PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO da CONJUNTURA: TARIFAS JULHO de 2010 Nivalde J. de Castro Bianca Hoffmann T. Pinto PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO
Índice INTRODUÇÃO...3 1 REAJUSTE E REVISÕES TARIFÁRIAS DAS EMPRESAS... 4 2 COMPONENTES DAS TARIFAS...6 2
Relatório de Conjuntural: Tarifas (1) INTRODUÇÃO Nivalde J. de Castro (2) Bianca Hoffmann T. Pinto 3) O objetivo deste Relatório é sistematizar os principais fatos, dados, informações e ações públicas que ocorreram no mês de julho de 2010, que afetam diretamente as tarifas de energia elétrica. A partir deste objetivo, o relatório está estruturado em três tópicos: reajuste e revisões tarifárias das empresas, componentes das tarifas e questões gerais. Dentro do primeiro tópico as informações em forma de notícia estão ordenadas por ordem cronológica, partindo-se do início do mês. Já o segundo e o terceiro tópico aparecem na forma de texto, com o desenvolvimento das informações importantes do mês. (1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico. 3
1 REAJUSTE E REVISÕES TARIFÁRIAS DAS EMPRESAS Tarifa da AES Eletropaulo terá reajuste médio de 0,9% A Aneel autorizou hoje a AES Eletropaulo a aplicar reajuste médio em suas tarifas de 0,9%. Para os clientes residenciais que não são de baixa renda, o aumento será de 1,03%, enquanto os clientes beneficiados pelos subsídios para baixa renda terão redução de 6,5%. As indústrias que recebem energia em alta tensão terão em média reajuste de 1,11%. As novas tarifas entram em vigor a partir de 4 de julho. A AES Eletropaulo é segunda maior distribuidora de energia elétrica no País, atrás apenas da mineira Cemig, e atende cerca de 6 milhões de unidades consumidoras em 24 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, inclusive a capital paulista. (30.06.2010) Celtins tem reajuste tarifário médio de 6,61% A Aneel aprovou o reajuste tarifário médio da Celtins (TO) de 6,61%. O efeito médio a ser percebido pelos consumidores da companhia será de um aumento de 7,43% a partir do próximo domingo, 4 de julho, quando a nova tarifa entra em vigor. Os consumidores de baixa tensão terão aumento de 8,11%, enquanto que o reajuste para os clientes residenciais de baixa renda será de um aumento de 2,89%. Para a alta tensão, o reajuste médio será de 7,91% dependendo do subgrupo. Os clientes da distribuidora inseridos no A2 terão aumento de 6,97%% na tarifa; para os do A3a, o índice será de 7,40%; e para A4, o aumento será de 8,17% nas contas. O reajuste da Celtins, segundo a Aneel, levou em conta a variação do IGP-M, o aumento do custo de encargos do setor, como a Conta de Consumo de Combustíveis e os gastos da distribuidora com aquisição de energia devido principalmente ao aumento do custo com novos contratos de leilões de energia nova. (30.06.2010) Cemat obtém reajuste tarifário maior A Aneel corrigiu o reajuste tarifário dado a Cemat de 7,34% para 10,08% a ser aplicado a partir de julho. A alteração é fruto de recurso da distribuidora contra a decisão em vigor desde abril. A distribuidora alegou redução de R$ 45,06 milhões na receita auferida em comparação com a projeção usada no cálculo do reajuste. Essa diferença de 2,71% da receita total é advinda da suspensão da alteração no cálculo da TUSDg, que previa o pagamento total do encargo para a Cemat dos geradores conectados nas tensões de 138 kv a 88 kv.a diretoria Aneel decidiu adiar a discussão sobre a validade da 4
argumentação da Cemat de computar componente financeiro na ordem de R$ 350 mil no cálculo do reajuste. Essa despesa é proveniente do estorno de crédito de ICMS sobre a aquisição de óleo diesel. (15.07.2010) 5
2 COMPONENTES DAS TARIFAS Alguns fatos referentes a evolução dos componentes das tarifas de energia elétrica merecem destaque no mês de julho. A Aneel estabeleceu o valor da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (Tust) referente ao período 2010/2011 aplicáveis a centrais geradoras, consumidores livres, potencialmente livres, autoprodutores, agentes importadores e exportadores e distribuidoras. Os novos valores entraram em valor no primeiro dia do mês e são válidos até o dia 30 de junho de 2011. A resolução homologatória 1.022/2010 com os novos valores foi publicada dia 30 de junho no Diário Oficial da União. O dispositivo estabelece também que os encargos e uso das instalações de transmissão da rede básica, associados às demandas de potência remanescentes dos contratos iniciais ou equivalentes, ficam atribuídos às distribuidoras de energia, de acordo com suas quotas-partes. A Aneel ainda estabeleceu em R$ 3.731,05/MW o valor da tarifa mensal de transporte de energia elétrica proveniente de Itaipu, a ser aplicada aos seus contratantes. Também entram em vigor as receitas anuais permitidas para as concessionárias de transmissão de energia elétrica pela disponibilização das instalações de transmissão integrantes da Rede Básica e das Demais Instalações de Transmissão (DIT). Foram incluídas nas receitas as linhas de transmissão com entrada em operação comercial até o dia 31 de maio e as licitadas e autorizadas que viessem a entrar em operação até o dia 31 de julho. A Aneel aprovou também os novos valores para a Receita Anual Permitida das concessionárias de transmissão de energia. Com o reajuste, a receita das instalações em operação comercial passou para R$11,2 bilhões. O valor inclui a receita correspondente às instalações existentes em 1999, às novas linhas já em operação autorizadas e os novos empreendimentos em operação licitados. O valor da RAP é arrecadado por meio de tarifa ou de encargo, dependendo da classificação da instalação, sendo por isso relevante para a formação das tarifas do setor. O país gerou cerca de 50% mais energia de usinas termelétricas em junho em relação ao mesmo mês de 2009. O objetivo foi poupar água nos reservatórios das usinas hidrelétricas, que estão em seu nível mais baixo para esta época do ano desde 2003. A energia das termelétricas representou 5,6% da média diária de geração total em junho de 6
2009 e 7,8% no mês anterior. O fato de essas usinas serem onerosas indica que haverá um aumento das tarifas de energia em decorrência de seu acionamento. Por fim, no que tange aos encargos na conta de luz, é esperado para o dia 31 de dezembro desse ano o fim da cobrança da Reserva Global de Reversão (RGR) nas contas de luz. O encargo, criado em 1957, segundo estudo do Instituto Acende Brasil feito em parceria com a consultoria PriceWaterHouse Coopers, tem impacto na tarifa de 1,23%. Logo no início do mês ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, participou de audiência pública com a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para discutir as providências que foram tomadas a partir das determinações e recomendações do relatório final da CPI das Tarifas de Energia Elétrica. O deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ) sugeriu a realização do debate e lembrou que a CPI identificou problemas no setor elétrico, como reajustes tarifários que levaram os consumidores a pagarem valores indevidos e o repasse de perdas comerciais das distribuidoras para as tarifas. Referente aos erros no reajuste tarifário, o Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS) ajuizou ação civil pública questionando os índices de reajuste aprovados pela Aneel para as tarifas cobradas pela RGE (RS) desde 2002. Os prejuízos aos clientes da RGE durante o período, segundo cálculos do ministério, podem chegar a R$ 252 milhões. Para o autor da ação, o procurador Alexandre Amaral Gavronski, a correção da metodologia promovida pela Aneel por meio do aditivo ao contrato de concessão não teria resolvido integralmente o erro na fórmula de reajuste tarifário. Por conta disso, o MPF-RS questiona as tarifas cobradas pela RGE desde 2002, inclusive o reajuste médio de 3,96% autorizado pelo regulador no mês passado. A ação, com pedido de liminar, pede também que a Aneel apresente os impactos da metodologia para os consumidores desde 2002 para que seja efetuada a devolução e corrija o último reajuste tarifário. Tramita na Câmara o Projeto de Lei 7235/10, que cria o Índice de Redução Tarifária por Compensação Ambiental, que será usado para diminuir o preço da energia elétrica consumida em estados geradores. De acordo com o texto, o percentual a ser aplicado na redução da tarifa não poderá ser inferior a 10% sobre o custo final do 7
quilowatt consumido. O cálculo do índice redutor será estabelecido em lei complementar de autoria do presidente da República.Segundo o autor da proposta, é justo que os estados que fornecem recursos naturais para a construção de usinas hidrelétricas sejam contemplados com energia elétrica mais barata. A preocupação do Governo com as tarifas de energia muito altas não se limitam a projetos na Câmara. Os órgãos antitrustes do Governo assinaram acordo com a Aneel para prevenir cartéis no setor elétrico. Eles vão trocar informações e fazer estudos no setor com o objetivo de garantir a competição entre as empresas. Nelson Hubner, da Aneel, ressaltou que a agência tem a obrigação de realizar leilões de energia e concorrências para a contratação de novas usinas. São casos em que a competição é fundamental para que o governo consiga bons preços e os consumidores não sejam prejudicados com tarifas altas. Em outras frentes, as distribuidoras de energia do país podem ter que devolver cerca de R$ 27,5 bilhões aos consumidores caso percam no Superior Tribunal de Justiça a disputa sobre a legalidade do repasse do PIS e da Cofins nas tarifas de energia. A controvérsia será julgada com status de recurso repetitivo pela 1ª Seção do STJ. O valor da disputa foi estimado a partir do faturamento anual de R$ 100 bilhões das distribuidoras, de acordo com a Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia - Abrade. Para o cálculo, considerou-se a incidência média do PIS e da Cofins de 5,5%. O valor do repasse aos consumidores, caso percam a disputa, corresponderia a R$ 5, 5 bilhões anuais - os usuários podem pleitear o reembolso dos últimos cinco anos. Por fim, a nova lei para a tarifa social de energia entrou em vigor no dia 27 de julho, com regras que mudam o critério de triagem dos consumidores atendidos. O governo passa a levar em conta só a renda da família para credenciar beneficiários, em vez de considerar a faixa de consumo de energia. Com a nova regra, aprovada pela Aneel, o governo pretende evitar desvios no propósito da tarifa social. 8