Ministério Público do Estado de Mato Grosso

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Geovane Vasques Gonçalves
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1 NOTIFICAÇÃO RECOMENDATÓRIA N 006/2015 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, por seu representante legal com atuação na /MT, no uso de suas atribuições legais, com espeque no art. 129, incisos II, III e VI, da Constituição da República, art. 27, parágrafo único, da Lei Federal nº 8.625/1993, e art. 6º, inciso XX, da Lei Complementar nº 75/1993, no âmbito do Inquérito Civil nº 042/2015, apresenta RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA nos seguintes termos: CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público a defesa do patrimônio público e social, da moralidade e da eficiência administrativa, nos termos do que dispõe o art. 127, caput, e art. 129, inciso III, da Constituição da República, e o art. 25, inciso IV, alínea a, da Lei Federal nº 8.625/93; CONSIDERANDO que compete ao Ministério Público, por força de lei, expedir recomendações administrativas visando ao efetivo respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover; CONSIDERANDO ser determinante, para o setor público, o processo de planejamento e a necessária submissão da Administração Pública aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37 e art. 174, CF); 1

2 CONSIDERANDO que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas públicas que visem à redução do risco de doenças (art. 196, CF); CONSIDERANDO que a dengue, o zika vírus, a chikungunya, a leishmaniose, a malária, a doença de chagas, entre outras é uma realidade presente nos centros urbanos brasileiros, provocando, cada vez mais, a deterioração da qualidade de vida e da saúde da pessoas, o que exige a atuação constante do poder público; CONSIDERANDO o significativo número de casos das endemias supracitadas registrados no Estado de Mato Grosso nos últimos tempos, sobretudo a dengue, a chikungunya e o zika vírus, este último tendo direta relação com os inúmeros casos de neonatos com microcefalia, o que já foi inclusive alertado pela Organização Mundial da Saúde; CONSIDERANDO que a estação das chuvas é propícia para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, mostrando-se imprescindível a tomada de medidas em caráter emergencial; CONSIDERANDO que as ações de combate às endemias são inerentes ao poder de polícia da Administração Pública e devem se constituir em prática constante, eficiente e preventiva; CONSIDERANDO que o desrespeito ao princípio da eficiência e a omissão deliberada do Poder Público no combate às endemias constitui ato de improbidade administrativa, sancionado com a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos, dentre outras penalidades (art. 11, inciso II e art. 12, inciso III, da Lei Federal nº 8.429/92); 2

3 CONSIDERANDO o teor do expediente encaminhado a esta Promotoria de Justiça pelo Escritório Regional de Saúde de Cáceres/MT, o qual solicita a intervenção do Ministério Público para apoio com vistas à redução dos riscos de proliferação do Aedes aegypti e consequentemente da dengue, zika vírus e chikungunya; CONSIDERANDO que o Escritório Regional de Saúde de Cáceres/MT ainda nos informou que, conquanto tenha realizado uma série de solicitações à Secretaria de Saúde de Indiavaí a respeito do tema, não há até o presente momento quaisquer agentes de combate às endemias atuando no município, o que certamente prejudica as ações na área da saúde e o combate ao Aedes aegypti; CONSIDERANDO que a contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, por força de dispositivo constitucional (art. 198, 4º), deverá ser precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, tudo nos termos da Lei Federal /2006, que trata do assunto e regulamenta a normativa constitucional; CONSIDERANDO que a Lei Federal nº /2006, além de estabelecer uma série de regramentos que devem necessariamente ser observados pelos gestores públicos, determina em seu art. 16 que é vedada a contratação temporária ou terceirizada de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na hipótese de combate a surtos endêmicos, na forma da lei aplicável; 3

4 CONSIDERANDO que, embora se utilize a expressão processo seletivo público, deverá ele, como nos lembra CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, apresentar características similares às de um concurso público, podendo apenas simplificá-lo naquilo que não interfira com a necessária publicidade, igualdade dos concorrentes, e possibilidade de aferirem a lisura do certame. Será, obrigatório, ainda, que as provas ou provas e títulos guardem relação com a natureza e a complexidade do emprego. (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 28ª ed., São Paulo: Malheiros Editores, 2011, pág. 280 e 281); RECOMENDA O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ao EXMO. PREFEITO MUNICIPAL DE INDIAVAÍ/MT e ao ILMO. SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE, sob pena da adoção de outras medidas extrajudiciais e judiciais cabíveis: A contratação, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, de ao menos 02 (dois) agentes de combate às endemias, tudo nos termos da Lei Federal nº /2006 e de acordo com as normativas municipais a respeito do tema, sem prejuízo da adoção de medidas emergenciais voltadas à prevenção das endemias (dengue, zika vírus e chikungunya), ao combate ao vetor, à redução dos índices de infestação predial, e a estratégias de assistência aos pacientes em caso de eventual endemia de doenças; Circunscrito ao exposto, são os termos da RECOMENDAÇÃO ADMINISTRATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, expedida pela PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ARAPUTANGA/MT, que passa a ter validade a partir de seu recebimento, para o fim de cumprimento do item nela especificado. 4

5 Deverá ser apresentada resposta por escrito, em (05) dias, a respeito do posicionamento a ser adotado frente ao seu conteúdo (cujo prazo de cumprimento integral é de 30 dias), ponderando que a omissão (ausência de resposta) e o não atendimento aos termos recomendatórios ensejará a propositura de ação civil pública. Araputanga/MT, 03 de dezembro de Saulo Pires de Andrade Martins Promotor de Justiça 5

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