MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA NAS PARASITOSES

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Transcrição:

MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA NAS PARASITOSES 1) Resposta Imune Uma breve introdução

2) Resposta inflamatória: É definida como um complexo processo defensivo local, acionado por injúria determinada por agentes biológicos e/ou físicos e/ou químicos, caracterizado por seqüência de fenômenos irritativos, vasculares, exsudativos, degenerativo-necróticos e de reparo. ocorre exteriorização da inflamação por: dor, rubor, calor, tumor (aumento do volume da área) e freqüentemente por alteração da função local. A fagocitose de patógenos é facilitada pela presença, na membrana, dos macrófagos, de receptores para Fc, de IgG e para C3b. Quando o fenômeno se apresenta em intensidade significante. 3) Relação Parasito-Hospedeiro - Relações entre Hospedeiros Intermediário / Definitivo e Parasitos - Hábitos dos hospedeiros 4) Interação entre parasitos e o sistema imune - Localização X Imunidade 5) Imunidade à Protozoários 5.1) Imunidade Inata Protozoários extracelulares - fagocitose e ativação do complemento. Reconhecimento dos PAMPs (padrões moleculares associados à membrana do patógeno) pelos TLRs (receptore toll-like). Os TLRs induzem a transcrição dos genes para citocinas e quimiocinas (atuam conjuntamente para recrutar mais fagócitos aos locais de infecção) e moléculas coestimuladoras necessárias para a ativação da resposta imune adaptativa. Influência da espécie de hospedeiro 5.2) Imunidade Adquirida Protozoários estimulam tanto as respostas imunes mediadas por anticorpos como por células Anticorpos controlam os números de parasitos no sangue e fluidos teciduais, enquanto as respostas mediadas por células são direcionadas largamente contra parasitos intracelulares Papel dos anticorpos nas infecções parasitárias Exemplos: Toxoplasmose e Leishmaniose

5.3) Evasão Imune por Protozoários A- Reclusão anatômica no hospedeiro Plasmodium dentro de eritrócitos quando infectados, não são reconhecidos por células NK e TC. Também a forma intracelular hepática apresenta essa opção. Leishmania spp e Trypanosoma cruzi dentro de macrófagos escape para citoplasma evita digestão Leishmania, Toxoplasma e Trypanosoma cruzi podem migrar para compartimentos intracelulares seguros através do retardamento da maturação do fagossomo. B - Variação antigênica Diferentes estágios do ciclo de vida do Plasmodium expressam diferentes antígenos. Tripanossomas africanos - recobertos por uma glicoproteína variante de superfície (VSG). Cada tripanossoma possui cerca de 1000 genes que codificam diferentes VSGs, embora somente 1 esteja ativo. Quando um indivíduo é infectado ele fabrica anticorpos contra o VSG expresso inicialmente pela população de tripanossomas. C. Immunosupressão / Mecanismos anti-imunes manipulação da resposta imune do hospedeiro Leishmania inibe a produção de IL-12 (indutora de celulas Th1) e expressão de moléculas MHC II. Inibição do processo fagocítico e da liberação de reativos intermediários do oxigênio. ex. Leishmania Tripanossomas podem promover o desenvolvimento de células reguladoras supressoras ou estimular o sistema de células B até sua exaustão. P. falciparum pode suprimir a habilidade de células dendríticas de processar antígenos. Leishmania e T. cruzi podem suprimir a produção de oxidantes ou de citocinas T. gondii pode promover a apoptose de macrófagos. D. Máscara imunológica T. brucei pode adsorver proteínas séricas do hospedeiro ou antígenos solúveis de eritrócitos, desta forma reduzindo sua antigenicidade. 6) Imunidade a Helmintos 6.1) Imunidade Adquirida

Dependente de histamina similar a reações alérgicas (Hipersensibilidade Tipo I) associação com eosinofilia, edema, asma e dermatite (urticária). Neutralização mediada por anticorpos das proteases larvares Prevenção da ecdise e inibição do desenvolvimento larvar por anticorpos direcionados contra antígenos da cutícula perdida. Células T citotóxicas podem atacar helmintos que estejam profundamente embebidos na mucosa intestinal ou que estejam realizando migração tecidual. Cistos viáveis de Taenia solium desencadeiam uma resposta Th2 e desta forma a produção de IgE. Entretanto, uma vez que o cisto morra, ele estimula uma resposta Th1 e a formação de granuloma. 6.2) Evasão Imune por Helmintos A. Tamanho Inibição da resposta primária e inflamação - dificuldade de eliminar B. Cobertura com moléculas do hospedeiro - Cestodas e trematodas adsorvem moléculas do hospedeiro, ex. Moléculas eritrocitárias.

Schistosoma proteínas séricas, (antígenos de grupo sanguíneo e MHC classe I e II). T. solium em suínos - parasitos são recobertos por IgG. Não está claro se esta IgG é sintetizada pelo verme ou se o verme sintetiza um receptor que se liga a IgG do hospedeiro. Os cisticercos também podem adsorver moléculas de MHC em sua superfície. Schistosoma pode neutralizar a via alternativa do complemento através da inserção do fator de aceleração do decaimento (CD55) do seu hospedeiro em sua porção externa da dupla camada lipídica. C. Reclusão anatômica - Trichinella spiralis dentro de miócitos. D. Immunosupressão Parasitos podem secretar agentes anti-inflamatórios que suprimem o recrutamento e ativação de leucócitos efetores. E. Variação Antigênica / descamação de superfície F. hepatica, quando expostos a anticorpos descamam seu glicocálix e, portanto, seus antígenos de superfície Schistosoma mansoni rápida troca de membrana externa F. Espessura de tegumento Externo Ex: Dirofilaria e Ascaris G. Mecanismos anti-imunes larvas hepáticas de Schistosoma produzem enzimas que clivam anticorpos H. Produção de enzimas pelos parasitos Filárias secretam enzimas anti-oxidantes. Ex. glutationa peroxidase e superoxido dismutase resistência a ADCC e stress oxidativo. F. hepatica secreta proteases que destroem imunoglobulinas. Estas proteases podem gerar fragmentos Fab que se ligam aos antígenos do parasito e os mascaram. Eles também podem gerar fragmentos Fc que podem bloquear os receptores celulares. 7) Teoria da Higiene