O SR. VALDIR COLATTO (PMDB-SC) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, venho tratar de um tema que me é extremamente caro. Falo sobre a importância e o significado dos Símbolos Nacionais, notadamente a bandeira brasileira, nos diferentes momentos históricos do nosso país. Uma importância, Senhor Presidente, às vezes negligenciada, esquecida, mas que emerge com um vigor inesperado em algumas ocasiões, por exemplo nas grandes competições esportivas, quando o nosso Hino embala o hasteamento da Bandeira, alardeando que o Brasil é vitorioso, que temos de que nos orgulhar! Nessas ocasiões, o povo se veste de verde e amarelo, carrega bandeirinhas nas mãos, nos carros, nas bicicletas, no peito, trazendo às ruas o sentimento pátrio que muitos dizem inexistir. **
2 É quando ouvimos e cantamos o Hino Nacional, portamos com galhardia a Bandeira, ignorando por completo a Legislação que, convenhamos, precisa ser alterada. Que mal pode haver em vestir uma camiseta com a bandeira do Brasil, usá-la para marcar produtos genuinamente brasileiros, colocá-la num carro? Esse é um novo jeito de civismo, expressão autêntica do sentimento popular, do orgulho nacional, muito embora muitos digam que é um sentimento efêmero, menor. Digo que é diferente, mas maravilhoso, portentoso, nobres Colegas, apesar de suas manifestações serem esporádicas. Temos de pensar em como promover o resgate do conhecimento acerca dos Símbolos Nacionais, do respeito a eles, mas não podemos desprezar manifestações tão puras, tão verdadeiras, de amor pelo Brasil. **
3 Essas manifestações acontecem hoje porque os tempos atuais comportam atitudes mais volitivas, mais livres, e elas devem servir de fomento para despertar outras formas de civismo, igualmente importantes que, por razões históricas, acabaram sendo negligenciadas. Aos saudosistas, lembro que os Símbolos da Pátria devem ser conhecidos, amados, respeitados, mas sem imposições descabidas. Promover esse resgate é dever de todos nós, e o momento histórico é absolutamente favorável. Hoje, é raro encontrar um jovem que saiba questões simples como o significado das cores da Bandeira, quem são os autores do Hino Nacional ou em que circunstâncias são empregados o Brasão e o Selo Nacional. Que dirá saber, por exemplo, que a nossa bandeira foi criada em 19 de novembro de 1889, quatro dias depois da proclamação da República, e que o desenho foi feito por **
4 Décio Vilares, inspirado na bandeira do Império, obra do pintor francês Jean-Baptiste Debret. Ou, ainda, que o verde, além de representar nossas matas, remete ao Positivismo de Augusto Comte, assim como a frase Ordem e Progresso. Quantos saberiam, ainda, que, até 1992, as estrelas do círculo azul representavam exatamente o céu do Rio de Janeiro com a constelação do Cruzeiro do Sul, às 8h30 de 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da República? Em que casa ou em que escola se aprende hoje que o Brasão Nacional representa a glória, a honra e a nobreza do Brasil e foi criado na mesma data que a Bandeira, sendo seu uso obrigatório nos edifícios-sede dos três Poderes dos governos federal, estaduais e municipais, além dos quartéis militares e policiais e em todos os papéis oficiais de nível federal? **
5 Ou, ainda, que a finalidade do Selo Nacional é a autenticação dos documentos oficiais, e seu uso é obrigatório em qualquer ato do governo e em diplomas e certificados escolares? Seguramente, pouco se sabe também sobre o belíssimo Hino Nacional, cuja música, composta por Francisco Manuel da Silva, amparou o poema de Joaquim Osório Duque Estrada quase um século depois, e que o conjunto só foi oficializado pela Lei nº 5.700, em 1971. Quando muito, as crianças aprendem alguns de seus versos nos momentos em que ele embala nosso orgulho e sustenta o hasteamento da nossa bandeira, dando conta de que o Brasil venceu, mais uma vez! Por falar na Lei nº 5.700/71, quero lembrar que ela foi sancionada em um momento em que o Brasil vivia sob um regime de exceção, ocasião em que os símbolos nacionais **
6 assumiam muito mais a conotação de propriedade do Estado do que patrimônio do povo brasileiro. Hoje, quando se pode respirar liberdade política e de opinião a plenos pulmões, aconteceu um verdadeiro resgate popular desses símbolos, os quais se apresentam muito mais como motivo de orgulho dos cidadãos que como objetos de idolatria. Ilustra bem essa assertiva, a popularização de nossa bandeira em momentos como a Copa do Mundo de Futebol, onde todos querem, literalmente, vestir o Brasil, ostentar a Pátria e demonstrar o orgulho de ser filho dessa grande mãe gentil. Ora, Senhor Presidente, não permitir a expressão desse sentimento é uma é uma incongruência! Também é descabido impedir, pelo mesmo diploma legal, que os empresários nacionais aponham em seus **
7 produtos genuinamente brasileiros o símbolo máximo de nossa nação. Ilustra bem isso a nossa Cachaça, bebida definida por Decreto Presidencial como típica do Brasil, não poder usufruir o direito de enriquecer o seu rótulo com esse distinguido símbolo nacional. Ocorre que, à luz do disposto na atual redação da Lei nº 5.700/71, essas manifestações representam ilegalidades e devem ser coibidas. Resgatar o conhecimento perdido, negligenciado, é dever de todos nós, Senhor Presidente. Cantar o Hino Nacional, respeitar a Bandeira, saber da história e da importância dos Símbolos Nacionais é, sem dúvida, elementar em um País que está em franca recuperação da sua auto-estima. **
8 Mas, para isso, é preciso aceitar as transformações culturais, entender o momento histórico e acatar novas formas de expressão, de amor pela Pátria, como ponto de partida para esse resgate. Por acreditar que fortalecer o sentimento pátrio passa por atualizar a legislação, eliminar tais incongruências, que não coadunam com a realidade atual e com esse sentimento popular, apresentei nesta Casa o PL nº 2.271/07, para alterar a Lei 5.700, de 1 de setembro de 1971, no que dispõe sobre a forma e a apresentação dos Símbolos Nacionais". Mais especificamente, revogar os impedimentos expressos no inciso III Usá-la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna, ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar e IV Reproduzi-la em rótulos ou invólucros de produtos expostos à venda. **
9 Acredito que esse é o ponto de partida para o fortalecimento do civismo, para o resgate do conhecimento acerca dos Símbolos da Pátria e, em conseqüência, para o fortalecimento do amor e respeito a eles. Exorto os nobres Pares a trabalharmos juntos nessa empreitada. Era o que tinha a dizer **
10 ArquivoTempV.doc **