PLANO OPERATIVO DE PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

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Foto: Taylor Nunes E PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNCIOS FLORESTAIS PLANO OPERATIVO DE PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNCIOS FLORESTAIS PLANO OPERATIVO DE PREVENÇÃO E COMBATE A PLANO OPERATIVO DE PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS GURUPI - TO NOVEMBRO - 2013 Município de Mateiros (TO)

equipe técnica INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS IBAMA CENTRO NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS RODRIGO DE MORAES FALLEIRO - CHEFE NÚCLEO DE INTERAGÊNCIAS E CONTROLE DE QUEIMADAS LARAH STEIL MARIANA SENRA DE OLIVEIRA NÚCLEO DE OPERAÇÕES E COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS ANA MARIA CANUT CUNHA CLEMILTON FIRMINO DE MACEDO DEVALCINO FRANCISCO DE ARAÚJO GABRIEL CONSTANTINO ZACHARIAS JOSÉ ARRIBAMAR DE CARVALHO GIZ/AMBERO PHILIPP BUSS ANGELA CORDEIRO FUNDAÇÃO DE APOIO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO DO TOCANTINS COORDENADOR MARCOS GIONGO EQUIPE TÉCNICA JADER NUNES CACHOEIRA ANTONIO CARLOS BATISTA DAMIANA BEATRIZ DA SILVA MARCELO RIBEIRO VIOLA JULIANA BARILLI ANDRE FERREIRA DOS SANTOS ALEXANDRE BEUTLING PATRÍCIA APARECIDA DE SOUZA INGRIDY MIKAELLY PEREIRA SOUSA JESSICA NEPOMUCENO PATRIOTA

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 1 1 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO... 2 1.1 Caracterização da área... 2 Histórico... 2 Informações gerais e localização... 2 Clima... 3 Uso do solo e vegetação... 4 Hidrografia... 6 Relevo... 7 Unidades de Conservação no município de Mateiros... 7 Situação fundiária... 9 Conflitos... 10 1.2 Ações de prevenção e combate na região... 11 1.3 Histórico da ocorrência de incêndios... 12 1.4 Áreas prioritárias para a proteção... 18 1.5 Áreas com maior risco de incêndios... 20 2 AÇÕES PREVENTIVAS... 22 2.1 Centro de gerenciamento de fogo... 22 2.2 Campanhas educativas... 23 2.3 Controle de queima e queima controlada... 26 2.4 Manejo de combustíveis... 28 2.5 Monitoramento meteorológico/risco de incêndios... 29 2.6 Definição de sistema de vigilância/detecção de incêndios... 30 3 AÇÕES DE PRÉ SUPRESSÃO... 32 3.1 Recursos humanos... 32 3.2 Contingente de brigadistas e de combate... 33 3.3 Demandas e capacitação... 34 3.4 Recursos materiais e serviços logísticos... 34 3.5 Facilidades para o combate... 37 3.6 Ações interagências e estabelecimento de parcerias... 40 4 COMBATE A INCÊNDIO... 42 4.1 Sistema de acionamento... 42 4.2 Organização para o combate... 43 4.3 Desmobilização... 43 5 SISFOGO... 44 6 PESQUISAS... 45 MAPA OPERATIVO (em anexo)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ADAPEC ANAC ANEEL APA APAJ CAT CCEA CGF CIPAMA CIPRA COEMA COMATUR DERTINS DETRAN EMBRAPA ESEC FAPTO GPS ha hab ICMS IBAMA IBGE ICMBio IDHM INCRA INMET INPE JICA km Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins Agência Nacional de Aviação Civil Agência Nacional de Energia Elétrica Área de Proteção Ambiental Área de Proteção Ambiental Jalapão Centro de Atendimento ao Turista Centro de Capacitação e Educação Ambiental Centro de Gerenciamento de Fogo Companhia Independente da Polícia Militar Ambiental Companhia Independente de Policia Rodoviária e Ambiental Conselho Estadual do Meio Ambiente Conselho Municipal de Turismo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Tocantins Departamento Estadual de Trânsito do Tocantins Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Estação Ecológica Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins Global Positioning System hectares habitantes Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Instituto Chico Mendes da Biodiversidade Índica de Desenvolvimento Humano Municipal Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Instituto Nacional de Meteorologia Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Agência Japonesa de Cooperação Internacional quilômetro

km² mm MMA MODIS MPE MPF NATURATINS ONG PCH PEJ PFT PO Prevfogo ROI RPPN RURALTINS SEAGRO SEBRAE SEDUC SEMADES SEPLAN SisFogo SISNAMA SRTM TAC TC TO UC UFT quilômetro quadrado milímetro Ministério do Meio Ambiente Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer Ministério Público Estadual Ministério Público Federal Instituto Natureza do Tocantins Organizações não Governamentais Pequena Central Elétrica Parque Estadual do Jalapão Grupo de Pesquisas Florestais no Estado do Tocantins Plano Operativo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais Registros de Ocorrências de Incêndios Reserva Particular do Patrimônio Natural Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins Secretária de Agricultura e Pecuária Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Secretaria da Educação do Tocantins Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Secretaria do Planejamento e da Modernização da Gestão Pública Sistema Nacional de Informações sobre Fogo Sistema Nacional do Meio Ambiente Shuttle Radar Topography Mission Termo de Ajustamento de Conduta Termo de Compromisso Estado do Tocantins Unidades de Conservação Universidade Federal do Tocantins

APRESENTAÇÃO O Plano Operativo de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do município de Mateiros (TO) é decorrente do contrato n VN 204 147 13 do Projeto: Manejo do Fogo PN 147 estabelecido entre a AMBERO Consulting GesellschaftmbH e a Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (FAPTO) que encontra se no âmbito do Projeto da Cooperação Técnica Alemã GIZ/AMBERO Prevenção, controle e monitoramento de queimadas irregulares e incêndios florestais no Cerrado. A estruturação do presente documento teve como referência o Roteiro Metodológico para a elaboração de Planos Operativos de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais de autoria do Prevfogo/IBAMA e as orientações do Termo de Referência, Anexo 1 do contrato. Neste documento todas as referências espaciais descritas no texto são apresentadas em coordenadas geográficas (graus, minutos e segundos) no Sistema de Referência Geodésico SIRGAS 2000, sendo as figuras e mapas no mesmo sistema, porém na projeção UTM (Universal Transversa de Mercator) (fuso 23). 1

1 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO 1.1 Caracterização da área Plano operativo de prevenção e combate aos incêndios florestais Mateiros (TO) Histórico O atual município de Mateiros (TO) inicialmente era um distrito subordinado ao município de Ponte Alta do Norte (Lei Municipal n 53, de 24 julho de 1963). Em 1989 o município de Ponte Alta do Norte passou a ser denominado de Ponte Alta do Tocantins (Decreto Legislativo n 1, de 01 de janeiro de 1989). Em 1991, o distrito de Mateiros foi elevado à categoria de município com a denominação de Mateiros, pela Lei Estadual n 251, de 20 de fevereiro de 1991, alterada em seus limites, pela Lei Estadual n 498, de 21 de dezembro de 1992, desmembrado do município de Ponte Alta do Tocantins. A cidade recebeu o nome de Mateiros devido a grande quantidade de veados mateiros que existia na região. O município de Mateiros encontra se na parte central da região ecoturística do Jalapão. A comunidade ficou conhecida no Estado do Tocantins por seu artesanato de capim dourado onde passou a ser vendido em todo o país e em alguns lugares no exterior. Informações gerais e localização O município de Mateiros possui uma área de 9.681 km². Sua população estimada é de 2.223 habitantes (IBGE, 2010). A sede municipal de Mateiros (TO) localiza se em uma latitude de 10 32'51" S e a uma longitude de 46 25'16" O. Caracterizado pelo Bioma Cerrado o município encontra se no extremo leste do Estado do Tocantins. Mateiros faz divisa ao norte com os municípios de São Félix do Tocantins (TO), Alto da Parnaíba (MA) e Barreiras do Piauí (PI); ao leste com Formosa do Rio Preto (BA), ao sul com Rio da Conceição (TO) e a oeste com Almas (TO), Ponte Alta do Tocantins (TO) e Novo Acordo (TO) (Figura 1). Na região localizam se alguns atrativos naturais importantes como a Cachoeira da Formiga, Cachoeira da Velha, o Fervedouro, as Dunas do Jalapão, além de outros atrativos. Mateiros é o único município do Estado do Tocantins que faz divisa com o estado do Piauí. Fonte: PFT (2013) Figura 1 Localização do município de Mateiros (TO). O acesso ao município de Mateiros (parte Norte) pode ser realizado através do percurso envolvendo as rodovias TO 020, trecho Palmas Novo Acordo (112 km de asfalto), TO 030, trecho Novo Acordo São Félix do Tocantins (136 km em leito natural), seguindo se depois pela rodovia 2

TO 110 entre São Félix do Tocantins e Mateiros (87 km em leito natural), totalizando 199 km de estradas não pavimentadas (leito natural). Pelo leste, o caminho entre Palmas e Mateiros percorre trechos de rodovias pavimentadas como a TO 050 até Porto Nacional (52 km), que dá acesso à rodovia parcialmente pavimentada TO 255, que passa por Ponte Alta do Tocantins (105 km de asfalto) até atingir o município de Mateiros (160 km em leito natural), totalizando 160 km de estradas não pavimentas (leito natural). Outra alternativa, é saindo de Palmas passando pelo distrito de Taquaruçu (30 km) seguindo em direção ao município de Santa Tereza e, em seguida chegando ao município de Ponte Alta para então percorrer os 160 km de estrada em leito natural. Pelo sul, o acesso ao município de Mateiros, pode ser realizado a partir de Dianópolis (TO), tendo duas alternativas possíveis. A primeira seria utilizando a TO 476 que dá acesso a Ponte Alta do Tocantins e a segunda utilizando a TO 110 e passando pela localidade de Garganta dá acesso a sede municipal de Mateiros (TO). Ainda, outro meio de acesso, é pelo lado leste do município, Estado da Bahia. Este acesso pode ser feito a partir da cidade de Formosa do Rio Preto (BA) pela BR 135 em que são percorridos cerca de 15 km, sentido Cristalândia do Piauí (PI). O acesso é feito a direta da BA 225 (acesso a COACERAL) e que deverão ser percorridos 77 km em estrada de asfalto em condições precárias e outros 42 km de estrada em leito natural até a divisa dos estados da Bahia e Tocantins. Deste ponto, a estrada passa a ser denominada de TO 225 (33 km em leito natural). Os últimos 22 km (leito natural) pertencem à rodovia TO 110. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Mateiros é 0,607, em 2010. O município está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Médio (IDHM entre 0,6 e 0,699). Em relação aos 139 outros municípios do Estado do Tocantins, Mateiros ocupa a 102ª posição, sendo que 101 (72,66 %) municípios estão em situação melhor e 38 (27,34 %) municípios estão em situação pior ou igual. Clima De acordo com a classificação climática de Thornthwaite, o município de Mateiros apresenta os tipos climáticos C2wA a e C2w2A a`. A região C2wA a, ocupa a maior parte do município de Mateiros e caracteriza se como um clima úmido subúmido com moderada deficiência hídrica no inverno, evapotranspiração potencial média anual de 1.500 mm, distribuindo se no verão em torno de 420 mm ao longo dos três meses consecutivos com temperatura mais elevada A porção sul do município, abaixo do paralelo de latitude 10 58' S, apresenta um clima tipo C2w2A a`, um clima subúmido com pequena deficiência hídrica, evapotranspiração potencial média anual de 1.600 mm, distribuindo se no verão em torno de 410 mm ao longo dos três meses consecutivos com temperatura mais elevada. Na figura 2 está apresentada a variação temporal dos principais elementos monitorados na Estação Meteorológica Automática de Superfície do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) localizada no município de Gilbués (PI), tendo como base os dados do período de maio 2012 a junho 2013, com exceção dos dados de precipitação que são da estação de Novo Acordo (TO) (média dos dados de 1985 a 2010). 3

Umidade Relativa do Ar (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 Velocidade Mádia do Vento (m/s) Fonte: PFT (2013) adaptado do INMET (2013) Figura 2 Dados climáticos médios da estação meteorológica de Gilbués (PI) e Novo Acordo (TO). Na figura 2 observa se que a partir do mês de abril a umidade relativa do ar sofre forte declínio, e que se estende até os meses de setembro/outubro, aproximadamente. Observa se, para o mesmo período, que a velocidade do vento apresenta um comportamento inverso ao da umidade relativa do ar, atingindo os valores máximos no mês de agosto. O período seco do município se caracteriza intensivamente durante o período de maio a setembro. A direção predominante dos ventos da região é sudoeste (sendo no período seco a predominância da direção de 107 ). Apesar da existência de uma estação meteorológica na sede do município de Mateiros (TO), a mesma não foi utilizada em função do fato que sua operação é muito recente (25 de outubro de 2012). Uso do solo e vegetação No município de Mateiros (TO), cerca de 14,4 % da área total do município não se encontram inseridas dentro de áreas naturais protegidas (Unidades de Conservação UC), ou seja, dos 962 mil hectares do município cerca de 137 mil ha não estão inseridos em UC. Nas áreas do município, inseridas em áreas protegidas (UC), 27,3 % pertencem a unidades de conservação de uso sustentável e 72,7 % de proteção integral. Nas áreas de uso sustentável encontram se duas unidades: APA Jalapão e a APA da Serra da Tabatinga que respectivamente ocupam uma área do município de Mateiros de 19,8 e 3,6 %. Existem quatro unidades de proteção integral, sendo: ESEC da Serra Geral do Tocantins, Parque Estadual do Jalapão, Parque Nacional das Nascentes do rio Parnaíba e o Monumento Natural Canyons e Corredeiras do rio do Sono (municipal) que representam respectivamente 37,3; 16,6; 8,3 e 0,02 % da área do município de Mateiros (TO) (Tabela 1). Com base nos dados da SEPLAN (2012), o município de Mateiros possui grandes extensões de áreas de campo, abrangendo uma área total do município de cerca de 583 mil ha, representando cerca de 60,5 % da área do município. As áreas de campo estão presentes em todo o município de Mateiros, entretanto na porção oeste do município esta formação vegetacional apresenta se de maneira contínua (Figura 3). Outra formação bastante representativa no município são as áreas de Cerrado Sentido Restrito que ocupam cerca de 25,3 % (244 mil ha) da área do município. As áreas de Cerrados Sentido Restrito apresentam forte concentração nos topos das serras, tais como: Serra do Espírito Santo, Serra da Estiva e Serra do Meio. Outras áreas extensas de Cerrado Sentido Restrito são encontradas na porção leste destas serras. Existem também outras áreas, um pouco menos extensas, localizadas nas proximidades dos rios Come assado e Galhão. Esta formação vegetacional também é encontrada em outras áreas, conforme se observa na figura 3. Umidade Relativa do Ar (%) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Precipitação (mm) Umid. Relativa do Ar (%) 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Precipitação (mm) 4

Fonte: PFT (2013) adaptado de SEPLAN (2012) Figura 3 Vegetação e uso do solo no município de Mateiros (TO) (2007). Tabela 1 Uso do solo do município de Mateiros (TO) em 2007 (hectares). Tipologia APA Jalapão % APA Serra da Tabatinga % ESEC Serra Geral do Tocantins % MN Canyons e Corredeiras do rio do Sono Área Urbanizada 99,0 0,1 Agropecuária 545,0 0,3 291,7 0,1 Cultura Temporária 15.714,8 45,5 32,4 0,01 Campo 128.937,5 67,8 4.370,5 12,7 241.858,3 67,3 47,3 21,3 Campo Rupestre 140,4 0,1 1.983,2 0,6 Cerrado Sentido Restrito 38.389,0 20,2 14.462,4 41,9 73.592,7 20,5 39,6 17,8 Cerradão 1.804,3 0,9 6.696,0 1,9 Mata de Galeria 2.131,4 1,1 4.416,2 1,2 48,7 21,9 Praia e Duna 194,1 0,1 Vereda 18.025,8 9,5 30.078,0 8,4 81,1 36,5 Corpos D'água 172,0 0,1 29,3 0,01 5,4 2,4 Total geral 190.244,2 100,0 34.547,7 100,0 359.172,0 100,0 222,1 100,0 Fonte: PFT (2013) adaptado de SEPLAN (2012) % 5

Tabela 1 Uso do solo do município de Mateiros (TO) em 2007 (hectares) (continuação). Tipologia PN das Nascentes do Rio Parnaíba % Parque Estadual do Jalapão % Área do município sem a presença de UC % Total geral do município Área Urbanizada 99,0 0,01 Agropecuária 614,1 0,4 305,9 0,2 1.756,7 0,2 Cultura Temporária 2.036,5 2,5 19.070,6 13,8 36.854,3 3,8 Campo 49.304,5 61,4 94.709,0 59,4 63.380,8 45,7 582.607,9 60,5 Campo Rupestre 787,3 0,6 2.911,0 0,3 Cerrado Sentido Restrito 26.647,8 33,2 39.279,7 24,6 51.363,0 37,1 243.774,1 25,3 Cerradão 39,9 0,01 3.521,8 2,2 100,7 0,1 12.162,6 1,3 Mata de Galeria 5.396,8 3,4 283,6 0,2 12.276,7 1,3 Praia e Duna 507,5 0,3 701,7 0,1 Vereda 2.263,0 2,8 15.358,1 9,6 3.200,8 2,3 69.006,8 7,2 Corpos D'água 58,4 0,01 129,6 0,1 394,6 0,01 Total geral 80.291,7 100,0 159.445,4 100,0 138.622,3 100,0 962.545,5 100,0 Fonte: PFT (2013) adaptado de SEPLAN (2012) % Hidrografia O Estado do Tocantins é dividido em dois grandes sistemas hidrográficos: rio Araguaia e rio Tocantins, que abrangem respectivamente 37,7 e 62,3 % de seu território. O município de Mateiros encontra se, em sua totalidade, no sistema hidrográfico do rio Tocantins. De acordo com a divisão hidrográfica estadual, inserem se no município duas importantes bacias: Bacia do Rio do Sono e a Bacia do Rio Balsas. No município de Mateiros, a Bacia do Rio Sono é a mais representativa abrangendo cerca de 97 % da área do município. Dentro da Bacia do Rio Sono destaca se a Sub bacia do Rio Novo (ao leste do município) e a Sub bacia do Rio Soninho (ao norte do município) que juntas abrangem aproximadamente 66 % do município de Mateiros (Tabela 2). A rede hidrográfica é formada principalmente pelos rios: Novo, Soninho, Galhão, Come Assado, Brejo Frito Gordo, Ribeirão Brejão, rio Preto, Sono e Prata. Tabela 2 Bacias e sub bacias hidrográficas presentes no município de Mateiros (TO). Bacia Rio Sono Bacia do Rio Balsas Sub bacia Área (km 2 ) 1 Rio Novo 4.377,2 45,5 2 Rio Soninho 1.963,1 20,4 3 Rio Preto 811,6 8,4 4 Come Assado 670,3 7,0 5 Rio Galhão 1.339,7 13,9 6 Rio Sono 80,9 0,8 7 Rio Vermelho 93,5 1,0 8 Ponte Alta 126,2 1,3 9 Rio Balsa 155,8 1,6 TOTAL 9.618,3 100,0 Fonte: PFT (2013) adaptado de SEPLAN (2012) % Mapa 7 6 8 1 9 2 4 3 5 6

Relevo O relevo predominante do município de Mateiros (TO) é formado por áreas de planícies com declividade iguais ou inferiores a 5 % (93,8 % do município). Algumas áreas isoladas apresentam declividades entre 5 a 10 %. Existem também algumas áreas que apresentam maiores declividades, mas estas representam em sua totalidade cerca de 6,2 % do município, sendo especificamente: 0,85 % com declividade de 10 a 15, 0,19 % com declividade de 30 a 45 % e 5,16 % com declividade maiores do que 45 %. Estas regiões com maior declividade encontram se localizadas nas áreas de serra do município, tais como: Serra da Jalapinha, Serra do Espírito Santo, Serra do Porco, Serra da Onça, Serra do Meio, Serra da Estiva, Serra Geral de Goiás e Serra da Ponte Alta Grande (Morro do Fumo). Unidade de Conservação no município de Mateiros O Parque Estadual do Jalapão, a Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins, a Área de Proteção Ambiental do Jalapão e a Área de Proteção Ambiental Serra da Tabatinga, o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba integram o Corredor Ecológico Jalapão e Chapada das Mangabeiras. O corredor foi criado em 2002 com a finalidade de garantir a redução da fragmentação do ecossistema, mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem e facilitando o fluxo gênico entre populações, preservação as rotas migratórias dos animais silvestres endêmicos do Cerrado (Figura 4). A seguir são apresentadas resumidamente cada uma das UC citadas. Parque Estadual do Jalapão Criado pela Lei n 1.203, de 12 de janeiro de 2001, pertence à categoria de Unidades de Conservação de proteção integral do Estado do Tocantins. O PEJ está inserido na região central do Jalapão com 158.885,5 ha, estando em sua totalidade situado no município de Mateiros (TO). O objetivo de criação do Parque é a proteção de um ecossistema frágil, coberto por uma extensa área de Cerrado ralo e campo limpo com veredas, bem como a fauna a ele associada. Sua fauna é representativa e abriga espécies raras e ameaçadas de extinção como o pato mergulhão (Mergus octocetaceus) e a águia cinzenta (Harpyalaetus coronatus). Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins A Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins foi criada por Decreto Presidencial, em 27 de setembro de 2001. A ESEC Serra Geral do Tocantins localiza se nos municípios de Almas, Ponte Alta do Tocantins, Rio da Conceição e Mateiros, no Estado do Tocantins, e Formosa do Rio Preto, no Estado da Bahia. A criação da ESEC tem como objetivos proteger e preservar amostras dos ecossistemas de Cerrado, bem como propiciar o desenvolvimento de pesquisas científicas. A ESEC Serra Geral do Tocantins é uma das maiores do país e sua área totaliza 716.306 hectares, dos quais, cerca de 359 mil ha estão no município de Mateiros (TO), o que representa aproximadamente 50 % da extensão total da unidade de conservação. Os imóveis situados dentro da área cujos limites foram definidos no decreto já foram declarados de utilidade pública e, de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, deverão ser indenizados e desocupados, pois esta categoria de unidade de conservação não comporta a presença de moradores, destinando se apenas a pesquisa científica, educação ambiental e preservação de amostras de ecossistemas. Área de Proteção Ambiental do Jalapão A APA Jalapão foi criada pela Lei nº 1.172, de 31 de julho de 2000, com o objetivo de proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar e incentivar o uso sustentável de seus recursos naturais. Apresenta uma área de 461.730 ha, abrangendo os municípios de Mateiros, Novo Acordo e Ponte Alta do Tocantins. A localização da APA Jalapão 7

envolve o Parque Estadual do Jalapão (PEJ), nas suas faces oeste, sul e leste. No município de Mateiros sua extensão é de 190 mil ha que representa cerca de 41 % da área total da unidade. A paisagem na região da APA Jalapão é dominada por fitofisionomias campestres, com extensas manchas de formações savânicas, principalmente Cerrado ralo. Quase todas as fitofisionomias ocorrem sobre solos arenosos, variando apenas o relevo, a profundidade e a drenagem. Área de Proteção Ambiental da Serra da Tabatinga A APA da Serra da Tabatinga foi criada pelo Decreto nº 99.278 de 06 de junho de 1990, com objetivo de garantir a conservação da fauna e flora e do solo e proteger as nascentes do rio Parnaíba, assegurando a qualidade das águas e as vazões de mananciais da região, além das condições de sobrevivência das populações humanas ao longo do referido rio e seus afluentes. A unidade possui uma área de 35.185,10 ha estando inserida quase que toda sua totalidade no município de Mateiros (TO). Na APA da Serra da Tabatinga a maior parte das áreas é destinada para fins agrícolas, sendo a região do município com maior concentração desta atividade. Fonte: PFT (2013) Figura 4 Localização das unidades de conservação presentes no município de Mateiros (TO) e de suas proximidades. 8

Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba O Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba foi criado pelo decreto de 16 de julho de 2002, localizado nos platôs da Chapada das Mangabeiras e da Serra da Tabatinga. Parte da Área de Proteção Ambiental da Serra da Tabatinga tornou se porção do Parque. Possui uma área total aproximada de 729.813,55 ha, abrangendo os estados do Maranhão (46,2 %), Piauí (35,8 %), Tocantins (14,6 %) e Bahia (3,4 %), nos municípios de Formosa do Rio Preto, no Estado da Bahia, Alto Parnaíba, no Estado do Maranhão, Gilbués, São Gonçalo do Gurguéia, Barreiras do Piauí e Corrente, no Estado do Piauí, e Mateiros, São Felix e Lizarda, no Estado do Tocantins. O principal objetivo da sua criação é a proteção das nascentes do rio Parnaíba, a segunda maior bacia hidrográfica do nordeste, ameaçada pelo processo de ocupação da área e a utilização desordenada dos seus recursos naturais. As nascentes que estão preservadas nele são formadas a partir das ressurgências na Chapada das Mangabeiras. São elas que originam os cursos dos rios Lontras, Curriola e Água Quente, que, ao se unirem, formam o rio Parnaíba, que banha mais de 50 cidades nordestinas, em sua extensão de 1.750 km. Situação fundiária As áreas cadastradas na base de dados no INCRA somam um total de cerca de 587 mil ha das propriedades rurais existentes no município de Mateiros (TO). No município de Mateiros (TO) 32,6 % das propriedades apresentam uma área inferior a 500 ha e cerca de 73 % das propriedade possuem áreas inferiores a 1.500 ha que representam aproximadamente 44 % das áreas registradas no INCRA (Tabela 3). Um fato bastante interessante, nos registros do INCRA, é a extensão total das áreas privadas, de 587 mil ha. No município de Mateiros (TO) as áreas passíveis de existência de terras privadas, são as Áreas de Proteção Ambiental e regiões sem a presença de UC, que totalizam 363 mil ha. Neste sentido, observa se que existem cerca de 224 mil ha a mais de áreas privadas em relação a extensão máxima suporte do município para esta finalidade. Tabela 3 Estrutura fundiária do município de Mateiros (TO). Classe de áreas das propriedades (ha) Número de propriedade % Área total dos imóveis (ha) < 501 171 32,6 42.171 7,2 501 a 1000 93 17,7 71.201 12,1 1001 a 1500 120 22,9 148.673 25,3 1501 a 2000 53 10,1 91.140 15,5 2001 a 2500 38 7,3 88.838 15,1 2501 a 3000 33 6,3 89.856 15,3 3001 a 3500 8 1,5 24.810 4,2 3501 a 4000 6 1,1 22.659 3,9 > 4000 2 0,4 8.128 1,4 TOTAL 524 100,0 587.476 100,0 Fonte: PFT (2013) adaptado do INCRA (2013) No município de Mateiros não estão presentes áreas de assentamentos rurais, entretanto existem algumas comunidades tradicionais. A comunidade Mumbuca e arredores é uma comunidade reconhecida como quilombola desde 2006 pela Fundação Palmares. Também existem na região outras comunidades que vem buscando o reconhecimento como Quilombola, tais como: Carrapato, Formiga e Ambrósio. % 9

Conflitos No município de Mateiros existem diversos conflitos relacionados ao uso e ocupação do solo bem como a construção de empreendimentos de infraestrutura. Os principais problemas presentes atualmente na região são: Agropecuária: O uso do fogo pelas populações tradicionais no interior das Unidades de Conservação (PEJ e ESEC), sem tecnologias de uso controlado e prevenção, tem raízes históricas remotas. O escasso povoamento destas regiões, associado à ausência de tecnologias mais eficazes de cultivo e pastoreio, foi certamente um dos fatores que contribuíram para o uso indiscriminado do fogo como forma de preparo do solo para o cultivo e a pecuária extensiva de subsistência. Ainda predomina a pequena agricultura formada pelas roças de toco e em áreas dentro das matas ciliares em forma de rodízio. Ultimamente com o adensamento do entorno em uma vasta área dos Cerrados as tensões do adensamento rural vem exigindo das comunidades locais cuidados especiais com o uso do fogo. A atividade de bovinocultura em Mateiros (TO) é realizada em sua grande maioria em áreas de pastagem natural. Em algumas áreas são utilizadas pastagens plantadas. Informações levantadas durante os levantamentos de campo indicam que existem fortes restrições na implantação de áreas com o uso de pastagens plantadas. Os registros da ADAPEC indicam que o rebanho do município encontra se concentrado nas áreas em torno da sede do município (em pequenas e médias propriedades rurais) e nas proximidades da Comunidade Mumbuca. Entretanto, principalmente durante o período seco, o gado é distribuído em outras áreas para o pastoreio. O uso do fogo é uma prática bastante comum nestas áreas para a renovação da pastagem (capim nativo). A atividade agropecuária, na maioria das propriedades, possui um caráter de subsistência, venda para o consumo local e algumas vezes utilizado como moeda de troca. A atividade de bovinocultura ocorre também em áreas internas de unidades de conservação presentes no município de Mateiros (TO). Esta situação vem sendo discutida, e atualmente, um Termo de Compromisso (TC) vem sendo debatido entre a Associação Quilombola (Ascolombolas Rios) e a ESEC Serra Geral do Tocantins a fim de definir algumas formas e restrições da criação bovina nestas áreas. Desapropriação e remarcação da área do Parque Estadual do Jalapão (PEJ): a quantidade de Unidades de Conservação existentes no Município transforma o em uma área ambientalmente protegida e restringe as alternativas de exploração dos recursos naturais. Desde sua criação, ainda persistem dentro da área do PEJ comunidades tradicionais e proprietários de terras residindo e provendo seu sustento. Estes ainda aguardam o posicionamento do Governo do Estado quanto às indenizações e realocação para efetuarem a desapropriação da área. Porém, dentre as comunidades, a comunidade da Mumbuca é remanescente de quilombolas, já reconhecido pela Fundação Palmares, restando ao INCRA à delimitação da área. Entretanto as atividades desenvolvidas por essas comunidades estão em desencontro com os objetivos do PEJ e da legislação. A fim de resolver o impasse da desapropriação e com o conflito gerado, o NATURATINS motivou se a levantar as discussões sobre os novos limites do PEJ, e, com recursos da ONG The Nature Conservancy contratou os serviços da empresa de consultoria com o intuito de reabrir o processo, desta vez com o objetivo de se chegar à definição de novos limites e para a redação de uma Minuta de Projeto de Lei com a definição das novas fronteiras dessa importante Unidade de Conservação. O trabalho realizado pela empresa de consultoria resultou na elaboração do documento onde são apresentados diversas alternativas e cenários que excluem e incorporam áreas ao Parque, acompanhados das análises realizadas na Reunião Técnica do dia 04 de abril de 2008, como uma forma de auxiliar o NATURATINS na sua tomada de decisão em relação aos limites da UC. 10

Fundiários: há em Mateiros grande quantidade de terras com situação fundiária irregular na zona rural sendo preocupante, pois acarreta complicadores significativos para a implantação das Unidades de Conservação. A falta de definição efetiva dos limites do Parque Estadual do Jalapão e a não implantação definitiva das demais áreas, inclusive a área do próprio município, tem causado inquietude às numerosas comunidades residentes em áreas inseridas nessas UC, por se verem ameaçadas de remoção sem alternativas de subsistência. Caça: ainda persiste na região uma grande pressão de caça, na qual também se faz o uso do fogo a fim de gerar rebrota para alimentação da fauna silvestre, em especial para atrair as emas e veados mateiros, quando então são alvos fáceis. Capim Dourado: A região possui uma cultura de extração intensa do capim dourado, que apesar de estar normatizada por meio da Portaria NATURATINS nº. 362, de 25 de maio de 2007, e fiscalizada pelo órgão estadual NATURATINS, tem gerado grande pressão sobre a flora local, inclusive no interior das UC, sobrepondo se com as áreas de pastagens naturais. Esta prática esteve baseada na crença popular local de que o fogo contribui com a rebrota e melhoria de qualidade do capim, o que vem estimular o uso do fogo nas veredas, podendo provocar incêndios. Obras: De acordo com inventário hidrelétrico da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Secretaria de Planejamento do Estado do Tocantins (SEPLAN) existe previsão de construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH Cachoeira da Velha) em Mateiros e em outros municípios vizinhos. Ainda, há o projeto para a pavimentação da TO 255 que liga Ponte Alta do Tocantins a Mateiros, além de projetos para levar asfalto de São Félix a Mateiros (78 km), de Mateiros a Ponte Alta do Tocantins (161 km) e também à divisa com a Bahia (54 km), bem como a construção de um aeroporto. 1.2 Ações de prevenção e combate na região As ações de prevenção em Mateiros são realizadas por meio de várias atividades desenvolvidas por diversos órgãos e instituições de pesquisas que desde 2001, após a criação do Parque Estadual do Jalapão, intensificaram a execução de diversos projetos na região. Dentre estas ações destacase o estreitamento das relações entre o Parque Estadual do Jalapão, por meio do NATURATINS, e as comunidades tradicionais e residentes do Parque e do entorno. Este entendimento tem permitido aos brigadistas o acompanhamento das atividades de queima para abertura de roças e de renovação de pastagens, bem como a introdução de informações quanto ao tema queimada e suas implicações. Em março de 2011 foi realizada uma reunião na Procuradoria da República no Tocantins, onde foi retomado o debate para definição do termo de ajustamento de conduta (TAC) para convivência harmônica entre as comunidades tradicionais de remanescentes de quilombolas e as unidades de conservação estadual (Parque Estadual do Jalapão) e federal (Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins). Participaram o procurador da República Álvaro Manzano, o presidente do NATURATINS Alexandre Tadeu e representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fundação Palmares e das comunidades Mumbuca, Mata Verde e Carrapato. Todavia, após consultas em sites oficiais destes órgãos não foi possível confirmar se o TAC chegou a ser assinado, mas a previsão era de que fosse assinado em dezembro de 2011. Outras ações foram realizadas, sendo que algumas ainda estão em andamento e tendem a se tornar atividades continuadas. Algumas dessas ações constam no quadro 8. No primeiro semestre de 2013, a equipe do Prevfogo/IBAMA, em parceria com a Prefeitura, RURALTINS e NATURATINS, com a cooperação técnica da GIZ por meio do Projeto Cerrado Jalapão realizam curso teóricoprático de queima controlada voltado tanto para os funcionários de órgãos públicos como para brigadistas, mas, especialmente, para os pequenos produtores rurais. 11

Nos primeiros anos de criação do Parque, as atividades de combate a incêndios florestais foram realizadas por meio de uma brigada voluntária, onde os brigadistas se organizaram e criaram a Associação da Brigada Civil de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Município de Mateiros (Fogo Apagou), uma das principais parceiras no combate. Atualmente, o PEJ forma a brigada de prevenção e combate a incêndios florestais contratando 8 brigadistas e, juntamente com outros 10 brigadistas cedidos pela Prefeitura formam o contingente para a execução dos trabalhos de manutenção do PEJ, em especial as atividades voltadas para a prevenção e combate às queimadas. Como força tarefa na prevenção e combate a incêndios, o Prevfogo/IBAMA contrata brigadas desde 2009 e, para 2013 realizou a seleção e a contratação de 24 brigadistas para atuarem por um período de cinco meses. Ainda, tendo em vista que parte considerável da área da ESEC Serra Geral do Tocantins está inserida no município de Mateiros (TO) o ICMBio, também, contrata brigadas, mas, como a sede localiza se no município de Rio da Conceição (TO), conta com o apoio das brigadas de Mateiros no combate aos incêndios na área da ESEC que faz divisa com a área de Mateiros. Ainda, como alternativa para a prevenção e apoio no combate, a brigada do PEJ tem realizado a confecção de aceiros negros dentro da área do Parque com espaçamentos de 50 m. Para este ano, até o mês de julho já haviam confeccionado 30 km de aceiros e a previsão é chegar aos 80 km. Além de servirem como barreiras na eventualidade de um incêndio, os aceiros facilitam no combate onde, dependendo da situação é realizado o contrafogo para impedir seu avanço. 1.3 Histórico da ocorrência de incêndios Com base nos dados do Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais por satélite do INPE foram obtidas informações dos focos de calor nos últimos 5 anos do município de Mateiros (TO). Para as análises apresentadas neste trabalho foram utilizados somente os dados do satélite de referência (AQUA_M T), que mesmo indicando uma fração do número real de focos é mais indicado para analisar as tendências espaciais e temporais dos focos, tendo em vista que são utilizados o mesmo método e o mesmo horário de imageamento ao longo dos anos. Na figura 5 se observa o histórico dos focos de calor de 2008 a 2012, em que a média no período avaliado foi de 333 focos (AQUA_M T) ao ano. Os anos de 2010 e 2012 apresentaram valores acima da média em que foram identificados respectivamente 487 e 464 focos de calor. Fonte: PFT (2013) adaptado de INPE (2013) Figura 5 Número de focos de calor anuais no município de Mateiros (TO) do sensor AQUA_M T durante o período de 2008 2012. 12

A figura 6 apresenta a distribuição dos focos de calor nas diferentes unidades de conservação bem como nas demais áreas do município de Mateiros (TO) durante o período de 2008 a 2012. Verificase que historicamente, no período avaliado, as áreas do Parque Estadual do Jalapão e da Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins são as regiões que apresentam maior concentração dos focos de calor no município de Mateiros (TO). Estas duas unidades de conservação, em 2012, representaram cerca de 65 % do total dos focos de calor ocorridos no município. Outra área também representativa é a Área de Proteção Ambiental Jalapão que em 2012 representou aproximadamente 21 % das ocorrências de focos de calor. 100% 10,3 5,3 4,3 1,0 6,3 % de focos de calor 38,1 22,6 21,3 0,0 7,7 32,7 27,5 22,2 0,6 1,8 0,5 11,7 13,3 12,7 Fonte: PFT (2013) adaptado de INPE (2013) Figura 6 Distribuição dos focos de calor no município de Mateiros (TO) durante o período de 2008 2012 (sensor AQUA_M T). Quando analisamos isoladamente os focos de calor que ocorrem no município de Mateiros (TO) observamos que a principal tipologia vegetal onde ocorrem queimadas e incêndios florestais é o campo, onde em média ocorrem 63 % dos focos de calor (Figura 7). Outras formações vegetacionais presentes no município, tais como Cerrado Sentido Restrito e as áreas de vereda apresentam uma menor ocorrência, correspondendo, em média, respectivamente a 24,4 e 9,5 % dos focos de calor no período avaliado. % de focos de calor 80% 60% 40% 20% 0% 100% 80% 60% 40% 20% 25,5 25,9 29,2 42,6 34,1 23,0 30,8 2008 2009 2010 2011 2012 20,9 68,0 PNNRP APAST APAJ PEJ EESGT Demais áreas 1,3 3,5 4,7 2,8 3,2 9,8 13,5 6,4 9,8 8,2 22,2 25,7 60,8 63,2 20,2 32,8 54,5 20,9 0,2 7,8 20,5 68,1 0% 2008 2009 2010 2011 2012 Campo Cerrado Sentido Restrito Vereda Outras Fonte: PFT (2013) adaptado de INPE (2013) Figura 7 Distribuição dos focos de calor do satélite AQUA M T nas diferentes classes de uso do solo do município de Mateiros (TO). 13

Na figura 8 é apresentada a distribuição média dos focos de calor no município de Mateiros (TO), durante o período de 2008 a 2012. Observa se que o período crítico encontra se entre os meses de junho a setembro, sendo que os meses de agosto e setembro os mais críticos. Ainda nesta figura (8) observa se que a distribuição dos focos de calor está relacionada diretamente com as condições climáticas da região (período seco). Fonte: PFT (2013) adaptado de INMET (2013) e INPE (2013) Figura 8 Frequência média dos focos de calor nos diferentes meses do ano no município de Mateiros (TO). No quadro 1, estão apresentadas as regiões de concentração dos focos de calor e áreas queimadas no município de Mateiros (TO). Para a elaboração dos mapas foram utilizados os dados do sensor AQUA_M T do período de 2008 a 2012. Para o processamento dos dados utilizou se o estimador de densidade de Kernel que é uma ferramenta geoestatística utilizada como alternativa para análises da visão geral da distribuição espacial dos focos de calor. Neste mesmo quadro (1), são também apresentados resultados de trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Araújo et al. 2012) que utilizaram imagens MODIS para a delimitação das cicatrizes deixadas pelas queimadas e incêndios florestais. Neste trabalho, os autores, utilizaram como processo de validação dos dados as imagens Landsat. Observando visualmente os focos de calor podemos verificar uma boa proximidade dos resultados deste trabalho com os dados processados de focos de calor (estimador de densidade de Kernel). Durante o período de 2008 a 2012, o ano com a maior extensão de área queimada foi 2011, seguido pelos anos de 2010 e 2012. Em 2011 foram queimados cerca de 50 mil ha, em 2010 31 mil ha e em 2012 23 mil ha. 14

Quadro 1 Concentração dos focos de calor e áreas queimadas no município de Mateiros (TO) durante o período de 2008 a 2012. 2008 2009 2010 15

Quadro 1 Concentração dos focos de calor e áreas queimadas no município de Mateiros (TO) durante o período de 2008 a 2012 (continuação). 2011 2012 Os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Fogo (SisFogo) do Prevfogo/IBAMA, Registros de Ocorrências de Incêndios (ROI), para o município de Mateiros (TO) apresentam registros somente para o ano de 2010 e 2012 com um total de 88 registros. Apesar dos registros serem de grande relevância para a caracterização das queimadas e incêndios florestais da região, deve atentar para o fato de que os registros destas ocorrências estão relacionados diretamente com as ações das brigadas do Prevfogo, ficando os registros desta importante base de dados restritos às áreas de atuação das brigadas. Ao analisar os 88 ROI do município de Mateiros (TO) observa se que a grande maioria das localidades das ocorrências estão concentradas em áreas de florestas públicas representando 45 % das ocorrências totais (Quadro 2). Outras localidades relevantes são as Áreas Florestais e as terras de Comunidades Tradicionais, que representam cada uma 23 % dos locais de ocorrência. No que se refere ao método de detecção, o mais representativo é a atividade de rondas que representa 46 %, seguido dos alertas fornecidos por moradores do município com 20 %, monitoramento por satélite com 13 %; sobrevoos com 13 %, pontos de observação com 3 % e outras formas de detecção com 2 %. Nas atividades de combate aos incêndios florestais e 16

queimadas registradas nos ROI o combate direto foi o mais representativo com 70 % das ocorrências, seguido da extinção natural com 20 % e o combate indireto com 10 % das ocorrências. A maioria das causas dos incêndios florestais e queimadas combatidas em Mateiros (TO) são desconhecidas (58 %). Dentre as causas identificadas a renovação das pastagens é a mais frequente, representando cerca de 38 % das ocorrências. Destas a renovação das pastagens naturais é a mais representativa (34 %) do que a queima das áreas com pastagem plantada (4 %). Das outras causas identificadas nos ROI ainda são presentes 2 % de ocorrências relacionadas à queima de lixo e 2 % em função de outras causas. Quando avaliados os tipos de vegetação dos locais de ocorrências e de combate às queimadas e incêndios florestais pelas brigadas observa se que a principais tipologias atingidas são: Pastagens nativas ou campo limpo (42 %) e; Brejo, várzeas ou veredas (39 %). Nos registros também são observados outros tipos de vegetação em que foram realizadas operações de combate, como é o caso das áreas de pastagem cultivadas, áreas de regeneração/capoeira e áreas com floresta, em que respectivamente representaram cerca de 3, 5 e 11 % do total dos ROI. Quadro 2 Avaliação estatística dos Registros de Ocorrências de Incêndios (ROI) da base de dados SisFogo/Prevfogo em 2010 e 2012. Localidade das ocorrências Método de detecção Propriedade Rural 9% Área Florestal 23% Monitor. por satélite 13% Ponto de observação 6% Outros 2% Ronda 46% Sobrevôo 13% Floresta Pública 45% Comunidade Tradicional 23% Morador do município 20% Forma de combate Causas dos incêndios Extinção natural 20% Outras Queima de lixo 2% 2% Renovação da pastagem natural 34% Combate Indireto 10% Combate Direto 70% Desconhecida 58% Renovação da pastagem plantada 4% 17

Quadro 2 Avaliação estatística dos Registros de Ocorrências de Incêndios (ROI) da base de dados SisFogo/Prevfogo em 2010 e 2012 (continuação). Tipo de vegetação atingida Mata ou Floresta 11% Área em regeneração ou capoeira 5% Pastagem Cultivada 3% Pastagem Nativa ou Campo Limpo 42% Brejo, Várzea ou Vereda 39% 1.4 Áreas prioritárias para a proteção Na definição das áreas prioritárias para a proteção contra incêndios adotou se basicamente as áreas de unidades de conservação do municipío como critérios para a delimitação dessas regiões. A escolha deste critéiro, para a definição das áreas prioritárias foi baseada no fato de que o programa de brigadas de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Prevfogo prevê como prioritária as UC. Entretanto é necessário uma elaboração mais detalhada das áreas de prioridades no interior das unidades de conservação, visto que o municipío apresenta grande parte de sua extensão coberta por UC. Assim, é necessária uma avaliação mais detalhada para avaliar as áreas com a presença de espécies raras ou ameaçadas de extinção, áreas intangíveis, atividades antrópicas dentro das UC, vegetações mais suscetíveis aos efeitos do fogo, atividades de risco na região, bem como outras informações pertinentes para a elaboração destes mapas. As classes de prioridade foram definidas com base na existência ou não de UC, bem como nas diferentes categorias das UC (Proteção Integral e Uso Sustentável) existentes no município de Mateiros (TO). Assim as áreas com UC de proteção integral foram definidas com extrema prioridade, as UC de uso sustentável como de alta prioridade e as áreas não pertecentes a UC como de média prioridade. Na figura 9 é apresentado o mapa das áreas prioritárias para a proteção e para as ações de combates às queimadas e incêndios florestais no município de Mateiros (TO). 18

Figura 9 Áreas prioritárias para a proteção contra incêndios e queimadas em Mateiros (TO). No quadro 3 é apresentada uma descrição sucinta das diferentes áreas numeradas no mapa da figura 9, das Áreas Prioritárias para a Proteção contra Incêndios Florestais e Queimadas, do município de Mateiros (TO). Quadro 3 Descrição das áreas apresentadas no mapa das áreas prioritárias para a proteção contra incêndios florestais e queimadas de Mateiros (TO). N no mapa Prioridade para proteção 1 Alta 2 Extremamente alta 3 Alta 4 Extremamente alta 5 Média Descrição da área APA Jalapão: nesta localidade encontra se o atrativo turístico da Cachoeira da Velha que faz divisa com o Parque Estadual do Jalapão (rio Novo). Parque Estadual do Jalapão: nesta localidade encontram grande parte dos atrativos turísticos (Dunas, Fervedouro e Cachoeira do Formiga) bem com a Serra do Espírito Santo, Serra do Porco e Jalapinha. APA Jalapão: área em que se encontra grande parte da rodovia TO 255, que liga Mateiros a Ponte Alta do Tocantins. Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba: região entre o rio da Prata e o rio Come Assado, no extremo leste desta região, observa se que as atividades agrícolas estão próximas ao limite do Parque. Áreas sem a presença de UC: região entre o rio Come Assado e o rio Galhão. Nesta região estão presentes atividades agrícolas nas áreas planas, que se encontram mais concentradas na porção leste. 6 Alta APA da Serra da Tabatinga: região quase que em sua totalidade coberta por área de atividade agrícola 7 Extremamente alta 8 Média ESEC Serra Geral do Tocantins: região onde se encontra a Serra Geral, a Serra da Estiva e a Serra do Meio. Nesta região são realizadas coletas do capim dourado. Áreas sem a presença de UC: região de platôs com agricultura extensiva (cultivo de soja e milho), próximo a Vila Panambi e Fazenda Formosa. 19

1.5 Áreas com maior risco de incêndios Plano operativo de prevenção e combate aos incêndios florestais Mateiros (TO) Para a delimitação das áreas de maior risco de incêndios florestais e queimadas foram utilizadas informações locais obtidas durantes os levantamentos de campo associadas às outras informações, tais como: focos de calor, projetos executados anteriormente e a localização das comunidades. Na figura 10 é apresentado o mapa com as áreas com maior risco de incêndios florestais e ao fundo encontra se a espacialização dos dados de focos de calor (AQUA_M T) do período de 2008 a 2012. Neste mapa a coloração vermelha indica as áreas com maior frequência e a coloração verde as localidades com menor frequência de focos de calor. Figura 10 Áreas de risco de incêndios florestais e queimadas no município de Mateiros (TO). Com base nas informações obtidas durante a execução dos trabalhos de campo foi possível identificar alguns dos principais riscos de incêndios florestais e queimadas no município de Mateiros (TO). No quadro 4 é apresentada uma breve descrição das diferentes áreas delimitadas como de maior risco e também uma breve descrição dos riscos associados. Para a elaboração de um mapa de risco de incêndios de forma mais precisa, é necessário um levantamento de informações mais detalhado. Em função da extensão do município de Mateiros (TO), bem como as dificuldades de acesso existentes, os levantamentos realizados foram bastante restritos quando analisamos a área total do município. Neste sentido para uma melhor definição das áreas de risco de incêndios florestais e queimadas é necessário coletar mais dados. Os brigadistas da região os que poderiam contribuir significativamente para a melhoria da qualidade destas informações e atualização desses dados. 20

Quadro 4 Descrição das áreas de risco de incêndios florestais e queimadas do município de Mateiros (TO) apresentado no mapa da figura 10. N no mapa A B C D E Descrição da área Região que abrange o Parque Estadual do Jalapão e a APA Jalapão. Nesta região a principal causa está associada à criação de gado em que se utiliza o fogo para a renovação das áreas de pastagem natural. Região da APA Jalapão Região da ESEC Serra Geral do Tocantins onde se realiza coleta de capim dourado e queima de pasto natural, parte destes incêndios pode estar relacionada a estas atividades. Também nesta localidade ocorre a presença de caçadores que fazem uso do fogo. Região que não se encontra inserida em nenhuma UC. Nesta localidade nos platôs são presentes as atividades agropecuárias. Nesta região estão presentes pequenas criações de gado, bem como a prática da caça. Região da ESEC Serra Geral do Tocantins onde se realiza coleta de capim dourado, parte dos incêndios podem estar relacionados a esta atividade. Também nesta localidade encontram se a presença de caçadores que fazem uso do fogo. 21