SIMULAÇÃO DE UMA PLANTA DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL

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Transcrição:

SIMULAÇÃO DE UMA PLANTA DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL Jislane Santana dos Santos 1 ; Savana Lélis Villar 2 1 Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Engenharia Química - santosjislane@gmail.com; 2 Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Engenharia Química savana_lelis@hotmail.com RESUMO A busca por soluções energéticas que substituam os combustíveis nocivos ao meio ambiente se faz a cada dia mais indispensável; o biodiesel é uma dessas soluções. Além de ser obtido de fontes renováveis, tem como vantagens a menor emissão de gases poluentes e a menor persistência no solo. Entretanto, o custo de produção atualmente é maior, e o balanço energético é menos favorável em relação ao óleo diesel. Por esse motivo, a análise e criação de novas formas de produção são de grande importância para o setor. Essa pesquisa teve como objetivo estudar profundamente o processo de produção e separação do biodiesel, com ênfase no sistema reacional de transesterificação e na recuperação de metanol e glicerol, podendo assim propor um novo sistema de produção, através da modelagem e simulação de uma planta simplificada, com reação de tansesterificação metanólica do óleo de palma, na plataforma do software Aspen Plus. Os resultados foram confrontados com dados das normas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e foi possível observar que o produto final encontra-se dentro das especificações da ANP. O rendimento do processo de transformação do óleo de palma em biodiesel na planta simulada foi de 93,64%, comprovando assim a eficiência do processo proposto. Palavras-chave: Biodiesel, Transesterificação, Combustíveis, Aspen Plus. 1. INTRODUÇÃO A sociedade moderna colhe hoje os frutos dos avanços tecnológicos ocorridos ao longo de sua história. Após a revolução industrial, ela requereu, e requer, uma demanda cada vez maior de energia, mas, para encontrar fontes suficientes para suprir a força motriz necessária para sustentar esses processos foi preciso pagar-se um alto preço ambiental. Atualmente, o desafio para os pesquisadores é, justamente, o de buscar soluções energéticas que substituam, parcial ou totalmente, as formas consideradas pouco limpas e oriundas de recursos não renováveis. Dentro da gama de alternativas possíveis, o biodiesel vem sendo caracterizado como uma das melhores, pois gera impactos positivos tanto em termos ambientais quanto econômicos. A aplicação da simulação computacional no setor é uma área bastante promissora em novas pesquisas à respeito deste combustível. Modelos deste tipo de processo podem ser desenvolvidos através de programas específicos de simulação, como por exemplo, Aspen Plus, Aspen Dynamics ou Hysys, possibilitando assim o desenvolvimento de soluções ótimas para os sistemas. 1.1. Etapas do processo produtivo Industrial

Indiscutivelmente, a catálise básica é a mais utilizada em todo o mundo; a produção industrial de biodiesel é, em sua quase totalidade, conduzida por esta rota. Nestes processos, a base é dissolvida no álcool utilizado, e adicionada ao óleo. São utilizados reatores agitados, com ou sem aquecimento. O tempo de reação típico é de cerca de 1-2 horas. Após a transesterificação, o produto obtido é uma mistura de ésteres, glicerol, álcool, tri, di e monoglicerídeos [MENEGHETTI, 2013]. As principais etapas envolvidas são: mistura, reação de transesterificação, decantação do glicerol, recuperação do álcool em excesso, e separação do glicerol, como pode ser observado na Figura 1. Entretanto, devido à possibilidade de saponificação, o processo é limitado a óleos de baixa acidez, de maior preço, dificultando a utilização de resíduos ou óleos não processados, mais baratos. No caso de se utilizar resíduos de óleos não processados é necessária a utilização de metanol ou etanol anidro, que são mais caros que seus correspondentes hidratados. De acordo com Sousa [2010], a separação, recuperação e purificação do glicerol e dos catalisadores são dispendiosas e demoradas. O tempo de reação necessário é relativamente longo, e como o processo transcorre em reatores agitados, o consumo energético é alto e os custos associados também são. Assim, embora seja a alternativa mais utilizada, o processo alcalino está longe de ser completamente ótimo. 1.1.1.Introdução a processos de modelagem computacional Figura 1 Etapas da produção do biodiesel A utilização de catalisadores básicos permite obter taxas de reação quase 4000 vezes superiores as obtidas pela mesma quantidade de catalisadores no processo ácido. Além disso, o custo das bases fortes é bastante inferior ao das enzimas utilizadas como biocatalisadores, ademais vantagens adicionais associadas à disponibilidade dos catalisadores básicos que, apesar das dificuldades de recuperação, permitem a reutilização como catalisadores sem perda de atividade. A catálise básica permite a utilização de temperaturas e pressões menores, diminuindo os custos energéticos e de instalação dos reatores, e ainda o uso de menores relações molares álcool / óleo [QUESSADA, 2010]. A modelagem científica computacional aplica a computação à áreas de conhecimento em que são impossíveis, ou muito caros, a realização de testes para análises de possíveis soluções para algum processo, partindo de modelos experimentais ou de soluções analíticas. No que diz respeito a simuladores, a carteira de produtos da Aspen Technology Inc. detêm as melhores ferramentas de solução e otimização de processos no mercado. Estas, por sua vez, são baseadas em modelos matemáticos e termodinâmicos fundamentados nos princípios básicos dos fenômenos de transporte [SOUZA, 2011]. 2. METODOLOGIA A produção de biodiesel ocorre através do processo de transesterificação de fontes ricas em triglicerídeos com um álcool, normalmente o mais utilizado é o metanol [VENDRAMIM, 2009]. A reação é

catalisada por uma base, para que ocorra um melhor rendimento na formação do produto. A equação 1 apresenta uma reação generalizada dessa produção: % NaOH í +3 +3 m É [1] A Figura 2 representa o fluxograma do processo de produção de biodiesel proposto, implementado no Aspen Plus. Figura 2: Fluxograma do processo de produção de biodiesel A primeira etapa do processo consiste na reação de transesterificação, onde a mistura de metanol e hidróxido de sódio é adicionada em excesso no reator juntamente com o óleo a ser convertido, neste caso utilizou-se o óleo de palma. A Tabela 1 apresenta a composição em ácidos graxos desse óleo. Tabela 1: Composição em ácidos graxos do óleo de palma Óleo de Palma Composição (% em Tripalmitina 42,80 Triestearina 4,50 Trioleína 40,50 Trilinoleinato 10,10 Trilinolenina 0,20 O reator utilizado foi um CSTR, que possibilita a homogeneidade da mistura através de um agitador continuo, sua temperatura é mantida na faixa de 60º C e a reação dura em torno de 2 horas. A segunda etapa simulada foi a de recuperação do metanol, como mostra a Figura 2. O metanol é adicionado em excesso no reator para melhorar o rendimento da reação, sendo parcialmente recuperado por uma unidade de destilação. Utilizou-se uma coluna de destilação de sete estágios, operando com condensador do tipo total para proporcionar um refluxo à torre e reboiler kettle parcial, conseguindo separar o álcool dos demais componentes. A fase pesada da primeira coluna de destilação é então encaminhada à uma coluna de extração de 6 estágios, operando de forma adiabática, onde passa por uma lavagem para retirada do glicerol, bem como parte do metanol ainda existente no processo. Em seguida, o fluxo resultante é direcionado para uma segunda coluna de destilação. Esta, por sua vez, constituída de seis estágios e operando com um condensador do tipo parcial havendo, assim, a saída de duas correntes de topo, a fase vapor composta basicamente de metanol e água, e a fase liquida composta dos elementos que formam o biodiesel. Este, por sua vez, deve sair com teores de água e metanol dentro da especificação da ANP. Nessa etapa também é possível realizar a recuperação do óleo não reagido a fim de reutilizá-lo no processo. Foi necessária a seleção de cada componente que participa da produção do biodiesel, e que já estão na base de dados do Aspen Plus. Foram adicionadas todas as reações que envolveriam os triglicerídeos, diglicerídeos, monoglicerideos, e algumas reações paralelas, totalizando noventa e seis reações inseridas, a fim de minimizar possíveis erros de conversão. O pacote de fluido escolhido, que é o conjunto de relações e constantes que regem o comportamento das propriedades físicoquímicas dos componentes do modelo, foi a equação de estado de Redlich-Kwong-

Soave, por não apresentar incompatibilidade com nenhum dos componentes envolvidos na simulação. Os métodos utilizados foram o UNIFAC- DMD e o NRTL, e as especificações dos equipamentos foram retiradas de um exemplo disponibilizado pela Aspentech. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com o modelo implementado em regime estacionário (baseado na figura 1), o seguinte cenário é proposto: É introduzida no processo uma quantidade fixada de óleo de palma de 1050 kg/hr, então é adicionado metanol suficiente para reagir com a proporção de triglicerídeos inserida. Então, calculou-se o rendimento do processo, definido como a divisão da vazão mássica de saída do biodiesel pela vazão mássica de entrada do óleo. Nesta simulação, o fluxo que sai do reator, depois de passar por uma recuperação parcial do metanol, é direcionado para uma lavagem com 50 kg/hr de água pura em uma coluna de destilação. O resultado simulado da pureza do biodiesel ao término do processo é apresentado na Tabela 2, que detalha o perfil de composição do produto na fase líquida ao longo dos estágios de separação da coluna. A composição do biodiesel são os produtos metil-oleato (Metil-O), metil-palmitato (Metil -P), metilmiristato (Metil -M), metil-estearato (Metil-S) e metil-linoleato (Metil-LI). Tabela 2 Distribuição dos ésteres no produto Éster Fração mássica Metil-O 35,58 Metil-P 52,55 Metil-M 2,33 Metil-S 2,48 Metil-Li 7,03 Biodiesel 99,97 Durante o processo foi obtido como subproduto um teor significável de glicerol, no entanto, o baixo nível de pureza, como pode ser analisado na tabela 3, que apresenta a composição da corrente de glicerol, leva à necessidade de um pré-tratamento para possível comercialização desse produto. O que de fato, é economicamente vantajoso, visto que, o glicerol com certo nível de pureza tem um valor comercial relativamente alto. Tabela 3 Composição da corrente de saída Glicerol na Coluna de extração Componente Fração mássica Glicerol 36,66 Água 26,82 Metanol 33,33 Demais componentes 3,19 3.1. Verificação do modelo e do rendimento O modelo elaborado no Aspen Plus passou por uma etapa de verificação, na qual as propriedades do biodiesel produzido foram confrontadas com os parâmetros da norma ANP Res nº 7 de 19/03/08. Os dados e os resultados obtidos são apresentados na Tabela 4. Tabela 4- Qualidade esperada vs Qualidade simulada Característica ANP* Simulado (Unidade) Metanol Máximo (% em 0,2% 0,005% Teor de éster mínimo (% em massa Glicerol total máximo (% em 96,5% 99,97% 0,25% 1,0341x10-11 % *ANP- Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

Possíveis fontes de desvios são a composição do óleo a ser transesterificado, a escolha do pacote de fluidos e a estimação dos parâmetros dos equipamentos. Pode-se observar que o rendimento do óleo de palma na planta simulada foi de 93,64%, representando assim a eficiência do processo proposto. 4. CONCLUSÕES Um modelo de simulação simplificada da produção de biodiesel foi implementado no software Aspen Plus, baseado no processo de transesterificação metanólica catalisada por base. O óleo de palma foi representado por sua composição em ácidos graxos. Os resultados foram confrontados com dados das normas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e foi possível observar que o produto final encontra-se dentro das especificações da ANP. O uso dos compostos químicos que representaram a mistura de triglicerídeos do óleo de palma usados na simulação forneceu resultados finais (biodiesel) muito próximos dos resultados aceitáveis do ponto de vista industrial. Objetivando tornar o processo de produção do biodiesel mais atrativo economicamente, analisou-se a pureza do subproduto glicerina que foi de aproximadamente 37% possibilitando assim a sua comercialização, visto que ele possui um alto valor agregado. O rendimento do processo de transformação do óleo de palma em biodiesel na planta simulada foi de 93,64%. Este rendimento poderia ser otimizado com algumas alterações nos parâmetros do processo, porém, essas alterações devem ser estudadas e analisadas a fundo para posterior aplicação. orientação para realização desse trabalho. À Savana Villar, pela ajuda e colaboração para o encaminhamento da pesquisa. Aos amigos, Thercior, Luize, Plácido, Vitor, Lucas e Amanda, pela paciência e ajuda no dia a dia. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Artigo de periódico: VENDRAMIM, J.; Modelagem e simulação da produção de biodiesel usando diferentes óleos vegetais. 5º Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás, Fortaleza, CE, Brasil, 2009. MENEGHETTI, S.; MENEGHETTI, M.; A Reação de Transesterificação, Algumas Aplicações e Obtenção de Biodiesel. Rev. Virtual Quim., 2013, 5 (1), 63-73. Data de publicação na Web: 17 de janeiro de 2013. QUESSADA, T.; GUEDES, C.; Obtenção de Biodiesel a partir de óleos vegetais, utilizando catálise básica e ácida. Enciclopédia biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.6, N.11; 2010 Tese/dissertação: SOUZA, T. Simulação de uma planta de biodiesel com estudo da viabilidade econômica preliminar utilizando o Aspen/HYSYS. Dissertação de mestrado da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil,2011. SOUSA, C. Sistemas catalíticos na produção de biodiesel por meio de óleo residual. Unifei 5º ano de engenharia hídrica. 2010 5. AGRADECIMENTOS Ao Professor Dr. Antonio Carlos de Brandão Araújo, pela oportunidade e