PROCESSO Nº: 2790-97.2014.6.13.0000 PROTOCOLO Nº 191.712/2014 ASSUNTO: PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA ELEIÇÕES 2014. PRESTADOR : GUSTAVO MARQUES CARVALHO MITRE - 3100 DEPUTADO FEDERAL - MINAS GERAIS CNPJ: 20.575.656/0001-40 PARTIDO POLÍTICO: PHS PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE PARECER TÉCNICO 1. Submete-se à apreciação superior o parecer dos exames efetuados sobre a prestação de contas do candidato acima nominado, abrangendo a arrecadação e aplicação de recursos utilizados na campanha relativas às eleições de 2014, à luz das regras estabelecidas pela Lei nº 9.504/1997 e pelas Resoluções TSE nº 23.406/2014 e TRE-MG nº 967/2014. Do exame, após realizadas as diligências necessárias à complementação das informações, à obtenção de esclarecimentos e/ou ao saneamento de falhas, restaram caracterizadas as seguintes inconsistências: 2. FALHAS SANADAS: 2.1. Os itens 1.1, 1.2, 1.4, 1.7, 2.1, 2.2, 2.6, 2.9 e 4.1 do Relatório de Diligências foram atendidos satisfatoriamente, conforme documentos de fls. 113/120, 126, 158, 166/168, 172/182, 209/212, 112/119 e 216/217. 3. FALHAS NÃO SANADAS: 3.1. Impropriedades: 3.1.1. O item 1.5 do relatório identificou divergência nos valores de duas doações recebidas pelo candidato, uma das quais foi sanada. Para comprovar a outra, porém o candidato apresentou recibo eleitoral sem assinatura do doador, o que invalida o documento. Como o valor desta doação é irrisório (R$21,62), registra-se apenas que a falha foi parcialmente sanada. 3.1.2. Os itens 1.8, 1.9, 2.7 e 2.8 do relatório apontaram receitas e despesas não relacionadas nas prestações de contas parciais, contrariando o art. 36 e parágrafos da Res. TSE nº 23.406/2014. O candidato alegou atraso no recebimento dos documentos que comprovavam as Página 1
operações feitas, além da greve dos correios, e que todas as operações foram lançadas na prestação de contas final. Apesar de tais omissões terem prejudicado a transparência das contas, não prejudicaram sua análise. 3.1.3. O item 3.1 do relatório, que cobrava explicações sobre inconsistências encontradas na análise dos extratos bancários, foi quase integralmente esclarecido. Restou apenas corrigir o lançamento, no relatório de Despesas Efetuadas, do número do cheque 300244, digitado erradamente como 300243, já utilizado. Dessa maneira, apesar dos pagamentos terem sido feitos corretamente, a prestação de contas deixou de mencionar um dos cheques utilizados e listou outro em duplicidade. 3.2. Irregularidades: 3.2.1. O item 1.3 do relatório, tratando do evento realizado em 31/07/2014 para arrecadação de fundos, solicitou explicações sobre a ausência de comunicação prévia do evento e a omissão das receitas na prestação de contas, o que foi feito pelo candidato. Mas foi solicitada também a comprovação dos depósitos na conta de campanha, ao que o candidato explicou que todas as despesas contraídas e todos os recursos arrecadados foram divididos na ordem de 50% para cada um, ou seja, dos R$14.600,00, distribui-se R$7.300,00. ; e que em ambas as prestações foram declaradas todas as despesas, emitidos todos os recibos dos recursos arrecadados, sendo depositados os respectivos valores (...). Se em ambas as prestações foram relacionados todos os recibos dos recursos arrecadados, como informou o candidato, pode-se verificar que todos os recursos financeiros arrecadados no evento, ao contrário do informado no demonstrativo Valores resultantes da comercialização ou evento, resultaram em R$6.800,00 (relatório às fls. 224/228). Isso porque foram somados em duplicidade valores dos doadores Marcos Vinício Ferreira e José Ângelo da Silveira (pags. 02 e 05 do demonstrativo), e indevidamente recursos estimados de Isac Vieira (pag. 03 do mesmo demonstrativo). Se o evento rendeu R$6.800,00 em dinheiro, este dinheiro dividido pelos dois candidatos, ainda segundo o prestador de contas, resultaria em R$3.400,00 depositados na conta de cada um, e não os R$7.300 informados. Ainda, como os depósitos, contrariando o inciso II do art. 22 da Res. TSE nº 23.406/2014, não foram identificados nos extratos bancários, não foi possível saber quais dos valores que entraram na conta de campanha foram provenientes da arrecadação do evento. Como o prestador de contas alegou ter arrecadado para si próprio R$7.300,00 dessa fonte, este é o valor da falha. Página 2
3.2.2. O item 1.6 do relatório apontou dezesseis doações recebidas pelo candidato e não registradas pelos doadores. Destas, duas foram estimáveis em dinheiro que não foram comprovadas, já que o prestador de contas não apresentou os recibos eleitorais correspondentes, de nºs 72 (R$3.900,00) e 90 (R$256,00). A não comprovação da origem das doações as converte em RONI recursos de origem não identificada. Valor da falha: R$4.156,00. 3.2.3. O item 1.10 constatou propaganda (cavaletes e banners) cujo beneficiário é o prestador de contas. Este, por sua vez, alegou desconhecer a primeira, cavaletes confeccionados pela Pinte Propaganda Ltda. que se encontravam no município de Itaúna. Uma vez que o autuante não juntou ao Sicof nenhuma fotografia da propaganda, é forçoso aceitar as alegações do candidato e desconsiderar a omissão. Quanto à segunda propaganda, banners no município de Santa Rita de Minas, o candidato alegou ter contratado a despesa e feito doação de 50% dela ao candidato Fred Costa (nota fiscal nº 2014/123 e recibo eleitoral nº 126, de fls. 165/164). Contra sua argumentação, no entanto, está o fato de que tanto a despesa contratada quanto a doação tratavam de adesivos perfurados, e a propaganda fotografada (cópia às fls. 229) é realmente de um banner. A falha, portanto, não foi sanada, mas não há meios de se calcular seu valor. 3.2.4. O item 2.3 do relatório relacionou divergências dos CPFs de vinte e seis fornecedores, e o prestador de contas reconheceu ter havido erros na digitação deles, corrigindo-os no relatório de Despesas Efetuadas. Apenas um dos fornecedores (relacionado pelo candidato como Ana Maria Rafaela Carvalho, mas identificada na Receita Federal como Ana Maria Messias Borges) não teve seu CPF corrigido, impedindo a correta fiscalização da despesa. Valor da falha: R$250,00. 3.2.5. O item 2.4 solicitou a comprovação da despesa efetuada junto a Valéria Soares Nascimento e seu pagamento. Em resposta, o candidato informou o número e a data de compensação do cheque entregue à fornecedora (nº 300449, 06/10/2014). Apesar de a compensação deste cheque poder ser visualizada nos extratos bancários, a falha não foi sanada, porque não foi juntado documento algum que comprovasse a contratação da despesa e o seu pagamento àquela fornecedora específica provou-se apenas que foi descontado, não se sabe por quem e por quê, um cheque de nº 300499 no dia 06 de outubro. Valor da falha: R$300,00. Página 3
3.2.6. O item 2.5 do relatório solicitou explicações sobre um rol de vinte e quatro notas fiscais obtidas externamente e não declaradas na prestação de contas. Destas, o prestador de contas esclareceu e comprovou a maioria, e permaneceram as seguintes inconsistências: - NF nº 32, que provou ser o nº 325 (anexada às fls. 230), no valor de R$202,50. Ele alegou que a única despesa feita com a empresa Dr. Tech Soluções Ltda. foi a da NF nº 327, de valor diferente, já declarada na prestação de contas; - NF nº 48 (fls. 196), no valor de R$4.040,00. Ele acredita que a BHZ Comunicação Visual equivocou-se em virtude de uma propaganda casada contratada por Antônio de Miranda Silva, que por sua vez doou 50% da mesma ao prestador de contas; por conta da propaganda que seria dividida entre os dois candidatos, a BHZ teria emitido para o prestador de contas nota fiscal de metade do valor contratado. Em seu desfavor, pesa o fato de que a doação recebida do candidato Antônio deveria ser de 50% de R$8.080,00 e a que ele efetivamente recebeu foi de R$2.693,33 (recibo eleitoral nº 131, fls. 194); - NF nº 5, que provou ser o nº 58 (anexada às fls. 231), no valor de R$770,00. O prestador informa que ela foi substituída pela de nº 005419975 (fls. 198), por conter descrição inadequada do nome empresarial e dos serviços. Nenhuma das notas, entretanto, menciona a substituição, o que dá validade às duas. - NF nº 388 (anexada às fls. 232/233), no valor de R$250,00, supostamente substituída pela de nº 430, às fls. 197. Não há, porém menção a qualquer substituição nas notas, permanecendo a validade das duas. - NF nº 108027 (anexada às fls. 234), no valor de R$1.990,00. O prestador não se manifestou sobre ela; - NFs nº 1673 e 1672 (anexadas às fls. 235/236), no valor de R$4.900,00 e R$1.030,00. O prestador não as conhece. Lembramos que nota fiscal é documento público apto a comprovar a relação contratual entre consumidor e fornecedor. Presume-se válida em sua plenitude para demonstrar a operação comercial a que se refere e a prova contrária à sua presunção de validade é ônus de quem alega sua falsidade. A alegação de substituição ou cancelamento das notas fiscais pela empresa emissora também não tem o condão de retirar-lhes a validade. Há mecanismos legais próprios para o cancelamento de uma nota já emitida, e nos casos acima eles não foram utilizados, permanecendo válidas, portanto, as notas anexadas a este processo. Valor da falha: R$13.182,50. 4. CONCLUSÃO Quanto à movimentação de recursos: Página 4
1. Receita Financeira R$676.700,00 2. Receita Estimável em Dinheiro R$ 62.916,54 3. Custo Total da Campanha R$ 739.616,54 4. Sobras Financeiras R$ 112,78 5. Sobras Não Financeiras R$ 0,00 6. Dívida de Campanha R$ 0,00 7. Recursos de Origem Não Identificada (RONI) R$4.156,00 8. Recursos de Fonte Vedada R$ 0,00 9. Excesso do Limite de Gastos R$ 0,00 10. Gastos Irregulares com Recursos do Fundo Partidário R$ 0,00 Realizados os procedimentos gerais de análise, quais sejam, o exame dos relatórios de Procedimentos Técnicos de Exame (PTE), expedidos pelo Sistema de Análise de Contas (SPCEWEB), a prestação de contas entregue pelo candidato, o sistema de controle concomitante, o controle informatizado de lançamentos e omissões fiscais e examinadas todas as informações constantes dos autos, foram encontradas falhas que são suficientes para comprometer a regularidade e transparência das contas, consideradas estas em seu conjunto, devido ao volume de recursos envolvidos, no montante de R$13.182,50 (treze mil, cento e oitenta e dois reais e cinqüenta centavos) de omissão de despesas, que não pode ser considerada irrelevante, além das irregularidades apontadas nos itens 3.2.1 a 3.2.5, e, portanto, aplicável a hipótese do art. 54, inciso III da Resolução TSE nº 23.406/2014, sem prejuízo da aplicação do disposto no art. 54, 3º, da mesma Resolução, razão pela qual opinamos pela DESAPROVAÇÃO DAS CONTAS de GUSTAVO MARQUES CARVALHO MITRE, candidato ao cargo de DEPUTADO FEDERAL em Minas Gerais, pelo Partido Humanista da Solidariedade PHS Eleições 2014. O valor de R$4.156,00 apurado no quadro acima, item 7, deverá ser recolhido ao Tesouro Nacional no prazo estipulado pela legislação, conforme o art. 29, caput e 2º da Resolução TSE nº 23.406/2014. Se acatado o presente parecer, os autos deverão retornar posteriormente à SACOE para fins de acompanhamento e certificação do recolhimento ao Tesouro Nacional do montante acima informado. É o Parecer. À consideração superior. Belo Horizonte, 30 de novembro de 2014. Página 5
PROCESSO Nº: 2790-97.2014.6.13.0000 PROTOCOLO Nº 191.712/2014 De acordo com o Parecer Técnico Conclusivo de fls. 219/223, opinando pela Desaprovação das contas em análise. O valor de R$4.156,00 apurado como RONI Recursos de Origem Não Identificada, deverá ser recolhido ao Tesouro Nacional no prazo estipulado pela legislação, conforme o art. 29, caput e 2º da Resolução TSE nº 23.406/2014. Se acatado o presente parecer, os autos deverão retornar posteriormente à SACOE para fins de acompanhamento e certificação do recolhimento ao Tesouro Nacional do montante acima informado. Encaminhem-se os autos à Senhora Secretária de Controle Interno e Auditoria para apreciação. Belo Horizonte, / /2014. JÚLIO CÉSAR DINIZ ROCHA Coordenador de Controle de Contas Eleitorais e Partidárias Página 6
PROCESSO Nº: 2790-97.2014.6.13.0000 PROTOCOLO Nº 191.712/2014 Aprovo o Parecer Técnico Conclusivo de fls. 219/223, opinando pela Desaprovação das contas em análise e faço conclusos os autos ao Exmo. Senhor Juiz Relator para prosseguimento do feito. O valor de R$4.156,00 apurado como RONI Recursos de Origem Não Identificada, deverá ser recolhido ao Tesouro Nacional no prazo estipulado pela legislação, conforme o art. 29, caput e 2º da Resolução TSE nº 23.406/2014, após o que os autos deverão retornar posteriormente à SACOE para fins de acompanhamento e certificação do recolhimento ao Tesouro Nacional do montante acima informado. Sugere-se, ainda, ao Exmo. Sr. Juiz Relator, que autorize o desentranhamento das fls. 112/119, por seu caráter sigiloso, nos termos dos arts. 6º e 7º da Res. TSE nº 23.326/2010. Belo Horizonte, / /2014. NARA DE SOUZA LOPES Secretária de Controle Interno e Auditoria Página 7