assim como já apresentado em outras edições do InfoReggae sobre o perfil das pessoas encarceradas, a maior parte dos atendimentos na Agência Segunda Chance são de negros e pardos, destacando assim a vulnerabilidade a que está exposta essa população. É importante destacar que apesar da maior parte da população encarcerada ser majoritariamente do sexo masculino, as mulheres egressas procuram o serviço do AfroReggae mais que os homens, destacando assim a importância em realizar atividades dentro de penitenciárias masculinas motivando a todos a participarem do projeto. Egressos Segunda Chande segundo Idade 27,2% 28,4% 18,4% 15,5% 8,0% 2,4% Entre 14 e 17 anos Entre 18 e 24 anos Entre 25 e 29 anos Entre 30 e 39 anos Entre 40 e 49 anos Acima de 50 anos É interessante notar que grande parte dos egressos que buscam o apoio do AfroReggae são jovens entre 18 e 24 anos de idade, o que nos chama ainda mais a atenção para o fato de que o sistema penitenciário deve cumprir o seu papel de reabilitação e criar novas oportunidades para pesoas que não puderam escolher o melhor caminho para suas vidas. As pessoas de fato querem uma nova oportunidade. 09

12 Egressos Segunda Chance segundo a Escolaridade 46,2% 23,1% 13,8% 10,5% 2,4% 2,4% 1,6% Analfabeto(a) Ensino Fundamental (incompleto) Ensino Fundamental (completo) Ensino Médio (incompleto) Ensino Médio (completo) Ensino Superior (incompleto) Ensino Superior (completo) Um dos principais desafios que a Agência Segunda Chance enfrenta se refere a baixa escolaridade em que os candidatos se apresentam, sendo necessário, em muitos casos, encaminhá-lo para programas de aceleração escolar, para depois encaminhá-los para uma entrevista de emprego. A maior parte dos egressos que procuram o AfroReggae ainda não completaram o Ensino Fundamental. Além de dificultar na contratação, as vagas que são disponibilizadas para essa escolaridade são de baixa remuneração, desmotivando os egressos ainda mais. 10

13 Um Debate a Ser Feito A construção de pontes para que todo brasileiro tenha o direito ao mundo do trabalho requer antes de tudo, uma sólida política de educação e qualificação profissional. Esta edição do InfoReggae apresentou dados que devem ser observados com preocupação mas com a responsabilidade da mobilização nacional que mostra-se urgente. O acesso ao trabalho formal ainda não é um direito universal, sobretudo para 11 milhões de jovens de 18 a 29 anos sem o Ensino Fundamental e 9 milhões sem o Ensino Médio. A baixa escolaridade destes 20 milhões de brasileiros nos mostra que o desafio para que se acesse o emprego formal sem escolaridade adequada e sem capacitação e formação profissional é real e concreta. Debater a Política de Emprego e Trabalho não pode se desassociar em nenhum momento da Política Nacional de educação e formação profissional, e hoje posso afirmar que a integração e a articulação destas políticas é mínima. O Brasil precisa achar seu caminho na construção de uma agenda que organize de fato o direito ao trabalho: 1- Realizar ampla busca ativa da população adulta em idade de trabalho que está desocupada. 2- Avaliar os motivos da desocupação promovendo o adequado apoio e suporte para que estes motivos possam ser apoiados e superados. 3- Ampliar a mobilização para erradicação do analfabetismo de jovens a adultos até 50 anos em no máximo 2 anos. 4- Ativar processos de escolarização com metodologias inovadoras e variadas para jovens e adultos em Ensino Fundamental e Médio. 5- Ativar programas de capacitação e formação profissional em diferentes níveis de complexidade, mas com articulação integral ao mapa econômico regional. 11

14 6- Reforçar programas de acesso a crédito para geração de programas de geração de renda. 7- Articulação das universidades brasileiras com as reais demandas sociais e econômicas das populações desempregados e desocupados. 8- Organizar experiências como a Agência Segunda Chance para garantir o acesso das populações mais vulneráveis ao mundo do trabalho. 9- Estruturar programa de aumento da escolaridade como o AfroReggae fez em 2014 para garantir que os trabalhadores possam avançar progressivamente na escolaridade para garantir a permanência no emprego. 10- Estruturar o mapeamento de todas as iniciativas que garantam oportunidades para que os desocupados possam aumentar sua escolaridade e acessar o trabalho. A construção de uma agenda para a melhoria da política de trabalho no Brasil é urgente e importante e não pode mais ser adiada. O AfroReggae está mergulhado neste compromisso, pois entende que sem uma agenda concreta que leve a população ao mundo de trabalho, a inclusão no Brasil não será sustentável. Marcelo Reis Garcia Coordenador Editorial do InfoReggae 12

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