Área temática: 8. Desenvolvimento rural e agricultura familiar. Palavras-chave: Agronegócio, Produto Interno Bruto, Santa Catarina.

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Transcrição:

DIMENSÕES DO PRODUTO DO AGRONEGÓCIO NO ESTADO DE SANTA CATARINA 1 Jéssica Gabrielle Pereira de Aquino UFSC/PPGECO jessicadeaquino@gmail.com Dr. Arlei Luiz Fachinello UFSC/PPGECO fachinello@hotmail.com Área temática: 8. Desenvolvimento rural e agricultura familiar Resumo Com o aprimoramento do processo de transformação entre atividades urbano-industriais, o setor primário mostra-se como um fator de grande importância na geração de empregos e de riqueza para a economia nacional e catarinense. A análise da dinâmica econômica das cadeias produtivas agroindustriais faz uso de indicadores econômicos. Um dos indicadores utilizados para mensurar a riqueza envolvida nas cadeias produtivas do agronegócio é denominado como o PIB do agronegócio. Neste trabalho pretende-se analisar o dimensionamento do Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio do Estado de Santa Catarina, a partir de uma matriz insumo-produto do estado no ano de 2008, e compara-lo com os dados do Brasil. Procurou-se detalhar os complexos produtivos e os segmentos que formam o agronegócio, de forma a estudar as suas participações e os fluxos econômicos que se formam devido à atuação do agronegócio. Os resultados apontam que, a atividade do agronegócio catarinense gerou um PIB de R$ 45.353 milhões, o que corresponde a 36,79% da sua participação no PIB total de Santa Catarina, ou seja, mais de um terço do PIB estadual, que neste ano de 2008 gerou R$ 123.283 milhões. Sendo assim, pode-se afirmar que a significância do agronegócio é relevante, representando 4,48% do PIB do agronegócio brasileiro. Além disto, mostra-se uma predominância na atuação da agricultura com relação à pecuária no estado, possivelmente porque a agroindústria da agricultura é composta por diversos outros setores, destacando-se os setores Têxtil e de Artigos de Vestuário e Acessórios, os quais representam mais de 38% da agricultura catarinense no ano de 2008. Também foi observado que o agronegócio empregou cerca de 1 milhão de pessoas no estado catarinense. Palavras-chave: Agronegócio, Produto Interno Bruto, Santa Catarina. 1 Este trabalho é baseado em pesquisa conduzida pela FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina). 1

1. Introdução e Problemática Durante toda a história econômica, é recorrente o destaque dado à agricultura no processo de geração de empregos e de riqueza para a nação. Essa importância foi ampliada depois do processo de transformação entre as atividades urbano-industriais. Entre os trabalhos elaborados mais recentemente que analisam o segmento, destacam-se: Farina et al. (1997); Furtuoso e Guilhoto (2003); Silva e Nonnenberg (2006); Guilhoto et al. (2007) e; Cario et al. (2008). Com a interligação existente entre agricultura, indústria e serviços, é cada vez mais difícil estabelecer limites entre estas. Por isso, mostra-se atualmente que a análise feita a partir das cadeias produtivas demonstra-se mais lógica, por englobar as diversas etapas do processo produtivo como um todo (SILVA e NONNENBERG, 2006). Ao desconsiderar a interdependência entre os complexos produtivos (pecuária e agricultura), pode-se subestimar as suas importâncias. Por isto, verifica-se a necessidade de análise da pecuária e da agricultura de forma mais ampla, além de superar o problema com relação à delimitação dos segmentos que devem ser classificados como componentes da agricultura e/ou da pecuária, a fim de melhor visualizar a importância de cada um dos segmentos componentes na economia analisada de forma mais eficiente. A análise da dinâmica econômica das cadeias produtivas faz uso de indicadores de econômicos. Um dos indicadores utilizados para mensurar a riqueza envolvida nas cadeias produtivas do agronegócio é denominado como o PIB do agronegócio. Segundo Parkin (2009), o PIB mensura não somente o valor da produção total como também a renda total e os gastos totais durante um período específico, sendo denominado como o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país durante determinado período. (PARKIN, 2009. P. 479). O conhecimento de indicadores econômicos do conjunto das cadeias produtivas é estratégico na formulação de políticas e tomadas de decisões públicas e privadas, para servirem de subsídios aos pesquisadores que desejam aprofundar-se na análise do agronegócio de Santa Catarina. Desta forma, tais análises podem respaldar o direcionamento de investimentos, que visem melhorar o aproveitamento do potencial econômico presente no estado catarinense. Para Silva e Nonnenberg (2006), ao tomar o conceito tradicional de setor primário, podese subestimar a real contribuição do setor ao PIB, na geração de empregos e renda, uma vez que se desconsidera a interdependência entre a pecuária e a agricultura. No caso específico do agronegócio, conforme o estudo elaborado para o Relatório PIB Agro-Brasil do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), pode-se descrever que: O cálculo do PIB do agronegócio é feito pela ótica do valor adicionado, a preços de mercado, computando-se os 2

impostos indiretos líquidos de subsídios. (CEPEA, 2014, p. 2). Esta quantificação demonstra a evolução do setor em termos de renda real, destinada à remuneração dos fatores de produção (trabalho, capital, terra e lucros). A estrutura produtiva catarinense é diversificada e diferenciada entre suas mesorregiões. A formação de complexos produtivos industriais foram consequências da especialização dos núcleos produtivos estabelecidos em diferentes regiões do estado. Os núcleos produtivos regionais do estado de Santa Catarina mostram estruturas variadas. Na região Oeste, denominado como Complexo Agro-Industrial, concentram-se indústrias de beneficiamento de alimentos e bebidas, como carnes (bovina, avícola e suína), leite e seus derivados, fumo e milho. Porém, mesmo com a produção, o Estado necessita comprar milho e soja de outros países para suprir a demanda de alimentos para criação. Na região do Planalto Norte e Serrano tem um perfil fortemente agrícola, com produção de maçã e uva, porém, existe uma área vasta de reflorestamento de pínus que atendem as indústrias de celulose e papel, de madeira e de mobiliário, que formam o Complexo Madeireiro do Estado (CARIO et al, 2008). O segmento do agronegócio catarinense abriga alguns dos líderes do segmento no país (como Bungue Alimentos em Gaspar, Sadia em Concórdia, Aurora Alimentos em Chapecó, BRF e Seara em Itajaí, entre outras) e tem forte tradição empreendedora e de inovação. A expansão do agronegócio no estado, especialmente no oeste catarinense, fez prosperar outros nichos de negócios paralelos, como de embalagens plásticas e a produção de grãos e rações. Segundo Ministério da Agricultura (2015), o agronegócio do estado de Santa Catarina apresenta um valor bruto de produção de R$ 21, 5 bilhões, o que corresponde a cerca de 4,65% do VBP nacional. Destaca-se no estado a pecuária de suínos e de frango, com 16,18% e 10,79% do VBP nacional, abaixo apenas para os estados do Rio Grande do Sul e Paraná, respectivamente. No caso do território brasileiro, as condições favoráveis existentes como clima e solo propícios para cultivos, somadas às políticas econômicas de diversas dimensões (de financiamentos até o desenvolvimento de pesquisas aplicadas) favorecem o crescimento do agronegócio (GUILHOTO et al, 2007). Com o avanço do desenvolvimento econômico brasileiro, apresenta-se taxas de crescimento diferenciadas entre os três setores (agricultura, indústria e serviços), que a longo prazo, mostram-se mais aceleradas na indústria e nos serviços do que na agricultura. Em um setor agrícola dinâmico e com forte interligação com o resto da economia, os padrões de crescimento passam a se tornar mais complexos (FURTUOSO e GUILHOTO, 2003). Entre os trabalhos de analise do agronegócio brasileiro ou regional, com enfoque no cálculo do PIB do agronegócio, destacam-se: Montoya e Finamore (2001) que elaboraram um 3

estudo sobre a evolução do PIB do agronegócio brasileiro de 1959 a 1995; Neto e Costa (2005) que dimensionaram o PIB do agronegócio de Pernambuco; Porsse (2003) que elaborou um documento com notas metodológicas sobre o dimensionamento do PIB do agronegócio do Rio Grande do Sul; e Guilhoto et al. (2007) que calcularam o PIB do Agronegócio no estado da Bahia. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP) desenvolve diversas pesquisas referentes ao Agronegócio no Brasil e em alguns estados, como o Relatório PIBAgro-Brasil elaborado por CEPEA (2014), que demonstra de forma detalhada os dados e indicadores referentes ao PIB do agronegócio brasileiro, e o PIB do Agronegócio de São Paulo, que estimou o PIB do setor em R$ 213 bilhões em 2013 ou cerca de 20% do PIB do agronegócio brasileiro (CEPEA, 2015, p.1) Devido à forte dispersão dos efeitos da variação nesse setor, mostra-se relevante o desenvolvimento de um estudo para estabelecer o seu real dimensionamento, representando-o por um indicador econômico. O conhecimento deste indicador é fundamental para subsidiar argumentos que respaldem o direcionamento de investimentos, visando aprimorar não apenas o aproveitamento do potencial econômico presente no estado, mas também, a renda das famílias que compõem a mão-de-obra empregada, agricultores e pecuaristas catarinenses. A falta de estudos sobre a economia catarinense impede a confrontação qualitativa e quantitativa dos resultados expostos. Contudo, a importância deste trabalho reside no fato de ser um primeiro esforço norteador de estudos futuros. O presente estudo tem como objetivo mensurar e analisar o Produto Interno Bruto (PIB) do setor do agronegócio do estado de Santa Catarina, para o ano de 2008, comparando-o aos dados que compõem o PIB do Brasil no mesmo ano, elaborados pelo CEPEA/USP. Decompondo-os em dois grandes complexos produtivos (Agricultura e Pecuária), a fim de identificar algumas das suas trajetórias e a interação existente entre seus segmentos (insumos, agropecuária, indústria e distribuição). Para que tal objetivo seja alcançado de forma satisfatória é necessária a mensuração adequada dos fluxos das cadeias produtivas do agronegócio no estado. Nos dois tópicos a seguir são apresentados alguns aspectos conceituais, as fontes de dados e os métodos utilizados na mensuração do PIB do agronegócio de Santa Catarina. Posteriormente, é feita uma análise comparativa entre o PIB do agronegócio catarinense e do brasileiro, no ano de 2008. Por fim, são apresentadas as conclusões do estudo. 4

3. Metodologia A fim de analisar o PIB, o instrumento analítico a ser utilizado é a chamada Matriz de Insumo-Produto (MIP), originalmente elaborado por Leontief (1986). Segundo Feijó (2003), a MIP mostra-se como um instrumento importante por detalhar as relações de troca entre os setores produtivos dentro da economia, o que a torna uma ferramenta que complementa e enriquece o Sistema de Contas Nacionais. O presente trabalho explora a MIP do estado de Santa Catarina, desenvolvida por Mazzuco e Fachinello (2013), buscando extrair a importância das cadeias agropecuárias no conjunto da economia local. A matriz original contém 62 setores e 110 produtos. Além do estudo dos fluxos de produção, renda e emprego, será realizada uma coleta de dados de produção agropecuária e agroindustrial de um grande número de setores presentes na economia local, que deverão complementar os dados da MIP do estado. Os dados econômicos da matriz insumo-produto que formam o PIB do agronegócio estadual derivam da matriz gerada por Mazzuco e Fachinello (2013), referente ao ano de 2008. Já os dados do PIB do agronegócio brasileiro originam-se dos estudos elaborados por CEPEA/USP (CEPEA, 2014). Para efetuar o cálculo do PIB, faz-se necessário subdividi-lo entre a parcela de setores que correspondem à agricultura, e a parcela que correspondem à pecuária, na economia do estado em analise. Como já se demonstrou como um problema recorrente nas pesquisas desta importância elaboradas anteriormente, demonstrado por Silva e Nonnenberg (2006), mostrou-se necessária a designação do destino destes setores, e vincular os produtores relacionados a cada um destes. A estrutura dos componentes que formam as cadeias produtivas é apresentada na Figura 1 a seguir, desenvolvida por Furtuoso e Guilhoto (2003). 5

Figura 1 - Representação esquemática do processo de obtenção do PIB do agronegócio Fonte: Furtuoso e Guilhoto (2003). Na sequencia são explicitados os cálculos para cada segmento do PIB. O procedimento adotado para a estimativa do PIB do Agronegócio se dá pelo enfoque do Produto, ou seja, do cálculo do Valor Adicionado a preços de mercado de cada setor envolvido, o qual é obtido pela soma do valor adicionado a preços básicos aos impostos indiretos líquidos de subsídios sobre produtos. Porém, nesta pesquisa desconsideramos a dummy financeira, representada através da formula a seguir: VA PM = VA PB + IIL (1) Onde: VA PM = Valor Adicionado a Preços de Mercado VA PB = Valor Adicionado a Preços Básicos IIL = Impostos Indiretos Líquidos 6

No cálculo do PIB do Agregado I (Insumos para a Agricultura e Pecuária) são utilizadas as informações referentes ás parcelas do valor adicionado a preços de mercado de todos os setores (da matriz) fornecedores de insumos para a agricultura ou para a pecuária. Essas parcelas são definidas em função da importância da agricultura ou pecuária como comprador (usuário) de cada setor incluído no segmento de insumos. As parcelas da produção vendidas para as atividades primárias foram então multiplicadas pela renda gerada em cada setor, formando-se, assim, a participação de cada setor fornecedor de insumos para a atividade agrícola ou pecuária. Desta forma, o problema de dupla contagem, comumente apresentado em estimativas do PIB do Agronegócio, quando se levam em consideração os valores dos insumos e não o valor adicionado efetivamente gerado na produção destes, foi eliminado. Assim, os PIBs do segmento Insumos para os dois grandes ramos do agronegócio será dado por: PIBI k n [ ct i 1 ik VA PMi ] (2) Onde: PIB Ik = PIB do agregado I (insumos) para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) ct ik = coeficientes técnicos de uso de cada insumo procedente do setor i pela atividade (j), sendo ct ik = z k / X i, em que X i é o valor da produção do setor de insumo i e z k é o valor total dos insumos do setor i usado na atividade j. VA i = valor adicionado (renda) do setor de insumos i. k = 1, 2 setor agricultura e pecuária i = 1, 2,..., 43 setores restantes Para o Agregado I total tem-se: PIB PIB PIB (3) I I1 I2 PIB I = PIB do agregado I e as outras variáveis são como definidas anteriormente. Para o Agregado II (propriamente, o Setor da Agricultura e Pecuária) consideram-se no cálculo os valores adicionados gerados pelos respectivos setores e subtraem-se dos valores adicionados destes setores os valores que foram utilizados como insumos, eliminando-se o 7

problema de dupla contagem presente em estimativas anteriores do PIB do Agronegócio. Tem-se então que: PIB k 1, 2 VA II k PM PIB IIk = PIB do agregado II para agricultura (k = 1) e pecuária (k = 2) e as outras variáveis são como as definidas anteriormente. k (4) Para o Agregado II total tem-se: PIB PIB PIB II II II 1 2 PIB II = PIB do agregado II e as outras variáveis são como definidas anteriormente. (5) Para a definição da composição do Agregado III (Indústrias de Base Agrícola ou Pecuária), adota-se o somatório dos valores adicionados pelos setores agroindustriais apenas, ou seja: PIB k III k 1, 2 VA q k PIB IIIk = PIB do agregado III para agricultura (k = 1) e pecuária (k = 2) e as outras variáveis são como definidas anteriormente. PM q (6) Para o Agregado III total tem-se: PIB PIB PIB III III III 1 2 PIB III = PIB do agregado III e as outras variáveis são como as definidas anteriormente. (7) No caso do Agregado IV, referente à Distribuição e Serviços, considera-se para fins de cálculo o valor agregado dos setores relativos ao Transporte, Comércio e Serviços. Do valor total obtido, destina-se ao Agronegócio apenas a parcela que corresponde à participação dos produtos 8

agropecuários e agroindustriais na demanda final de produtos. A sistemática adotada no cálculo do valor da distribuição final do agronegócio industrial pode ser representada por: PIB Serv Agron DFG IIL PI DFD (8) DF DF DF Agropec DF Agroind q k VASPM (9) DFD DFG = demanda final global IIL DF = impostos indiretos líquidos pagos pela demanda final PI DF = produtos importados pela demanda final DFD = demanda final doméstica VAS PM = valor adicionado do setor serviços a preços de mercado DF k = demanda final da agricultura (k=1) e pecuária (k=2) DF q = demanda final dos setores agroindustriais PIB IVk = PIB do agregado IV para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) Para o Agregado IV total tem-se: PIB IV = PIB do agregado IV PIB PIB PIB IV IV IV 1 2 (10) Finalmente, o PIB total do Agronegócio é dado pela soma dos seus agregados, ou seja: PIB PIB PIB PIB PIB Agronegocio k Ik IIk IIIk IVk k 1,2 (11) = PIB do agronegócio para agricultura (k=1) e pecuária (k=2) Para o Agronegócio total tem-se: PIB Agronegocio = PIB total do agronegócio PIB PIB PIB (12) Agronegocio Agronegocio 1 Agronegocio 2 9

3. Resultados Nesta seção são expostos os resultados das estimativas provenientes desta pesquisa e a análise do dimensionamento do PIB do agronegócio do estado de Santa Catarina e do Brasil no ano de 2008, o ano-base do estudo. A atividade do agronegócio catarinense gerou em 2008 um PIB de R$ 45.353 milhões, o que corresponde a 36,79% da sua participação no PIB total de Santa Catarina, que no ano de 2008 gerou R$ 123.283 milhões, como é possível visualizar na Tabela 1. Sendo assim, pode-se afirmar que a significância do agronegócio é de bastante relevância, representando mais de um terço do PIB estadual. No caso brasileiro o PIB geral, no mesmo ano, correspondeu a R$ 4.249 trilhões, sendo deste, R$ 1.012 trilhões correspondem ao PIB do agronegócio brasileiro, correspondendo a 23,83% do PIB total do Brasil. A participação do PIB do agronegócio catarinense corresponde a 4,48% do PIB do agronegócio brasileiro, em contraponto, a participação do PIB total catarinense corresponde a 2,9 % do PIB total brasileiro. O que mostra que a representatividade do agronegócio no PIB é maior do que a participação no PIB total. Porém, faz-se necessário destacar que a metodologia utilizada para mensurar os dados relativos ao PIB nacional é um pouco diferenciada da metodologia utilizada nesta pesquisa, dado que em um panorama nacional existe uma complexidade maior no tratamento dos dados, do que em um panorama estadual. A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se elaborar um quadro síntese, como é demonstrado na Tabela 1 a seguir, formada pelos complexos produtivos que compõem o agronegócio catarinense, Agricultura e Pecuária, além de uma analise sobre os seus respectivos segmentos componentes (insumos, própria atividade, agroindústria e distribuição e serviços). Tabela 1 - PIB do agronegócio de Santa Catarina no ano de 2008 PIB Agricultura PIB Pecuária PIB Agronegócio Insumos 164,62 249,55 414,17 Própria 5.621,85 3.795,77 9.418,63 Agroindústria 16.110,20 4.752,86 20.863,05 Distribuição e Serviços 8.445,54 6.211,94 14.657,48 Total 30.342,21 15.011,12 45.353,33 Fonte: Resultados da Pesquisa O segmento de insumos do agronegócio mostrou-se pequeno no estado, possivelmente por ter a sua maior parte composta por Fertilizantes e adubos e Produtos Farmacêuticos, com cerca de R$ 177 milhões e R$ 68 milhões respectivamente. O segmento da própria atividade da 10

agricultura, demostrado na Tabela 1, gerou R$ 5.621 milhões e o segmento da própria atividade da pecuária gerou R$ 3.795 milhões. Mostra-se um expressivo predomínio da agricultura com relação à pecuária, com o dobro do valor gerado em 2008, representado na Tabela 1. O que pode ser justificado pelo fato de que os setores que compõem a agroindústria da pecuária são: Abate de Animais, Indústria de Laticínios e Artigos de Couro e Calçados. Já a agroindústria da agricultura é composta por diversos outros setores, destacando-se os setores Têxtil e de Artigos de Vestuário e Acessórios, os quais representam R$ 2.963 milhões e 3.221 milhões respectivamente, correspondendo a mais de 38% da agricultura catarinense no ano de 2008. O segmento de distribuição e serviços é bastante significativo no agronegócio, pois possui um valor agregado elevado, o que pode ser justificado por ser composto por diversos setores: Comércio, Transporte, Energia, Gás, Água, Esgoto, Serviços de Informação, Instituições Financeiras e Seguro, Serviços Imobiliários e Aluguéis, Serviços de Manutenção, Alojamento de Alimentos e Serviços Prestados. Dentre estes, os mais representativos são Comércio (R$ 617 milhões) e Transporte (R$ 210 milhões). De forma geral, a participação percentual de cada um dos segmentos que compõem o PIB do agronegócio de Santa Catarina, destacado na Figura 2, é de que apenas 0,91% do PIB é composto pelos insumos, sendo que grande parte dos grãos utilizados como ração para as criações, por exemplo, são comprados de outros estados ou ate mesmo do exterior. Porém, o PIB do estado é composto por, 20,77% pela própria agropecuária, 46% pela produção da agroindústria e 32,32% pelo segmento de distribuição e serviços (que incluem transporte, comércio e serviços). 11

Figura 2 - Participação dos segmentos do PIB do Agronegócio de Santa Catarina 50,00% 45,00% 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 0,91% 20,77% 46,00% 32,32% PIB Agronegócio Fonte: Resultados da Pesquisa Com base no estudo desenvolvido pela pesquisa, pode-se destacar os seguintes valores dos segmentos do PIB do agronegócio brasileiro e catarinense, no ano de 2008, como apresentado na Tabela 2 abaixo. Tabela 2 - Valores e Participações Percentuais do PIB do Agronegócio Brasileiro e Catarinense no ano de 2008 (em R$ Milhões) Brasil Participação no PIB Nacional (%) Santa Catarina Participaçãono PIB Estadual (%) Agronegócio Total (A+B+C+D) 1.012.561 23,83 45.353 36,79 A) Insumos 117.882 2,77 414 0,34 B) Agropecuária 262.995 6,19 9.419 7,64 C) Indústria 310.425 7,31 20.863 16,92 D) Distribuição 321.260 7,56 14.657 11,89 Agricultura Total (A+B+C+D) 715.753 16,84 30.342 24,61 A) Insumos 74.710 1,76 165 0,13 B) Agricultura 151.448 3,56 5.622 4,56 C) Indústria 266.176 6,26 16.110 13,07 D) Distribuição 223.418 5,26 8.446 6,85 Pecuária Total (A+B+C+D) 296.808 6,98 15.011 12,18 A) Insumos 43.171 1,02 250 0,20 B) Pecuária 111.546 2,63 3.796 3,08 C) Indústria 44.248 1,04 4.753 3,86 12

D) Distribuição 97.842 2,30 6.212 5,04 Fonte: Cepea/USP e Resultados da Pesquisa Destaca-se as seguintes participações de cada segmento no PIB do agronegócio brasileiro e catarinense, para o ano de 2008, como apresentado na Tabela 2. O agronegócio brasileiro representa 23,83% do PIB total nacional, sendo que o estado de Santa Catarina contribui de forma significativa, sendo que o PIB do agronegócio catarinense compõe 36,79% do PIB total do estado. A parte do agronegócio composta pela agricultura é mais expressiva do que a da pecuária tanto no âmbito nacional quanto catarinense. Sendo que, como pode ser visto na Tabela 2, o agronegócio nacional é composto por 16,84% da agricultura e 6,98% pela pecuária. Já no aspecto do estado de Santa Catarina, 24,61% é da agricultura e 12,18% pela pecuária. O que mostra a força que a pecuária possui no estado catarinense. Percebe-se um padrão na distribuição percentual entre os segmentos que compõem a agricultura e a pecuária, sendo o segmento de distribuição e serviços apresentou um comportamento mais acentuado, tanto na agricultura quanto na pecuária. Porém, o segmento de insumos é menos expressivo em todos os aspectos. Possivelmente explicado por se tratar de matérias-primas para o agronegócio como um todo. A baixa representatividade apresentada pelos insumos na composição do PIB estadual (menos de 1%) pode ser justificado dado à dinâmica das importações, importante para o funcionamento da economia local, pois ao mesmo tempo em que a importação de insumos e bens de capital retira elos da cadeia produtiva, permite-se a utilização de matérias-primas de maior especificação e de melhor qualidade, além da possibilidade da modernização dos equipamentos produtivos. Esse fato ocorre devido ao uso de tecnologia não desenvolvida internamente, além do uso de mão de obra capacitada externa. Sobre o mercado de trabalho que envolve este setor, segundo dados coletados no ano de 2008, o pessoal ocupado (trabalhadores efetivos) no estado catarinense corresponde a mais de 3 milhões de pessoas. Já no setor primário do estado de Santa Catarina possui significativa participação, empregando mais de 1 milhão de pessoas no agronegócio, como pode ser visualizado de forma mais detalhada na Tabela 3 a seguir. Tabela 3 - Pessoal ocupado no agronegócio do estado de Santa - ano 2008 Agricultura Pecuária Agronegócio Insumos 1886,14 12.392 14278,52 Própria 438.025,00 111.310,00 549335 13

Agroindústria 365.602,75 38.983,00 404585,75 Distribuição e Serviços 171.858,64 126.407,02 298265,66 Total 977.372,53 289.092,40 1.266.464,93 Fonte: Resultados da pesquisa Por fim, observou-se que, como apresentado na Tabela 3, destaca-se as pessoas alocadas no segmento da própria atividade da agricultura e pecuária, que ocupa 43% da mão-de-obra. Os demais trabalhadores alocaram-se em, cerca de 1% na produção de insumos e 32% nas indústrias componentes da agroindústria e 24% como empregados na distribuição e serviços. Sob a ótica da renda, o agronegócio gerou R$ 114.908 milhões de Valor Adicionado, mais R$ 16.291 milhões de Taxas e Impostos, totalizando R$ 131.200 milhões. O valor bruto da produção do agronegócio gerou R$ 211.778 milhões, mais R$ 16.291 milhões de Taxas e Impostos, totalizando R$ 228.070 milhões. A participação do produto agropecuário e da agroindústria na demanda doméstica final é de 15% e 11% respectivamente. Os resultados apresentados pela pesquisa demonstram que, no ano de 2008, o agronegócio demonstrou um comportamento semelhante à das economias fortemente industrializadas, composto de forma mais acentuada pela indústria de base agrícola e distribuição. 14

4. Conclusões As análises da evolução do PIB do agronegócio do estado de Santa Catarina e do Brasil, no ano de 2008, indicam que a caracterização da atividade econômica regional catarinense é fortemente voltada para o setor primário em comparação ao cenário nacional. Em média, 23,83% do PIB nacional e 36,79% do PIB catarinense são compostos pelo setor do agronegócio. Destes, o agronegócio nacional é composto por 16,84% da agricultura e 6,98% pela pecuária. Já no aspecto do estado de Santa Catarina, 24,61% é da agricultura e 12,18% pela pecuária. Mostra-se um expressivo predomínio da agricultura com relação à pecuária no estado. Mesmo assim, a representação dos insumos é relativamente baixa comparado aos demais setores. O PIB do estado é composto por, 0,91% por insumo, 20,77% pela própria agricultura ou pecuária, 46% pela produção da agroindústria e 32,32% pela distribuição e serviços (que incluem transporte, comércio e serviços). A baixa representatividade apresentada pelos insumos na composição do PIB estadual (menos de 1%) pode ser justificado dado à dinâmica das importações, importante para o funcionamento da economia local, pois ao mesmo tempo em que a importação de insumos e bens de capital retira elos da cadeia produtiva, permite-se a utilização de matérias-primas de maior especificação e de melhor qualidade, além da possibilidade da modernização dos equipamentos produtivos. Esse fato ocorre devido ao uso de tecnologia não desenvolvida internamente, além do uso de mão de obra capacitada externa. A agropecuária catarinense se mostra importante provedora de produtos da agroindústria alimentar. Além disso, ocupa parcela expressiva da mão de obra, sendo que no ano analisado empregou mais de 1 milhão de pessoas no estado catarinense. Porém, este dado pode ser um pouco errôneo, sendo que estas atividades apresentam alto grau de informalidade, baixa remuneração do trabalho e estão presentes em todas as regiões do estado. Por se tratar da primeira pesquisa do gênero na literatura estadual, este trabalho sofre de limitações inerentes a esta condição. A falta de estudos sobre a economia catarinense impede a confrontação qualitativa e quantitativa dos resultados expostos. Contudo, sua importância reside no fato de ser um primeiro esforço norteador de estudos posteriores, que deverá ser aprimorado com pesquisas futuras. 15

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