Ato de Instauração de Inquérito Civil. PORTARIA Nº 08/2015 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, por seu representante legal com atuação na Promotoria de Justiça de Jauru/MT, no uso das atribuições que são lhe conferidas pelo art. 129, inciso III, da Constituição Federal, art. 25, inciso IV, alínea a, da Lei nº 8.625/93, art. 60, inciso VI, da Lei Complementar nº 416/2010, pelo art. 8º, 1º, da Lei nº 7.347/85, e, ainda: CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, nos termos do art. 127 da Constituição Federal; CONSIDERANDO que é função institucional do Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, nos termos do art. 129, inciso III, da Constituição Federal; 1
CONSIDERANDO que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações, consoante o disposto no art. 225, caput, da Constituição Federal; CONSIDERANDO que a poluição sonora, grave e crescente problema ambiental a ser combatido no mundo moderno e que vem ocorrendo sistematicamente neste pequeno município (sobretudo por meio de som automotivo com o fim de executar musicas e/ou propagandas), viola sobremaneira o direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, podendo ser entendida como qualquer emissão de som ou ruído que, direta ou indiretamente, resulte ou possa resultar em ofensa à saúde, à segurança, ao sossego ou bem-estar das pessoas; CONSIDERANDO que a poluição sonora também nos coloca sob prolongado estresse e desencadeia, como dito acima, danos à saúde, como arteriosclerose, problemas de coração e neurológicos, doenças infecciosas, aumento do colesterol, problemas psicológicos e psiquiátricos, insônia, envelhecimento precoce, entre outros, certo ainda que o estresse crônico provoca a liberação excessiva de substâncias altamente nocivas à saúde, como por exemplo, a do hormônio cortisol, sendo, portanto, a perda ou diminuição da audição apenas um dos vários males por ela causados; CONSIDERANDO que a poluição sonora, além de ser proibida pela Constituição Federal e lei correlatas ao tema entre elas o Código de Posturas do Município também é considerada expressamente como crime, quando afetar a saúde de alguém (art. 54, da Lei Federal nº 9.605/1998), ou uma contravenção penal, sempre que comprometer o trabalho ou o sossego das pessoas. (art. 42, do Decreto-lei n. 3.688/41), impondo-se, portanto, a atuação permanente dos órgãos de segurança pública; 2
CONSIDERANDO a denúncia anônima encaminhada por cidadão deste município de Jauru, através da Ouvidoria (Simp nº 001591-005/2015), dando conta que o estabelecimento comercial de instalação de som automotivo denominado POWER SOM, situado na Avenida Padre Nazareno Lancioti, vem realizando testes de som naquele local, em ambiente aberto, propagando ruído sonoro muito superior ao permitido, perturbando o comércio e o sossego das pessoas; CONSIDERANDO ainda que os órgãos municipais são responsáveis pela concessão ou não de alvará para o funcionamento de determinadas atividades, sendo também obrigados a fiscalizar o funcionamento das atividades e a impedir administrativamente, de imediato, os abusos (com o poder de polícia) e, ainda, devendo emitir licença específica à atividade potencialmente poluidora, vez que este é o efetivo instrumento de controle prévio dos abusos, por meio do qual se poderá exigir as adequações necessárias e impedir o mal no seu nascedouro, sendo que, sem a licença específica, a atividade é ilegal e criminosa (Vide art. 60, da Lei n. 9.605/98); RESOLVE, por tais razões, instaurar o presente Inquérito Civil, visando apurar poluição sonora no Município de Jauru/MT causada pelo estabelecimento comercial POWER SOM, com a consequente promoção das medidas eventualmente necessárias, determinando-se, desde logo, o que se segue: 1. Registrar e autuar a presente Portaria, observadas as disposições da Res. n 010/2007 do CSMP/MT, juntando-se os documentos anexos; 2. Registrado e autuado o presente expediente administrativo, publique-se a presente Portaria de Instauração mediante afixação no saguão da sede desta Promotoria de Justiça, conforme determina o art. 6, inciso VI, da Resolução n 010/2007 do CSMP/MT, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias; 3
3. Remeter, por meio eletrônico, cópia da presente Portaria de instauração à Procuradoria Especializada na Defesa do Meio Ambiente e da Ordem Urbanístaiva, nos termos do art. 6º, inciso VI, da Resolução n 010/2007 do CSMP/MT (alterada pela Resolução n 017/2007 do CSMP/MT); 4. Oficiar à Polícia Militar de Jauru, informando-a que esta Promotoria de Justiça recebeu informações dando conta de poluição sonora causada pelo estabelecimento comercial POWER SOM, situado na Avenida Padre Nazereno Lancioti, requisitando, neste prisma, a atuação do órgão policial nos termos da Notificação Recomendatória nº 10/2014, encaminhada pelo Ministério Público no ano de 2014, quando recomendou-se: a) identificar nas ruas, ou quando solicitado por populares, as situações de poluição sonora caracterizadoras de crime ou contravenção e agir de conformidade com o seu dever constitucional, inclusive apreendendo os instrumentos da infração; b) confeccionar o Boletim de Ocorrência (BO) e encaminhar o infrator à à Delegacia de Polícia; devendo ser enviado ao MP resposta no prazo de 10 (dez) dias a respeito das medidas tomadas; 5. Oficiar ao Município de Jauru, solicitando informações, no prazo de 10 (dez) dias, a respeito do estabelecimento comercial POWER SOM, situado na Avenida Padre Nazereno Lancioti, notadamente se o órgão municipal concedeu ou não alvará para o funcionamento do empreendimento, bem como se houve emissão de licença específica à atividade (que é potencialmente poluidora em razão da utilização de testes de som em ambiente aberto e sem qualquer vedação acústica ou proteção de ruídos), vez que este é o efetivo instrumento de controle prévio dos abusos, por meio do qual se poderá exigir as adequações necessárias e impedir o mal no seu nascedouro, sendo que, sem a licença específica, a atividade é ilegal e criminosa (Vide art. 60, da Lei n. 9.605/98); 4
6. Realizar registro fotográfico do estabelecimento em questão, inclusive em seu interior, de modo a verificar se há alguma proteção interna contra ruídos e barulhos excessivos, encaminhando-se, na mesma oportunidade, ofício ao responsável pelo estabelecimento, requisitando as seguintes informações a serem repassadas no prazo de 10 (dez) dias: a) cópia do contrato social da empresa; b) cópia de alvarás e autorizações para a atividade em comento; c) medidas tomadas com o fito de evitar ruídos e barulhos excessivos oriundos de som automotivo, o que pode configurar crime/contravenção e também outros ilícitos civis e administrativos; de igual forma, na mesma ocasião notifique o responsável a comparecer nesta Promotoria de Justiça, em data e horário compatíveis com a agenda deste Promotor de Justiça; 7. Nomear, sob compromisso, para secretariar os trabalhos, atuando neste Inquérito Civil, o Assistente Ministerial Marco Aurélio Fernandes Ribeiro, bem como a Técnica Administrativa Lucilene Vilela Monteiro; Cumpra-se as determinações no prazo de 02 (dois) dias. Expeça-se o necessário. Jauru/MT, 03 de agosto de 2015. Saulo Pires de Andrade Martins Promotor de Justiça 5