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Transcrição:

Recurso Eleitoral nº 349-93.2012.6.13.0298 298ª Zona Eleitoral de Nova Serrana, Município de Araújos Recorrentes: Milton José Nunes; Abel Braga Recorrido: José Roberto Batista Relator: Juiz Maurício Pinto Ferreira Recursos Eleitorais. Registro de candidatura. Eleições 2012. Prefeito. Ações de impugnação. Inelegibilidade. Rejeição de contas públicas. Convênio. TCU. Pedido deferido. Rejeição de contas públicas em decisão do Tribunal de Contas da União, transitada em julgado em 30/06/2002. Suspensão do curso da inelegibilidade no período de 05/07/2004 a 18/08/2007, data do trânsito em julgado da decisão proferida na ação anulatória. Fluência do prazo restante de inelegibilidade, consideradas as alterações promovidas no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90, pela Lei Complementar nº 135/2010, até agosto de 2013. Inelegibilidade configurada. Registro indeferido. Repercussão do indeferimento na chapa, composta pelos candidatos a prefeito e vice-prefeito, em virtude de sua unicidade e indivisibilidade. Recursos a que se dá provimento. Trata-se de recursos eleitorais interpostos por MILTON JOSÉ NUNES (fls. 910/916) e ABEL BRAGA (fls. 934/943) em face da decisão que (fls. 904/907), julgando improcedente o pedido constante nas ações de impugnação por eles ajuizadas (fls. 27/34 e 212/219), deferiu o pedido de registro de candidatura de JOSÉ ROBERTO BATISTA, ao cargo de Prefeito, por entender que os efeitos da rejeição das contas do candidato, pelo Tribunal de Contas da União, não mais atingem o recorrente, vez que a decisão transitou em julgado em 30/06/2002. Em suas razões recursais, MILTON JOSÉ NUNES sustenta que o

recorrido teve suas contas desaprovadas pelo Tribunal de Contas da União e estaria inelegível, conforme consta do Acórdão nº 3433/2008 deste Tribunal, até meados de 2010. No entanto, o prazo de inelegibilidade que começou a fluir em 30 de junho de 2002, foi suspenso em 05 de julho de 2004, com a propositura de ação perante a Justiça Federal, o que permitiu ao recorrido concorre aos pleitos de 2004 e 2008. Anota que em 18 de agosto de 2007, data do trânsito em julgado da sentença proferida naquela ação, voltou a fluir o prazo de inelegibilidade, razão pela qual o recorrente estaria inelegível até 13 de agosto de 2010, mas, diante da alteração do prazo para 8 anos, pela Lei Complementar nº 135/2010, a inelegibilidade persiste até meados de 2013. Pede a reforma da sentença, com o indeferimento do pedido de registro de candidatura do recorrente. ABEL CABRAL alega que a sentença desconsiderou decisão proferida por este Tribunal, em relação ao pedido de registro do recorrido no pleito de 2008, em que foi consignada a suspensão do curso da inelegibilidade, diante da propositura de ação anulatória. Esclarece que a inelegibilidade decorre de decisão proferida pelo TCU, em tomada de contas especial, acerca da omissão em prestar contas referentes ao Convênio nº 2.519/1993 firmado com o Ministério da Educação e Desporto. A decisão transitou em julgado em 30 de junho de 2012. Afirma que o recorrido obteve, em 2004, a suspensão da inelegibilidade, por meio de ação anulatória, que veio a ser julgada improcedente em agosto de 2007. Nesse período, houve a suspensão do prazo de inelegibilidade. Conclui, arrimando-se em orientação firmada pelo TSE, que o prazo de inelegibilidade volta a fluir após o trânsito em julgado da decisão definitiva na ação anulatória e, considerando que a inelegibilidade passou de 5 para 8 anos, o recorrente está inelegível até meados de 2013. Requer o provimento do recurso, para indeferir o registro de candidatura sob apreciação. Em contrarrazões (fls. 949/953), o recorrido defende que, em razão da alteração do entendimento materializado na Súmula nº 1 do TSE, ocorrida

em 2006, no sentido de que a mera propositura de ação anulatória não tem aptidão para suspender os efeitos da inelegibilidade, não merece reforma a decisão impugnada, ao considerar que a ação anulatória por ele ajuizada não teve o condão de suspender os efeitos da inelegibilidade e, por consequência, o transcurso do seu prazo, porque: 1) no curso da ação o entendimento vigente era de que a mera propositura da ação não afastava a inelegibilidade; 2) o julgador que apreciou a inicial não se manifestou sobre eventual suspensão da inelegibilidade no curso da ação; 3) a ação foi julgada improcedente, o que impossibilitaria o sobrestamento do prazo. Acrescenta que, em 2008, o seu pedido de registro de candidatura foi impugnado pelo Ministério Público eleitoral sob outros fundamentos, sequer mencionando a existência de inelegibilidade por rejeição de contas públicas, que já não existia em 2008. Argumenta ainda, que uma vez cumprida a sanção de inelegibilidade de 5 anos antes da alteração legislativa, a Lei Complementar nº 135/2010 não poderia retroagir para alcançar os fatos. Requer a manutenção da sentença. A Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se pelo desprovimento do recurso (fl. 968). É, em síntese, o relatório. Presentes os pressupostos de admissibilidade dos recursos, deles conheço. É incontroversa nos autos que JOSÉ ROBERTO BATISTA teve contas rejeitadas por decisão do Tribunal de Contas da União, transitada em julgado em 30/06/2012. Em 5 de julho de 2004, foi ajuizada perante a Justiça Federal ação visando à anulação do acórdão do TCU, ficando suspensa a inelegibilidade, nos termos da Súmula nº 1, do Tribunal Superior Eleitoral. Nessa época, vigia entendimento no Tribunal Superior Eleitoral, no sentido de que a simples propositura da ação para desconstituir a decisão que rejeitou as contas suspendia a inelegibilidade (Súmula nº 1). Em consequência, suspendia-se também a contagem do prazo de inelegibilidade.

Com o trânsito em julgado da decisão proferida na ação anulatória, volta a fluir aquele prazo. Nesse sentido: RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATO. DEPUTADO ESTADUAL. ELEIÇÕES 2006. INDEFERIMENTO. REJEIÇÃO DE CONTAS DE PREFEITO. REPASSE DE VERBAS FEDERAIS MEDIANTE CONVÊNIO. ÓRGÃO COMPETENTE PARA O JULGAMENTO DAS CONTAS. TCU. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. EFEITO SUSPENSIVO NÃO CONCEDIDO. AÇÃO ANULATÓRIA. JULGAMENTO. CONFIGURAÇÃO DA CAUSA DE INELEGIBILIDADE (LC Nº 64/90). I- O Tribunal de Contas da União é o órgão competente para julgar contas relativas à aplicação de recursos federais recebidos por prefeituras municipais em razão de convênios. II- A existência de recurso de reconsideração que não obteve no Tribunal de Contas da União efeito suspensivo não obsta a fluência do prazo de inelegibilidade, o qual ficará suspenso, consoante entendimento jurisprudencial à época dos fatos, com o ajuizamento de ação anulatória na Justiça Comum, voltando a fluir com o trânsito em julgado da decisão que julgou definitivamente o pedido formulado. III- Recurso a que se nega provimento. (Tribunal Superior Eleitoral. Recurso Ordinário nº 1.172, rel. Min. César Asfor Rocha) (g.n.) Assim, considerando que a decisão proferida na ação ajuizada perante a Justiça Federal transitou em julgado em 18 de agosto de 2007 (fl. 146), o prazo de inelegibilidade volta a correr a partir desse marco. A incidência da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90, com as alterações da Lei Complementar nº 135/2010, encontra respaldo na jurisprudência, vez que se trata de tomada de contas especial relativas a convênio celebrado com o Ministério da Educação e do Desporto, tendo sido julgadas irregulares pelo TCU, diante da omissão no dever de prestar contas dos recursos recebidos (fls. 38/45). A mais Alta Corte Eleitoral, em caso similar, assim decidiu:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2010. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO FEDERAL. IMPUGNAÇÃO. ART. 1º, I, g, DA LC Nº 64/90. CONTRATO. PREFEITURA. REPASSE DE RECURSOS FEDERAIS. DECISÃO DE REJEIÇÃO DE CONTAS PÚBLICAS. TCU. PRESTAÇÃO DE CONTAS APÓS O PRAZO DEVIDO. FALHA NA DOCUMENTAÇÃO DO PEDIDO. INDEFERIMENTO MANTIDO. 1. No julgamento do REspe nº 33.292/PI, esta Corte concluiu que a prestação de contas extemporânea configura hipótese de crime de responsabilidade a ensejar o reconhecimento da inelegibilidade descrita no art. 1º, I, g, da LC nº 64/90. Tanto nesse precedente, como no caso ora tratado, o gestor responsável pela aplicação dos recursos federais não prestou as contas no prazo devido, mas somente seis anos depois, e em sede de tomada de contas especial. 2. Ante a gravidade da conduta consubstanciada na omissão do administrador público no dever de prestar contas da aplicação de recursos públicos dentro do prazo legal, que, de acordo com o previsto na Lei nº 8.429/92, configura ato de improbidade administrativa, bem como vício insanável, tal como assentado expressamente pelo TCU no julgamento das contas, e considerando a conduta deliberada do ora agravante em não prestar contas no prazo estipulado, não há como afastar a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da LC nº 64/90. [...] 4. Agravo regimental desprovido. O Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator. (AgR-RO - Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 83942 - Rio de Janeiro/RJ, Acórdão de 24/05/2012, Rel. Min. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira, Rel. designado. Min. Arnaldo Versiani Leite Soares, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 148, Data 3/8/2012, Página 50) (g.n.) Diante desse contexto, resta aferir se decorreu o prazo de inelegibilidade até o momento da formalização do pedido de registro de candidatura. Em 30 de junho de 2002, data do trânsito em julgado da decisão do

TCU, começou a fluir o prazo da inelegibilidade. Foi suspenso pelo ajuizamento da ação judicial, em 05 de julho de 2004, até 18 de agosto de 2007, data do trânsito em julgado da decisão proferida nessa ação. A partir desse marco, voltou a fluir o prazo de inelegibilidade. Desse modo, como o trânsito em julgado da ação proposta perante a Justiça Federal ocorreu em 18 de agosto de 2007, aplicando-se o restante da inelegibilidade de 08 (oito) anos prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90, redação dada pela Lei Complementar nº 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), o pretenso candidato encontrava-se inelegível até agosto 2013. Registre-se, nesse particular, que tese da inaplicabilidade da Lei Complementar nº 135/2010 a fatos anteriores à sua edição restou superada pelo Supremo Tribunal Federal, em controle concentrado de constitucionalidade (ADC 30, por exemplo). Ademais, mesmo que se considere como marco para reinício da contagem do prazo de inelegibilidade a modificação do entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior Eleitoral, com a nova redação da Súmula nº 1, a nova orientação restou assentada no julgamento do Recurso Ordinário nº 912, em 24/08/2006. Logo, iniciando-se dessa data o curso do prazo de inelegibilidade restante, considerado o prazo de oito anos, ainda assim estaria inelegível o recorrente até agosto de 2012, após a formalização de seu pedido de registro de candidatura, portanto. Face ao exposto, dou provimento aos recursos, para indeferir o pedido de registro de candidatura de JOSÉ ROBERTO BATISTA, ao cargo de Prefeito, e, por consequência, INDEFIRO a chapa por ele composta com o candidato a vice-prefeito, em decorrência de sua unicidade e indivisibilidade. É como voto.