Belo Horizonte, 16 de novembro de 2.009 CEFET-MG Diretoria de Planejamento e Gestão Belo Horizonte MG A/C.: Prof. Mário Basílio (marciobasilio@deii.cefetmg.br) REF.: Prédio administrativo do CEFET-MG, Campus I Prezados Senhores, Conforme solicitação de V.Sas. apresento minhas considerações técnicas acerca dos cortes "não intencionais" efetuados em dois cabos integrantes do sistema de protensão das lajes do nível +109,05 do referido prédio. Figura 1 : Posição dos furos (F1 e F2) em relação aos cabos "cortados" (C1 e C50)
Este trabalho não substitui em qualquer nível a responsabilidade dos autores dos projetos e/ou executores da referida obra, devendo ser interpretado como trabalho auxiliar. O presente trabalho foi elaborado em meio digital (arquivo em extensão PDF) sendo encaminhado ao CEFET-MG, solicitante desse trabalho, ficando o arquivo fonte de posse do autor deste Relatório. O presente trabalho está de acordo com o Código de Ética do Engenheiro, Leis e Regulamentos do CONFEA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e do IMAPE - Instituto Mineiro de Avaliações e Perícias de Engenharia. Os trabalhos foram elaborados com base nas informações obtidas em visita técnica ao local e no detalhamento das lajes em questão, desenho nº I/PS/022, de autoria da Tese Projetos Sociedade Civil Ltda., referente ao projeto identificado como de número 1084. O sistema utilizado na referida obra foi protensão aderente, no qual a injeção de nata de cimento nas bainhas garante aderência mecânica da armadura de protensão ao concreto em todo o comprimento do cabo, além de assegurar a proteção das cordoalhas contra corrosão : após a concretagem das lajes e a cura do concreto, os cabos são protendidos e é injetada nata de cimento no interior das bainhas, com características específicas. A principal função das bainhas é possibilitar a movimentação das cordoalhas durante a operação de protensão e receber a nata de cimento. A protensão aderente permite que os cabos e o concreto trabalhem em conjunto, de forma integrada, assim como no concreto armado. Caso haja o rompimento de 1 ou outro cabo, a estrutura absorverá as tensões resultantes dessa descontinuidade, gerando apenas perda de força localizada, pois a aderência entre os cabos e a argamassa de injeção permite que o comprimento remanescente do cabo conserve as tensões de protensão naquela região. Para minimizar os efeitos dessas "descontinuidades" é conselhável que se instale um sistema complementar à estrutura.
No caso em questão pode ser aplicado reforços localizados, nas duas faces da laje, na mesma direção dos cabos, utilizando-se Manta de fibras de carbono (densidade 300g/m²) ou chapas de aço (A-36 - espessura 3,2mm.), com 20 centímetros de largura, aderidas com resina epoxídica, como mostrado na figura a seguir : Figura 2 : Locação dos reforços Todos os serviços devem ser executados por empresa de comprovada experiência na área de reforço e recuperação de estruturas, com o maior rigor técnico possível, através de acompanhamento sistemático de engenheiro civil de comprovada experiência na área, não sendo permitido deslizes ou adaptações grosseiras. É importante ressaltar que os procedimentos de preparo e limpeza dos substratos são responsáveis pelo sucesso de qualquer recuperação ou reforço estrutural. Preparo do substrato deve ser entendido como o conjunto de procedimentos efetuados antes da aplicação propriamente dita dos materiais e produtos de correção, ou seja, são os tratamentos prévios das superfícies das estruturas e sua adequada limpeza.
Opção 1 : Chapas de aço Executar marcação do posicionamento das chapas a serem fixadas nas faces inferior e superior junto aos furos da laje; Remover toda o revestimento e pintura da superfície a ser colada, porventura existente, de forma a se obter superfície de concreto são; Remover óleos e gorduras das superfícies através de produtos desengraxantes; Executar limpeza da superfície de forma a remover todo material pulverulento; Executar limpeza da superfície da chapa a ser colada através de solventes; Aplicar fartamente resina epoxídica sobre a chapa; Posicionar a chapa sobre a superfície inferior da laje; Fixar a chapa ao concreto através de pinos Ø 3,2mm (AIC 1060), com auxílio de ferramenta à pólvora (com êmbolo) verificando sempre seu alinhamento, partindo do centro da chapa para suas extremidades; Avaliar a condição de endurecimento da resina após 72 horas, a qual ao quebrar, deverá estalar como vidro; Estucar as frestas remanescentes entre as chapas e a superfície do concreto com a mesma resina; Executar limpeza da superfície externa da chapa colada através de solventes; Executar duas demãos de pintura à base de óxido de zinco. Opção 2 : Manta de fibra de carbono As superfícies que apresentarem desalinhamentos bruscos ou abaulamentos, cavidades, depressões ou nichos de concretagem (bicheiras) deverão ser corrigidas com argamassa estrutural, de forma a obter superfícies contínuas; A superfície deverá estar seca, limpa, livre de partículas soltas ou qualquer material estranho; Todos os produtos compostos a serem utilizados deverão ser homogeneizados mecanicamente, de forma a assegura sua total uniformidade; Aplicar a resina epoxídica sobre o substrato limpo, utilizando espátula, cobrindo toda a superfície a ser "colada";
Aplicar a manta sobre a resina ainda fresca, na direção longitudinal da manta, passando logo após, um rolo de laminação ou espátula plástica, de forma a "moldar" a manta sobre a superfície de contato; Imprimar toda a superfície da manta com outra demão de resina epoxídica, de forma que as fibras fiquem completamente embebidas na resina; Aguardar cura e secagem completa da resina, mantendo as superfícies das mantas sem qualquer tipo de impacto e/ou abrasão. A avaliação efetuada é suficiente para se dizer que a estrutura em questão não apresenta nenhum tipo de risco para sua utilização. Durante toda a fase de reforço, manter o trecho da laje a ser reforçada com escoras. (reprodução digital) Ubirajara Alvim Camargos Engenheiro civil Especialista em Estruturas CREA nº 14.933/D-MG IMAPE nº 246