POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA I



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Transcrição:

VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA I Rio de Janeiro / 2006 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

Copyright 2006 Universidade Castelo Branco - UCB Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo Branco - UCB. U n3p Universidade Castelo Branco. Políticas Públicas e Organização da Educação Brasileira I. Rio de Janeiro: UCB, 2006. 84 p. ISBN 85-86912-05-0 1. Ensino a Distância. I. Título. CDD 371.39 Universidade Castelo Branco - UCB Avenida Santa Cruz, 1.631 Rio de Janeiro - RJ 21710-250 Tel. (21) 2406-7700 Fax (21) 2401-9696 www.castelobranco.br

Chanceler Prof. a Vera Costa Gissoni Reitor Prof. Paulo Alcantara Gomes Vice-Reitor de Ensino de Graduação e Corpo Discente Prof. Marcelo Hauaji de Sá Pacheco Vice-Reitor de Planejamento e Finanças Sergio França Freire Filho Vice-Reitor de Gestão Administrativa e Desenvolvimento Marcelo Costa Gissoni Vice-Reitor de Ensino de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Samuel Cruz dos Santos Coordenadora de Educação a Distância Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli Coordenadores dos Cursos de Graduação Ana Cristina Noguerol - Pedagogia Denilson P. Matos - Letras Maurício Magalhães - Ciências Biológicas Sonia Albuquerque - Matemática

Responsáveis Pela Produção do Material Instrucional Coordenadora de Educação a Distância - CEAD Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli Supervisor do Centro Editorial - CEDI Joselmo Botelho Conteudista Jane Rangel Alves Barbosa

Apresentação Prezado(a) Aluno(a): É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua. Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica. Seja bem-vindo(a)! Paulo Alcantara Gomes Reitor

Orientações para o Auto-Estudo O presente instrucional está dividido em duas unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito. Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades complementares. A Unidade 1 corresponde aos conteúdos que serão avaliados em A1. Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das duas unidades. Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos os conteúdos das Unidades Programáticas 1 e 2. A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 60 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso. Bons Estudos!

Dicas para o Auto-Estudo 1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo. 2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite interrupções. 3 - Não deixe para estudar na última hora. 4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor. 5 - Sempre que tiver dúvidas entre em contato com o seu monitor através do e-mail monitorcead@castelobranco.br. 6 - Não pule etapas. 7 - Faça todas as tarefas propostas. 8 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento da disciplina. 9 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e as dicas de estudo. 10 - Não hesite em começar de novo.

SUMÁRIO Plano da disciplina... Unidade I - objetivos... Quadro-síntese da Unidade I... Unidade II - objetivos... Quadro-síntese da Unidade II... Contextualização da disciplina... 10 11 12 14 15 17 UNIDADE I AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS, AS REFORMAS DO ENSINO E OS PLANOS E DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: PONTOS DE REFLEXÃO E ANÁLISE Texto 1: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB): contextualização sócio-histórica e política... Texto 2: Os planos e as políticas da educação no Brasil... Texto 3: A LDB/96: trajetória, limites e perspectivas para construção de uma educação cidadã... Texto 4: Financiamento da Educação Escolar... 19 26 32 37 UNIDADE II A ESTRUTURA E A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA: ASPECTOS LEGAIS E ORGANIZACIONAIS Texto 5: A estrutura do Sistema de Ensino Brasileiro... Texto 6: A organização administrativa e pedagógica da Educação Básica... Texto 7: Organização curricular da Educação Básica... Texto 8: O papel dos profissionais do magistério na organização do sistema de ensino e na organização da Escola Básica... 41 43 53 59 Glossário... Referências bibliográficas... Anexos... 62 64 65

Políticas Públicas e Organização da Educação Brasileira I Plano da Disciplina Carga Horária Total: 60h/atividades Créditos: 04 Relevância da Disciplina Pretende-se analisar criticamente as políticas, as reformas de ensino, os planos e as diretrizes da educação no Brasil, em especial as da Educação Básica, desde sua organização administrativa, pedagógica e financeira até as questões e rumos que para ela se colocam a partir dos seus princípios e finalidades e segundo a legislação vigente, ressaltando o Ensino Fundamental como um direito. Objetivos da Disciplina Compreender o contexto político em que as reformas educacionais brasileiras acontecem, conhecendo a educação como uma ação política e pedagógica e analisando as políticas educacionais, as reformas de ensino e os planos e diretrizes para a educação escolar.

UNIDADE I 11 AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS, AS REFORMAS DO ENSINO E OS PLANOS E DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: PONTOS DE REFLEXÃO E ANÁLISE Objetivos: Tempo estimado de auto-estudo nesta unidade: 15h/atividades Situar a educação pública e democrática no contexto atual das transformações científicas, econômicas e políticas da sociedade contemporânea, ressaltando o impacto da revolução tecnológica e da globalização no campo da educação e as relações entre neoliberalismo e políticas educacionais correntes; Analisar as reformas educacionais em curso no País, constatando a existência de pontos comuns nas políticas educacionais nos diferentes momentos históricos; Analisar criticamente a estrutura e a organização do sistema de ensino brasileiro em seus aspectos legais, organizacionais, pedagógicos, curriculares, administrativos e financeiros, considerando, sobretudo, a LDB (Lei nº 9394/96) e a legislação complementar pertinente; Identificar a origem dos recursos financeiros destinados à educação escolar, bem como os instrumentos legais que podem contribuir para o controle social destes recursos.

12 Quadro-síntese do conteúdo programático Assuntos Local Atividades Complementares Texto 1: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): contextualização sóciohistórica e política Texto 2: Os planos e as políticas da educação no Brasil Texto 3: A LDB/96: trajetória, limites e perspectivas para a construção de uma educação cidadã p. 19 Leituras recomendadas: PINTO, I. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação: ruptura do espaço social e a organização da educação nacional. IN: BRZEZINSKI, I. LDB Interpretada: diversos olhares se entrecruzam. S. Paulo: Cortez, 2003. LIBÂNEO, J. C. et al. A Educação Escolar no contexto das transformações da sociedade contemporânea IN: Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização. S. Paulo: Cortez, 2003. Complemente seu estudo: www.mec.gov.br www.educacaoonline.pro.br p. 26 Leituras recomendadas: CURY, C. R. J. et al. Plano Nacional de Educação: da Tecnocracia à Participação Democrática IN: CURY, C. R. J. et al. LDB e Plano Nacional de Educação. São Paulo: Brasil, 1997. Complemente seu etudo: www.mec.gov.br p. 32 Leituras recomendadas: SAVIANI, D. A Nova LDB: limites e perspectivas. IN: SAVIANI, D. A Nova Lei da Educação LDB: trajetória, limites e perspectivas. S. Paulo: Autores Associados, 1997. SANTOS, C.R. dos. Níveis e Modalidades de Educação e Ensino. IN: SANTOS, C. R. dos. Educação Escolar Brasileira. Estrutura. Administração. Legislação. S. Paulo: Pioneira, 2003. LIBÂNEO, J. C. et al. Avaliação da educação básica e do ensino superior IN: LIBÂNEO, J. C. et al. Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização. São Paulo: Cortez, 2003. Consulte a Constituição Brasileira de 1988 (artigos 205 a 214). Complemente seu estudo: www.mec.gov.br www.prossiga.br

Assuntos Local Atividades Complementares 13 Texto 4: Financiamento da Educação Escolar p. 37 Leituras recomendadas: LIBÂNEO, J. C. et al. Financiamento da Educação Escolar. IN: LIBÂNEO, J. C. et al. Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização. S. Paulo: Cortez, 2003. VALLE, B. de B; COSTA, M. de A. Recursos Financeiros na Nova LDB: avanços e limitações. IN: ALVES, N.; VILLARDI, R. Múltiplas Leituras da Nova LDB. Rio de Janeiro: Dunya, 1997. Consulte o Site do MEC: www.mec.gov.br

14 UNIDADE II A ESTRUTURA E A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA: ASPECTOS LEGAIS E ORGANIZACIONAIS Tempo estimado de auto-estudo nesta unidade: 15h/atividades Objetivos: Caracterizar a estrutura administrativa, pedagógica e curricular do sistema de ensino brasileiro, em especial, do sistema da educação básica; Analisar criticamente a instituição escolar nas suas dimensões estrutural, pedagógica e política, visando à construção da escola pública como espaço de formação e humanização, habilitando-a como instância promotora de cidadania; Definir o papel do professor/educador na estrutura e no funcionamento da educação básica; Identificar as perspectivas atuais de transformação e construção de uma nova escola para os novos tempos.

Quadro-síntese do conteúdo programático 15 Assuntos Local Atividades Complementares Texto 5: A estrutura do Sistema de Ensino Brasileiro p. 41 Leituras recomendadas: LIBÂNEO, J. C et al. A Estrutura do Sistema de Ensino: Federal, Estadual e Municipal. IN: LIBÂNEO, J. C. et al. Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização. S. Paulo: Cortez, 2003. Leituras do Boletim do MEC (vide site). Consultar o site do MEC: www.mec.gov.br Texto 6: A organização administrativa e pedagógica da Educação Básica p. 43 Leituras recomendadas: LIBÂNEO, J. C. et al. Organização Administrativa, Pedagógica e Curricular do Sistema de Ensino. IN: LIBÂNEO, J. C. et al. Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização. S. Paulo: Cortez, 2003. Consulte Documentos Oficiais: Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Parâmetros em ação (Educação Infantil). Consulte os sites: www.rubenalves.com.br www.multivio.rj.gov.br Texto 7: A organização curricular da Educação Básica p. 53 Consulte Documentos Oficiais: Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Parâmetros em ação (Educação Infantil). Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação Infantil, Ensino Fundamental, para o Ensino Médio, para a Educação de Jovens e Adultos e para a Educação Especial. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Leitura recomendada: TORRES, R. M. Melhorar a qualidade da educação básica? As estratégias do Banco Mundial. IN: DE TOMMASI, L. et al. O Banco Mundial e as Políticas Educacionais. S. Paulo: Cortez, 2003. Complemente seu estudo: www.multirio.rj.gov.br www.novaescola.com.br www.tvebrasil.com.br

16 Assuntos Local Atividades Complementares Texto 8: O papel dos profissionais do magistério na organização do sistema de ensino e na organização da Escola Básica p. 59 Leituras recomendadas: NETO, A.C. Reforma Educacional e Cidadania. IN NETO, A. C. Política Educacional: Desafios e Tendências. Porto Alegre: Sulina, 2004. CASTRO, A.M. D. A. Educação a Distância e Formação de Professores. IN: NETO, A. C. Política Educacional: Desafios e Tendências. Porto Alegre: Sulina, 2004. Consulte o site do MEC sobre Programas e Projetos de Educação a Distância e Formação de Professores: www.mec.gov.br Complemente seu estudo: www.anped.org.br. www.paulofreire.org.br

Contextualização da Disciplina 17 A disciplina Políticas Públicas e Organização da Educação Brasileira I tem a intenção de auxiliar você, futuro pedagogo e/ou professor, para a compreensão das mudanças pelas quais vem passando a educação escolar brasileira. Sabemos que a escola atual é um modelo ultrapassado para promoção da educação e aprendizado. Por outro lado, as iniciativas governamentais desenvolvidas no campo educacional foram muito intensas nos últimos anos. Desenvolvem-se planos e reformas em que a educação é defendida como fator de desenvolvimento e como instrumento de cidadania e inclusão social; redefinem-se as leis para os níveis de ensino; reformulam-se os currículos e instrumentos de avaliação dos educandos; e o próprio conceito de educação é revisto e reinterpretado sob o enfoque socioeconômico e político. Por sua vez, o atendimento às necessidades sociais e culturais da população requer uma escola de qualidade social e pedagógica que socialize a cultura, a ciência e a arte enquanto direitos universais. Além disso, as pesquisas centram-se na idéia de escola como local de trabalho, isto é, uma organização de trabalho políticopedagógico em que predominam as práticas interativa, participativa, solidária e ética, fruto da construção coletiva de seus profissionais. Logo, os educadores e gestores escolares passam a ser considerados agentes criativos e inovadores nos processos didático-pedagógicos, curriculares e organizacionais, para a transformação da escola e do sistema de ensino. No contexto atual, busca-se examinar o ensino público e privado nas tramas da LDB/96, apontando nexos entre o conteúdo do texto e do contexto em que a Lei foi elaborada. Além disso, os textos expressam as idéias pelo caminho dos embates da cidadania. Todavia, os diversos olhares entrecruzam-se em temas de interesse daqueles que defendem a escola pública brasileira, com a preocupação de que os aspectos qualitativos e quantitativos combinem-se para promover educação e qualidade social para todos. Este estudo não tem a pretensão de apresentar soluções definitivas, mas ajuda a pensar sobre os contornos e os limites da atual política e a enfrentar os desafios postos para os educadores e gestores escolares na perspectiva de redimensionamento das práticas em nível de sistema educacional. As unidades I e II procuram refletir sobre algumas das principais questões em debate na definição das políticas educacionais no Brasil. Compõem-se de textos elaborados a partir dos últimos anos que procuram incorporar elementos fundamentais da conjuntura política educacional. Esperamos que os textos contribuam para aprofundar o debate sobre educação nacional e, em especial, a educação básica, para a busca de alternativas de políticas educacionais comprometidas com os interesses do conjunto da sociedade.

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UNIDADE I 19 AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS, AS REFORMAS DE ENSINO E OS PLANOS E DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: PONTOS DE REFLEXÃO E ANÁLISE Esta Unidade possibilita o embasamento necessário para que Você possa compreender melhor como a estrutura e o funcionamento da educação básica estão organizados em termos legais vigentes em nosso país. Sendo assim, seu estudo tornar-se imprescindível, também, para todos os cursos de licenciatura. A Unidade em questão busca situar o aluno (futuro pedagogo e/ou professor) no Sistema Educacional Brasileiro, no que tange à política, à filosofia que o embasa, à estrutura organizacional e à coerência dele com a própria estrutura social da realidade brasileira contemporânea. Os aspectos legais que você vai estudar não devem, jamais, ser analisados de forma dissociada dos acontecimentos histórico-sociais correspondentes, ou seja, divorciados da diversidade cultural (tempo-espaço) do contexto brasileiro. Não perca de vista o momento histórico referente à Lei, a fim de que o estudo, a análise e a reflexão tenham maior densidade política e epistemológica para que, assim, fortaleça o alicerce da sua formação profissional. TEXTO 1: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): Contextualização Sócio-Histórica e Política A história da educação no Brasil inicia-se em 1549, com a vinda dos jesuítas em companhia do 1º Governador-Geral, Tomé de Souza. A partir de então, e por mais de duzentos anos, a educação ficou praticamente entregue aos padres da Companhia de Jesus, ou seja, o ensino público em nosso país. Atendendo aos propósitos missionários da Ordem e à política colonizadora inaugurada por D. João III, os jesuítas dedicaram-se fundamentalmente à catequese e à instrução do gentio, criando as escolas de primeiras letras e instalando colégios destinados a formar sacerdotes para a obra missionária na nova terra. Mas os colégios então fundados pelos jesuítas também preparavam para os estudos superiores, em universidades européias, os jovens que não buscavam a vida sacerdotal. Em 1759, um decreto de Sebastião de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal, expulsou os jesuítas de Portugal e seus domínios. Ao afastar os jesuítas e ao assumir a responsabilidade pela instrução pública, Pombal pretendera não apenas renovar o ensino em seus métodos e processos, mas laicizá-lo em seus objetivos, colocando-o a serviço dos interesses civis e políticos do Império Luso, mas o ensino no Brasil se reconstruiu sobre as ruínas do sistema jesuítico, fragmentado nas aulas régias de humanidades, ciências e primeiras letras, tardando muito a organizar-se. A vinda da Família Real para o Brasil e a administração de D. João VI, com o objetivo de formar o pessoal especializado de que necessitava, permitiram realizações no campo do ensino técnico e superior, cobrindo uma lacuna, que prejudicava, agora, os interesses do governo sediado no Brasil. Assim, em 1808, para prover a defesa militar do Reino, criou-se a Academia de Marinha e, em 1810, a Academia Militar; para atender à necessidade de médicos e cirurgiões para o exército, fundou-se em 1808 na Bahia, um Curso de Cirurgia e se instalaram no Rio de Janeiro aulas de Anatomia, Cirurgia e Medicina, 1808 e 1810 respectivamente. Outras instituições viriam ainda atender a outras necessidades. Como podemos observar, a instrução elementar não mereceu idênticos cuidados da administração, ficando a educação do povo ao sabor dos interesses pessoais e políticos do soberano no exercício de seu absoluto poder. Com a Independência do Brasil em 1822, inaugura-se uma nova política no campo da instrução popular. Surge a Constituição do Império do Brasil (1824), que garantia a criação de colégios e universidades e prometia a todos os cidadãos a instrução primária pública. O Império legou à República, juntamente com

20 seus anseios, esperanças e planos não realizados, uma enorme tarefa a cumprir no campo da instrução pública. Mas, a década de 1930 marcou, no Brasil, o início de grandes transformações no campo da educação e do ensino, graças ao movimento da Escola Nova, que trazia propostas inovadoras como a laicidade do ensino, a coeducação dos sexos, a escola pública para todos e a revolução pedagógica de centrar o ensino no aluno, e não mais nos professores e nos programas como na Escola Tradicional. Tais modificações estavam consubstanciadas no histórico e revolucionário documento que ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros que encarava a educação como um instrumento por excelência de uma reconstrução nacional a expressar-se na formação da hierarquia democrática pela hierarquia das capacidades recrutadas em todos os campos sociais (CHAGAS, 1982: 45). Inspirando-se nas idéias do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, o Governo Provisório, chefiado por Getúlio Vargas, toma algumas medidas, como a criação do Ministério da Educação, a reforma do ensino secundário, comercial e superior, nomeando como primeiro Ministro da Educação Francisco Campos. Incorporando muitas das propostas dos Pioneiros, a Constituição de 1934 estabeleceu a educação como um direito de todos, a obrigatoriedade da escola primária integral e extensiva aos adultos, a gratuidade do ensino na escola pública e a assistência dos alunos necessitados. Muitos educadores participaram desse movimento, entre eles, Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo que, mais tarde, voltam à luta pela escola pública por ocasião das discussões de nossa primeira LDB (Lei nº 4024, de 20/12/61). Ainda, na mesma Constituição e pela primeira vez em nossa história, constou a determinação de existir uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e, também, incumbiu-se a União, por intermédio do Ministério da Educação e do Conselho Nacional de Educação, de elaborar e baixar o Plano Nacional de Educação. Como a Constituição Federal de 1934 teve duração efêmera, essas propostas não se concretizaram, o presidente Getúlio Vargas outorga outra Constituição inspirada na ditadura polonesa da época, em 1937. Logo, a existência de uma LDB ficou comprometida e só voltaria a ser discutida a partir de 1948, por determinação da nova Constituição, a de 1946, discutida, aprovada e promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte, num clima democrático, uma vez terminado, em 1945, o ciclo da ditadura Vargas. Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a Lei nº 4024, de 20/12/61, dá-se um importante passo no sentido da unificação do sistema de ensino e da eliminação do dualismo administrativo herdado do Império. Pela primeira vez começa uma relativa descentralização do sistema como um todo, concebendo-se considerável margem de autonomia aos Estados e proporcionando-lhes as linhas gerais a serem seguidas na organização de seus sistemas, devendo responder por uma certa unidade entre eles. Em decorrência da descentralização prevista pela primeira LDB, houve a separação entre órgãos com funções essencialmente normativas e órgãos com funções administrativas. Assim, o Ministério da Educação e Cultura e as Secretarias de Educação deixaram de absorver ambas as funções, criando-se para o exercício das funções normativas o Conselho Federal de Educação (hoje Conselho Nacional de Educação) e os Conselhos Estaduais de Educação, ficando também incumbido de elaborar o Plano Nacional de Educação (PNE) referente a cada Fundo (Fundo Nacional do Ensino Primário, do Ensino Médio e do Ensino Superior). A primeira LDB, no tocante à estruturação do ensino, não trouxe soluções inovadoras, conservando as grandes linhas da organização anterior. Englobou o ensino secundário e o profissional colégio, respectivamente, para os primeiros e segundo ciclos de todos os ramos, admitiu a equivalência de todos os cursos médios para efeito de continuidade dos estudos. O ensino primário obrigatório continuava a ter quatro séries de duração, facultando-se aos sistemas estaduais o seu prolongamento para seis. Nessa perspectiva, somente em 1961 efetivou-se a vitória dos educadores da década de 20 e início dos anos 30, fixando-se as diretrizes gerais e as grandes linhas de um sistema nacional de educação. A União passava a assumir a função de coordenação da ação educativa que lhe cabia em todo o País e, os Estados, a tarefa de organizar os seus respectivos sistemas, incluindo todos os níveis e modalidades de ensino. Durante o regime militar instalado em 1964, ocorreria progressiva centralização política e administrativa, evidenciando-se um retrocesso na descentralização estabelecida pela LDB. Todavia, os planos governamentais foram se tornando importantes instrumentos de atuação e de interferência do Governo Federal. Enquanto isso, o planejamento da educação, que era incumbência do Conselho Federal de Educação, transferiu-se para os órgãos executivos como reflexo da hegemonia absoluta do Poder Executivo sobre o Legislativo que se foi implantado já a partir dos atos institucionais de 1964 a 1966. Instalado em 1964, o Ministério do Planejamento passou a assumir a liderança no processo de

planejamento da educação. As novas reformas educacionais, aprovadas na vigência da Emenda Constitucional de 1969 (Lei nº 5540/68 e Lei nº 5692/ 71), refletiram a tendência centralizadora tanto pela sistemática com que foram aprovadas, como pelo conteúdo e regulamentação de alguns assuntos que antes ficavam a cargo dos Estados. Mantendo a mesma divisão de competências fixada pela Constituição de 1946, a Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional de 1969, não há dúvida de que o conteúdo e abrangência das diretrizes e bases, bem como a delimitação do âmbito de ação da União e dos Estados se alteraram, ampliando-se a regulamentação e o controle federais. Mas, quanto à organização do ensino, a principal mudança introduzida pela Lei nº 5692/71 dizia respeito à unificação do ensino primário com o primeiro ciclo do ensino médio (ginasial), constituindo o Ensino de 1º Grau, o que significou o prolongamento da escola única, comum e contínua de oitos séries, adiando-se a diversificação dos estudos para o Ensino de 2º Grau. Sendo assim, tal medida vinha ao encontro da ampliação da escolaridade obrigatória determinada pela Constituição de 1967 e de tendência universal, já evidenciada no panorama educacional brasileiro anterior à Lei nº 5692/71. Quanto ao segundo ciclo do ensino médio, pretendeu-se eliminar o dualismo das escolas profissionalizantes e acadêmicas, integrando-se os vários ramos dos cursos colegiais num Ensino de 2º Grau, orientado para uma habilitação profissional. Tal medida, que na época representava uma modificação radical na orientação anterior, resultava da tentativa de subordinar a educação à produção e de estabelecer uma relação direta entre o sistema educacional e o ocupacional. Assim, a profissionalização obrigatória do ensino de 2º grau foi efetivada, apesar das dificuldades relativas à implantação das disciplinas profissionalizantes, que exigiam professores habilitados e qualificados, sem esquecer da necessidade de instalações físicas adequadas para laboratórios e oficinas para a formação profissional. Verificadas tais dificuldades e a sua inviabilidade e sua inconveniência, a obrigatoriedade da profissionalização seria relativizada pelo próprio Conselho Federal de Educação, mediante a aprovação do Parecer CFE nº 76/75, que introduziu as habilitações básicas, destinadas a fornecer uma formação geral para o trabalho, a ser complementada nas empresas. Finalmente, a Lei nº 7044/ 82 aboliu a obrigatoriedade de profissionalização do ensino de 2º grau. Com a promulgação da última e atual Constituição de 1988 sob a bandeira da redemocratização, não se afastou a divisão de competências fixada pelo Constituição de 1934, conservando as mesmas atribuições para a União. Porém, a responsabilidade pela organização dos sistemas de ensino deixa de ser exclusiva dos Estados, reconhecendose a existência dos sistemas municipais e admitindo-se a competência concorrente. Assim, a Constituição Brasileira de 1988, no seu artigo 211, estabeleceu: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, seus sistemas de ensino. Desta maneira, reservava-se para a União a competência privativa de legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional (artigo 22, inciso XXIV). Em 1988, a Câmara dos Deputados introduziu o Primeiro Projeto de Lei da LDB e, em 1990, o Senado Federal, representado pelo Senador Darcy Ribeiro, introduziu o Segundo Projeto de Lei da LDB, que foi aprovado, dando origem a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Como você já percebeu, a LDB é a lei que determina os fins da educação, os caminhos a serem percorridos e os meios adequados para atingi-los, enfim, regulamenta a Educação Escolar Nacional (SANTOS, 2003: 52). 21

22 Quadros atuais da Estrutura do Sistema Educacional Brasileiro, a partir da LDB/96: I - Níveis Doutorado Educação Superior Pós-Graduação Cursos de Extensão Cursos Seqüenciais Mestrado Especialização Aperfeiçoamento Ciências Humanas Ciências Sociais Cursos de Graduação Ciências Exatas e Tecnológicas Ciências Biológicas e da Saúde Ensino Médio Duração: 3 anos, no mínimo Ensino Fundamental Duração: 8 anos, no mínimo Divisão em séries ou ciclos, a critério do sistema de ensino Ensino Infantil Pré-Escolas crianças de 4 a 6 anos de idade Creches crianças de 0 a 3 anos II - Modalidades de Ensino Educação Básica Educação de Jovens e Adultos Educação Profissional Educação Especial Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Médio Educação Fundamental Educação Infantil

III - Metodologia 23 Educação a Distância Educação Superior Educação Especial Pós-Graduação Graduação Ensino Médio Ensino Fundamental Mas a estrutura do Sistema Educacional Brasileiro, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 06/2005, publicado no Diário Oficial da União (DOU), de 14 de julho de 2005, e na Resolução CNE/CEB nº 03, de 03 de agosto de 2005, publicado no DOU, de 04 de agosto de 2005, que define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração, foi modificada para atender aos dispositivos legais vigentes, cabendo aos sistemas de ensino e escolas fazer as referidas adequações nos prazos estabelecidos. Quadros atuais da Estrutura do Sistema de Ensino Brasileiro proposta pela LDB/96 com as mudanças propostas pelo Parecer CNE/CEB nº 06/2005 e Resolução CNE/CEB nº 03/2005: Educação Básica Nível em que ocorreu mudança Ensino Médio Ensino Fundamental Educação Infantil Duração: três anos no mínimo Matrícula: crianças de 6 anos de idade Duração: 9 anos de escolaridade Pré-Escolar: crianças de 4 e 5 anos de idade Creches: crianças de 0 a 3 anos de idade A organização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e da Educação Infantil adotará a seguinte nomenclatura: Etapa do Ensino Faixa Etária Duração Educação Infantil Creches Pré-Escolas Até 5 anos de idade Até 3 anos de idade 4 e 5 anos de idade Educação Fundamental Anos Iniciais Anos Finais Até 14 anos de idade de 6 a 10 anos de idade de 11 a 14 anos de idade 9 anos 5 anos 4 anos