PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E NOVOS SENTIDOS PARA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO, EXPERIÊNCIAS DE UMA ESCOLA ESTADUAL.

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Transcrição:

PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E NOVOS SENTIDOS PARA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO, EXPERIÊNCIAS DE UMA ESCOLA ESTADUAL. Carlos Alberto Oliveira Gomes Escola Estadual Antônio Viana de Souza Palavras-chave: Ensino Médio, Planejamento Participativo, Currículo. Resumo O seguinte relato de experiência trata-se de um planejamento participativo, este que veio como proposta para aproximar os alunos desta comunidade escolar às suas necessidades de aprendizagens e construir novos significados para a educação física neste espaço. Todas as propostas foram construídas em conjunto, professor e educandos em contraproposta a uma educação física tecnicista e sem sentido para os alunos que são os principais atores de todo processo de educação, assim como este. Para a organização do planejamento foram utilizadas como estratégias textos e discussões em grupos para que pudéssemos democraticamente elencar temas que dialogam com o contexto de nossa escola. O desenvolvimento do planejamento trouxe novos significados aos alunos sobre o papel da nossa área neste espaço escola. Apresentação O seguinte relato de experiência trata-se de um trabalho realizado na Escola Estadual Antônio Viana de Souza localizado na cidade de Guarulhos em São Paulo. O mesmo esta sendo desenvolvido pelo segundo ano consecutivo e trata-se de um planejamento participativo que veio como proposta para aproximar os alunos desta comunidade as suas necessidades de aprendizagens e construir novos significados para a educação física neste espaço escolar. Introdução Por se tratar de uma escola estadual a mesma tem como orientação propor temáticas de estudos que estejam enquadradas no currículo da rede o São Paulo Faz Escola que desde 2008, vem sendo efetivada em todas as escolas do estado.

Este currículo traz diversas temáticas organizadas em suas respectivas series seguindo etapas e roteiros de estudos em blocos de aulas e distribuídos assim no decorrer dos quatro bimestres. Estou atuando na escola como professor efetivo há três anoss, tendo a oportunidade de atuar com as mesmas turmas durante este período, isto me possibilitou ampliar diversas discussões com estes alunos no trato da Educação Física extrapolando um método simplista que permeia os estudos de nossa área dentro da escola. Nos últimos dois anos (2013 e 2014), desenvolvemos e continuamos a desenvolver, professor e alunos, um currículo de estudos que possibilitasse a participação de todos na discussão e escolha dos temas de estudos. Para isto propus aos alunos o desenvolvimento de um planejamento participativo em que eles próprios propusessem todas as temáticas que estudamos no decorrer destes dois anos. No primeiro ano de atuação com estas turmas (2012), segui cada tema proposto no currículo da rede, porém algumas inquietações foram surgindo sobre o meu papel de professor perante estes alunos e a atuação de cada um deles como agentes construtores de sua autonomia, criticidade e posicionamentos perante os marcadores sociais que nos permeiam. Com isto procurei adaptações que pudessem ser desenvolvidas com os mesmos, para que o dialogo de nossos estudos estivessem o mais próximo das suas realidades, rompendo e discutindo outros eixos que não são contemplados dentro do caderno do aluno ou do caderno do professor estes que trazem temas fixos e selecionados pela Secretaria de Educação. Cada currículo tem a sua intencionalidade assim como este, a proposta do planejamento participativo vem com as suas, mas a seleção dos conteúdos não se deu de forma unilateral, mas sim uma construção coletiva entre professor e alunos. A questão central, que serve como pano de fundo para qualquer teoria do currículo, é a de saber qual conhecimento deve ser selecionado para se ensinar. De forma mais sintética, a questão central é: o quê? Para responder a essa questão, as diferentes teorias podem recorrer as discussões sobre a natureza humana, sobre a natureza da aprendizagem ou sobre a teoria do conhecimento, da cultura e da sociedade. As diferentes teorias se diferenciam, inclusive, pela diferente ênfase que dão as esses elementos. Ao final, entretanto, elas tem que voltar a questão básica: O que eles ou elas devem saber?, ou seja, Qual conhecimento é considerado importante ou válido para merecer ser considerado parte do currículo? (NEIRA E NUNES, 2006, p.127)

Ao iniciarmos o ano de 2013 propus aos alunos a organizarmos o planejamento participativo, explicando os motivos que me levaram a pensar neste modo de trabalho e que o aval e participação de todos seriam de extrema importância para o desenvolvimento do mesmo. Nesta época desenvolvi o trabalho com quatro turmas de segundo ano e uma de terceiro, ambas do Ensino Médio, os alunos estranharam em um primeiro momento o ato de um professor iniciar o ano dando ouvidos as suas necessidades de estudos e ficaram muito empolgados com toda a proposta. Neste relato me atentarei às vivências desenvolvidas com as turmas de segundo ano no período de 2013, pois as mesmas permanecem comigo neste ano de 2014 e continuamos a desenvolver o mesmo trabalho iniciado no ano passado, desenvolvendo outras temáticas e elaborando outros processos de dialogo para a construção do nosso currículo'. Desenvolvimento O projeto teve inicio no ano de 2013 e como descrito na introdução à participação dos alunos é a parte imprescindível para que o mesmo ocorresse e fizesse sentido. No período inicial de minha formação, na graduação, desenvolvi no trabalho de conclusão de curso uma analise da Educação Física no Ensino Médio e a função desta para os alunos que a compõem, esta etapa de ensino sempre me inquietou pela pouca valorização dada à mesma na formação inicial e por percebê-la desvinculada das necessidades de aprendizagens dos educandos. Portanto, a ideia de um planejamento de ensino que contemplasse a participação e atuação dos alunos é algo que nasce das inquietações e da continuidade da minha formação e da necessidade e desejo de se fazer uma educação física que faça sentido para os mesmos. É através de um processo pedagógico que permita as pessoas tornarem-se conscientes do papel de controle e poder exercido pelas instituições e pelas estruturas sociais que elas podem torna-se emancipadas ou libertadas de seu poder e controle (NEIRA E NUNES, 2006, p.127)

Para iniciar o desenvolvimento do planejamento participativo utilizei como estratégia o desenvolvimento de textos escritos, nestes, cada aluno deveria desenvolver argumentos e ideias que defendesse os motivos que o levaram a propor a manifestação corporal e a importância da mesma como objeto de estudo. Ao receber os textos realizei a leitura de todos e organizei a tabulação para apresentar na semana posterior todas as sugestões propostas, para que assim os alunos apreciassem e analisassem para que posteriormente realizássemos a votação das manifestações que estudaríamos no decorrer do ano letivo. Respeitando a todos os alunos apresentei cada manifestação que surgiram nos textos, desde as que surgiram apenas uma vez, até aquelas que eram sugestionadas diversas vezes. Neste sentido a apresentação de cada uma se dava na importância de analisarmos as mesmas. Abri votação apresentando na lousa a tabulação dos temas, explicando aos alunos que as suas vozes foram respeitadas e que todas as temáticas propostas estavam dispostas para serem votadas, assim sendo cada aluno fez a sua escolha e por diante cada turma foi escolhendo o seu conjunto de temas. Ao fim desta etapa, cada turma apresentou o conjunto de duas manifestações mais votadas, ao todo tínhamos oito (duas por turmas dos quatros segundos anos), destas, selecionamos as quatro mais votadas entre todas as series para que assim, fossem dispostas no decorrer dos bimestres. Deixei claro a todos que nossos estudos seria um acordo entre as turmas e que estudaríamos no decorrer dos bimestres os mesmos temas em todas as series. Pela vontade dos alunos as escolhas que ocorreram em sua sala de aula seriam os objetos de estudo, mas a inviabilidade do professor de estudar, analisar, pesquisar, preparar aulas de diversos temas não traria um ganho de qualidade e isso poderia ocasionar distanciamentos e superficialidade de nossos estudos. Ao termino da votação os quatro temas mais votados por todas as turmas foram: Skate, Futebol, Danças e Tênis. Para a elaboração de novos significados e sentidos para as aulas se fez necessário respeitar como discussão para cada tema:

Os processos históricos que marcam suas construções e suas diversas leituras na sociedade; Marcadores sociais como: as mulheres, os negros, preconceitos diversos com os praticantes das manifestações; Vivencias corporais que dialogassem com os estudos teóricos; A mídia como produtora de diversos discursos; As vozes dos participantes dos mais diversos grupos estudados para que possamos compreender como estes estão inseridos e compreendem a cultura corporal da qual estão inseridos. Vale ressaltar que a escola desenvolve projetos bimestrais com os seguintes temas: mês da mulher, mês do trabalhador, cultura popular e consciência negra, estes com mediação da coordenação escolar muito contribuíram para que buscássemos que a Educação Física nesta escola se ressignificasse. Estes projetos são ricas oportunidades para ressaltamos os temas dentro dos bimestres, porém não ficávamos presos a estes e havendo a necessidade buscávamos relevar outros marcadores sociais relevantes ao desenvolvimento de nossas analises. Como acordado com os alunos as temáticas foram distribuídas nos respectivos bimestres. Aqui podemos citar um ponto negativo no desenvolvimento do nosso trabalho, ao dispor os quatro temas rigorosamente distribuídos por estes, perdemos algumas oportunidades de seguir o aprofundamento dos nossos estudos, pois percebi certa ansiedade nos alunos ao inicio do próximo tema assim respeitei os nossos combinados, mas isto não nos impossibilitou de buscar, estudar e aprofundar nossas analises a cada temática. O desenvolvimento do planejamento trouxe novos significados aos alunos sobre o papel da nossa área na escola, estudar skate era algo inimaginável, danças vinham cheias de preconceitos, estudar futebol seria mais do mesmo com os meninos dominando os espaços e tênis seria impossível, pois o seu acesso é restrito a poucos. Em cada aula tínhamos a oportunidade de ir muito além das vivências, buscando através do dialogo a participação dos alunos para que pudessem entender os diferentes discursos que marcam o Outro nas práticas corporais/culturais. A analise sucinta do papel

da mídia e como esta constrói muitos dos significados que estão postos socialmente, e ouvir os participantes quando acessível para que possamos compreender como estes se posicionam perante as suas práticas corporais, são duas das principais marcas que buscamos para a construção dos novos sentidos para a disciplina. Para que estas construções ocorressem diversas estratégias foram utilizadas como produção de textos, entrevistas, pesquisas diversas, apresentações, exposições, caderno de percurso/portfólio, utilização de slides e vídeos nas aulas e principalmente a ressignificação das aulas práticas, este um dos pontos mais importantes, pois para alguns alunos a participação nas aulas não passa de estar na quadra, a construção de outro olhar seria necessário para que a proposta do planejamento participativo se efetivasse com sucesso, deste modo, um dos pontos de discussão nas aulas se dava no modo com que apreendemos os conhecimentos escolarizados e que para aprender educação física não necessitamos sempre de vivencias, mesmo para os alunos que não participam de aulas práticas as aprendizagens também devem ser garantidas, este novo olhar construído junto aos alunos foi possível após às novas ideias e discussões que foram construídas no decorrer destes anos. Em todos os processos de aprendizagem diversas avaliações foram efetivadas, processuais, bimestrais no final dos estudos e pesquisas relacionadas aos temas estudados. Principalmente nas avaliações bimestrais questões que envolvesse o planejamento participativo ou os processos de aprendizagens eram constantes para que pudéssemos analisar os percursos e se os objetivos propostos com o planejamento participativo estavam sendo alcançados, assim percebemos que os alunos atribuíram a este, uma ferramenta democrática que ouve as suas necessidades ou curiosidades de aprendizagens, com isto é valido ressaltar as falas dos alunos em algumas avaliações: De um modo geral nas aulas de educação física nós aprendemos que um esporte não é apenas um movimento do corpo, existe uma história, uma importância social, que não precisa ser profissional para praticar, que devemos arriscar mesmo Acredito que pelo fato de serem propostas diferentes com toda certeza não irei esquecer. Todos os assuntos foram interessantes, esse método é diferenciado e justo, pois muitas vezes os professores não escutam os alunos

Educação física é muito mais do que aula livre como sempre foi apresentado há mim nos anos anteriores, percebi que com uma aula bem preparada como é o caso nos podemos aprender muito mais, desde a história dessas práticas e esportes até a parte técnica Nestas poucas falas podemos perceber alguns novos significados que foram construídos, assim podemos concluir que, com o desenvolvimento deste trabalho alcançamos resultados significativos junto com os estes alunos como: Valorização da disciplina no espaço escolar superando a falta de protagonismo que a mesma exercia na vida destes. Maior participação nas aulas de educação física; Novos significados em relação às aulas práticas relacionando estas com as discussões dos temas; Participação efetiva da disciplina nos projetos da escola; Percepção do papel da mídia na construção dos discursos que estão postos; Percepção da educação física como cultura corporal e seu dialogo com outras áreas de conhecimentos principalmente as ciências humanas; Assim gostaria de finalizar este trabalho com a fala de outra aluna em atividade realizada neste ano em umas das discussões ocorridas em aula: Esse tipo de aula nos faz também ter uma ideia diferente do que é uma aula de educação física de verdade, uma visão social e histórica dos esportes e das questões que o envolvem na sociedade, não apenas nos leva para uma quadra e nos faz correr e jogar futebol como é a visão que os alunos têm de um professor de educação física, existe uma preocupação em preparar uma aula e conduzir o aluno ao aprendizado. Referências bibliográficas SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Proposta curricular do Estado de São Paulo / Coord. Maria Inês Fini. São Paulo: SEE, 2008. NEIRA, M.G & NUNES, M.L.F. Pedagogia da cultura corporal: crítica e alternativas. São Paulo: Phorte, 2006.