Materiais, execução da estrutura e controle tecnológico



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Transcrição:

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PARCERIAS E APOIO AO DESENVOLVIMENTO URBANO ALVENARIA ESTRUTURAL Materiais, execução da estrutura e controle tecnológico REQUISITOS E CRITÉRIOS MÍNIMOS A SEREM ATENDIDOS PARA SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DE EDIFÍCIOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL JUNTO À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Prof. Fernando Henrique Sabbatini Brasília/DF Maio/2002

APRESENTAÇÃO O presente trabalho técnico foi elaborado pelo Prof. Fernando Henrique Sabbatini, por solicitação da CAIXA, com o objetivo de estabelecer os requisitos e critérios a serem observados na execução de edificações multifamiliares, de 3 a 5 pavimentos, em alvenaria estrutural que empreguem blocos cerâmicos com função estrutural ou blocos vazados de concreto. Cabe esclarecer que em sua elaboração foram consideradas e incorporados os objetivos do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat PBQP-H. As diretrizes para financiamento de residências unifamiliares de 1 e 2 pavimentos (casas e sobrados) serão objeto de um trabalho específico, que abordará, de forma sistêmica, todas as exigências de desempenho para estas tipologias de construção habitacional e não apenas os relacionados com o desempenho estrutural. Tão logo este documento esteja finalizado e aprovado, será também distribuído para as GIDUR, para ser implementado. No entanto, como orientação preliminar e de aplicação imediata, oportuno destacar que, caso as casas e sobrados a serem financiados forem projetados tendo como única estrutura suporte as paredes de alvenaria (sem vigas e pilares) e estas forem executadas com blocos cerâmicos ou de concreto, somente poderão ser empregados blocos que preencham um conjunto de características, especificadas nas Normas Brasileiras vigentes, em especial a NBR 7171 (para blocos cerâmicos) e NBR 7173 (para blocos vazados de concreto). Até que o documento sobre residências unifamiliares esteja disponível e em vigor, somente poderão ser empregados blocos cerâmicos que, concomitantemente, atendam às seguintes normativas: Ø tenham furos perpendiculares à face de assentamento ou, em outras palavras, que são projetados para serem assentados com os furos e vazados no sentido vertical (definidos na NBR 7171 como blocos portantes); Ø sejam, no mínimo, de classe 25 de resistência à compressão, ou seja, tenham

resistência à compressão na área bruta mínima de 2,5 MPa, quando ensaiados segundo a NBR 6461 Bloco cerâmico para alvenaria verificação de resistência à compressão; Ø tenham precisão dimensional. Para isto, os blocos, quando medidos segundo as prescrições da NBR 7171, devem ter tolerância de fabricação de + 3mm para qualquer dimensão (largura, altura ou comprimento). Da mesma forma, somente poderão ser empregados blocos de concreto que, concomitantemente, atendam as seguintes exigências normativas: Ø sejam vazados, ou seja, toda seção transversal (paralela à face de assentamento) apresente uma área inferior a 75% da área bruta (largura x comprimento). Isto significa que não são admitidos blocos com uma das faces cega. A espessura mínima de qualquer parede do bloco deverá ser de 15 mm; Ø tenham resistência à compressão mínima de 2,5 Mpa, quando ensaiados segundo a NBR 7184 (método de ensaio para blocos vazados de concreto); Ø tenham precisão dimensional. Para isto, os blocos devem ter tolerâncias de fabricação de + 3mm e - 2mm para qualquer dimensão (largura, altura ou comprimento). Importante ressaltar que o conteúdo, do presente trabalho, assim como as orientações técnicas preliminares sobre o correto uso da alvenaria estrutural em casas térreas e sobrados, foi previamente discutido com as Entidades representativas de cada segmento produtor envolvido, respectivamente, a Associação Nacional da Indústria Cerâmica ANICER e a Associação Brasileira de Cimento Portland ABCP. SUDUP / GEPAD

SUMÁRIO 1 Introdução... 5 2 Objetivo... 7 3 Definições e Conceitos... 7 4 Exigências para garantia do desempenho estrutural e da durabilidade dos edifícios em alvenaria... 9 5 Exigências e critérios mínimos quanto aos materiais e componentes a serem empregados na execução de paredes de alvenaria... 10 5.1 Exigências quanto aos blocos vazados de concreto... 10 5.2 Exigências quanto aos blocos de cerâmicos com função estrutural... 12 5.3 Exigências quanto às argamassas de assentamento e aos graudes de preenchimento de vazios... 16 5.4 Exigências quanto aos componentes metálicos para reforço e aos componentes pré-fabricados cimentícios... 18 6 Exigências essenciais quanto aos métodos e técnicas construtivas a serem empregados na produção da estrutura de edifícios... 19 6.1 Exigências construtivas quanto aos métodos de elevação de paredes... 20 6.2 Exigências construtivas quanto aos métodos e técnicas de execução de lajes... 23 6.3 Exigências construtivas quanto às técnicas de embutimento de instalações e corte de paredes... 25 7 Exigências e parâmetros para o controle tecnológico a ser adotado na produção da estrutura de edifícios em alvenaria estrutural... 27 7.1 Exigências quanto às características iniciais de referência dos blocos, das argamassas e da alvenaria... 29

7.2 Exigências quanto ao controle de recebimento de materiais e componentes... 30 7.3 Exigências quanto ao controle tecnológico da produção de alvenaria... 33 7.4 exigências quanto ao controle tecnológico da produção de paredes de alvenaria e da estrutura do edifício... 34 8 Bibliografia de referência... 36

5 REQUISITOS E CRITÉRIOS MÍNIMOS A SEREM ATENDIDOS PARA SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DE EDIFÍCIOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL JUNTO À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - MATERIAIS, EXECUÇÃO DA ESTRUTURA E CONTROLE TÉCNOLOGICO. 1. INTRODUÇÃO O emprego de paredes resistentes de alvenaria na estrutura suporte de edifícios não se constitui em uma inovação tecnológica recente. Na realidade até o início deste século a alvenaria era o mais utilizado, seguro e durável material estrutural e o único aceito na estruturação de edificações de grande porte. Em São Paulo o exemplo mais destacado desta utilização é o Teatro Municipal, inaugurado em 1911 e totalmente estruturado em paredes de alvenaria resistente. No entanto, apesar da utilização tradicional da alvenaria como estrutura suporte, na década de 70 foi introduzida, em São Paulo, uma revolucionária inovação neste campo - os Processos Construtivos de Alvenaria Estrutural (PCAE), conhecidos pela sua forma simplificada alvenaria estrutural. A primeira tecnologia a ser importada teve origem nos EEUU e é comumente denominada por alvenaria estrutural armada de blocos de concreto. Após anos de adaptação e desenvolvimento no País esta tecnologia foi consolidada na década de 80, através de normalização oficial (da ABNT e posteriormente referendada pelo INMETRO) consistente e razoavelmente completa. Outras tecnologias foram importadas e adaptadas em anos subseqüentes, mas até o presente não foram, ainda, normalizadas. A diferença fundamental entre o uso tradicional da alvenaria como estrutura e os PCAE é que estes últimos são de dimensionamento e construção racionais, enquanto que, na alvenaria convencional, as estruturas são dimensionadas e construídas empiricamente. O dimensionamento através de cálculo estrutural, com fundamentação técnico-científica, permite a obtenção de edifícios com segurança estrutural conhecida, semelhante à obtida com estruturas reticuladas de concreto armado, e compatível com as exigências da Sociedade Brasileira para edifícios multipavimentos. No dimensionamento racional da alvenaria estrutural, da mesma forma que no dimensionamento de estruturas reticuladas, empregam-se modelos matemáticos que simulam o comportamento físico do edifício e permitem, através de métodos

6 determinísticos e semiprobabilísticos, inferir a segurança das estruturas e prever o grau de risco de falência estrutural. Também, como no caso das estruturas de concreto armado, para que o nível de segurança teórico seja obtido na etapa de construção são estabelecidos com rigor às características dos materiais estruturais, os processos e métodos construtivos e a metodologia de controle tecnológico a ser empregada. Ocorre que, infelizmente, no Brasil, estes preceitos não têm sido utilizados corretamente e milhares de edifícios têm sido construídos nos últimos 20 anos, utilizando a parede de alvenaria como único elemento estrutural, com níveis de segurança absurdamente perigosos. Os recentes desmoronamentos de prédios na Região de Recife, são apenas um reflexo de uma situação calamitosa. As principais causas desta situação são facilmente identificadas: projeto estrutural empírico, uso de materiais inadequados (principalmente blocos), métodos executivos incoerentes e ausência quase que total de controle tecnológico dos materiais e da construção. Uma parcela da culpa por estes fatos ocorrerem é a ausência de normalização brasileira específica dos PCAE que empregam blocos cerâmicos. Como resultado da falta de definição das características desta tecnologia existem muitas interpretações, no mínimo, equivocadas e baseadas nas normas de alvenaria estrutural de blocos de concreto. No entanto, a ausência de normalização específica não deveria ser uma barreira intransponível nem uma justificativa para interpretações, pois o projeto e a construção poderiam se fundamentar em normalização estrangeira, como aliás prescrevem, tanto a ética profissional (de engenheiros e arquitetos), como a legislação brasileira. Outra parcela de culpa pode ser, também, creditada a não observância intencional, por parte de muitos construtores, das exigências normativas para a produção de edifícios com o emprego dos PCAE de blocos de concreto. Em suma, a falta de regras ou a não observância das existentes justificam, em parte, a situação atual. Deve-se, porém, destacar que os projetos e as construções não-racionais não são a regra do setor. Pode-se afirmar, com certeza, que a maioria dos edifícios construídos em alvenaria estrutural no País possui um grau de segurança adequado. Isto porque, nos seus projeto e construção, atenderam-se plenamente as prescrições e exigências normativas.

7 Visando definir regras claras e precisas que assegurem a execução de edifícios com desempenho adequado e de custo coerente, a Caixa Econômica Federal objetiva estabelecer, através deste documento, os requisitos e critérios mínimos a serem atendidos no projeto e execução da estrutura de edifícios em alvenaria estrutural, para que possam ser financiados. Estas condições mínimas foram estabelecida tendo como base a normalização brasileira existente em agosto de 2001, bem como as recomendações internacionais para projeto e construção de edifícios multipavimentos em alvenaria estrutural, além do conhecimento tecnológico desenvolvido no Brasil e consolidado através de pesquisas experimentais em Universidades e Institutos de Pesquisa, nos últimos 20 anos. Os custos destes serviços serão de responsabilidade do solicitante do financiamento. 2. OBJETIVOS O presente documento tem por objetivo estabelecer os critérios e exigências para a construção da estrutura de edifícios habitacionais quando esta for constituída essencialmente de paredes resistentes de alvenaria, nos empreendimentos objeto de financiamento ou contratação pela Caixa Econômica Federal. As seguintes características restringem, ainda, o alcance deste documento, pois, o mesmo refere-se apenas a: 1. Edifícios multipavimentos (habitação coletiva) de 3 a 5 pavimentos; 2. Edifícios que empreguem processos construtivos de alvenaria estrutural com uma das seguintes tipologias: de alvenaria não-armada (auto-suporte) e alvenaria parcialmente armada; 3. Edifícios que empreguem paredes de alvenaria de blocos cerâmicos com função estrutural ou de blocos vazados de concreto. 3. DEFINIÇÕES E CONCEITOS Para permitir uma compreensão inequívoca da terminologia utilizada neste documento são, a seguir, definidos e conceituados alguns termos:

8 ALVENARIA - componente complexo, conformado em obra, constituído por tijolos ou blocos unidos entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido e coeso. ALVENARIA ESTRUTURAL - alvenaria utilizada como estrutura suporte de edifícios e dimensionada a partir de um cálculo racional. O uso da alvenaria estrutural pressupõe: segurança pré-definida (idêntica a de outras tipologias estruturais); construção e projeto com responsabilidades precisamente definidas e conduzidas por profissionais habilitados; construção fundamentada em projetos específicos (estrutural-construtivo), elaborado por engenheiros especializados; PROCESSOS CONSTRUTIVOS DE ALVENARIA ESTRUTURAL (PCAE) - São específicos modos de se construir edifícios que se caracterizam por: Empregar como estrutura suporte paredes de alvenaria e lajes enrijecedoras; Serem dimensionados segundo métodos de cálculo racionais e de confiabilidade determinável; Ter um alto nível de organização de produção de modo a possibilitar projetos e construção racionais. PCAE NÃO-ARMADA (PCAE-NA) ou AUTO SUPORTE São PCAE que empregam como estrutura suporte paredes de alvenaria sem armação. Os reforços metálicos são colocados apenas com finalidades construtivas (em cintas, vergas, contravergas, na amarração entre paredes e nas juntas horizontais com a finalidade de evitar fissuras localizadas). PCAE PARCIALMENTE ARMADA (PCAE-PA). São PCAE que empregam como estrutura suporte paredes de alvenaria sem

9 armação e paredes com armação. Estas últimas se caracterizam por terem os vazados verticais dos blocos preenchidos com graute (um micro-concreto de grande fluidez) envolvendo barras e fios de aço. Os PCAE-PA são dimensionados como os PCAE-NA, porém, quando no dimensionamento surgem trechos da estrutura com solicitações que provoquem tensões acima das admissíveis, estes trechos são dimensionados como alvenaria armada. BLOCO componente (unidade de alvenaria) de fabricação industrial com dimensões que superam as do tijolo; BLOCOS VAZADOS blocos com células contínuas (vazados) perpendiculares a sua sessão transversal (são assentados com os vazados na direção vertical) nos quais a área total dos vazados em qualquer sessão transversal é de 25% a 60% da área bruta da sessão. BLOCOS MACIÇOS blocos cuja área de vazios em qualquer sessão transversal é inferior a 25% da área bruta da sessão. BLOCOS DE CONCRETO blocos produzidos com agregados inertes e cimento portland, com ou sem aditivos, moldados em prensas-vibradoras. BLOCOS CERÂMICOS blocos constituídos de material cerâmico, obtido pela queima em alta temperatura (> 800ºC) de argilas, moldados por extrusão. 4. EXIGÊNCIAS PARA GARANTIA DO DESEMPENHO ESTRUTURAL E DA DURABILIDADE DOS EDIFÍCIOS EM ALVENARIA Para que uma estrutura de alvenaria cumpra adequadamente as funções para a qual é projetada e construída a mesma deverá atender a diversos critérios de desempenho. Este documento procura parametrizar os principais aspectos relativos ao projeto e a construção de edifícios multipavimentos de forma a que sejam atendidos os requisitos de desempenho quanto à segurança estrutural e quanto à durabilidade. Os demais requisitos de desempenho (p.ex. conforto térmico, acústico, segurança ao fogo e estanqueidade) deverão ser objeto de um outro documento. Para garantir que os citados requisitos de desempenho sejam corretamente

10 atendidos são feitas exigências quanto: às características dos materiais e componentes utilizados (item 5); aos métodos e técnicas construtivas (item 6), e ao controle tecnológico a ser adotado (item 7). As exigências aqui estabelecidas são aquelas consideradas como as principais para que se tenha uma garantia mínima do desempenho quanto à segurança estrutural e a durabilidade. Além destas exigências devem também ser respeitadas: todas as demais exigências da normalização oficial; as recomendações dos fabricantes de materiais e componentes e dos detentores das tecnologias dos processos construtivos; as disposições regulamentares e legais das autoridades municipais, estaduais e federais, e outras exigências e recomendações consolidadas em documentação específica, desde que não conflitem com as aqui estabelecidas. Para poderem ser mais facilmente referenciadas, as exigências estão codificadas com o formato EX-n.n.n, onde n é um dígito qualquer. A referenciação de uma exigência é sempre feita entre colchetes [EX-n.n.n]. 5. EXIGÊNCIAS E CRITÉRIOS MÍNIMOS QUANTO AOS MATERIAIS E COMPONENTES A SEREM EMPREGADOS NA EXECUÇÃO DE PAREDES DE ALVENARIA Como este documento engloba quatro tipologias de PCAE (alvenaria autosuporte de blocos cerâmicos e de concreto e alvenaria parcialmente armada de blocos cerâmicos e de concreto) são, a seguir, estabelecidos, para argamassas, grautes, componentes pré-fabricados, barras e fios de aço para armadura e componentes para reforço metálico. 5.1. Exigências quanto aos blocos vazados de concreto Os blocos vazados de concreto para serem empregados em edifícios de alvenaria estrutural devem atender à todas as normas pertinentes e, além disso, integral e concomitantemente as seguintes exigências: [EX-5.1.1] - Tenham produção industrial, o que significa: ser fabricado e comercializado por uma indústria produtora de blocos, legalmente estabelecida, com emissão de Notas Fiscais; [EX-5.1.2] Os blocos deverão ser curados a vapor na planta industrial,

11 para garantir o atendimento da exigência de máxima retração na secagem, estabelecida na NBR 6136 e determinada pelo método de ensaio da NBR 12117. A indústria produtora dos blocos deverá ainda fazer um controle contínuo e estatístico de processo, de modo a garantir uma adequada uniformidade da produção. A produção do bloco com função estrutural não admite, em nenhuma hipótese, uma linha de produção que resulte em blocos com dispersão maior que 15% de CV (coeficiente de variação) da resistência à compressão, em uma produção contínua, por longos ou curtos períodos. A alta dispersão é indicativa de uma produção inadequada de blocos com função estrutural. A qualificação de indústrias produtoras que atendam a esta exigência será efetuada em conformidade com os termos do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat PBQP- H; [EX-5.1.3] - Tenham dimensões e geometria tal que atendam à: Espessura mínima de qualquer parede do bloco de 25 mm (medida no ponto mais estreito); Largura real mínima de 140 mm; massa por m² de parede mínima de 150 kg, obtida multiplicando-se o número de blocos por m² pela massa seca m 1 (definida pela NBR 7184); [EX-5.1.4] - Tenham resistência característica (f bk,definida pela NBR 6136) mínima de 4,5 MPa; [EX-5.1.5] - Resultem em prismas ocos com resistência à compressão individual mínima de 2,25 MPa e resistência à compressão característica (f pk ), de 6 corpos de prova, no mínimo igual a 2,5 MPa, ensaiados segundo a NBR 8215, métodos A ou B, e f pk calculada segundo a NBR-8798 (item 6.1.2.2); [EX-5.1.6] Se a tipologia adotada for a de PCAE-PA (parcialmente armada) os blocos adotados devem ter vazados cuja sessão transversal (medida em qualquer ponto) tenham, no mínimo, 70x70 mm e dispostos de tal forma a garantir uma sessão mínima de 50x70 mm por toda a altura da parede estrutural;

12 [EX-5.1.7] Os lotes de blocos deverão ser submetidos a um contínuo controle de aceitação em relação à resistência à compressão característica. Os blocos não poderão ser utilizados até que sejam liberados pelo controle tecnológico, devendo permanecer estocados com identificação clara de sua condição (liberados, com data e responsabilidade pela liberação, ou não). Os lotes para inspeção devem ser constituídos segundo o item (6.1.a) da NBR 6136, limitado, porém, a 10.000 blocos. O critério para liberação dos lotes é de que atendam concomitantemente ao valor do f bk definido em projeto e o especificado na exigência [EX-5.1.4]. Se os blocos tiverem marca de conformidade, reconhecida pelo INMETRO, este controle de aceitação dos blocos não precisará ser feito, sendo substituído pelo controle tecnológico de fabricação. Mesmo nesta situação o desempenho estrutural do edifício deverá ser avaliado através do controle tecnológico do componente parede (item 6.1.2 da NBR 8798) e de acordo com a exigência [EX-7.3.1]. O emprego de blocos que, por suas características inovadoras, não atendam a exigência [EX-5.1.3] somente poderá ser especificado após análise da garantia de seu desempenho, efetuada com base nas orientações técnicas expedidas pela própria CAIXA. No prazo de vigência deste documento as demais exigências não poderão deixar de serem cumpridas. 5.2. Exigências quanto aos blocos de cerâmicos com função estrutural Os blocos cerâmicos com função estrutural poderão ser maciços ou vazados. Para a tipologia PCAE-PA, os blocos deverão, obrigatoriamente, ser vazados. Como os blocos para a tipologia PCAE-NA (auto suporte, ou não-armada) diferem bastante dos da tipologia PCAE-PA, as exigências a seguir estão identificadas por estas siglas quando dizem respeito apenas a uma das duas tipologias. Para serem empregados em edifícios de alvenaria estrutural, os blocos cerâmicos devem atender integral e concomitantemente as seguintes exigências: [EX-5.2.1] - Tenham produção industrial, o que significa: ser fabricado e comercializado por uma indústria produtora de blocos, legalmente

estabelecida, com emissão de Notas Fiscais; 13 [EX-5.2.2] Devem ser produzidos em uma planta industrial que, pelas suas características, garanta uma produção com adequado grau de uniformidade. A produção do bloco com função estrutural não admite, em nenhuma hipótese, uma linha de produção que resulte em blocos com dispersão maior que 20% de CV (coeficiente de variação) da resistência à compressão, em uma produção contínua, por longos ou curtos períodos. A alta dispersão é indicativa de uma produção inadequada de blocos com função estrutural. A qualificação de indústrias cerâmicas que atendam a esta exigência será efetuada em conformidade com os termos do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PBQP-H. Necessariamente a indústria cerâmica deverá: ter um setor de seleção e tratamento de argilas; fazer a secagem em estufas, com temperatura e umidade controladas de forma automática; moldar os blocos em extrusoras a vácuo; fazer a queima em fornos contínuos (ou do tipo Hoffman); fazer um controle tecnológico contínuo da produção, de modo a comprovar, a qualquer tempo, a uniformidade de produção; [EX-5.2.3] - Tenham dimensões e geometria tal que atendam à: Espessura mínima de qualquer parede do bloco de 10 mm. Para os PCAE-NA as dimensões mínimas são as estabelecidas pela ASTM C 652, ilustradas na figura 3.1 e na tabela 3.1; Largura real mínima de 140 mm; massa por m² de parede mínima de 100 kg, para PCAE-PA e de 130 kg para PCAE-NA obtida multiplicando-se o número de blocos por m² pela massa seca m 1 (definida pela NBR 7184); [EX-5.2.4] - Tenham resistência característica (f bk,segundo os critérios estatísticos definidos pela NBR 6136 e quando ensaiados de acordo com a NBR 6461) mínima de 10,0 MPa para os PCAE-NA e 7,0 para os PCAE- PA; [EX-5.2.5] - Resultem em prismas ocos com resistência à compressão individual mínima de 2,0 MPa e resistência à compressão característica (f pk ), de pelo menos 6 corpos de prova, no mínimo igual a 2,5 MPa,

14 ensaiados segundo a NBR 8215, métodos A ou B, e f pk calculada segundo a NBR-8798 (item 6.1.2.2); [EX-5.2.6] Se a tipologia adotada for a de PCAE-PA os blocos adotados devem ter vazados cuja sessão transversal (medida em qualquer ponto) tenham, no mínimo 70x70 mm e dispostos de tal forma a garantir uma sessão mínima de 50x70 mm por toda a altura da parede estrutural; [EX-5.2.7] Os lotes de blocos deverão ser submetidos a um contínuo controle de aceitação em relação à resistência à compressão característica. Os blocos não poderão ser utilizados até que sejam liberados pelo controle tecnológico, devendo permanecer estocados com identificação clara de sua condição (liberados, com data e responsabilidade pela liberação, ou não). Os lotes para inspeção não devem ser maiores que o número de blocos por pavimento-tipo ou que 10.000 blocos. O critério para liberação dos lotes é de que atendam concomitantemente ao valor do f bk definido em projeto e o especificado na exigência [EX-5.2.4]. Se os blocos tiverem marca de conformidade, reconhecida pelo INMETRO este controle de aceitação dos blocos não precisará ser feito, sendo substituído pelo controle tecnológico de fabricação. Mesmo nesta situação o desempenho estrutural do edifício deverá ser avaliado através do controle tecnológico do componente parede (item 6.1.2, da NBR 8798) e de acordo com a exigência[ex-7.3.1].

15 Fig. 3.1 Blocos vazados cerâmicos (ASTM C 652) a) blocos com septos longitudinais maciços b) blocos com septos longitudinais de dupla lâmina c) blocos com septos longitudinais furados O emprego de blocos que não atendam a exigência [EX-5.2.3] somente poderá ser especificado após análise de garantia de seu desempenho, efetuada com base nas orientações técnicas expedidas pela CAIXA. No prazo de vigência deste documento as demais exigências não poderão deixar de ser cumpridas.

Tabela 3.1 Propriedades das seções dos blocos vazados (ASTM c 652) 16 Largura Nominal (mm) Espessura mínima do septo longitudinal maciço (mm) Espessura mínima dos septos longitudinais de dupla lâmina e de septo perfurado (mm) 1, 2 Espessura mínima dos septos transversais de extremidade (mm) 2 150 25 38 25 200 32 38 25 Obs. 1 os furos maiores que 650 mm² em blocos de dupla lâmina devem estar afastados pelo menos 13 mm de qualquer extremidade 2 a espessura de qualquer septo não pode ser menor que: 13 mm entre vazados; 10 mm entre vazados e furos e 6 mm entre furos. A exigência em relação às resistências à compressão características (f bk ) mínimas exigidas dos blocos cerâmicos (Ex-5.2.4), está fundamentada na experiência acumulada no Brasil sobre a correlação entre estas resistências e as resistências à compressão características de prismas ocos (f pk ). No entanto, se com o desenvolvimento da produção de blocos no País, comprovar-se que os valores de resistência mínima de prismas (f pk ) exigidos (Ex-5.2.5) podem ser obtidos com blocos de menor f bk, a CAIXA poderá vir a alterar, no futuro, os valores mínimos estabelecidos na EX-5.2.4. 5.3. Exigências quanto às argamassas de assentamento e aos grautes de preenchimento de vazios Para as tipologias de edifícios abrangidas por este documento, as resistências mecânicas das argamassas e grautes isolados da alvenaria não são críticas. Como é exigido no controle tecnológico que a aceitação do componente parede [EX- 7.3.1] deve ser feito através da moldagem e do ensaio de prismas ocos e cheios com as argamassas e grautes utilizadas na produção, no canteiro, indiretamente estarão sendo avaliadas a uniformidade nas características mecânicas destes materiais. Não serão exigidas pela CAIXA as exigências mínimas de desempenho estabelecidas pela NBR 8798 (tabela 4), pois as mesmas devem ser obrigatoriamente estabelecidas no projeto e são de inteira responsabilidade do construtor. As exigências que aqui são feitas estão relacionadas com o desempenho da alvenaria e não com o dos materiais endurecidos. A argamassa de assentamento dos blocos deve promover uma adequada aderência

17 entre blocos e auxiliar na dissipação de tensões, de modo a que sejam evitadas fissuras na interface bloco-argamassa e a garantir o desempenho estrutural e a durabilidade esperadas da parede de alvenaria. Como o aparecimento de fissuras na alvenaria e nos revestimentos no prazo de até 5 anos da entrega da obra será de responsabilidade e deverá ser recuperada pela construtora, as características que devem ser controladas são as que estariam relacionadas com a aderência e a deformabilidade da alvenaria. Os únicos parâmetros exigidos pela CAIXA, para o desempenho das argamassas são: [EX-5.3.1] A argamassa a ser utilizada deve ser especificada pelo projeto de modo a garantir uma resistência à tração na flexão de prismas de alvenaria de, no mínimo, 0,25 MPa quando ensaiados segundo o método CPqDCC-EPUSP (anexo) ou a norma ASTM E 518; A comprovação desta característica deverá ser feita no primeiro relatório mensal do controle tecnológico [EX-7.1.2], sendo que a responsabilidade e o interesse pela sua manutenção são totalmente da construtora; [EX-5.3.2] Internacionalmente é especificado que o módulo de deformação da alvenaria não deverá ser superior a 1000 vezes a resistência à compressão do prisma - f p. Para garantir que este valor seja respeitado recomenda-se que a argamassa não tenha um módulo de elasticidade superior a 3,0 GPa. A CAIXA estará exigindo a comprovação de que este valor máximo foi respeitado na escolha da argamassa apenas no primeiro relatório mensal do controle tecnológico [EX-7.1.2], sendo que a responsabilidade e o interesse pela sua manutenção são totalmente da construtora; [EX-5.3.3] Tanto a produção de argamassas no canteiro ou o emprego de argamassas pré-misturadas deverá ser feito de modo a garantir a uniformidade nas características da mesma. Considera-se uma argamassa uniforme se o CV no ensaio de resistência à compressão axial (ensaiado segundo a NBR 7215) não for superior a 20%, em uma produção contínua, por longos ou curtos períodos. A comprovação desta regularidade deverá ser feita através do relatório mensal do controle tecnológico. O graute de preenchimento dos vazados verticais nas tipologias de PCAE-PA tem as funções de: permitir que a armadura trabalhe conjuntamente com a alvenaria, quando solicitada; aumentar localizadamente a resistência à compressão da parede e impedir a corrosão da armadura. A dosagem e especificação das características do graute são de

18 responsabilidade do projeto estrutural. Normalmente a ação mais importante na alvenaria parcialmente armada é a de conseguir um preenchimento uniforme dos vazados verticais (ver item 6). A única exigência que será feita a este material, além da necessidade de que seja especificada em projeto, é a seguinte: [EX-5.3.4] Nos PCAE-PA, de blocos cerâmicos e de concreto o graute deverá ser avaliado conjuntamente com a alvenaria através da moldagem de prismas cheios, segundo a NBR 8798 e ensaiados segundo a NBR 8215. Deverão ser moldados 6 corpos de prova (prismas cheios) por pavimento. No ensaio deverá ser determinada a resistência característica estimada do prisma cheio (f pk,est) que deverá ser maior ou igual à resistência característica de projeto ( f pk ) e sempre maior que 4,0 MPa. 5.4. Exigências quanto aos componentes metálicos para reforço e aos componentes pré-fabricados cimentícios Os componentes metálicos para reforço e distribuição de tensões e os componentes pré-fabricados complementam a execução de paredes estruturais. O uso dos primeiros se faz necessário nos PCAE-PA, em edifícios de média altura, como armadura passiva de segurança contra a ruptura frágil (de modo a evitar o colapso catastrófico, sem aviso) e em todos os PCAE como reforço para ligações entre paredes, reforço de cintas, vergas, contravergas e coxins e como armadura de dissipação e distribuição de tensões. Os componentes pré-fabricados são empregados para racionalizar e aumentar a produtividade na execução das paredes de alvenaria e lajes. As exigências que são feitas em relação a estes componentes são: [EX-5.4.1] Os fios e barras de aço destinados a armar as paredes de alvenaria nos PCAE-PA devem atender as especificações da NBR 7480. A comprovação destas características deverá ser feita através do controle tecnológico regular ou, alternativamente ser substituído por certificados emitidos oficialmente pelos fabricantes destes componentes; [EX-5.4.2] Os fios, barras e telas de reforço que serão imersos em juntas de argamassa (para ligação entre paredes ou como reforço para distribuição de tensões) deverão ser ou de aço galvanizado ou constituído de metal resistente à corrosão;

19 [EX-5.4.3] Os pré-fabricados cimentícios, de argamassa armada ou de concreto armado, se forem ficar expostos às intempéries sem serem revestidos com argamassa, deverão ser reforçados com materiais resistentes a corrosão. Poderão ser empregadas telas, fibras ou mantas sintéticas ou fios, barras ou telas metálicas galvanizadas. No caso do uso de fios e barras de aço protegidos por um cobrimento de, no mínimo, 30 mm de concreto, esta galvanização poderá ser dispensada. Esta exigência de resistência à corrosão dos reforços metálicos se aplica mesmo no caso em que os pré-fabricados são pintados ou envernizados ou tratados com hidrofugantes. 6. EXIGÊNCIAS ESSENCIAIS QUANTO AOS MÉTODOS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS A SEREM EMPREGADOS NA PRODUÇÃO DA ESTRUTURA DE EDIFÍCIOS EM ALVENARIA ESTRUTURAL A construção de edifícios em alvenaria estrutural deve ser feita em obediência a técnicas específicas e métodos construtivos para se obter estruturas seguras, confiáveis e com a durabilidade esperada. São muitas as técnicas a serem consideradas, porém algumas se destacam pela importância, quando o enfoque é em relação à garantia do desempenho estrutural. Neste item são feitas exigências específicas apenas quanto aos aspectos considerados essenciais e, que por isto, devem ser o foco prioritário do controle contínuo do processo de produção. No item 6.1 são feitas exigências genéricas em relação aos métodos de elevação de paredes e, quando for o caso, exigências específicas para uma das quatro tipologias objeto do documento (PCAE-NA-CER; PCAE-PA-CER; PCAE-NA-CON e PCAE-PA- CON). As abreviaturas CER e CON são relativas as alvenarias de blocos cerâmicos e de blocos vazados de concreto, respectivamente. Apesar do enfoque principal ser a execução das paredes estruturais são, também, feitas exigências em relação à execução de lajes, pois a deficiente execução das mesmas pode resultar em fissuras e trincas na alvenaria e nos revestimentos, prejudicando o desempenho e a durabilidade da estrutura, bem como comprometer o desempenho estrutural do edifício, visto que as lajes são responsáveis solidárias por este desempenho, em um sistema estrutural baseado em elementos laminares (placas e