muno- histoquímic Análise histopatológica e imuno toquímica de rim de ratas gestantes hipertensas (SHRs) submetidas a treinamento físico



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Transcrição:

Débora Tavares de Resende e Silva Abate Análise histopatológica e imuno muno- histoquímic toquímica de rim de ratas gestantes hipertensas (SHRs) submetidas a treinamento físico Tese apresentada ao curso de Pós-Graduação em Patologia, área de concentração Patologia Geral, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor. Orientadora: Dra. Marlene Antônia dos Reis Co-orientador: Dr. Lenaldo Branco Rocha Uberaba-MG 2012

2 Dedico com muito amor e carinho este trabalho à minha avó Hilda, querida e amada por tantos e tão incompreendida por outros... Você sempre foi uma luz em nossas vidas! Você faz muita falta... Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida eu vou te amar Em cada despedida eu vou te amar... Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar...

3 Agradecimentos... Á minha orientadora, Marlene, com você aprendi tanto, cresci, amadureci e vivi experiências inesquecíveis, muito obrigada por ter me dado a oportunidade de estar a seu lado e com você poder me tornar uma pessoa melhor... Ao meu querido filho Pedro, que aos poucos cresceu e de repente que moço lindo se tornou, tão inteligente e gentil, e com poucas palavras sempre me encantou e me fez ver o mundo por olhos tão seus... Te amo sempre... Ao meu marido Fernando, por estar do meu lado em mais uma jornada, e por saber me conquistar todo dia como se fosse o primeiro... Ao meu pai e minha mãe, pelo apoio e confiança! E aos meus irmãos, cunhadas e sobrinhos, por fazerem parte da minha vida; Ás amigas: Mariana, Juliana e Janaínna e aos demais amigos da pós-graduação, pelas trocas de experiências que pudemos compartilhar e aprender; Aos alunos de iniciação científica, Luiz Gustavo e Brunela, por me ensinar a ensinar; Aos professores e funcionários da disciplina de Patologia Geral e da disciplina de Fisiologia, assim como aos funcionários da secretaria da pós-graduação da UFTM Aos animais, e À Deus Muito obrigada a todos pela oportunidade de conhecê-los e tê-los perto de mim nesta caminhada!

4 Este trabalho foi realizado com o apoio financeiro da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba (FUNEPU), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

5 O grande obstáculo ao conhecimento não é a ignorância, mas a ilusão do conhecimento. Daniel Boorstein

6 Sumário Lista de Abreviaturas e Símbolos...vii Lista de Tabelas...ix Lista de Figuras...x Resumo...xii Abstract...xiii 1. Introdução...1 2. Hipótese e Objetivos......19 3. Materiais e Métodos...21 4. Resultados......37 5. Discussão...46 6. Conclusão...60 7. Referências Bibliográficas......63 8. Anexos...78

7 Lista de Abreviaturas e Símbolos ACOG: American College of Obstetricians and Gynecologists cm: centímetros cm 3 : centímetros cúbicos D: diâmetros DAB: 3 3 diaminobenzidina F: teste de Tukey FC: freqüência cardíaca g: gramas h: altura H: teste de Dunn HAS: hipertensão arterial sistêmica HC: Hipertensão crônica H.E.: hematoxilina eosina HGE: Hipertensão Gestacional HS: Grupo hipertensas gestantes sedentárias HT: Grupo hipertensas gestantes treinadas Hz: Hertz i.p.: intra peritoneal IP: intervalo de pulso kg: quilograma M: Mol MM: matriz mesangial mg: miligrama

8 ml: mililitro µl: microlitro µm: micrômetro n: número NaCl: cloreto de sódio NS: Grupo normotensas gestantes sedentárias NT: Grupo normotensas gestantes treinadas PA: pressão arterial PAD: pressão arterial diastólica PAM: pressão arterial média PAS: pressão arterial sistólica PBS: solução salina tamponada com fosfato PE: Pré-eclâmpsia/Eclampsia RCIU: restrição de crescimento intra-uterino SHG: síndromes hipertensivas gestacionais SHR: ratas espontaneamente hipertensas ( spontaneously hypertensive rats ) TG: tufo glomerular UFTM: Universidade Federal do Triângulo Mineiro WKY: ratas normotensas (Wistar Kyoto) X ± epm: média ± erro padrão X ± Dpm: média ± desvio pádrão ºC: graus Celsius

9 Lista de Tabelas Tabela 1. Protocolo de treinamento físico por natação... 23 Tabela 2. Comparação de PAD, PAS e FC em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...38 Tabela 3. Comparação dos pesos corporais finais e pesos renais em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...39 Tabela 4. Comparação da %FR, área do TG e área da MM em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...41

10 Lista de Figuras Figura 1. Treinamento físico por natação: 1A) Pesagem do animal; 1B) Tanque sendo aquecido; 1C) Ratas sendo treinadas por natação; 1D) ratas sendo secadas após treinamento físico por natação...25 Figura 2. Identificação da fase do ciclo estral através da análise do esfregaço vaginal: 2A) Fase Proestro, (800x); 2B) Fase Estro, (800x); 2C) Fase Metaestro, (800x); 2D) Diestro, (800x); 2E) Encontro de Espermatozóides no material do esfregaço vaginal (800x)...27 Figura 3. Cirurgia para canulação da artéria femoral: 3A) Procedimento para anestesia com tiopental sódico (40 mg/kg i.p.); 3B) Animal preparado para o inicio do procedimento; 3C) Introdução da cânula na artéria femoral; 3D) Teste para verificar o funcionamento da cânula; 3E) Passagem da cânula para o dorso do animal; 3F) Animal em recuperação pós cirúrgica...29 Figura 3. Cirurgia para canulação da artéria femoral: 3A) Procedimento para anestesia com tiopental sódico (40 mg/kg i.p.); 3B) Animal preparado para o inicio do procedimento; 3C) Introdução da cânula na artéria femoral; 3D) Teste para verificar o funcionamento da cânula; 3E) Passagem da cânula para o dorso do animal; 3F) Animal em recuperação pós cirúrgica...30 Figura 5. Fibrose túbulo-intersticial e Grade para quantificação da matriz mesangial (MM) e do tufo glomerular (TG): 5A) Região túbulo-intersticial de rim de SHR corado pelo picrossirius (P.S) no aumento final de 800x; 5B) a mesma região túbulo-intersticial de rim de SHR corado pelo P.S. sob a luz polarizada e visualizado no microscópio de luz polarizada; 5C) Imagem do glomérulo em hematoxilina e eosina (H.E) no aumento final de 800x ; e 5D) o mesmo glomérulo com a grade de pontos do programa imagej para a quantificação da MM e TG...33

11 Figura 6. Correlação entre porcentagem de fibrose (%F) e PR/PC em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...40 Figura 7. Correlação entre a área de tufo glomerular (TG) e a área da matriz mesangial (MM) em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...42 Figura 8. Correlação entre à área de tufo glomerular (TG) e porcentagem de fibrose túbulointersticial (%F) e à área da matriz mesangial (MM) e a porcentagem de fibrose túbulointersticial (%F) em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...43 Figura 9. Quantificação de células imunomarcadas pelo CD20 (linfócitos B) e pelo CD3 (linfócitos T) em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...44 Figura 10. Expressão de IL-10, TGF- β e TNF- α em ratas gestantes SHRs e WKYs submetidas ou não ao treinamento físico...45

12 Resumo Introdução: O desenvolvimento de lesão renal ocorre devido a um processo dinâmico e multifatorial que envolve a participação de células inflamatórias que produzem mediadores. Analisamos os efeitos do treinamento físico por natação em relação às alterações morfológicas no rim de ratas grávidas espontaneamente hipertensas (SHR) e seu grupo de controle (WKY). Métodos: 24 ratas grávidas foram divididas em quatro grupos: hipertensas sedentárias (HS) ou normotensas (NS) e hipertensas treinadas (HT) ou normotensas (NT). No final do treinamento foi analisada a pressão arterial média (MAP), e um fragmento de rim foi corado com picrossirius e feita a quantificação da área da matriz mesangial (MM) e de tufo glomerular (TG), e o percentual de fibrose tubulointersticial (% F), e para a análise do infiltrado inflamatório e para a quantificação da expressão de citocinas, foi realizada a técnica de imuno-histoquímica. Resultados: As ratas que foram submetidos a treinamento físico apresentaram valores mais baixos de pressão arterial diastólica (p=0,835), pressão arterial sistólica (p<0,001) e PAM (p=0,831). As ratas do grupo HT apresentaram uma maior relação de PR/PC (p=0,033). Não houve diferenças significativas quando se comparamos as áreas de TG entre os grupos (p=0,431). A área da MM mostraram-se menores em HT (p=0,018), entretanto, observou-se maior F% (p <0,001) e de maior expressão de citocinas como TGF-β (p <0,001), TNF-α de (p <0,001) e de IL-10 (p <0,001) na s ratas HT. Conclusões: O treinamento físico atenuou a pressão arterial, no entanto, não impediu que ocorressem danos nos rins causado devido à hipertensão arterial. Acreditamos que o treinamento físico feito pode ter sido inadequado às suas condições fisiológicas, justificando os resultados de maiores danos renais nos animais treinados. Palavras-chaves: hipertensão, gravidez, rim, exercício físico, SHR.

13 Abstract Background: The development of renal injury occurs due to a multifactorial, dynamic process involving the participation of inflammatory cells that produce mediators. We were analyze the effects of physical training by swimming in relation to hemodynamic and morphological changes in the kidney of pregnant chronic hypertensive rats (SHR) and your control group (WKY). Methods: 24 pregnant rats were divided into four groups: sedentary hypertensive (HS) or normotensive (NS) and trained hypertensive (HT) or normotensive (NT). In the end of training was analyze mean arterial pressure (MAP), and a fragment of kidney was stained with picrossirius and was made quantification of the area of mesangial matrix (MM) and of tufo glomeruli (TG), and the percentage of tubulointerstitial fibrosis (%F) and analysis of inflammatory infiltrate and to quantify the expression of cytokines, we applied the technique of immunohistochemistry. Results: Rats that underwent physical training had lower values of diastolic blood pressure (p=0.835) and systolic blood pressure (p<0.001). Rats that underwent physical training had lower values of MAP (p=0.831). There were no significant differences when comparing the areas of TG between the groups (p=0.431). The HT shower lower area of MM (p=0.018), however, higher %F (p<0.001) and expression of TGF-β (p<0.001), of TNF-α (p<0.001) and of IL-10 (p<0.001). Conclusions: The exercise training attenuated the blood pressure, however, did not prevent kidney damage caused by hypertension. We believe that physical training done have been inadequate to their physiological conditions, justifying the findings of more renal damage in animals trained. Key-words: hypertension, pregnancy, kidney, physical training, SHR.

14 1. Introdução 1.1. Hipertensão Arterial Sistêmica A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença multifatorial, que resulta de anormalidades dos mecanismos de controle da pressão arterial (PA). Grande número de substâncias biologicamente ativas pode interagir com diferentes sistemas fisiológicos de maneira complexa e com redundância para garantir a homeostasia cardiovascular (IRIGOYEN et al., 2003). A HAS é um importante fator de risco para o desenvolvimento de lesões renais, sendo crucial o papel dos rins na regulação da PA, e este, foi reconhecido há muitos anos (Bühler FR et al., 1994; Souza et al., 2010). No entanto, qualquer indivíduo pode apresentar PA acima de 140x90mmHg sem que seja considerado hipertenso. Apenas a manutenção de níveis permanentemente elevados, em múltiplas medições, em diferentes horários, posições e condições (repouso, sentado ou deitado) caracteriza HAS. 1.1.1. Histórico: Foi em dezembro de 1733 que ocorreu a primeira descrição de registro da PA, através do experimento do reverendo Stephen Halles, na Inglaterra; a PA foi medida experimentalmente em uma égua, onde foi inserido um tubo de cobre na artéria e depois o conectou a um tubo de vidro vertical, observando a oscilação da coluna de sangue, acima do ventrículo cardíaco do animal (SASS et al., 2006). A HAS foi clinicamente valorizada com o aparecimento dos aparelhos de medida, no início do século, inventados pelo italiano Riva Rocci, em 1896, em Turim (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007). 1.1.2. Epidemiologia: Estudos realizados nos EUA revelaram que 25% de sua população é hipertensa e, algumas pesquisas têm revelado estatísticas semelhantes para o Brasil (MONTEIRO et al., 2004). A prevalência da HAS é maior em países desenvolvidos do que em países em

15 desenvolvimento, mas a grande massa populacional em países em desenvolvimento tem contribuído de forma significativa para o número total de indivíduos hipertensos no mundo todo (KEARNEY et al., 2005). Segundo a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, está definido que a HAS ocorre quando os níveis da PA encontram-se acima dos valores de referência (130x85 mmhg) para a população em geral e compreende estágios: 1 (leve - 140x90mmHg e 159x99mmHg), 2 (moderada - 160x100mmHg e 179x109mmHg) e 3 (grave - acima de 180x110mmHg) (DBHA, 2010). 1.1.3. Fisiopatologia A manutenção (componente tônico) bem como a variação momento a momento da PA (componente fásico) dependem de mecanismos complexos e redundantes que determinam ajustes apropriados da freqüência e da contratilidade cardíacas, do estado contrátil dos vasos de resistência e de capacitância e da distribuição de fluido dentro e fora dos vasos. Na hipertensão estabelecida, existem alterações em praticamente todos esses controladores, sendo difícil estabelecer quais os que tiveram papel preponderante no desencadeamento e mesmo na manutenção de valores elevados de pressão arterial. Embora sejam improváveis que todos esses fatores estejam alterados ao mesmo tempo num dado paciente, arranjos múltiplos podem ser encontrados, uma vez que o marcador hemodinâmico da hipertensão primária é o aumento persistente da resistência vascular periférica, o qual pode ser determinado por meio de diferentes associações desses fatores determinantes. Dessa forma, os mecanismos que promovem desequilíbrio entre os fatores pressóricos e depressóricos induzem alteração do calibre das arteríolas e merecem atenção especial. Eles atuam basicamente na contração da musculatura que regula a luz do vaso ou na espessura da musculatura, ocupando maior ou menor parte do lúmen, ou em ambas (MICHELINI L., 1999; KRIEGER EM et al., 1999).

16 1.1.4. Etiopatogênese O desenvolvimento da HAS depende da interação entre a predisposição genética e os fatores ambientais, embora ainda não seja completamente conhecido como estas interações ocorrem. Sabe-se, no entanto, que a HAS é acompanhada por alterações funcionais do sistema nervoso autônomo, renal, sistema renina angiotensina, além de outros mecanismos humorais e disfunção endotelial. Assim, a HAS resulta de várias alterações estruturais do sistema cardiovascular que tanto amplificam o estímulo hipertensivo, quanto causam dano cardiovascular (DBHA, 2007). Fatores neurogênicos podem estar envolvidos, em especial o sistema nervoso simpático (SNS), pois quando ativado este sistema age diretamente aumentando o débito cardíaco, a resistência vascular periférica e a ativação da atividade eferente provocam maior reabsorção de sódio e água no túbulo proximal e diminuição da taxa de filtração glomerular, e o fluxo sanguíneo renal. O sistema renina-angiotensina pode estar ativado tendo um papel importante para o estabelecimento da HAS (CAETANO et al., 2001). 1.1.5. Fatores de risco Dentre os fatores de risco para HAS destacam-se: a idade, o excesso de consumo de sódio, a obesidade, o consumo de bebida alcoólica, e o sedentarismo. Em indivíduos sedentários, o risco do desenvolvimento da HAS é de 30% maior comparado àqueles que possuem a prática de atividade física. O exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor maior em indivíduos hipertensos que normotensos. (DBHA, 2007). 1.2. Rim Órgão Alvo da HAS Os rins contribuem para a manutenção do meio interno, juntamente com outros órgãos, sendo responsáveis pela manutenção do volume e da composição do fluido extracelular, dentro de limites fisiológicos compatíveis com a vida. Podem-se observar

17 dois órgãos grandes e avermelhados, tendo forma de feijão e bastante vascularizados. Localizam-se na parede abdominal posterior e possuem gordura perirrenal. No pólo superior situa-se a glândula supra-renal (adrenal) (DANGELO & FATTINI, 2007). O mecanismo pelo qual a HAS causa lesão renal pode ser dividido em três categorias: isquemia glomerular secundária à vasoconstrição, glomerulosclerose devido à hipertensão intracapilar e fibrose intersticial. Alguns estudos demonstram a importância do fenômeno inflamatório, como a infiltração leucocitária, na hipertensão experimental. Por outro lado, a HAS pode resultar de um dano renal, como a perda de massa renal encontrada na doença glomerular primária (CAETANO et al., 2001; BIDANI & GRIFFIN, 2004; SANCHEZ-LOZADA et al., 2008). 1.2.1. Estrutura renal O rim é um dos órgãos onde é mais evidente a relação entre função e estrutura; este órgão possui o hilo (local onde entram e saem uma série de estruturas como a artéria renal, a veia renal, o ureter, os nervos renais e os vasos linfáticos renais), e a Cápsula (membrana que reveste o órgão - tecido conjuntivo). O rim está dividido em duas zonas: medular e cortical (ou córtex) Na região cortical é possível observar vasos sangüíneos, glomérulos, túbulos proximais e distais de todos os néfrons (unidade morfofuncional do rim), e túbulos proximais e distais de néfrons mais superficiais (DANGELO & FATTINI, 2007). O Glomérulo: Consiste em uma rede de capilares que se anastomosam, revestido por um endotélio fenestrado coberto por duas camadas de epitélio. Constituído por: células endoteliais, Membrana basal (lâmina densa e Colágeno IV), Células mesangiais (contráteis e fagocíticas), Células epiteliais (podócitos). Tem função de filtração seletiva da urina, retenção de proteínas/moléculas grandes no sangue (DANGELO & FATTINI, 2007). 1.2.2. Função renal

18 O rim possui algumas funções e dentre elas destacamos: filtração, onde são barradas as células sangüíneas e proteínas plasmáticas, passando água e alguns solutos, isto é o filtrado glomerular, reabsorção de substâncias como água, NaCl, glicose, aminoácidos e secreção de moléculas estranhas passam direto do sangue para os túbulos (DANGELO & FATTINI, 2007). Em fase avançada de falência renal, os valores de aldosterona aumentam significativamente com o decréscimo da filtração glomerular devido à ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona secundário a alteração da hemodinâmica glomerular. Isto contribui para lesão de órgãos alvo, afetando, principalmente, rins, cérebro e coração (HOSTETTER & IBRAHIM, 2003; WENZEL, 2008). Rim e Homeostasia: A manutenção do meio interno é feita pelos rins através de processos como: a regulação do volume de H2O no organismo; controle do balanço eletrolítico; regulação do equilíbrio ácido-base; conservação de nutrientes; excreção de resíduos metabólicos; regulação da hemodinâmica renal e sistêmica: Hipertensor: sistema renina-angiotensina-aldosterona: a angiotensina é um potente vasoconstritor, a aldosterona promove a reabsorção renal de Na+ e estimula indiretamente a reabsorção de H2O; Hipotensor: prostaglandinas e cininas renais têm papel vasodilatador; participação na produção de glóbulos vemelhos; participação na regulação do metabolismo ósseo de Ca+2 e fósforo. Nefroesclerose Benigna: Constitui a forma mais comum de doença renal, sendo observada na maioria dos pacientes que apresentam hipertensão primária não complicada. Esta é uma doença vascular que se refere à esclerose vascular e glomerular renal causada pela HAS leve a moderada. Os rins se apresentam atróficos e microscopicamente muitos glomérulos estão normais e outros apresentam alterações isquêmicas. As pequenas artérias

19 do rim, principalmente a arteríola aferente, são submetidas a uma série de mudanças patológicas alterando o mecanismo de auto-regulação renal. Inicialmente, evidencia a disfunção endotelial através do dano ao mecanismo de resposta miogênica, retardando a vasodilatação. Com o tempo, esse processo é exacerbado pela presença de alterações histológicas como arterioesclerose hialina. Estas modificações estruturais podem resultar em lesão isquêmica, levando à atrofia tubular que está associada à fibrose intersticial e infiltrados inflamatórios. (PALMER, 2002). Insuficiência Renal Crônica (IRC): É uma síndrome metabólica decorrente da perda progressiva, irreversível e geralmente lenta da função dos rins. A doença renal crônica é definida por lesão renal caracterizada por alterações estruturais ou funcionais dos rins e estudos revelam que a HAS pode levar a insuficiência renal discreta ou grave, gerando glomeruloesclerose e fibrose túbulo-intersticial (MARCUSSEN et al,1995; OFSTAD et al, 2004) sendo a nefroesclerose hipertensiva uma das causas mais comuns de doença renal terminal (DASGUPTA et al, 2006). As características morfológicas típicas da nefroesclerose hipertensiva são espessamento da parede vascular com freqüentes depósitos hialinos arteriolares, graus variados de fibrose intimal e glomerular focal, alterações isquêmicas, glomeruloesclerose global ou mesmo segmentar, além de atrofia tubular e fibrose intersticial (MARCANTONI et al, 2007). Além disso, na nefrosclerose hipertensiva, o glomérulo pode-se apresentar isquêmico com variados graus de colapso capilar e retração do tufo (HILL et al, 2008). 1.3. HAS, RIM e GESTAÇÃO Os malefícios da HAS são vários e dentre eles, a causa de doenças renais é considerada a maior (SLOAND et al, 2007). A HAS e função renal estão intimamente relacionadas, podendo a hipertensão ser tanto a causa como a consequência de uma doença renal (CIOLAC et al, 2008). Atualmente, existem no Brasil cerca de 35.000 pacientes

20 portadores de insuficiência renal crônica (IRC) e grande parte destes pacientes são mulheres em idade fértil (ROMÃO JUNIOR, 2001). Sabe-se que a capacidade reprodutiva diminui na presença de IRC e que tanto o prognóstico renal quanto o obstétrico diferem em mulheres com diferentes graus de insuficiência (ZIEGEL, 1995). Na hipótese de concepção, menos de 50% das gestações evoluem até a viabilidade fetal, sendo raro ocorrer uma evolução normal, onde o concepto chega ao termo sadio (BAILEY, 1977; LIM, LIN VS et al., 1979). Quando ocorre a gestação, esta pode acarretar e afetar tanto mãe quanto feto em termos fisiológicos. Há alguns anos, IRC era sinônimo de intervir e cessar a gestação por risco de morte materna, pois o prognóstico pode ser agravado e os riscos aumentados. Um grande desafio na gestação de paciente renal é manter o ambiente intra-uterino favorável, pois o feto pode sofrer alterações como prematuridade e restrição de crescimento intra-uterino, sendo que a doença renal evolui com a gestação (MARTINS- COSTA, 2001). Os transtornos causados pela HAS constituem um problema de saúde, sendo a primeira causa de morte materna nos países desenvolvidos e a terceira causa de morte em países em desenvolvimento; sendo estes transtornos os mais freqüentes nas gestações (SOSA et al., 2000). A ocorrência das síndromes hipertensivas gestacionais (SHG) varia de acordo com a população estudada. Em estudos realizados com mulheres gestantes, foi criada uma classificação para melhor diagnosticar e, por sua vez, realizar terapêuticas mais eficientes e, que segue de acordo com o Report of the National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Pregnancy. As classificações destas síndromes são: Hipertensão crônica (HC), Pré-eclâmpsia/Eclampsia (PE), Pré-eclâmpsia sobreposta à HC e Hipertensão Gestacional (HG) (GIFFORD et al., 2000).

21 É de fundamental importância identificar e diferenciar a HAS que antecede a gravidez, daquela que é específico da gestação. Na primeira, a elevação da PA é o aspecto fisiopatológico básico da doença, já as condições para que ocorra a segunda forma de manifestação é apenas um de seus achados. Porém, o impacto destas duas condições, sobre mãe e feto, é bem diferente (PERAÇOLI et al., 2005). De acordo com o National High Blood Pressure Educational Program Working Group on High Blood Pressure, muitas são as complicações associadas à HAS na gestação, tanto do ponto de vista materno, quanto perinatal. Do ponto de vista materno, na gestação de mulheres com HC podem ocorrer encefalopatia hipertensiva, falência cardíaca, severo comprometimento da função renal, hemorragia retiniana, coagulopatias e associação com PE (GIFFORD et al., 2000; TEDESCO et al., 2004). A gestação normal está associada a ajustes fisiológicos e anatômicos que acarretam acentuadas mudanças no organismo materno, incluindo a composição dos elementos figurados e humorais do sangue circulante. Provavelmente, em nenhuma outra fase do ciclo vital exista maior mudança no funcionamento e forma do corpo humano em tão curto espaço de tempo. O conhecimento de tais mudanças é necessário para uma adequada avaliação do "processo-doença" induzido pela gestação (SOUZA et al., 2002). Durante a gravidez de mulheres hipertensas crônicas, os vasos sanguíneos placentários se encontram reduzidos, podendo levar a hipóxia, que pode ser explicado pela precocidade do parto e o baixo peso e estatura dos bebês destas mulheres (SOSA et al., 2000). A ocorrência de gravidez em pacientes com insuficiência renal crônica doença tem sido considerado um evento perigoso tanto para a mãe quanto para o feto. Entretanto, evidências demonstram que a doença renal crônica é o principal fator que possivelmente acelera o declínio da função renal e assim leva à complicações da gravidez (CASTELLANO et al., 2011).

22 Na gestação de mulheres portadoras de HC podem ocorrer lesões nos órgão alvo da HAS como em qualquer outro indivíduo portador desta síndrome, portanto, a HAS pode levar ao desenvolvimento de lesões renais crônicas. O crucial papel dos rins na regulação da PA foi reconhecido há muitos anos (LeLEEUW PW et al., 1994). Está bem estabelecido o fato de que os rins são um dos principais órgãos-alvo no processo da hipertensão (RUILOPE LM. et al., 1989; WOOLFSON RG & WARDENER HE, 1996). A nefropatia hipertensiva manifesta-se principalmente pelas mudanças nos vasos renais (alterações na elasticidade intratubular e dilatação das arteríolas aferentes) e nos glomérulos (espessamento da membrana basal e depósitos hialinos no espaço capsular). Mudanças no interstício e disfunção tubular são reconhecidas como secundárias. O aumento da PA, da taxa de filtração glomerular e o fluxo são considerados como importantes mediadores da glomeruloesclerose (OFSTAD J & IVERSEN M., 2005). Por outro lado há estudos focados em outros aspectos tais como o dano tubular, acumulação de colágeno e o aparecimento de células imunes no interstício peritubular. O estágio final da doença renal é caracterizado pelo desenvolvimento de lesões fibróticas principalmente no compartimento intersticial. Histopatologicamente as mudanças podem ser detectadas na fibrose intersticial, na glomeruloesclerose e na atrofia tubular. Até depois da cessação do fator etiológico original, os distúrbios renais crônicos podem continuar a progredir. (MARCUSSEN N., 1995). Essas lesões são definidas pelo acúmulo anormal de matriz extra celular (principalmente colágeno) que substitui a estrutura normal do rim (CHATZIANTONIOU C. et al., 2004). 1.4. Modelo experimental - SHR Sendo a hipertensão crônica o alvo de nosso estudo, um modelo experimental, merece destaque: o modelo de hipertensão espontânea em ratas (ratas espontaneamente

23 hipertensas SHR). Os SHR iniciam o desenvolvimento de HAS com aproximadamente quatro semanas de idade, apresentando níveis tensionais considerados hipertensivos já entre a sétima e a décima quinta semanas, atingindo um platô entre a vigésima semana e a vigésima oitava semana. A partir desta idade a hipertensão se estabiliza até aproximadamente um a 1,5 anos de idade, quando os animais começam a desenvolver um quadro de insuficiência cardíaca congestiva, a qual é associada com uma elevada taxa de mortalidade (YAMORI, 1994). 1.4.1. Histórico Os animais SHRs foram desenvolvidos originalmente a partir de endo-cruzamentos seletivos de ratos da cepa Wistar em Kyoto no Japão em 1963 (OKAMOTO & AOKI, 1963). Sua importância tem sido creditada à similaridade da sua patogenia com a HAS humana, embora algumas ressalvas devam ser feitas, tais como o reconhecimento da improbabilidade de que tais formas de hipertensão espontânea tanto no rato como no homem, seja a expressão de uma mesma doença hipertensiva determinada geneticamente; ambas têm origem poligênica e são influenciadas por diversos fatores ambientais; sendo o controle cardio-circulatório multifatorial, certos mecanismos pressores não se expressam, necessariamente, em ambas as situações (TRIPPODO & FROHLICH, 1981). 1.4.2. Processo de reprodução das SHRs e Ciclo Estral A reprodução de animais mamíferos é um processo cíclico de alterações hormonais com objetivo de produzir gametas e prepara locais para o desenvolvimento de embriões. Vários hormônios, como hormônio folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH), participam deste processo, assim como os esteróides sexuais, estrogênios e progesterona. O ciclo estral em rata apresenta correlação ao ciclo menstrual e fêmea humana, compreendendo alterações hormonais em tecidos alvos. O estudo do ciclo estral

24 de ratas permite conhecer a fisiologia reprodutiva específica desta espécie (GARCIA et al, 2004). Em virtude do curto período de duração do ciclo estral das ratas, estas constituem um bom modelo para o estudo das alterações que ocorrem nesta fase reprodutiva (MARCONDES et al., 2002). Nos roedores, os ciclos se manifestam em fases distintas por diferenças profundas no útero, ovário e vagina, e a fase pode ser identificada através das células mais superficiais do epitélio vaginal, através do método do esfregaço vaginal (MARCONDES et al, 2002). Os ciclos foram estudados por Stockard e Papanicolau em 1917 na cobaia e mais tarde por Long e Evans em 1920 na rata. Estes autores descreveram por meio de exame microscópico, o esfregaço vaginal dos animais, pois apresentou ser um método exato, sensível e rápido que permite identificar a fase do ciclo em que o animal se encontrava sem a necessidade de eutanasiá-lo (STOCKARD & PAPANICOLAU, 1917; LONG & EVANS, 1920). Na rata o ciclo é dividido em proestro, estro, metaestro e diestro, tendo a duração de quatro a seis dias. No diestro a quantidade de estrogênio é baixa e o trofismo é o menor de todas as fases, ocorrendo poucas células epiteliais e grande quantidade de leucócitos. No proestro há proliferação epitelial pelo aumento da secreção de estrogênio, e observa-se a presença de células nucleadas em evolução. Já no estro observa-se grande quantidade de células queratinizadas, com aspecto de folha seca, que promovem proteção mecânica à parede vaginal durante o coito. Em seguida ao estro há diminuição hormonal e involução, onde se observa restos celulares e praticamente todos os tipos de células, esta fase é o metaestro, que é semelhante à menstruação na mulher, com uma fase de descamação (EVANS et al., 1990).