CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ NÚCLEO DE PESQUISAS ECONÔMICAS E SOCIAIS INFORMATIVO ANO I N II ABRIL 2007 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO PLANALTO DE ARAXÁ E MUNICÍPIOS 1991-2000 Prof Dr. Vitor Alberto Matos ARAXÁ MG
Introdução Neste informativo o Núcleo de Pesquisas Econômicas e Sociais do Centro Universitário do Planalto de Araxá analisa a realidade de nossa Microrregião enfocando o desenvolvimento de sua população. Para que se obtivesse uma medida que pudesse ser expressa quantificadamente sem se ater aos aspectos puramente econômicos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUD criou o Índice de Desenvolvimento Humano, um indicador construído como tentativa de análise do desenvolvimento segundo variáveis que revelassem novos olhares da pesquisa sobre o desenvolvimento de uma região. Internacionalmente, o Índice de Desenvolvimento Humano é calculado a partir de dados produzidos por agências internacionais ou por instituições especializadas, e sempre que números recentes tornam-se disponíveis, os indicadores usados na elaboração do IDH (relacionados às dimensões longevidade, educação e renda) são revistos e atualizados. No que tange ao caso brasileiro, os Censos Demográficos nos permitem avaliar as várias dimensões do desenvolvimento de nossas regiões. Segundo o PNUD (pnud.org.br/idh), no Relatório de Desenvolvimento Humano 2002 o Brasil atingiu um padrão mediano no ranking do IDH em 2002 estava em 73 0 lugar com um índice de 0,766, no RDH 2005 as atualizações dos dados mostraram nosso País na 63 0 posição. Para o Brasil, o Índice de Desenvolvimento Humano é calculado através de uma metodologia simples que necessita exclusivamente de algumas variáveis obtidas a partir dos Censos Demográficos realizados a cada dez anos pelo IBGE. Os dados e análises apresentadas a seguir estão organizados de acordo com as seguintes seções: 1 O que é IDH/IDH-M; 2 Metodologia do IDH e os ajustes necessários ao cálculo do IDH-M; 3 Dados Gerais do Brasil e Comparações com a Microrregião do Planalto de Araxá; e 4 O IDH-M: Dados desagregados para a Microrregião do Planalto de Araxá. Todas as informações contidas neste informativo foram retiradas das estatísticas do IBGE (ibge.gov.br) e do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (ipea.gov.br). Um dos dados do Atlas é o IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), uma adaptação do IDH aos indicadores dos municípios e dos estados brasileiros.
1 O que é o IDH / IDH-M Embora a grande maioria da literatura sobre desenvolvimento enfatize os aspectos econômicos, nos dias atuais este conceito experimenta um repensar de suas dimensões com vistas a melhor abarcar todas as suas especificidades. Resumidamente, esta releitura conceitual tem origem na discussão sobre a relevância da medida do desenvolvimento e do bem-estar de um país a partir de variáveis estritamente econômicas, como o PIB per capita. Se pensarmos mais ampliadamente o conceito de desenvolvimento, entendendo-o como a expansão das possibilidades de escolha das pessoas através de suas capacidades e do elenco de suas atividades, não nos será permitido analisá-lo unicamente como decorrência dos resultados de desempenho econômico; consequentemente o PIB per capita não deverá ser sua única variável de medida. Quadro 01 Dimensões e Indicadores considerados no cálculo do IDH Dimensões Indicadores Educação Taxa de Alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade (%). Taxa de Escolarização bruta combinada dos diversos níveis educacionais (%). Longevidade Esperança de Vida ao nascer (anos). Renda PIB per capita (dólares PPP) Fonte: PNUD Relatório do Desenvolvimento Humano 2003 Notas Técnicas. O IDH é uma medida que procura resumir o desenvolvimento humano de um país através de sua realização média avaliada em três dimensões básicas (Quadro 01): a) uma vida longa e saudável, medida pela esperança de vida ao nascer ou o número de anos que se espera um recém-nascido venha a viver, com base nos padrões correntes de mortalidade do país; b) o acesso ao conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa de escolarização bruta combinada do primário, secundário e superior. Esta dimensão do IDH procura observar a realização relativa de um país no tocante à aquisição de conhecimento disponibilizada a seus habitantes; c) um padrão digno de vida medido pelo PIB per capita. No cálculo do IDH esta variável é utilizada como uma medida substituta para todas as outras dimensões do desenvolvimento não contempladas por uma vida longa e saudável e por acesso ao conhecimento.
2 Metodologia do IDH e os Ajustes necessários ao cálculo do IDHM Para melhor compreensão do processo de cálculo do IDH e dos ajustes realizados para se criar o IDHM, detalharemos a seguir de forma bem simples e por etapas, todos os passos que devem ser seguidos. Passo 01: Normalização dos valores observados. Assumindo a existência de imensas disparidades nas condições de vida entre os diversos países, o cálculo do IDH se inicia com a normalização dos valores observados para cada um dos indicadores utilizados na avaliação de cada uma das suas dimensões. No caso brasileiro, os valores de cada indicador são obtidos a partir dos Censos Demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Para a normalização são fixados alguns valores máximos e mínimos (balizas apresentadas no Quadro 02) criados a partir das tendências de longo prazo (próximos 25 anos) que se esperam para cada um dos indicadores. Quadro 02 Valores das Balizas utilizadas no cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano Indicador Valor Máximo* Valor Mínimo* Esperança de Vida ao Nascer (anos) 85 25 Taxa de Alfabetização de Adultos (%) 100 0 Taxa Combinada de Escolarização Bruta (%) 100 0 PIB per capita (dólares PPP)** 40.000 100 Fonte: PNUD Relatório do Desenvolvimento Humano 2003 Notas Técnicas. * Quando apresentarmos o resumo das fórmulas de cálculo, estas balizas receberão o nome de Parâmetro Máximo e Parâmetro Mínimo. **Como é sabido que o poder de compra de US$ 1 não é o mesmo em países diferentes, os valores dos PIBs per capita são convertidos em dólares pela taxa de câmbio que iguala o poder de compra do dólar entre os países (paridade do poder de compra PPC). O processo de normalização cria um subíndice para cada dimensão segundo a seguinte fórmula geral: Índice = (valor observado valor mínimo) / (valor máximo valor mínimo). A primeira parte da expressão ou a diferença entre o valor observado e o valor mínimo mostra o avanço realizado pelo país. A segunda parte ou a diferença entre o valor máximo e o valor mínimo representa a extensão total da trajetória a ser percorrida por esta sociedade. Este processo reduz todos os valores observados para cada um dos determinantes do IDH em um número puro situado no intervalo entre zero e 1. Ressalte-se que, no cálculo do indicador de renda, como os dados estão expressos em Reais (R$), para que obtenhamos um índice que também esteja compreendido no intervalo entre os
valores zero e 1, o processo exige a introdução de logaritmos visando a eliminar o componente moeda. No da dimensão Educação (IDH-E) e do índice geral (IDH) a importância da contribuição de cada um dos indicadores utilizados é captada através da introdução de uma ponderação. Passo 02: Ponderações O critério para a utilização do peso ao cálculo da dimensão Educação (IDH-E) procurou valorizar a contribuição da taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais (adultos) estabelecendo-se o peso de 2/3 (0,666). Desta forma enfatiza-se que para o processo de desenvolvimento humano o resgate de uma significativa parcela da população é relevante. Conseqüentemente, o indicador taxa combinada de escolarização bruta participará com o peso de 1/3 (0,333). A conjunção destes dois valores sintetiza a maturidade educacional observada em uma determinada região. Para a obtenção do IDH geral, utiliza-se este mesmo critério, mas admitindo-se que não exista superioridade de nenhum dos índices sobre os outros. Quadro 03 Fórmulas de Cálculo dos Componentes do IDH* Índice de Alfabetização de Índice = (TxAlf. 0) / (100 0) Adultos Índice de Escolarização Bruta Índice = (TxCEB 0) / (100 0) combinada IDH-E IDH-E = 2/3 (Índice Alfabetização de Adultos) + 1/3 (Índice de Escolarização Bruta) IDH-L IDH-L = (EspVida PMinL) / (PMaxL PMinL) IDH-R IDH-R = log (PIB) log (100) / log (40.000) log (100) IDH IDH = 1/3 (IDH-E) + 1/3 (IDH-L) + 1/3 (IDH-R) * As siglas utilizadas representam: TxAlf: Taxa de Alfabetização das Pessoas Acima de 15 anos; TxCEB: Taxa Combinada de Escolarização Bruta (%); EspVida: Esperança de Vida ao Nascer (em anos); PMinL: Parâmetro Mínimo de Longevidade (definido em 25 anos); PMaxL Parâmetro Máximo de Longevidade (definido em 85 anos); PIB: PIB per capita do país; PMaxR (definido em US$ 40.000); PMinR (definido em US$ 100). Passo 03: Cálculo do IDH O valor do IDH geral é obtido ponderando-se cada um dos subíndices pelo valor 1/3 (0,333) indicando que cada uma das dimensões possui a mesma importância, considerada igualmente valiosa. Em outras palavras, a determinação do índice final se resume em uma média aritmética simples. Ao mesmo tempo, como cada um dos três indicadores varia entre zero e 1 e entra com o mesmo peso no cálculo final, o valor do IDH também variará entre zero e 1. Os processos de cálculo dos subíndices e do índice geral estão resumidos no Quadro 03 apresentado acima.
Uma vez determinado o IDH observou-se que os indicadores escolarização bruta e PIB per capita, quando utilizados em análises de núcleos populacionais menores, tornamse pouco explicativos estando sujeitos a críticas fortes quanto à sua aplicabilidade. Assim, em 1998, para que se pudesse calcular o IDHM, foi realizada uma parceria entre o PNUD, o IPEA, a FJP e o IBGE com o objetivo de adaptar o IDH calculado para países buscando captar a situação de desenvolvimento humano de estados e municípios. O procedimento de cálculo do IDHM segue os mesmos passos detalhados para o IDH, entretanto para que certas especificidades de municípios e estados pudessem ser captadas com maior clareza, algumas modificações foram introduzidas. Assim, no lugar do PIB per capita presente no IDH utiliza-se a renda familiar per capita que revela a renda média dos indivíduos residentes naquele município. Neste caso, os parâmetros utilizados no cálculo do IDH devem ser convertidos para Reais (R$). Em vez da taxa bruta de matrícula, utilizou-se a taxa bruta de freqüência à escola nos três níveis de ensino. Estas adaptações se justificam por razões teóricas. No caso da mudança do PIB per capita pela Renda Familiar per capita, a justificativa se prende ao fato de o PIB medir a riqueza gerada enquanto a renda é a medida da riqueza apropriada pela população. Sabe-se que nem sempre a riqueza gerada em um município é ali apropriada. Assim, quando se calcula o indicador de renda, o parâmetro básico máximo é o valor de referência máximo (definido em R$ 1560,17) e o parâmetro mínimo é o valor de referência mínimo (definido em R$ 3,90) 1. No caso da mudança da taxa bruta de matrícula pela taxa bruta de freqüência à escola, o argumento prende-se ao fato de as matrículas de uma determinada escola nem sempre refletirem o nível de escolaridade da população da cidade em que ela esta construída. Este caso ocorre com muita freqüência no nível universitário, onde muitas escolas atendem estudantes de várias outras comunidades. Apesar do cálculo destes dois índices não se diferenciar em nada, as alterações de indicadores mudam a conformação das fórmulas contidas no quadro-resumo (Quadro 03). Tais alterações foram novamente resumidas em um novo quadro (Quadro 04) 1 Os valores de referência máximo e mínimo utilizados no indicador renda do IDHM (R$1.560,17 e R$ 3,90) são obtidos convertendo-se para reais os valores expressos em US$ PPC (paridade do poder de compra) nos relatórios internacionais (US$ PPC 40.000 e US$ PPC 100). Realiza-se este procedimento procurando eliminar diferenças de níveis de preços entre as nações (FJP, 1998).
onde se observa que nada ocorreu quanto ao processo de cálculo. A finalização da determinação dos valores numéricos dos subíndices e do índice geral introduz a questão da interpretação dos resultados obtidos que apresentaremos a seguir. Quadro 04 Fórmulas de Cálculo dos Componentes do IDH-M* Índice de Alfabetização de Índice = (Tx Alf. 0) / (100 0) Adultos Índice de Escolarização Índice = (Tx BFE 0) / (100 0) Bruta combinada IDHM-E IDHM-E = 2/3 (Índice Alfabetização de Adultos) + 1/3 (Índice de Escolarização Bruta) IDHM-L IDHM-L = (Esp Vida PMinL) / (PMaxL PMinL) IDHM-R IDHM-R = (log RMedM log VRefMin) / (log VRefMax log VRefMin) IDH-M IDFH-M = 1/3 (IDHM-E) + 1/3 (IDHM-L) + 1/3 (IDHM-R) * As siglas utilizadas representam: TxBFE: Taxa Bruta de Freqüência à Escola (%); TxAlf: Taxa de Alfabetização das Pessoas Acima de 15 anos; EspVida: Esperança de Vida ao Nascer (em anos); PMinL: Parâmetro Mínimo de Longevidade (definido em 25 anos); PMaxL Parâmetro Máximo de Longevidade (definido em 85 anos); RMedM: Renda Média Municipal per capita; VRefMin: Valor de Referência Mínimo (definido em R$ 3,90); VRefMax: Valor de Referência Máximo (definido em R$ 1560,17). A avaliação do esforço realizado no interior de uma determinada região visando a ampliação das condições de escolha da população está materializada nos valores dos índices IDH e IDHM e de suas três dimensões. Para a análise dos mesmos estabeleceram-se três classes dentro do intervalo zero e 1 correspondendo a níveis de desenvolvimento. Quadro 05 Distribuição dos Municípios segundo a Classificação do PNUD a partir do IDH e IDH-M Tipologia do IDH e IDH-M Intervalo dos Valores BAIXO IDH /IDH-M entre 0 e 0,499 MÉDIO IDH / IDH-M entre 0,5 e 0,799 ALTO IDH / IDH-M igual ou superior a 0,800 FONTE: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUD 2003 As localidades com índice entre 0 e 0,499 situam-se no nível de baixo desenvolvimento humano, os municípios com índices entre 0,500 e 0,799 possuem médio desenvolvimento humano e os iguais e acima de 0,800 estão no patamar de alto desenvolvimento humano. Assim, quanto mais aproximado da unidade estiver o índice de um município, maior será o seu nível de desenvolvimento humano (Quadro 05). Esta tipologia, além de propiciar maior confiabilidade ao processo analítico, permite comparações inter-regionais e no interior de uma região; possibilitando, principalmente ao gestor municipal, melhores condições de atendimento no esforço por sustentabilidade do processo de desenvolvimento.
Exemplo de cálculo do IDHM: Estimativa do IDHM para a cidade de Araxá Valores dos Indicadores utilizados no cálculo do IDHM referentes ao ano 2000 Indicador Valor Esperança de vida ao nascer (anos) 70,08 Taxa de Alfabetização de Adultos (%) 92,92 Taxa Bruta de Freqüência à Escola (%) 84,59 Renda per capita 337,69 Cálculo do IDHR IDHR = (log 337,69 log 3,9) / (log 1560,17 log 3,9) = 0,745 Cálculo do IDHL IDHL = (70,08 25) / (85 25) = 0,751 Cálculo do IDHE IDHE = 2/3 (0,9292) + 1/3 (0,8459) = 0,901 Cálculo IDH 2000Araxá = 1/3 (0,745) + 1/3 (0,751) + 1/3 (0,901) = 0,799 Utilizando os dados da cidade de Araxá referentes ao Censo Demográfico de 2000 e a metodologia para o cálculo do IDHM que apresentamos neste texto chegamos ao valor do IDHM desta cidade também calculado no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (ipea.gov.br). Desta forma, a partir da distribuição dos municípios de acordo com o IDH, o desenvolvimento humano na cidade de Araxá situa-se no limite superior do patamar médio de desenvolvimento humano municipal 2. 3 Dados Gerais do Brasil e Comparações com a Microrregião do Planalto de Araxá Analisando os resultados do IDH na Tabela 01 verificamos que o Brasil e Minas Gerais, tanto em 1991 como em 2000, apresentaram índices considerados medianos. Embora em ambos os casos, os números tenham melhorado e o estado apresente resultados acima, mas muito próximos do país, verifica-se que ainda deveremos melhorar muito. TABELA 01 - Brasil e Minas Gerais: Índice de Desenvolvimento Humano 1991 e 2000. Localidades IDH 1991 IDH 2000 Brasil 0,696 0,766 Minas Gerais 0,697 0,773 FONTE: IPEA Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano 2000. A análise comparativa dos resultados, englobando os dados do País, do Estado e dos Municípios da Microrregião do Planalto de Araxá (Tabelas 01 e 02), não apresenta diferenças significativas em 1991. Embora alguns municípios da microrregião apresentem números melhores, eles ainda encontram-se na faixa de desenvolvimento mediano. 2 Apesar de o IDHM nos dar uma imagem do desempenho local médio em termos da busca por acelerar o desenvolvimento de forma sustentada, as médias podem esconder grandes disparidades existentes. As desigualdades que têm por base o rendimento, a riqueza, o sexo, a raça e outras formas de desvantagens herdadas, bem como a localização, podem tornar as médias obtidas um indicador de bem-estar humano fortemente ilusório.
TABELA 02 - Planalto de Araxá e Municípios: Ranking do Índice de Desenvolvimento Municipal (em %) 1991 e 2000. 1991 2000 Localidades IDH Classificação* Localidades IDH Classificação* Santa Juliana 0,741 1º Nova Ponte 0,803 1 0 Araxá 0,736 2º Araxá 0,799 2 0 Nova Ponte 0,730 3º Sacramento 0,797 3 0 Ibiá 0,727 4º Ibiá 0,797 4 0 Tapira 0,720 5º Pedrinópolis 0,989 5 0 Perdizes 0,712 6º Santa Juliana 0,786 6 0 Sacramento 0,710 7º Campos Altos 0,786 7 0 Campos Altos 0,692 8º Tapira 0,780 8 0 Pedrinópolis 0,691 9º Perdizes 0,777 9 0 Pratinha 0,676 10º Pratinha 0,774 10 0 FONTE: IPEA Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano 2000. *Classificação elaborada exclusivamente considerando os resultados da Microrregião Homogênea. No Censo de 2000 os resultados apresentaram-se bastante diferentes dos anteriores. Em todos os municípios houve crescimento nos indicadores demonstrando melhoria nas condições de bem-estar da população. Concomitantemente, Nova Ponte destacase dos demais como o único município cujos resultados são considerados altos. Em uma análise mais aprofundada, a partir da construção do ranking intermunicipal para 1991 e 2000 (Tabela 02), encontramos na microrregião cidades onde este crescimento dá-se por melhoria de posições; entretanto, em outros casos, apesar da melhora nos resultados, verificou-se queda na classificação. Apesar de os resultados sinalizarem avanços em seus indicadores, Araxá foi a única cidade que manteve sua posição no ranking o que demonstra que os esforços por dotarem a população local de melhor oferta de bem-estar devem crescer ainda mais. Os municípios de Campos Altos, Pedrinópolis e Pratinha, em 1991, situavam-se nas piores posições do ranking ; em 2000, apesar de estas localidades ainda apresentarem resultados pouco animadores, em algumas delas observam-se sensíveis melhoras. 4 O IDH-M: Dados desagregados para a Microrregião do Planalto de Araxá De acordo com os Censos de 1991 e 2000 as variáveis formadoras do IDHM e de suas dimensões educação, longevidade e renda (Tabela 03 e 04) demonstram que o desempenho de cada um dos municípios da região melhorou muito. Vários deles passaram da classificação média para a alta. Em algumas cidades encontramos resultados bem acima dos encontrados para o Brasil e para Minas Gerais. A decomposição do IDH mostra que a região, relativamente ao IDHM-E, dá grande ênfase à educação, uma vez que ela apresenta na grande maioria de seus municípios,
tanto em 1991 quanto em 2000, resultados bem acima daqueles relativos à longevidade e à renda. Se em 1991 as cidades de Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha e Tapira não apresentaram esta característica, em 2000 isto não se verifica apenas nas duas últimas. O esforço de cada um dos municípios da região em direção a melhores resultados no acesso ao conhecimento é inegável, uma vez que, se em 1991 apenas a cidade de Araxá apresentava IDHM-E alto, em 2000 todas elas situavam-se nesta posição. Tabela 03 Brasil, Minas Gerais e Planalto de Araxá: Indicadores de Desenvolvimento Municipal Educação, Longevidade e Renda (em %) 1991 e 2000. 1991 2000 IDHME IDHML IDHMR IDHME IDHML IDHMR Brasil 0,745 0,662 0,681 0,849 0,727 0,723 Minas Gerais 0,751 0,689 0,652 0,850 0,759 0,711 Araxá 0,825 0,707 0,676 0,901 0,751 0,745 Campos Altos 0,717 0,712 0,647 0,837 0,827 0,695 Ibiá 0,764 0,721 0,697 0,833 0,791 0,767 Nova Ponte 0,799 0,712 0,679 0,854 0,827 0,728 Pedrinópolis 0,719 0,744 0,609 0,859 0,800 0,707 Perdizes 0,719 0,751 0,667 0,820 0,800 0,710 Pratinha 0,685 0,712 0,631 0,802 0,827 0,692 Sacramento 0,769 0,727 0,634 0,876 0,806 0,709 Santa Juliana 0,781 0,775 0,668 0,849 0,800 0,710 Tapira 0,749 0,751 0,660 0,826 0,827 0,688 FONTE: IPEA Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano 2000. Tabela 04 Brasil, Minas Gerais e Planalto de Araxá Componentes do IDHM Esperança de Vida ao Nascer (em anos) Tx. de Alfabetização (%) Tx. Bruta de Freqüência Escolar (%) Renda per capita (em R$ de 2000) 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 Brasil 64,73 68,61 79,93 86,37 63,63 81,89 230,30 297,23 Minas Gerais 66,36 70,55 81,81 88,04 61,72 78,93 193,57 276,56 Araxá 67,41 70,08 88,95 92,92 69,75 84,59 224,20 337,69 Campos Altos 67,73 74,61 79,63 87,03 55,70 77,03 187,58 250,90 Ibiá 68,23 72,45 84,02 89,97 61,11 69,98 253,31 385,45 Nova Ponte 67,73 74,61 87,26 87,96 65,21 80,37 227,71 305,83 Pedrinópolis 69,63 72,99 79,25 89,34 57,13 79,07 149,47 269,18 Perdizes 70,07 72,99 82,32 87,63 51,03 70,79 211,74 273,63 Pratinha 67,73 74,61 76,25 84,66 52,95 71,32 170,54 246,01 Sacramento 68,61 73,33 84,95 90,02 60,95 82,66 173,99 272,41 Santa Juliana 71,48 72,99 87,15 89,10 59,96 76,45 213,76 275,09 Tapira 70,07 74,61 84,44 88,19 55,81 71,38 203,98 240,63 FONTE: IPEA Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano 2000. Relativamente ao IDHM-L, observa-se que os esforços dos gestores municipais por dotar a população de melhores condições de bem-estar se materializaram nos índices obtidos. Se compararmos os resultados de 1991 e 2000 observar-se-á que a totalidade dos municípios apresentou índices crescentes e que somente em Ibiá o indicador não conseguiu atingir resultados que a classificação do PNUD classifica como alto.
Com relação ao IDHM-R não temos considerações muito diferentes das anteriores, uma vez que no período analisado observa-se crescimento nos índices de desempenho de cada um dos municípios. Embora para a região os números em 2000 se mostrem superiores aos do País e do Estado, eles escondem desigualdades profundas presentes quando se analisa a distribuição da renda gerada. Mesmo observando que a distribuição da renda melhorou entre 1991 e 2000, ainda encontramos um imenso fosso entre os 80% mais pobres e os 20% mais ricos. Em 1991, as cidades de Ibiá, Nova Ponte, Pratinha e Tapira eram as que mais se aproximavam de uma distribuição de renda mais equilibrada. Em 2000, os melhores resultados são encontrados somente nas cidades de Ibiá e Tapira (Tabela 05). Tabela 05 Planalto de Araxá: Desigualdades na Apropriação da Renda (em %) 1991 e 2000. Renda Apropriada 1991 Renda Apropriada 2000 20% mais Pobres 80% mais Pobres 20% mais Ricos 20% mais Pobres 80% mais Pobres 20% mais Ricos Brasil 1,90 32,89 67,11 1,50 31,94 68,06 Minas Gerais 2,48 34,15 65,85 2,18 34,29 65,71 Araxá 3,73 40,90 59,10 3,33 37,67 62,33 Campos Altos 3,86 38,55 61,45 4,29 41,67 58,33 Ibiá 3,81 45,05 54,95 3,98 45,18 54,82 Nova Ponte 4,15 43,46 56,54 3,04 34,10 65,90 Pedrinópolis 5,62 50,19 49,81 3,01 37,31 62,69 Perdizes 3,19 34,37 65,63 3,57 37,80 62,60 Pratinha 3,86 41,03 58,97 4,08 39,95 60,05 Sacramento 3,22 38,38 61,62 3,99 41,06 58,94 Santa Juliana 3,58 35,72 64,28 3,96 40,06 59,94 Tapira 3,87 44,69 55,31 4,29 48,44 51,56 FONTE: IPEA Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano 2000. Com relação ao segmento dos mais pobres de uma população, os números regionais são bem melhores do que os de Minas e do Brasil, no entanto, se verifica alguma desigualdade entre os municípios. No período entre os Censos de 1991 e 2000 o percentual de renda apropriada neste segmento da população aumentou somente nos municípios de Campos Altos, Ibiá, Perdizes, Pratinha, Sacramento, Santa Juliana e Tapira, indicando que somente em Araxá, Nova Ponte e Pedrinópolis ocorreram movimentos de concentração. Apesar da concentração existente em algumas cidades, em todos os municípios da região verifica-se melhora significativa nos indicadores de pobreza (Tabela 06). Estes números indicam que existe um esforço regional para que ocorram melhoras nas imensas desigualdades entre ricos e pobres, homens e mulheres, regiões rurais e urbanas etc que assolam este nosso mundo.
Tabela 06 Planalto de Araxá: Indicadores de Pobreza 1991 e 2000. 1991 2000 % de Indigentes % de Pobres Intensidade de Indigência Intensidade de Pobreza % de Indigentes % de Pobres Intensidade de Indigência Intensidade de Pobreza Brasil 20,24 40,08 42,04 49,18 16,32 32,75 53,87 49,68 Minas Gerais 19,72 43,27 37,50 45,83 12,57 29,77 48,54 43,78 Araxá 7,10 26,76 32,95 35,17 4,20 15,71 57,75 34,53 C. Altos 9,86 36,11 35,09 36,58 5,28 19,99 44,90 32,03 Ibiá 13,76 35,46 27,79 40,06 5,59 19,00 51,39 34,54 N. Ponte 6,34 23,64 38,60 33,88 5,97 21,27 40,36 34,15 Pedrinópolis 11,71 39,02 26,61 34,96 6,41 23,73 49,60 33,71 Perdizes 10,85 37,33 26,17 37,55 5,63 21,01 50,16 33,13 Pratinha 11,03 37,12 33,42 39,21 5,54 23,40 42,27 31,44 Sacramento 15,42 42,20 35,38 41,09 3,87 20,20 40,49 28,36 Sta. Juliana 8,07 29,45 35,20 36,94 5,14 20,36 58,08 28,73 Tapira 7,28 23,80 35,47 35,99 6,52 23,80 40,31 33,25 FONTE: IPEA Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Dados do Atlas de Desenvolvimento Humano 2000. A ONU, através do PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, estabeleceu para todas as nações participantes um elenco de objetivos a serem atingidos, tendo em vista a redução das assimetrias entre ricos e pobres no mundo moderno. O combate à pobreza e à fome, a redução dos níveis de mortalidade infantil e materna, o alcance da igualdade entre mulheres e homens, a melhoria nas condições ambientais, a universalização do ensino básico e a busca de uma verdadeira parceria no desenvolvimento humano são apenas alguns deles. O RDH de 2005 assinalava que em países com condições similares às do Brasil e do México grande desigualdade e grande número de pobres uma modesta transferência de renda teria grande impacto na redução da pobreza. Indo mais além, o relatório salienta que em uma sociedade que dê mais peso ao ganho de bem-estar dos pobres do que ao dos ricos, uma pequena transferência de renda de 5% dos 20% mais ricos para os mais pobres, poderia ser considerada uma melhoria do bem-estar de toda a sociedade, mesmo que alguns percam. Referências: Fundação João Pinheiro FJP. Definição e Metodologia de Cálculo dos Indicadores e Índices de Desenvolvimento Humano e Condições de Vida. (disponível em http;//www.fjp.gov.br). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Censo Demográfico de 1991 e 2000. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2000. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2003). Relatório do Desenvolvimento Humano 2003. Oxford University Press. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2005). Relatório do Desenvolvimento Humano 2005. Oxford University Press.