ESTUDO DE DIFERENTES MÉTODOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE EUCALIPTO (Eucalyptus benthamii Maiden & Cambage) VIA PROPAGAÇÃO ASSEXUAL POR ESTAQUIA

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Transcrição:

ESTUDO DE DIFERENTES MÉTODOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE EUCALIPTO (Eucalyptus benthamii Maiden & Cambage) VIA PROPAGAÇÃO ASSEXUAL POR ESTAQUIA Matheus Collet Tambosi 2, Cristiano Reschke Lajús 1, Ernandes Manfroi 2, Daniel Zarychta 2, Giovanni Echer 2, Guilherme Luiz Parize 3, Marcos Vanin 2, Camilla Weber Langhinotti 2, Ricardo Demartini 2, Thiago Ranzan 2 Resumo: A utilização da propagação assexuada por estaquia em silvicultura vem assumindo uma importância econômica cada vez mais relevante para os silvicultores da região Sul do Brasil, pois as estacas têm grande aplicação na formação dos clones de características desejáveis. Existem vários métodos de propagação vegetativa e a estaquia é, ainda, a técnica de maior viabilidade econômica para o estabelecimento de plantios clonais devido aos seus custos reduzidos. Existem fatores internos que podem comprometer o enraizamento, os principais são: idade da planta matriz, estado fisiológico, idade da planta matriz, tipo de estaca, época do ano que as estacas foram coletadas, balanço hormonal, capacidade genética de enraizamento, espécie entre outros. Sendo assim, este estudo teve o objetivo de avaliar a influência de diferentes doses do fitohormônio AIA (àcido ildol-ácetico), e também diferentes canteiros sobre o enraizamento de miniestacas de eucalipto (Eucalyptus benthamii Maiden & Cambage). As miniestacas foram retiradas em um mini-jardim clonal e conduzidas em tubetes plásticos. O delineamento experimental utilizado foi em esquema fatorial com 2 níveis de fator (1 fitohormônio e 2º diferentes canteiros suspenso, leito e floating). O regulador de crescimento (AIA) foi testado em 7 doses e mais testemunha (1000, 2000, 3000, 4000, 5000, 6000 e 7000 ppm). Cada um com 4 repetições com 10 plantas por repetição totalizando 960 estacas. Após 77 dias foram avaliados os seguintes itens: estacas enraizadas; estacas com calos; estacas não enraizadas; número de raízes primarias; comprimento da maior raiz ; massa seca da parte aérea ;massa seca do sistema radicial. Conclui-se que o uso de AIA nas diferentes doses avaliadas não interferiu no enraizamento das mini-estacas de eucalipto (Eucalyptus benthamii Maiden & Cambage). E o canteiro suspenso apresentou melhor resultado no número de estacas enraizadas. Palavras-chave: Miniestacas. Reprodução clonal. Fithormonio. 1. Introdução A utilização da propagação assexual por estaquia em silvicultura vem assumindo uma importância econômica cada vez mais relevante para os silvicultores da região Sul do Brasil. A multiplicação das árvores florestais por estacas tem grande aplicação na formação dos clones de características desejáveis, possibilitando eliminar a variação dos caracteres genéticos existentes entre árvores, mesmo quando estas são descendentes de uma única matriz. Em uma floresta existem plantas da mesma espécie que se destacam das demais em relação ao maior crescimento, maior resistência a pragas, doenças, melhor adaptação ao solo e clima da região, maior uniformidade, melhor qualidade 1 Doutor em Agronomia, Unochapecó, Av. Senador Atílio Fontana, 591 E, Caixa Postal: 1141, Chapecó/SC, CEP: 89809-000. 2 Acadêmico do Curso de Agronomia, Unochapecó, Av. Senador Atílio Fontana, 591 E, Caixa Postal: 1141, Chapecó/SC, CEP: 89809-000. 3 Engenheiro Agronômo, Unochapecó, Av. Senador Atílio Fontana, 591 E, Caixa Postal: 1141, Chapecó/SC, CEP: 89809-000.

da madeira e seus produtos é isto que se busca na seleção de plantas matrizes que iram formar o jardim clonal de onde serão retiradas as estacas para obtenção de mudas clonais (ASSIS, 1998). Embora o Eucalyptus seja uma espécie com boa potencialidade para a região sul do Brasil, programas de melhoramento genético estão seriamente afetados pela pouca produção de sementes por estas espécies. Uma saída para suprir esta falta de semente é a propagação vegetativa. Existem vários métodos de propagação vegetativa e a estaquia é, ainda, a técnica de maior viabilidade econômica para o estabelecimento de plantios clonais, pois permite, a um custo menor, a multiplicação de genótipos selecionados, em um curto período de tempo (COOPER e GRAÇA, 1987). O Eucalyptus benthamii tem se destacado uma das espécies de crescimento mais rápido do gênero e também apresenta um alto potencial de utilização em reflorestamento. O enraizamento de estacas de E. benthamii ainda é baixo, então é imprescindível obter informações que mostrem a influência de diferentes fitohormônios sobre o enraizamento de miniestacas de eucalipto (GRAÇA et al., 1999). Para que a propagação via estaquia seja viável economicamente depende de fatores como, por exemplo, a facilidade de enraizamento que a espécie apresenta, boa formação do sistema radicular e bom desempenho das plantas no campo (FACHINELLO et al., 1995). Segundo Hartmam e Kester (1990) o número de estacas enraizadas é influenciado pelo balanço entre as substâncias promotoras e inibidoras do enraizamento, geralmente varia entre as espécies. Existem fatores internos que também podem comprometer o enraizamento os principais são: idade da planta matriz, estado fisiológico, idade da planta matriz, tipo de estaca, época do ano que as estacas foram coletadas, balanço hormonal, capacidade genética de enraizamento, espécie entre outros (FACHINELLO et al., 1995). Segundo os mesmos autores, utilizando a reprodução assexuada por estaquia podemos selecionar características desejáveis como: adaptação ao clima e solo, resistência a pragas e doenças, resistência a déficit hídrico entre outros, sendo assim maior produção de biomassa em menor espaço de tempo.

O trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes doses do fitohormônio AIA (àcido ildol-ácetico), e também diferentes canteiros sobre o enraizamento de miniestacas de eucalipto (Eucalyptus benthamii Maiden & Cambage). 2. Material e métodos O trabalho foi realizado na Empresa Ferticel Indústria de Fertilizantes Ltda Filial II, e em anexo ao Viveiro Florestal Ferticel, situado na região Oeste de Santa Catarina (latitude 27º 07 S, longitude 52º 37 W e altitude 680 metros) no Município de Guatambu, rodovia SC 283, km 14, acesso ao município de Chapecó e São Carlos, situado a 650 km da capital Florianópolis. O clima da região é do tipo Cfa na clasificação de Koeppen, isto é, subtropical com chuvas bem distribuídas no verão (MOTA et al., 1970). O trabalho foi conduzido em telado, instalado no sentido norte-sul. Para redução da temperatura e insolação, foi colocado sobre o teto e laterais uma tela tipo sombrite, com capacidade de 30% de sombreamento. O sistema de irrigação, do tipo intermitente, constou de duas linhas de bicos de nebulização a uma distância de 1 metro entre bicos e 0,85 metros entre linhas. As embalagens com as estacas ficarão abaixo dos aspersores, o qual era acionado manualmente com intervalos de aproximadamente de 30 minutos desligado e 1 minuto ligado. As mini-estacas de Eucalyptus benthamii foram obtidas em um mini-jardim clonal da mesma espécie, localizada junto ao Viveiro Florestal Ferticel, município de Guatambu Santa Catarina, com inicio no mês de setembro de 2008. No preparo da solução do fitohormônio AIA, o produto foi dissolvido, primeiramente, em 250 ml de álcool etílico. Foi determinado um padrão em relação ao tamanho das mini-estacas (5 a 10 cm) deixando duas folhas menores, duas folhas maiores e o sistema apical em cada mini-estaca. O experimento foi delineado em esquema fatorial com dois níveis de fator: sistema de canteiro e dose de promotor de enraizamento (ppm). Para o fator canteiro foram utilizados: canteiro floating, suspenso (0,5 m do chão) e leito. Para o fator doses foram avaliadas 7 concentrações diferentes: (1000, 2000, 3000, 4000, 5000, 6000, 7000 e para cada canteiro uma testemunha). O experimento apresentou 4 repetições com 10 estacas por fator, totalizando 1920 mini-estacas. Para a desinfestação, as estacas foram mergulhadas durante 5

minutos numa solução de hipoclorito de sódio (Q BOA) a 1%. Na extremidade basal foi feito o corte com uma tesoura de poda (desinfetada com hipoclorito de sódio a 1 %) em lados opostos da base das mesmas, com 2 cm de extensão de modo a romper a casca e expor a região cambial. O tratamento com fitohormônio foi realizado por imersão da base das miniestacas durante 5 segundos, na solução de AIA nas doses estabelecidas. As miniestacas foram imediatamente colocadas em embalagens recicláveis (tubete) apropriadas para o método de propagação de plantas por estaquia. A base das estacas foram enterradas a cerca de 1,5 cm de profundidade no substrato. Para o fator floating após o plantio das mini-estacas nos tubetes os mesmos foram acondicionados em um canteiro com uma lâmina de água de 5 cm. Para o fator leito após o plantio os tubetes foram acondicionados em um canteiro com a ponta do tubete encostada no substrato para o fator canteiro suspenso os tubetes foram acondicionados em grades a 0,5 m do chão. Após 77 dias de permanência das estacas no experimento, foram avaliadas as seguintes variáveis: Estacas enraizadas; Estacas com calos; Estacas não enraizadas; Raízes primaria; Comprimento da maior raiz (cm); Massa seca da parte aérea (g) e Massa seca do sistema radicial (g). Como mini-estaca enraizada considerou-se todas aquelas que apresentaram, pelo menos, uma raiz visível, (ilustração 05) e como estacas com calos todas aquelas que não enraizaram e apresentaram a formação de um calo. O sistema radicial e a parte aérea das estacas tiveram sua massa fresca determinada através da pesagem em balança eletrônica, logo após o término da avaliação do comprimento da maior raiz (régua milimétrica). Para determinação da massa seca do sistema radicial e da parte aérea das mini-estacas de Eucalyptus benthamii, foi utilizada uma estufa regulada a 60Cº, até atingir seu peso constante. A parte aérea das mini-estacas teve sua massa fresca determinada através da pesagem em balança eletrônica. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, pelo software SISVAR e as diferenças entre média foram comparadas pelo teste de Tukey (p 0,05).

3. Resultados e discussão relação a estacas enraizadas (gráfico 01). Médias não antecedidas da mesma letra minúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p 0,05). Gráfico 01: Estacas enraizadas em relação aos diferentes canteiros do experimento estudo de diferentes métodos na produção de mudas de e eucaliptos (Eucalyptus benthamii Maiden & Analisando gráfico 01 observa-se que o canteiro suspenso (2,75 estacas enraizadas) diferiu significativamente dos canteiros floating (1 estaca enraizada) e leito (1 estaca enraizada). Na reprodução assexuada através de estacas existem algumas espécies ou cultivares que podem apresentar níveis muito baixos de enraizamento (FACHINELLO et al., 1995). Para obter sucesso no enraizamento de estacas de Eucalyptus dunnii, é fundamental selecionar as plantas que iram fornecer as estacas, pois pode ocorrer variância de 0 a 100% no enraizamento entre as arvores de uma mesma espécie (COOPER, et al., 1994). relação a estacas com calos (gráfico 02).

Médias não antecedidas da mesma letra minúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p 0,05) Gráfico 02: Estacas com calos em relação aos diferentes canteiros do experimento estudo de diferentes métodos na produção de mudas de e eucaliptos (Eucalyptus benthamii Maiden & Analizando o gráfico 02 observa-se que o canteiro floating (10,75 estacas com calo) diferiu significativamento do canteiro suspenso (9,25 estacas com calos) que por sua vez também diferiu significativamento do canteiro leito (7,87 estaca com calo). A auxina usada em estacas de caule é conduzida polarmente, onde causa um acúmulo desta substância em sua base. Por sua vez, este acúmulo, origina a formação de um callus oriundo dos meristemas recém-formados pela ativação das células do câmbio, que após a formação destes meristemas e ativação de outros já existentes, as raízes adventícias desenvolvem-se em abundância (Ferri, 1997; Fachinello et al. 1995). relação a estacas não enraizadas (gráfico 03).

Médias não antecedidas da mesma letra minúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p 0,05). Gráfico 03: Estacas não enraizadas em relação aos diferentes canteiros do experimento estudo de diferentes métodos na produção de mudas de e eucaliptos (Eucalyptus benthamii Maiden & Analisando o gráfico 03 observa-se que o canteiro leito (31,13 estacas não enraizadas) diferiu significativamente do canteiro floating (28,50 estacas não enraizadas) que diferiu significativamente do canteiro suspenso (28 estacas não enraizadas). Conforme Hartmann e Kester (1990), a aptidão para enraizamento das mini estacas esta relacionado com o balanço entre as substâncias promotoras e inibidoras do enraizamento que normalmente varia entre as espécies. relação ao número de raízes primárias. (Gráfico 04)

Médias não antecedidas da mesma letra minúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p 0,05). Gráfico 04: Número de raízes primarias em relação aos diferentes canteiros do experimento estudo de diferentes métodos na produção de mudas de e eucaliptos (Eucalyptus benthamii Maiden & De acordo com o gráfico 04 observa-se que o canteiro suspenso (6,13 raízes primarias) diferiu significativamente do canteiro leito (2,13 raízes primarias) que por sua vez diferiu significativamente do canteiro floating (1,88 raízes primárias). Hartmann e Kester (1990), o ideal seriam temperaturas diurnas entre 21 e 27 C e noturnas de 15 C º para o enraizamento de estacas da maioria das espécies. Temperaturas altas poderão provocar desidratação da estaca, com o aumento da respiração e também estimular o desenvolvimento das brotações antes do desenvolvimento das raízes (Kämpf, 2000). Conforme Paiva e Gomes (1995), variações bruscas de temperaturas, podem prejudicam o enraizamento das mini estacas, bem como a sobrevivência das raízes. relação ao comprimento da maior raiz (cm) (gráfico 05).

Médias não antecedidas da mesma letra minúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p 0,05). Gráfico 05: Comprimento da maior em relação aos diferentes canteiros do experimento estudo de diferentes métodos na produção de mudas de e eucaliptos (Eucalyptus benthamii Maiden & De acordo com o gráfico 04 observa-se que o canteiro leito (10,13 cm) diferiu significativamente do canteiro floating (8,5 cm) que por sua vez diferiu significativamente do canteiro suspenso (7,63 cm). relação à massa seca da parte aérea (gráfico 06). Médias não antecedidas da mesma letra minúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p 0,05). Gráfico 06: Massa seca da parte aérea em relação aos diferentes canteiros do experimento estudo de diferentes métodos na produção de mudas de e eucaliptos (Eucalyptus benthamii Maiden &

De acordo com o gráfico 05 podemos observar que o canteiro suspenso (1,37g) diferiu significativamente do canteiro floating (1g) e do canteiro leito (1g). relação à massa seca do sistema radicial (gráfico 07). Médias não antecedidas da mesma letra minúscula diferem entre si pelo teste de Tukey (p 0,05). Gráfico 07: Massa seca do sistema radicial em relação aos diferentes canteiros do experimento estudo de diferentes métodos na produção de mudas de e eucaliptos (Eucalyptus benthamii Maiden & Analisando o gráfico 07 observa-se que o canteiro suspenso (0,38g) diferiu significativamente do canteiro leito (0,25g) que por sua vez diferiu significativamente do canteiro floating (0,13g). 4. Considerações Nas condições em que o experimento foi conduzido, os resultados obtidos permitem concluir que: O uso de AIA em todas as concentrações que foram testadas não influenciou o enraizamento das estacas de Eucalyptus benthamii. O canteiro suspenso apresentou maior número de estacas enraizadas, sendo assim a melhor alternativa para produção de mudas clonais. O fitoregulador AIA deve ser estudado em diferentes concentrações com variações menores entre as mesmas para que possa explicar melhor sua influência no enraizamento de Eucalyptus benthamii Maiden & Cambage, também recomendo a seleção das plantas matrizes que apresentem maior capacidade de enraizamento.

Como o sistema de irrigação foi acionado manualmente com intervalos maiores que os recomendados pode ter afetado o enraizamento das mini-estacas, por tanto se deve trabalhar com intervalos menores entre as irrigações. Recomenda-se a realização de estudos com diferentes telados para verificar a influência no enraizamento e avaliar diferentes horários de coleta das mini estacas e diferentes épocas do ano para analisar a influência no enraizamento. 5. Referências ASSIS, T. F. de; TEIXEIRA, S. L. Enraizamento de plantas lenhosas. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Ed.) Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa SPI/ Embrapa-CNPH, v.1, 1998. P.261-96. COOPER, M. A.; GRAÇA, M. E. C.; TAVARES F. R., Enraizamento de Estacas de Eucalyptus dunnii Maid. Paraná: Embrapa, 1994 15p. COOPER M. A.; GRAÇA, M. E. C.; Perspectivas para Maximização de Enraizamento de Estacas de Eucalyptus dunnii Maid. Paraná: Embrapa, 1987 9p. FERRI, C. P. Enraizamento de estacas de citros. Rev. Bras. Frutic., Cruz das Almas, v. 19, n.1, p. 113-21, abr. 1997. FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J.C.; KERSTEN, E.; FORTES, G.R.; de L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. 2 ed. Pelotas: UFPEL, 1995 178p. GRAÇA, M. E. C. et al., Capacidade de Rebrota e de Enraizamento de Eucalyptus benthamii. Colombo,1999. Disponível em: http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim39/graça.pdf. Acesso em 10 de mai 2008. HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E. Propagacion de plantas: principios y praticas. 4. Ed. Médxico: Continental, 1990. 760p. KÄMPF, A. N. Propagação. In: (Coord.) Produção Comercial de Plantas Ornamentais. Guaíba: Agropecuária, 2000. P. 151-70. MOTA, F. S; BEIRSDORF, M. I. C.; GARCEZ, J. R. B. Zoneamento agroclimático do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre: Ministério da Agricultura, Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária do Sul, 1970.

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