NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA EXAME DE ORDEM Recurso em face do padrão de resposta da prova prático-profissional de Direito Civil do X Exame da OAB: 1. Para os examinandos que não formularam a peça processual de Embargos de terceiro : No padrão de resposta da prova prático-profissional de Direito Civil, do X Exame da OAB, a peça indicada como correta é a inicial de Embargos de Terceiro. Ocorre que não é possível deixar de considerar outras petições iniciais que igualmente tiveram por objetivo afastar a constrição judicial invasiva sobre o imóvel adquirido por José Afonso. Isso porque, no sistema processual vigente, a petição inicial deve ser analisada segundo sua causa de pedir e pedido, sendo irrelevante o nome atribuído à demanda. Assim, deve ser realizada a correção da peça processual do examinando que efetivamente buscou a defesa dos interesses de seu cliente em juízo. Ademais, o Edital apenas permite a atribuição de nota ZERO na redação da peça processual no caso de indeferimento liminar por inépcia, conforme se depreende do item 4.2.6, in verbis: 4.2.6 - Nos casos de propositura de peça inadequada para a solução do problema proposto, considerando, neste caso, aquelas peças que justifiquem o indeferimento Iiminar por inépcia, principalmente quando se tratar de ritos procedimentais diversos, como também não se possa aplicar o princípio da fungibilidade nos casos de recursos, ou de apresentação de resposta incoerente com situação proposta ou de ausência de texto, o examinando receberá nota ZERO na redação da peça profissional ou na questão. 1
Os casos de inépcia da inicial estão descritos no art. 295, parágrafo único, do Código de Processo Civil: Art. 295 Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; III - o pedido for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. O Superior Tribunal de Justiça destaca que: Só se deve decretar inepta a petição inicial quando for ininteligível e incompreensível (STJ, 1º Turma, REsp 640.371/SC, rel. Min. José Delgado, DJ 08.11.2004) Nesse sentido: Se dela [petição inicial] consta o pedido e a causa de pedir, ainda que o primeiro formulado de maneira pouco técnica e a segunda exposta com dificuldade, não há que se falar em inépcia da petição inicial. O que interessa é se da exposição e do requerimento do autor consegue-se compreender o motivo pelo qual está em juízo e a tutela jurisdicional que pretende obter, ainda que confusa ou imprecisa a inicial. (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de Processo Civil Comentado, São Paulo: RT, 2010, p. 303) (grifos acrescidos) Ainda, o Edital do X Exame da OAB enfatiza: 3.5.9 - Para realização da prova prático-profissional o examinando deverá ter conhecimento das regras processuais inerentes ao fazimento da mesma. 4.2.1 - As questões e a redação de peça profissional serão avaliadas quanto à adequação das respostas ao problema apresentado. Dessa forma, o examinando que efetivamente buscou a proteção aos interesses de seu cliente, objetivando livrar a constrição judicial sobre o imóvel, deverá ter sua peça processual corrigida, uma que houve adequação ao problema apresentado. 2
Diante do exposto, requer-se seja acolhido o recurso, para que seja promovida a correção da peça processual formulada pelo examinando com a conseqüente majoração da nota final. 2. Para os examinandos que não obtiveram atribuição de pontos em quesitos efetivamente cumpridos: Nessa hipótese o recurso deverá: (i) Indicar qual é o quesito do gabarito e qual a pontuação atribuída; (ii) Apontar em qual linha o examinando efetivamente fez referência ao que o gabarito exigiu e, (iii) Concluir requerendo a pontuação integral do quesito com a conseqüente majoração da nota final do examinando. Por exemplo: A Banca Corretora da prova prático-profissional não atribuiu nota alguma no quesito Distribuição por dependência ao juízo da execução - 0,00/0,30 embora o recorrente tenha indicado expressamente esse quesito nas linhas 10 e 11 de seu caderno de resposta. Assim, requer-se, respeitosamente, a pontuação integral do quesito e a conseqüente majoração da nota final. Diante do exposto, requer-se seja acolhido o recurso, para que seja promovida a majoração da nota final, uma vez presentes os quesitos exigidos pelo padrão de resposta. 3. Para os examinandos que desejam recorrer da questão prática 1: A questão 1 da prova prático-profissional formulou a seguinte pergunta: B) Se Joaquim falecesse no curso do processo, como os herdeiros poderiam pleitear inclusão na relação processual? (Valor: 0,50) 3
No padrão de resposta constou: Identificação de que o procedimento é o de habilitação (0,20),nos termos do Art. 1.060 do CPC (0,10), mediante prova do óbito (0,10) e da qualidade de herdeiro (0,10). Conforme se verifica, o padrão de resposta não fez previsão expressa de outros dispositivos igualmente aplicáveis ao caso, quais sejam: (i) Artigo 43 do Código de Processo Civil que trata da sucessão processual no caso de falecimento; (ii) Artigo 1055 e/ou 1056 do Código de Processo Civil que trata da Habilitação; (i) Artigo 43 do Código de Processo Civil que trata da sucessão processual no caso de falecimento; O artigo 43 do Código de Processual faz previsão da sucessão processual em caso de falecimento. Essa sucessão, inclusive, é obrigatória: Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição processual pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observada a suspensão do processo ate a habilitação dos substituídos (art. 43). (DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 2010, p.155) Sobre a sucessão em caso de morte, destaca-se: Se não houver dúvida sobre quem sejam os sucessores, ela se fará desde logo, nos próprios autos. Se houver dúvida, será necessário recorrer ao processo de habilitação, que vem regulado no CPC, arts. 1055 e ss. (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. São Paulo: RT, 2013, p. 190) (grifos acrescidos) 4
Assim, como a questão não se refere à dúvida sobre quem sejam os herdeiros, o padrão de resposta deverá considerar também como resposta correta aquela em que o examinando se referiu ao art. 43 do CPC. (ii) Artigo 1055 e/ou 1056 do Código de Processo Civil que trata da Habilitação; Os artigos 1055 e 1056 o Código de Processo Civil também se referem ao processo de Habilitação e também deveriam ter sido mencionados no padrão de resposta. Assim, como é cabível o processo de Habilitação, deve ser acrescido ao gabarito todos os dispositivos legais que tratam desta demanda, a fim de que seja atribuída nota ao examinando que expressamente fez referencia aos dispositivos. Diante do exposto, requer-se seja acolhido o recurso, para que seja promovida a majoração da nota final do examinando. 5