APROVAÇÃO DE NOVA REGULAMENTAÇÃO DO SECTOR DO GÁS NATURAL DA RESPONSABILIDADE DA ERSE

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Transcrição:

Comunicado APROVAÇÃO DE NOVA REGULAMENTAÇÃO DO SECTOR DO GÁS NATURAL DA RESPONSABILIDADE DA ERSE Nesta data procede-se à aprovação da nova Regulamentação do Sector do Gás Natural da responsabilidade da ERSE sendo aprovados os seguintes regulamentos: (i) Regulamento do Acesso às Redes, às Infra-Estruturas e às Interligações, (ii) Regulamento de Operação das Infra-estruturas, (iii) Regulamento da Qualidade de Serviço, (iv) Regulamento de Relações Comerciais e (v) Regulamento Tarifário. A nova regulamentação agora aprovada precede o início do 2.º período de regulação do sector do gás natural com a duração de três anos com início a 1 de Julho de 2010. O processo de aprovação da regulamentação do gás natural foi precedido de uma ampla consulta pública a 30.ª Consulta Pública da ERSE - iniciada a 30 de Outubro de 2009, com a apresentação de propostas de alteração de cada um dos regulamentos devidamente justificadas. A 4 de Dezembro de 2009 realizou-se uma audição pública em que os vários interessados no sector expressaram publicamente a sua opinião e os seus pontos de vista, tendo sido também recebidos nesta data diversos comentários por escrito. Importa sublinhar que a qualidade dos comentários apresentados pelos vários interessados no sector permitiu robustecer a proposta apresentada a consulta pública, melhorando a qualidade das regras agora aprovadas. Toda a informação apresentada pela ERSE à consulta pública, as apresentações efectuadas na audição pública pelos vários interessados, os comentários recebidos, os pareceres do Conselho Tarifário e do Conselho Consultivo onde estão representados os vários interesses do sector desde os consumidores à indústria do gás natural, a resposta da ERSE a todos os comentários justificando a aceitação ou recusa das propostas apresentadas e por fim os regulamentos ora aprovados são disponibilizados na página de internet da ERSE em http://www.erse.pt/pt/consultaspublicas/consultas/paginas/30consultapublica.aspx. Agradece-se a participação de todos neste processo de consulta pública. Seguidamente apresentam-se as principais alterações introduzidas com a apresentação desta nova regulamentação. 1

1. COMPETITIVIDADE E ABERTURA DE MERCADO A ERSE tem vindo a introduzir um conjunto de medidas que permitem oferecer aos agentes de mercado maior flexibilidade na utilização das infra-estruturas, situação indutora de uma maior concorrência no sector do gás natural. Com a presente revisão dos regulamentos, a ERSE continua a trilhar este caminho, introduzindo novas medidas que visam facilitar a entrada de agentes no mercado, favorecendo-se a concorrência entre agentes e a eficiência na utilização das infra-estruturas. As opções agora aprovadas, ao facilitarem o acesso às infra-estruturas de gás natural, contribuem para aumentar a sua utilização e consequentemente para a redução dos seus custos unitários. As alterações introduzidas traduzir-se-ão naturalmente em benefício dos consumidores, através da prática de preços mais eficientes e competitivos. As alterações introduzidas, que seguidamente se apresentam, serão acompanhadas pela ERSE de forma atenta. A reacção e comentários dos utilizadores serão determinantes para a sua futura adaptação e melhoria. Variabilização das tarifas de curta duração no acesso à rede de transporte e ao terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) A aprovação de tarifas de curta duração, que incluem apenas termos de energia, torna os pagamentos totalmente dependentes da utilização das infra-estruturas, permitindo reduzir os custos unitários de utilização das mesmas por comercializadores com utilizações pontuais e/ou pequenos. Adopção de uma nova estrutura tarifária no acesso ao terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) Adopta-se uma nova estrutura na tarifa de acesso ao terminal de GNL, tornando-a aderente à estrutura dos custos incrementais dos serviços prestados pelo terminal (recepção, armazenamento de GNL, e regaseificação). Fomenta-se assim uma utilização mais eficiente dos vários serviços disponibilizados pelo terminal. Esta alteração permite igualmente reduzir os preços de armazenamento de GNL, em benefício dos comercializadores entrantes de menor dimensão, que devido ao facto de necessitarem de ter o gás mais tempo no armazenamento acabam por ter um custo médio de utilização dessa infra-estrutura mais elevado que o dos comercializadores de maior dimensão. 2

Adopção de tarifas de entrada e de saída no acesso à rede de transporte A introdução de tarifas de uso da rede de transporte do tipo entrada/saída com preços diferenciados para os pontos de entrada e de saída, em linha com as melhores práticas a nível europeu, permite antecipar a transposição de regra prevista no 3ª pacote de energia, que define claramente que as tarifas devem permitir a diferenciação por pontos de entrada e de saída da rede, e contribui para uma maior harmonização com Espanha, no quadro da criação do MIBGAS. A nova estrutura tarifária permitirá fornecer sinais locacionais de preço onde eventualmente existam restrições de capacidade de rede e premiar os trânsitos que contribuam para a libertação de capacidade para o mercado, sinalizando-se uma utilização mais eficiente da rede de transporte. Atribuição de capacidade nas infra-estruturas A existência de capacidade disponível para fins comerciais no armazenamento subterrâneo, ocorrida a partir de Janeiro passado, abriu uma nova fase no processo de atribuição de capacidade nas infra-estruturas do SNGN, dando aos agentes de mercado uma flexibilidade suplementar na sua actividade. Nesse mesmo sentido, foram clarificadas algumas das disposições relativas ao modelo de atribuição de capacidade nas infra-estruturas. Por outro lado, tendo em vista fomentar uma utilização eficiente das infra-estruturas no quadro da criação do MIBGAS, a ERSE irá acompanhar atentamente a aplicação do actual modelo de atribuição de capacidade nas infra-estruturas, de forma a avaliar os seus resultados, com vista à introdução de possíveis melhorias e eventual revisão. Consideração do terminal de GNL como ponto de saída da rede de transporte A consideração do terminal de GNL como ponto de saída da rede de transporte permite oferecer capacidade de armazenamento (em GNL) adicional aos agentes de mercado. Esta opção permite oferecer aos agentes de mercado mais flexibilidade para equilibrar o seu aprovisionamento às condições variáveis da sua procura. Metodologia de cálculo do custo com capital A presente revisão regulamentar reformula a metodologia de cálculo do custo com capital, que previa um alisamento a 40 anos, nas infra-estruturas de redes e no terminal de GNL. Esta alteração promove a competitividade do sector permitindo, já nos próximos anos, uma substancial redução das tarifas de acesso ao terminal, tornando-o mais concorrencial no âmbito Ibérico. A nova metodologia permite também uma maior aderência das tarifas aos custos, em cada ano, reduzindo os encargos associados a desvios a suportar por todos os consumidores de gás natural. 3

Equivalência das regras de interrupção do fornecimento por falta de pagamento no mercado regulado e no mercado liberalizado A falta de pagamento de uma factura constitui um dos fundamentos para a interrupção do fornecimento de gás natural. Até agora apenas os comercializadores de último recurso gozavam da prerrogativa de solicitar ao operador da rede de distribuição respectivo a interrupção por existência de dívida. No mercado liberalizado, a interrupção do fornecimento só poderia ocorrer após a cessação do contrato. A revisão regulamentar veio equiparar este direito entre os comercializadores de último recurso e os comercializadores em regime de mercado, permitindo a estes últimos o recurso à interrupção do fornecimento do cliente que não pagou as suas facturas de gás natural. Com esta medida pretendem-se criar condições favoráveis ao desenvolvimento do mercado de gás natural, designadamente através do aumento da concorrência entre comercializadores e do funcionamento mais eficiente do mercado liberalizado. 2. PROTECÇÃO DOS CONSUMIDORES DE GÁS NATURAL A presente alteração dos regulamentos contribui para uma maior protecção dos consumidores do sector do gás natural. Destacam-se as seguintes alterações: Padrões de qualidade de serviço mais exigentes Os clientes domésticos tinham o direito de ver restabelecido o fornecimento de gás natural, após a regularização de dívida, até às 17 h do dia útil seguinte. A nova regulamentação veio determinar que esse restabelecimento deve ter lugar no prazo de 12 h, suspendendo-se a sua contagem nos dias úteis entre as 20h e as 8h do dia seguinte. A prontidão na resposta a reclamações constituiu um importante aspecto do relacionamento comercial entre as empresas e os seus clientes. Neste sentido, o Regulamento da Qualidade de Serviço prevê a obrigação de as empresas responderem às reclamações que lhes são dirigidas, sob pena de compensarem o cliente (20 euros) em caso de incumprimento do prazo de resposta estabelecido. Com a revisão regulamentar agora aprovada, o prazo de resposta às reclamações passará de 20 dias úteis para 15 dias úteis a partir do dia 1 de Julho de 2011. Melhor informação e protecção do consumidor A Internet surge cada vez mais como um canal privilegiado na divulgação de informação e no contacto entre as empresas e os seus clientes. Considerando esta realidade, os regulamentos passaram a consagrar a obrigatoriedade de todas as empresas disporem de uma página na Internet. 4

Com o objectivo de obter uma comunicação efectiva com o consumidor de gás natural, a nova regulamentação vem promover a possibilidade das empresas, para além das comunicações escritas obrigatórias, recorrerem às novas tecnologias de informação e de comunicação. Esta inovação está prevista expressamente no Regulamento de Relações Comerciais para efeitos de conhecimento do pré-aviso de interrupção do fornecimento e no Regulamento da Qualidade de Serviço em matéria de agendamento das visitas combinadas para prestação de serviços, que requerem a presença do consumidor na sua instalação de consumo. Ainda no âmbito das comunicações entre as empresas e os seus clientes, área que tem suscitado diversas reclamações junto da ERSE, foi reconhecida a necessidade de se recolher informação objectiva sobre o grau de eficácia na recepção das comunicações escritas pelos clientes. Neste sentido, o Regulamento da Qualidade de Serviço passou a prever a obrigação para as empresas de elaborarem estudos sobre a eficácia na recepção destas comunicações, com uma periodicidade de três em três anos. Nas situações de atraso no pagamento das facturas, muitas das empresas reduzem os meios de pagamento disponíveis ao seu balcão de atendimento, tornando obrigatória a deslocação do consumidor para efeitos de regularização da dívida. Tendo em vista facilitar e promover o pagamento dos valores em dívida, a regulamentação estabelece a obrigação dos comercializadores de último recurso passarem a disponibilizar pelo menos dois meios de pagamento das facturas, para as situações de atraso no pagamento, considerando cada caso concreto. Separação de actividades e de imagens Com o objectivo de reforçar a independência, a isenção e a imparcialidade dos operadores das redes de distribuição e dos comercializadores de último recurso que sirvam um número de clientes superior a 100 000, a nova regulamentação veio determinar que estas entidades devem adoptar as seguintes medidas: Dispor de um Código de Conduta. Diferenciar a sua imagem das restantes entidades que actuam no sector. Disponibilizar uma página na Internet autónoma. Além da extensão da obrigação de existência de Códigos de Conduta aos comercializadores de último recurso, estes documentos passam a integrar um conjunto de procedimentos a utilizar no serviço de atendimento aos consumidores. 5

A diferenciação de imagem dos operadores das redes de distribuição e dos comercializadores de último recurso visa contribuir para tornar perceptível para os consumidores quem é quem no mercado de gás natural e as actividades que cada empresa desenvolve em concreto, exigindo-se designações distintas que permitam identificar o tipo de actividade desenvolvida. Tarifa de Comercialização A variabilização efectuada nas tarifas de Comercialização, com a introdução de um termo variável dependente da energia, favorece a redução da tarifa aplicada aos consumidores mais pequenos de cada grupo tarifário. Esta situação facilita o acesso ao gás natural, considerado um serviço essencial com obrigação de serviço público, pelos pequenos consumidores. A introdução de um termo de energia promove igualmente a eficiência económica, na medida em que se melhora para cada consumidor a aderência entre os pagamentos da tarifa e os custos causados. Esta opção contribui de igual modo para a redução do desperdício e para a promoção da eficiência no consumo de energia. Uniformidade tarifária nacional para fornecimentos inferiores ou iguais a 10 000 m 3 Foi aperfeiçoado o modelo de implementação da uniformidade tarifária nos clientes com consumos anuais inferiores ou iguais a 10 000 m 3, por forma a assegurar-se uma convergência tarifária mais célere, acautelando-se sempre eventuais impactos tarifários nos consumidores de gás natural, preocupação que assume uma importância acrescida na actual conjuntura económica. 3. REDUÇÃO DE CUSTOS E INCENTIVOS À EFICIÊNCIA Em linha com as melhores práticas europeias, a ERSE introduziu incentivos à eficiência e controlo de custos nas actividades reguladas. Incentivos à eficiência no transporte, distribuição e terminal de GNL No início de um novo período de regulação a ERSE decidiu reanalisar o modelo de regulação a implementar, tendo em conta as vantagens e inconvenientes do modelo regulatório existente e o interesse em criar incentivos que promovam um comportamento mais eficiente dos operadores de infra-estruturas reguladas. A adopção de metas de eficiência nos custos operacionais das empresas reguladas visa, essencialmente, a redução destes custos, e será aplicada em associação com outros instrumentos de 6

regulação, nomeadamente a monitorização da qualidade de serviço, garantindo que a redução de custos, em benefício dos consumidores é conseguida sem prejuízo da qualidade do serviço prestado. Assim, a partir de 2010, com o objectivo de reduzir os custos operacionais, a regulação económica por incentivos, mediante a aplicação de metas de eficiência, estende-se às redes de distribuição e de transporte de gás natural e ao terminal de GNL, mantendo-se na actividade de comercialização regulada. Monitorização dos custos de aquisição de gás natural De modo a melhorar o processo de monitorização e controlo do custo de aquisição de gás natural, que é imputado ao comercializador de último recurso grossista e por essa via, a todos os consumidores do mercado regulado, adoptou-se uma metodologia mais detalhada de acompanhamento destes custos. Com esta medida pretende-se reforçar o rigor e a transparência na determinação destes proveitos regulados. Controlo das contas reguladas Na nova regulamentação a informação de natureza económica a prestar pelas empresas deverá basear-se em anos civis, sendo os proveitos permitidos determinados com base nos anos civis que integram o ano gás. Esta alteração apresenta as seguintes vantagens face à situação actual: Simplificação da informação a enviar pelas empresas. Melhoria da comparabilidade entre contas reguladas e contas estatutárias. Maior fiabilidade dos valores incluídos nos proveitos permitidos (previsões). Auditorias mais eficazes em termos de benefícios/custos. Esta metodologia protege os interesses dos consumidores diminuindo custos, na medida em que melhora a aderência dos valores finais ajustados, que determinam os proveitos permitidos, às variáveis estabelecidas no Regulamento Tarifário. Adicionalmente, a proposta formulada simplifica a actividade das empresas reguladas, no que concerne ao esforço de preparação e certificação das contas reguladas. 7

4. REFORÇO DA CAPACIDADE DE SUPERVISÃO, MONITORIZAÇÃO E AUDITORIA O contexto internacional tem suscitado que os reguladores intensifiquem esforços no sentido de garantir o reforço dos mecanismos de controlo e monitorização das disposições regulamentares, aumentando deste modo a defesa dos interesses dos consumidores. Nesse sentido, a ERSE nesta revisão regulamentar, promoveu a simplificação e clarificação dos procedimentos adoptados no âmbito da sua actuação, seja através da harmonização entre contas reguladas e contas estatutárias, seja pela explicitação da metodologia do cálculo do custo de aquisição de gás natural, seja ainda pelo tipo de auditorias a desenvolver. Todas as alterações que irão ser implementadas consubstanciam um acréscimo de rigor na actuação da ERSE. Auditorias A ERSE considera que a realização de auditorias é um complemento à sua actuação indispensável à verificação da aplicação dos regulamentos. Neste novo regime, a ERSE é chamada a participar mais activamente na realização das auditorias, pretendendo garantir uma verificação simultaneamente mais especializada e mais alargada da aplicação eficaz dos regulamentos, com conteúdos cada vez mais abrangentes e diversificados. A amplitude do campo de actuação da ERSE ao nível da verificação do cumprimento dos regulamentos, justifica a entrega a entidades externas, independentes e de reconhecida competência e idoneidade, de auditorias especializadas. A intervenção da ERSE e o nível de desempenho do sector do gás natural sairão reforçados com a aprovação a priori dos critérios de selecção dos auditores e dos conteúdos das auditorias. Supervisão do mercado retalhista Num contexto de desenvolvimento do mercado retalhista e de reforço da concorrência torna-se necessário melhorar as ferramentas utilizadas no exercício de supervisão do mercado e de promoção da transparência, designadamente no que respeita a divulgação de informação. Neste sentido a ERSE está a desenvolver uma metodologia de supervisão de preços no mercado retalhista com vista a efectuar um acompanhamento dos preços praticados pelos diversos comercializadores. Recomendações Com esta nova figura, a ERSE pretende dar a conhecer o seu entendimento sobre a melhor forma de dar cumprimento às obrigações estabelecidas ou de orientar a implementação de uma medida inovadora ou mais complexa. Não sendo vinculativas, o não acolhimento das recomendações implica 8

para as empresas o dever de enviar à ERSE informação que justifique a sua inobservância ou a demonstração das diligências desenvolvidas com vista à prossecução do objectivo pretendido com a recomendação. Esta informação deve ser igualmente divulgada publicamente pelas empresas destinatárias da recomendação, nomeadamente nas suas páginas na Internet. Do mesmo modo, a ERSE promoverá a divulgação pública das recomendações, bem como das acções adoptadas pelas empresas visadas ou as razões do seu incumprimento. 9