Filosofia Moderna: a nova ciência e o racionalismo.

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Transcrição:

FILOSOFIA MODERNA

Filosofia Moderna: a nova ciência e o racionalismo. Período histórico: Idade Moderna (século XV a XVIII). Transformações que podemos destacar: A passagem do feudalismo para o capitalismo A formação dos Estados Nacionais O movimento da Reforma Religiosa O Desenvolvimento da ciência natural A invenção da imprensa

Nas artes, nas ciências e na filosofia surgiram novas ideias, concepções e valores. Um exemplo: a tendência social antropocêntrica O desenvolvimento do racionalismo e de uma filosofia laica (não religiosa)

2. Renascimento: revalorização do homem e da natureza 2.1 O Renascimento inspirou-se no humanismo, movimento de intelectuais que defendiam o estudo da cultura greco-romana e o retorno a seus ideais de exaltação do homem e de seus atributos como: a razão e a liberdade. Que obra prima é o homem! Como é nobre em sua razão! Que capacidade infinita! Como é preciso e bem-feito em forma e movimento! Um anjo na ação! Um deus no entendimento, paradigma dos animais, maravilha do mundo. SHAKESPEARE, W. Hamlet, p.51

2.2 O pensador moderno buscava não somente conhecer a realidade, mas exercer controle sobre ela. Ele queria descobrir as leis que regem os fenômenos naturais. O objetivo era prever para prover. 2.3. Ética, educação e política O pensador moderno, afirmava não ser possível estabelecer os mesmos preceitos para todos os homens, sendo necessário que cada um construa uma sabedoria e uma consciência moral de acordo com as suas possibilidades e disposições individuais, mas tendo como regra geral para alcançar a sabedoria o dizer sim à vida. Na educação, por exemplo, recomendava que todos os conteúdos fossem submetidos à reflexão do aluno. Nada devia ser imposto ao estudante por simples autoridade da tradição.

3. Razão e experiência: bases do conhecimento seguro Na mitologia grega: Caos aquilo que não tem forma e representa o vazio desordenado, obscuro e infinito. E foi o caos que criou o mundo, todos os deuses e o homem. Ora, um mundo criado pelo caos era, necessariamente, um mundo imperfeito, imprevisível, misterioso. Pré-socráticos: Cosmo dentro desse conceito, o universo passou a ser encarado como algo ordenado, harmônico, previsível, capaz de ser compreendido racionalmente pelo homem.

As conquistas e realizações renascentistas deixaram a maioria das pessoas desorientadas e desconfiadas. O mundo racionalmente ordenado da Antiguidade foi questionado e, aos poucos, dissolvido. Houve a partir desse momento a destruição do cosmo e, consequentemente, o desaparecimento, na ciência, de todas as considerações baseadas nessa noção; O que os fundadores da ciência moderna, entre os quais Galileu, tinham de fazer não era criticar e combater certas teorias erradas, para corrigi-las ou substituí-las por outras melhores. Tinham de fazer algo inteiramente diverso. Tinham de destruir um mundo e substituí-lo por outro. Tinham de reformar a estrutura de nossa própria inteligência, reformular novamente e rever seus conceitos, encarar o ser de uma nova maneira, elaborar um novo conceito do conhecimento, um novo conceito da ciência.

Isso explica por que a descoberta de coisas e de leis, que hoje parecem tão simples e tão fáceis que são ensinadas às crianças leis do movimento, lei da queda dos corpos exigiu um esforço tão prolongado, tão árduo, muitas vezes vão, de alguns dos maiores gênios da humanidade, como Galileu e Descartes.

Filosofia Moderna: Empirismo e Racionalismo As estruturas do pensamento passaram a ser investigadas pelos principais filósofos do século XVII e XVIII, que formularam diversas epistemologias ou teorias do conhecimento. As duas principais vertentes dessa investigação foram: A empirista; A racionalista

A empirista: defendia a tese de que, em última análise, a origem fundamental do conhecimento está na experiência sensível. A racionalista: defendia a tese de que, além do conhecimento pela experiência sensível, há principalmente o conhecimento pela razão. O racionalismo realça a importância do conhecimento pela razão, isto é, enfatiza a existência de idéias fundadoras do conhecimento.

Iluminismo: a razão em busca de liberdade A expansão capitalista dos séculos XVII e XVIII foi acompanhada pela crescente ascensão social da burguesia e sua tomada de consciência como classe social. Paralelamente, o racionalismo imperava na Europa, transmitindo a confiança de que a razão era o principal instrumento do homem para enfrentar os desafios da vida e equacionar os problemas que o rodeavam. O desenvolvimento da Revolução Industrial e o sucesso da ciência em campos como a química, a física e a matemática inspiravam filósofos de todas as partes. Foi assim que surgiu um novo mito: a idéia de progresso.

Burguesia e Iluminismo Segundo o filósofo e sociólogo Lucien Goldmann, os valores fundamentais defendidos pelos iluministas (igualdade, tolerância, liberdade e propriedade privada) poderiam ser relacionados com a atividade comercial. Em outras palavras, esses pensadores teriam sido ideólogos da burguesia. O programa do Iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a ilusão, por meio do saber. A técnica é a essência desse saber. Seu objetivo não são os conceitos ou imagens nem a felicidade da contemplação, mas o método, a exploração do trabalho dos outros, o capital. O que os homens querem aprender da é como aplicá-la para exercer completo domínio sobre ela e sobre os homens. Fora disso, nada conta. Poder e conhecimento são sinônimos.