RECEBIMENTO CONCLUSÃO
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- Ana Luísa Lopes Benke
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1 RECEBIMENTO Em 27 de novembro de 2008, recebi estes autos em Cartório... Waldir Canhete, Chefe de Cartório Designado da 1.ª Zona Eleitoral do Estado de São Paulo. CONCLUSÃO Em 1.º de dezembro de 2008, faço estes autos conclusos ao Meritíssimo Juiz Eleitoral, Doutor Marco Antonio Martin Vargas. Waldir Canhete, Chefe de Cartório Designado da 1.ª Zona Eleitoral do Estado de São Paulo. PROCESSO N.º 202/2008 Visto. Sentença a seguir. São Paulo, em 1.º de dezembro de Marco Antonio Martin Vargas Juiz Eleitoral
2 Processo n.º 202/2008 Prestação de Contas de Campanha Eleitoral Eleições Municipais de 2008 São Paulo Capital Visto etc., Trata-se da prestação de contas da candidata ao cargo de Vereador SANDRA REGINA CARBONE TADEU MUDALEN, do Democratas, DEM, registrada sob n.º , com o qual concorreu no pleito municipal de 2008 nesta Capital. O Cartório Eleitoral prestou as informações necessárias, pela aprovação das contas apresentadas, o que foi corroborado por sua Direção, uma vez observadas as exigências legais e regulamentares. Submetido o feito à apreciação do ilustre representante do Ministério Público Eleitoral, outro não foi o entendimento, nos termos da manifestação a fls É o breve relatório. DECIDO. Apreciando as contas, segundo as disposições do art. 17 e seguintes da Lei Federal n.º 9.504/97, bem como do art. 40 da Resolução TSE n.º /2008, do Colendo Tribunal Superior Eleitoral, observei que se encontram em ordem, verificando-se a consistência dos dados e dos cálculos apresentados nas declarações trazidas a juízo, o que também se afere da análise da documentação coligida. Quanto ao aspecto formal, integram o presente feito as demonstrações contábeis elencadas no art. 30 e incisos da sobredita Resolução, quais sejam, a ficha de qualificação do candidato; o demonstrativo de recibos eleitorais, de recursos arrecadados, das receitas, despesas e doações; das comercializações de bens e da realização de eventos; a conciliação bancária; o termo de entrega de recibos; o relatório de despesas efetuadas; os canhotos dos recibos eleitorais utilizados e demais demonstrações ali previstas. O extrato bancário, a seu turno, faz demonstrar a total movimentação financeira declarada, nada fazendo óbice, via de conseqüência, à propositura de acolhimento contábil subscrita pela unidade técnica e referendada pelo Douto representante ministerial.
3 No entanto, uma observação deve ser feita. A candidata declarou ter recebido R$ ,00 (cem mil reais) da Construtora OAS Ltda. (fls. 9 e 10) e R$ ,00 (vinte e cinco mil reais) da Engeform Construções e Comércio Ltda. (fls. 10), recursos estes que, somados, correspondem a 49,6% do total arrecadado. Sabe-se que as referidas empresas possuem íntima relação negocial com o poder público, mas não estão incluídas no rol de fontes vedadas previsto no art. 24 da Lei n.º 9504/97. Todavia, não há como deixar de destacar a urgente necessidade de reformulação das regras de financiamento de campanhas eleitorais, sobretudo para que situações como estas não venham a permitir a confusão no sentido desse instituto, fazendo prevalecer no processo eleitoral interesse diverso daquele que deve permeá-lo, qual seja a crença do doador na plataforma de governo do candidato ou de seu partido político. Esse, inclusive, é o entendimento de RENATO VENTURA RIBEIRO, ao comentar o artigo em questão da seguinte forma: Para alcançar os mesmos objetivos, deveriam ser proibidas doações de outras empresas contratadas ou fiscalizadas diretamente pelo poder público e suas autarquias diretas. É o caso de empreiteiras e bancos. Por isto, uma grave omissão neste artigo é a proibição de doação de empresas contratadas pela administração pública, principalmente pela possibilidade de reeleição, para evitar, entre outros, direcionamento de licitações e condicionamento de pagamento a doações. Naturalmente, o legislador não quis fechar a torneira para doações de empreiteiras. O mesmo ocorre em relação aos bancos e outras instituições financeiras, grandes financiadores de campanha, e que são fiscalizados diretamente por autarquia da administração pública. 1 A preocupação sobre a forma de financiamento de campanha eleitoral também é manifestada por JOSÉ JAIRO GOMES nos seguinte termos: Conforme visto, o terreno econômico é onde mais se cogita do uso abusivo de poder nas eleições, o que acarreta grave desequilíbrio da disputa. Por isso o legislador intervém, fazendo-o com o fito de conferir equilíbrio ao certame. Querse impedir que a riqueza dos mais abastados interfira de forma decisiva no 1 Lei Eleitoral Comentada, São Paulo: Quartier Latin, 2006, pág. 191.
4 resultado das eleições. Com isso também se cumpre o princípio constitucional da isonomia, pois, se todos são iguais perante a lei, justo não seria que houvesse grande diferença de oportunidade para a ocupação de cargos político-eletivos. À luz de sua origem, pode o financiamento ser público, privado ou misto. Muito se discute acerca da conveniência do financiamento privado, porquanto ao eleito cedo ou tarde sempre se enviarão as faturas, já que, conforme dizia Tomás de Aquino, neste mundo na há ação sem finalidade. Com efeito, ninguém (sobretudo as pessoas jurídicas) contribui financeiramente para uma campanha sem esperar retorno do agraciado, caso seja eleito. Para muitas empresas tratase de verdadeiro investimento. A experiência tem mostrado que aí reside um dos focos (existem outros!) relevantes da corrupção endêmica que assola o País. 2 Diga-se o mesmo, desenganadamente, em relação às empresas que, embora não tenham vínculo negocial direto com a administração pública, atuam em ramos ou serviços estratégicos de poder, sugerindo que, eventualmente, poderiam, pela via indireta, receber benesses divorciadas do contexto legal. Em suma, resta à Justiça Eleitoral apenas a constatação dessas espécies de doações e a sua divulgação para que o eleitor possa fazer o juízo de valor em última instância, até que o legislador encontre fórmulas legais para evitar as conclusões aqui postas. Para tanto, de lege ferenda seria interessante estabelecer limites para o repasse desses valores, vez que a tentativa de vedação mostra-se inócua, ou, então, estabelecer a obrigatoriedade de repasse, do mesmo valor, a ser distribuído proporcionalmente entre candidatos de outros partidos/coligação concorrentes, obedecido o critério de conveniência na distribuição interna por cada agremiação, no caso de doação realizada a candidato ou partido/coligação específico, tudo em homenagem ao princípio da isonomia e, principalmente, para diminuir as diferenças de aporte de recursos entre as campanhas, com o fim de garantir o real equilíbrio na disputa eleitoral. Face ao exposto, APROVO, por sentença, para que produza seus efeitos de direito, as contas prestadas pela candidata SANDRA REGINA CARBONE TADEU MUDALEN, do Democratas, DEM, registrada sob n.º , cabendo consignar que houve sobras de campanha no montante de R$ 459,21 (quatrocentos e cinqüenta e nove reais e vinte e um centavos), já repassadas ao respectivo partido político (fls.428), nos termos do que determina o art. 31 da Lei Federal n.º 9.504/97. 2 Direito Eleitoral, 2.ª ed. rev., ampl. e atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, pág. 242.
5 Ciência pessoal ao Douto representante ministerial. Dando-se o trânsito em julgado, ao arquivo. Afixe-se no local de costume. São Paulo, em 1.º de dezembro de Marco Antonio Martin Vargas Juiz Eleitoral
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