Fls. 2 1 Coordenação-Geral de Tributação Solução de Divergência nº 1 - Data 27 de janeiro de 2012 Processo Interessado CNPJ/CPF ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS INFORMAÇÃO DE OBRIGAÇÕES DISCUTIDAS JUDICIALMENTE. DECLARAÇÃO DE FATOS GERADORES E BASES DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OBRIGATORIEDADE. Durante o curso de ação judicial em que se discute a obrigação previdenciária, a Gfip deve ser preenchida normalmente, de modo a evidenciar o valor da contribuição devida de acordo com a lei, e não aquele do qual a empresa se julga devedora. A decisão judicial liminar, favorável ao contribuinte, não dispensa o cumprimento de obrigações acessórias, mas apenas suspende a exigibilidade do crédito tributário enquanto se analisam as razões do pedido ou do recurso. Dispositivos Legais: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, art. 32; Instrução Normativa RFB nº 880, de 16 de outubro de 2008, Anexo Único; Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 - Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, arts. 471 a 476-A. Relatório Representação de Divergência apresentada pelo XXX Atendidas as formalidades legais, a Representação aponta divergência havida entre as Soluções de Consultas nºs. 43/2011, da 6ª Região Fiscal, e 438/2009, da 8ª Região Fiscal. 2. Segundo o autor a divergência entre as Soluções refere-se às informações prestadas na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (Gfip) nas hipóteses em que há decisão judicial liminar que suspenda a exigibilidade do crédito. Enquanto na 6ª Região Fiscal prevalece o entendimento de que as informações devem ser prestadas em conformidade com o Manual da Gfip - segundo o qual a obrigação deve ser declarada até o 1
Fls. 3 trânsito em julgado da decisão judicial -, na 8ª Região Fiscal o entendimento é o de que, sendo a Gfip instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário [...] deve conter informações que reflitam os valores efetivamente devidos à Previdência Social e que serão recolhidos mediante GPS. Em outras palavras: de acordo com a Solução de Consulta nº 438/2009, da 8ª Região Fiscal, a obrigação tributária relativa a crédito com exigibilidade suspensa por decisão judicial liminar não deve ser declarada. Transcreveram-se as ementas nestes termos: Solução de Consulta SRRF06/Disit nº 43/2011 GFIP - RETIFICAÇÃO A alteração/inclusão de dados informados em GFIP deve ser efetivada mediante o envio de nova declaração com a utilização do programa SEFIP, conforme disciplinado, minuciosamente, no Capítulo V do Manual da GFIP para SEFIP versão 8.4. AÇÃO JUDICIAL. DECISÃO NÃO TRANSITADA EM JULGADO. GFIP. INFORMAÇÕES Se o contribuinte obtém provimento judicial reconhecendo como indevidos recolhimentos de contribuições previdenciárias já efetuados, após ter apresentado a GFIP em conformidade com a legislação, a retificação da declaração deverá ser feita tão somente após o trânsito em julgado da respectiva decisão. Solução de Consulta SRRF08/Disit nº 438/2009 AÇÃO JUDICIAL. LIMINAR. CONTRIBUIÇÃO. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. GFIP. INFORMAÇÕES. Caso a liminar deferida suspenda a exigibilidade da contribuição previdenciária que está sendo discutida, o empregador/contribuinte deve declarar as GFIP de forma a refletir os exatos termos daquele provimento judicial. Na hipótese de a medida liminar vier a ser revogada ou modificada, as GFIP deverão ser retificadas de forma a contemplar os termos da nova decisão prolatada. Constituindo-se como instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, a GFIP deve conter informações que reflitam os valores efetivamente devidos à Previdência Social e que serão recolhidos mediante GPS. Fundamentos 3. É obrigação da empresa declarar dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS, por força do inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 2
Fls. 4 24 de julho de 1991. A Gfip com essa declaração constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários (art. 32, 2º). 4. O fato gerador da contribuição previdenciária, salvo exceção legal, é a prestação remunerada de serviços, com ou sem vínculo empregatício. A base de cálculo da contribuição é composta, em regra, por valores pagos, devidos ou creditados a título de remuneração do trabalho realizado. Porém, há situações em que o empregado não presta o serviço, mas o empregador é obrigado a pagar-lhe a remuneração e os encargos sociais correspondentes. 5. O contrato de trabalho celebrado entre a empresa e o empregado é sujeito a suspensões e interrupções (Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 - Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, arts. 471 a 476-A). Nas suspensões do contrato de trabalho cessam as obrigações trabalhistas e previdenciárias. As interrupções, em regra provisórias, não desobrigam a empresa de pagar a remuneração do empregado nem os encargos sociais correspondentes. Assim ocorre, por exemplo, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado em razão de doença, e nas férias do empregado, em que a remuneração deve ser acrescida de 1/3 (um terço). A contribuição previdenciária, nas hipóteses, incide normalmente. 6. A legislação tributária federal aplicável à contribuição previdenciária, sobretudo a que define o fato gerador e a base de cálculo do tributo, é dinâmica, complexa e muito suscetível de utilização nas políticas públicas do governo, por sua vinculação constitucional ao pagamento de benefícios previdenciários. Em razão dessa complexidade, observam-se, com frequência, decisões contra legem proferidas liminarmente pelo Judiciário, suspendendo a exigibilidade da contribuição. 7. A contribuição previdenciária tem características próprias e sui generis que a diferenciam dos demais tributos. Sua concepção singular e as barreiras constitucionais que a protegem justificaram, até 2008, prazos decadencial e prescricional em dobro, os quais vigoraram até a edição da Súmula Vinculante nº 8, do Supremo Tribunal Federal. 8. Sensível à especialidade das contribuições sociais, o Manual de operação do Sistema Empresa de Informações à Previdência Social (Sefip), gerador da Gfip, aprovado pela Instrução Normativa RFB nº 880, de 16 de outubro de 2008, estabelece regra segundo a qual, durante o curso de ação judicial em que se discute a obrigação previdenciária, a Gfip deve ser preenchida normalmente, de modo a evidenciar o valor da contribuição devida de acordo com a lei, e não aquele do qual a empresa se julga devedora (Manual Gfip/Sefip, Cap. IV, item 7, p.125). 9. Observa-se que a regra contida no Manual da Gfip visa, especialmente, a salvaguardar a incolumidade da contribuição diante de seu mister constitucional de sustentar o pagamento de benefícios previdenciários. A decisão liminar do Judiciário, favorável ao 3
Fls. 5 contribuinte, não dispensa o cumprimento de obrigações acessórias, mas apenas suspende a exigibilidade do crédito tributário enquanto se analisam as razões do pedido ou do recurso. É certo, porém, que se o Judiciário decretar, em decisão definitiva, a improcedência do crédito, retifica-se a declaração e nenhuma falta será imputada ao contribuinte. 10. Por outro lado, se a decisão judicial - embora provisória e proferida em alguns casos sem ouvir a Fazenda Pública - permitisse ao contribuinte declarar apenas a contribuição que ele reputasse devida, ou com a qual ele concordasse, sucederia, na maioria dos casos, a decadência do direito do Fisco de lançar o crédito tributário ou a prescrição da ação para cobrálo. Conclusão 11. Com base no exposto conclui-se: 11.1 Durante o curso de ação judicial em que se discute a obrigação previdenciária, a Gfip deve ser preenchida normalmente, de modo a evidenciar o valor da contribuição devida de acordo com a lei, e não aquele do qual a empresa se julga devedora. 11.2 A decisão judicial liminar, favorável ao contribuinte, não dispensa o cumprimento de obrigações acessórias, mas apenas suspende a exigibilidade do crédito tributário enquanto se analisam as razões do pedido ou do recurso. 11.3 Sugere-se: a) reforma da Solução de Consulta nº 438/2009, da Divisão de Tributação da 8ª Região Fiscal, a fim de adequá-la ao Manual da Gfip/Sefip, aprovado pela Instrução Normativa RFB nº 880, de 2008; b) manutenção do entendimento consubstanciado na Solução de Consulta nº 43/2011, da Divisão de Tributação da 6ª Região Fiscal. À consideração superior. RONAN DE OLIVEIRA Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil De acordo. Encaminhe-se à Coordenadora da Copen. ANDRÉA BROSE ADOLFO Auditora-Fiscal da RFB Chefe da Dinog 4
Fls. 6 De acordo. Encaminhe-se à Coordenadora-Geral de Tributação Substituta. ADRIANA GOMES REGO Auditora-Fiscal da RFB Coordenadora da Copen Ordem de Intimação 1. Aprovo esta Solução de Divergência. 2. Enviem-se cópias às Superintendências Regionais da Receita Federal do Brasil da 6ª e da 8ª Regiões Fiscais, para providências. CLÁUDIA LÚCIA PIMENTEL M.DA SILVA Auditora-Fiscal da RFB - Coordenadora-Geral de Tributação Substituta 5