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<etiqueta de registro do Acórdão> Órgão : Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais Classe : APJ Apelação Criminal no Juizado Especial N. Processo : 90/98 Apelante(s) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DF e TERRITÓRIOS Apelado(s) : ISABEL CRISTINA DOS SANTOS PAMPLANO Relator(a) Juiz(a) : ROBERVAL CASEMIRO BELINATI EMENTA LESÃO CORPORAL CULPOSA E CONTRAVENÇÃO PENAL POR FALTA DE HABILITAÇÃO. CONCURSO FORMAL. EXTINÇÃO DA PRIMEIRA INFRAÇÃO E APRECIAÇÃO DA SEGUNDA. COMPETÊNCIA DA VARA DE DELITOS DE TRÂNSITO. HABILITAÇÃO VENCIDA. MERA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. NOVO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. A Vara de Delitos de Trânsito de Brasília é competente para apreciar a contravenção penal prevista no art. 32 da Lei das Contravenções Penais, estando esta em conexão com o crime de lesão corporal culposa, mesmo tendo este Juízo declarado extinta a punibilidade do acusado, pela decadência, por ausência de representação da vítima, no prazo legal, em relação à prática da infração prevista no art. 129, 6º do Código Penal. A prática das aludidas infrações, no mesmo momento, configura o concurso formal previsto no art. 70 do Diploma Penal, cuja competência é determinada pelo art. 77, inciso II do Código de Processo Penal e pelo art. 78, inciso II, letra a, do mesmo Diploma. Aplica-se, ainda, por analogia, a regra do caput do art. 81, do mesmo Código, in verbis: Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo de sua competência própria venha o juiz ou Tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. Por questão de racionalização do procedimento processual, não deve o feito, apurando as infrações conexas, ser desmembrado, para que uma seja apreciada pela Vara de Delitos de Trânsito e outra pela Vara de Entorpecentes e Contravenções Penais. Ambas as infrações devem ser apuradas pela primeira, conforme o art. 78, inciso II, letra a, do referido Diploma Processual Penal, que diz: Na determinação

da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: II no concurso de jurisdição da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração à qual for cominada a pena mais grave. Como a lesão corporal culposa tem pena mais grave que a contravenção penal por falta de habilitação, competente para apreciar as infrações é a Vara de Delitos de Trânsito, para onde foi distribuído o Termo Circunstanciado noticiando as mesmas. Dirigir veículo na via pública com Carteira de Habitação vencida não configura contravenção penal, mas tãosomente infração administrativa, nos termos do art. 162, inciso V do novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997). Para caracterizar a contravenção penal prevista no art. 32 do Decreto-lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941, é preciso que o agente dirija sem possuir a devida habilitação. ACÓRDÃO Acordam os Senhores Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, ROBERVAL CASEMIRO BELINATI - Relator(a), SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS - Vogal, ARNOLDO CAMANHO DE ASSIS Vogal, sob a presidência do Juiz ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, em CONHECER O RECURSO. NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasília (DF), 24 de novembro de 1998. ROBERVAL CASEMIRO BELINATI Relator-Presidente 2

RELATÓRIO A acusada ISABEL CRISTINA DOS SANTOS PAMPLONA teve julgada extinta a sua punibilidade, pela decadência, em face da ausência de representação do ofendido ou de seu representante legal, em relação à prática do crime de lesões corporais culposas, previsto no art. 129, 6º do Código Penal, conforme o art. 107, inciso IV do mesmo Estatuto. Quanto à acusação de ter praticado a infração do art. 32 da Lei das Contravenções Penais, por estar dirigindo com a carteira de habilitação vencida, determinou o MM. Juiz a quo que fossem os autos arquivados em relação a esta infração, por entender que tal infração ocorreu tão-somente na área administrativa (fls. 26/27). Esta decisão, todavia, gerou o inconformismo do Ministério Público. Como razões do recurso, alega o Parquet que, estando extinta a punibilidade do delito de lesões corporais culposas, o Juízo da 2ª Vara de Delitos de Trânsito é incompetente para apreciar a contravenção. Esta, no seu entender, seria julgada por referido Juízo apenas se houvesse conexão com o crime de lesões corporais, cuja competência é da Vara Especializada, o que não ocorreu, pois a ação penal não foi iniciada em virtude da extinção da punibilidade. Alega, ainda, que o fato de uma pessoa dirigir com uma CNH vencida por prazo superior àquele conferido para renovação, configurava a contravenção em comento, antes da entrada em vigor da Lei n. 9.503/97. Diante do exposto, requer que se conheça e se dê provimento ao recurso, para que seja reformada a r. sentença recorrida, e remetidos os autos ao Juízo competente para analisar a prática da contravenção supracitada. Contra-razões às fls. 33/35, pugnando pelo não provimento do recurso, por entender que o Juízo a quo é competente para proferir decisão sobre a contravenção, uma vez que se trata de concurso formal de crimes e, em tal caso, determina o CPP, em seu artigo 77, II, a competência pela continência. Entende, ainda, que o debate sobre a competência fica prejudicado em função da evidente atipicidade do fato, uma vez que o novo Código Nacional de Trânsito deu a essa hipótese caráter de infração meramente administrativa, nos termos dos artigos 161 e 162 do referido Diploma. Sendo lei posterior e mais benéfica, diz, aplica-se ao caso o mencionado Código, que expressamente não prevê a conduta da recorrida como fato típico penal. O ilustre representante do Ministério Público nesta Turma Recursal oficiou pelo conhecimento e provimento do recurso, para que seja parcialmente anulada a sentença a quo, na parte em que examinou a conduta contravencional, de modo que sejam os autos remetidos à Vara das Contravenções (fls. 39/42). É o relatório. VOTOS 3

O(A) Senhor(a) Juiz(a) ROBERVAL CASEMIRO BELINATI - Relator(a) recurso, dele conheço. Presentes os requisitos para a admissibilidade do A questão central indaga se o Juízo da 2ª Vara de Delitos de Trânsito seria competente para apreciar a contravenção penal prevista no art. 32 da Lei das Contravenções Penais, depois que o mesmo Juízo declarou extinta a punibilidade da acusada, pela decadência, por ausência de representação da vítima, no prazo legal, em relação à prática de infração prevista no art. 129, 6º do Código Penal. Primeiramente, deve-se reconhecer que a matéria envolve o concurso formal previsto no art. 70 do Código Penal, cuja competência é determinada pelo art. 77, inciso II do Código de Processo Penal, aplicando-se ao caso a regra do art. 78, inciso II, letra a, do referido Diploma, que diz: Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: II no concurso de jurisdição da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave. A lesão corporal culposa tem pena mais grave que a contravenção aludida. Daí ser competente para ambas as infrações a 2ª Vara de Delitos de Trânsito, para onde foi distribuído o Termo Circunstanciado de fl. 02. Aplica-se, ainda, por analogia, a regra do caput do art. 81 do mesmo Diploma, in verbis: Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência que no processo de sua competência própria venha o juiz ou Tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. Por essa regra, pode-se concluir que a competência para a apuração da contravenção penal realmente é da 2ª Vara de Delitos de Trânsito, mesmo tendo sido extinta a punibilidade da acusada pelo crime de lesão corporal culposa. Pensando na racionalização do procedimento processual, seria muito burocrático decidir-se sobre um delito conexo e depois remeter os autos a outro Juízo, para apreciar a outra infração conexa. Quer dizer, usando uma linguagem coloquial, seria complicado partilhar o feito, ficando uma parte em um Juízo e outra parte em outro. Esse procedimento burocrático poderia contribuir para aumentar a morosidade da Justiça. Assim sendo, a 2ª Vara de Delitos de Trânsito é competente para apreciar a contravenção penal por falta de habilitação. Oportuno anotar jurisprudência de nosso E.T.J.D.F.T. sobre questão da mesma natureza: Processo penal Conflito de Competência Inteligência dos arts. 23 e 24 da Lei n. 8.185/91. É competente para processar e julgar a contravenção penal prevista no art. 32 da LCP, quando em conexão com lesões corporais 4

provenientes de delitos de trânsito, o Juízo das Varas Criminais de Delitos de Trânsito do Distrito Federal. Julgou-se procedente o conflito para declarar competente o Juiz suscitado. Acórdão n. 72140. Data do julgamento: 08/06/1994. Órgão Julgador: Câmara Criminal. Relator: Des. Hermenegildo Gonçalves. penal. Passo a apreciar a ocorrência ou não da contravenção O art. 32 do Decreto-lei n. 3.688, de 3.10.1941, diz: Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas públicas: Pena multa. De acordo com o entendimento jurisprudencial dominante, a contravenção só se consuma se o agente dirige, em via pública, sem possuir a competente autorização do Estado, representada pela Carteira de Habilitação para dirigir veículo. O fato de estar vencida a Carteira de Habilitação não configura a contravenção, mas tão-somente infração administrativa. Uma coisa é não possuir a Carteira de Habilitação, outra é estar ela vencida. Esse entendimento jurisprudencial foi adotado pelo novo Código Nacional de Trânsito, que definiu tão-somente como infração administrativa, sujeita à multa, ao recolhimento da Carteira de Habilitação e à retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado, dirigir com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias (art. 162, inciso V). Assim sendo, o fato deixou de ser definido como infração penal e hoje afigura-se tão-somente como infração administrativa. Por conseqüência, não merece qualquer reparo a decisão proferida pelo MM. Juiz da 2ª Vara de Delitos de Trânsito, ao determinar o arquivamento dos autos em relação à imputação do art. 32 da LCP, por entender que a mesma não se consumou na esfera penal. Diante do exposto, nego provimento ao recurso. É como voto. O(A) Senhor(a) Juiz(a) SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS - Vogal Com o Relator. O(A) Senhor(a) Juiz(a) ARNOLDO CAMANHO DE ASSIS - Vogal Com a Turma. DECISÃO Recurso conhecido. Negou-se provimento. Unânime. 5