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Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.

Nome do aluno: N.º: Para responder aos itens de escolha múltipla, não apresente cálculos nem justificações e escreva, na folha de respostas:

Nome do aluno: N.º: Para responder aos itens de escolha múltipla, não apresente cálculos nem justificações e escreva, na folha de respostas:

Prova Escrita de Latim A

Nome do aluno: N.º: Para responder aos itens de escolha múltipla, não apresente cálculos nem justificações e escreva, na folha de respostas:

Não é permitido o uso de corrector. Em caso de engano, deve riscar, de forma inequívoca, aquilo que pretende que não seja classificado.

Sugestões 1: Sugestões e informações gerais.

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Transcrição:

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março Prova Escrita de Literatura Portuguesa 11.º ou 12.º anos de Escolaridade Prova 734/2.ª Fase 6 Páginas Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos 2008 Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta. Não é permitido o uso de corrector. Em caso de engano, deve riscar, de forma inequívoca, aquilo que pretende que não seja classificado. Não é permitido o uso de dicionário. Escreva de forma legível a numeração dos grupos e/ou dos itens, bem como as respectivas respostas. Para cada item, apresente apenas uma resposta. Se escrever mais do que uma resposta a um mesmo item, apenas é classificada a resposta apresentada em primeiro lugar. As cotações dos itens encontram-se na página 6. Prova 734 Página 1/ 6

GRUPO I Leia, atentamente, o seguinte texto. 1 Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu fado ao meu, quando os cotejo! Igual causa nos fez, perdendo o Tejo, Arrostar c'o sacrílego Gigante; 5 Como tu, junto ao Ganges sussurrante, Da penúria cruel no horror me vejo, Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, Também carpindo estou, saudoso amante; 10 Ludíbrio, como tu, da Sorte dura, Meu fim demando ao Céu, pela certeza De que só terei paz na sepultura. Modelo meu tu és, mas... oh tristeza! Se te imito nos transes da Ventura, Não te imito nos dons da Natureza. Bocage, Obra Completa. Sonetos, Porto, Edições Caixotim, 2004 Notas: Arrostar (v. 4): enfrentar, afrontar, suportar. cotejo (v. 2): comparo. Ganges (v. 5): rio da Índia. Ludíbrio (v. 9): joguete, objecto de engano, ou de desprezo. sacrílego Gigante (v. 4): gigante Adamastor. transes (v. 13): momentos difíceis e geradores de angústia. Prova 734 Página 2/ 6

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens. 1. Proceda a uma divisão fundamentada do poema nas partes lógicas que o constituem. 2. Indique três traços comuns a Camões e ao sujeito poético, com base nas duas quadras e no primeiro terceto. 3. Refira dois dos efeitos de sentido produzidos pela anáfora presente na segunda estrofe. 4. Analise a importância do último terceto na construção do sentido global do poema. Prova 734 Página 3/ 6

GRUPO II Leia, atentamente, o seguinte texto. 1 5 10 15 20 25 30 Quando o homem desceu para o oceano por um carreiro talhado na falésia, a amiga dele abeirou-se do precipício e teve medo. Mar para um lado e para o outro, mar e mais mar. Mar à altura dos olhos no horizonte; mar por baixo dos pés. E ao alto, fechando o mar, um céu fosco arrepiado pela berraria das gaivotas. Tudo ermo. Em relação à terra, campo raso e um pinhalzito antes de se chegar à estrada; em relação ao oceano, o que se sabe. Daquele sítio, sim, daquele sítio é que se podia avaliar o perigo em que estavam os casinhotos de São Romão. Ressequidos, mergulhados num sono de salitre. Um navio ao largo, de passagem para outros continentes, tomaria aquilo por pousadas de aves marinhas ou por brinquedos de loucos furiosos. Casas, residência de gente, é que nunca. «São Romão... Casas de São Romão...» Era uma aldeola de desgraça e apresentava-se numa estranha posição perante o mundo. Não parecia virada para os astros, se bem que encarrapitada a tão grande altura; ligada ao mar, ainda menos, pois toda a sua tendência era apegar-se à rocha para não se espatifar lá em baixo. E quanto à terra firme, virava-lhe costas muito simplesmente. «A terra não os quis. Foi expulsando estes infelizes mas, diante do abismo, eles resistem- -lhe.» Tal foi a lenda que se representou no espírito de Guida: a terra expulsando um punhado de malditos. A terra? E porque não o mar? Suponhamos uma dessas ondas da Bíblia Sagrada, suponhamos esse monstro de água, de cristas eriçadas a assoprar fumo pelos ares, disposto a engolir o universo. Lá em cima uns náufragos a esbracejar, e diante deles as escarpas corajosas de São Romão fazendo frente à onda gigante. Dá-se o choque, o mundo ameaça estalar de meio a meio, mas a terra vence. Raivoso, o vagalhão recua tão embravecido que na retirada leva grande parte do mar com ele, deixando em seco as profundezas do oceano. Tudo se deve ter passado enquanto o diabo esfregou um olho. Veio a calmaria, as águas voltaram às margens antigas. Mas no cume dos altos rochedos, no local onde hoje existem as casas, depuseram uns seres assustados, frios até aos ossos. Eram os náufragos, os primeiros habitantes de São Romão. Ali os despejou o mar, ali ficariam para o resto dos seus dias. «A terra não os quis, as águas escorraçaram-nos...» Devia ter sido assim, devia. José Cardoso Pires, O Anjo Ancorado, 4.ª ed., Lisboa, Moraes, 1970 Notas: escarpas (l. 23): encostas íngremes, talhadas a pique. salitre (l. 8): produto químico resultante do efeito da humidade em paredes construídas com areias contendo sal, ou submetidas à acção prolongada da água do mar. Prova 734 Página 4/ 6

Apresente, de forma estruturada, as suas respostas aos itens. 1. Explicite três elementos que, no primeiro parágrafo, recriam um espaço ameaçador, justificativo do «medo» sentido pela personagem feminina. 2. Atente na descrição da aldeia (linhas 5-16). Indique três aspectos dessa descrição que permitam tomar as casas de São Romão «por pousadas de aves marinhas ou por brinquedos de loucos furiosos» (linhas 9-10). 3. Guida imaginou duas lendas explicativas da origem de São Romão (linhas17-32). Apresente sinteticamente cada uma dessas lendas. 4. Releia o oitavo parágrafo (linhas 21-26). Seleccione dois dos elementos desse parágrafo que contribuem para que o mar adquira uma dimensão simbólica e fantástica. Justifique cada uma das suas escolhas. GRUPO III Tendo presente a sua leitura de alguns dos poetas do século XIX (Almeida Garrett, Antero de Quental, Cesário Verde, António Nobre e Camilo Pessanha), elabore um texto, de cem a duzentas palavras, em que fale do poeta para si mais marcante, apresentando as razões da sua opção. Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2008/). 2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido. FIM Prova 734 Página 5/ 6

COTAÇÕES DA PROVA GRUPO I... 100 pontos 1.... 25 pontos (15 pontos) 1(10 pontos) 2.... 25 pontos (15 pontos) (10 pontos) 3.... 20 pontos 1(8 pontos) 4.... 30 pontos (18 pontos) GRUPO II... 70 pontos 1.... 15 pontos (9 pontos) 1(6 pontos) 2.... 20 pontos (8 pontos) 3.... 15 pontos (9 pontos) (6 pontos) 4.... 20 pontos (8 pontos) GRUPO III... 30 pontos (18 pontos) 1 Total... 200 pontos Prova 734 Página 6/ 6