O efeito da migração sobre o crescimento populacional da cidade de Parnamirim-RN, 2005 a 2010

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Transcrição:

O efeito da migração sobre o crescimento populacional da cidade de Parnamirim-RN, 2005 a 2010 Rosimere Lopes Monte Palavras-Chave: Migração. Parnamirim. Crescimento. Trabalho apresentado no VII Congreso de la Asociación LatinoAmericana de Población e XX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Foz do Iguaçu/PR Brasil, de 17 a 22 de outubro de 2016. Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. E-mail: rosimeremonte@hotmail.com Agradeço a Professora Luana Junqueira Dias Myrrha pelas importantes contribuições realizadas nesse trabalho.

Resumo Este trabalho busca avaliar a dinâmica demográfica da cidade de Parnamirim/RN, que pertence à região metropolitana de Natal, em seus aspectos mais gerais, identificando o efeito da migração e dos eventos vitais (nascimentos e óbitos) sobre o incremento migratório na população, no período de 2005 a 2010. As análises foram realizadas para cada ano do período em estudo, para os quais se tem a contagem dos nascimentos e óbitos. Os dados sobre população, óbitos e nascimentos de Parnamirim/RN, para o período de 2005 a 2010 foram extraídos do Departamento de Informática do SUS DATASUS. O efeito da migração foi estimado pela diferença entre os imigrantes e emigrantes, uma vez que se tem a informação da migração de estoque de data fixa e última etapa no Censo Demográfico. Os resultados evidenciam que o efeito da migração se sobrepôs ao efeito dos eventos vitais no crescimento da cidade de Parnamirim, ao longo dos anos 2005 a 2010, correspondendo a 59% do incremento populacional. Por fazer fronteira com a capital (Natal) e vivenciar um desenvolvimento em diversas áreas, a cidade tem atraído a população que chega à região metropolitana e a população da própria região metropolitana. Portanto, Parnamirim pode ser considerada com um destino natural do crescimento urbano da capital do RN, Natal. Espera-se que os resultados possam servir de base para a elaboração de políticas públicas com embasamento científico, de forma a melhorar a qualidade de vida da população. 2

Introdução A Região Metropolitana de Natal vem vivenciando uma acelerada ocupação de habitantes, atraídos ou motivados pela demanda de mão de obra, gerada pelas políticas públicas e privadas de empreendimentos na capital (NICOLAU, 2008). Consequentemente, o número elevado de imigrantes provocou um rápido processo de ocupação e um significativo crescimento populacional na região, o que demandou a construção de novas moradias e a comercialização de imóveis (SOUZA, 2004). Pode-se auferir que, esse grande fluxo migratório contribuiu para o dinamismo econômico em várias atividades, em especial na cidade de Parnamirim, que pertence a região metropolitana de Natal e faz fronteira com capital (SOUZA, 2004). Considerando que, os processos de imigração de pessoas do interior para Parnamirim são em sua maioria em função dos fatores climáticas, o agravamento das condições ambientais decorrentes das mudanças climáticas, apontando um aumento significativo dessa mobilidade no que diz respeito na decisão da migração (OJIMA ET AL, 2014). Outro fator que deve-se levar em consideração é o econômico. Sendo que, o fluxo migratório em Parnamirim é resultante de um processo de expulsão do migrante do rural para o urbano em expansão, essa atração que orienta os fluxos migratórios no destino é em decorrência da expansão do capitalismo que aglomeram a atividade industrial, estimulando as saídas a possibilidade de inserção no mercado de trabalho (SINGER, 1973). Segundo as informações do DATASUS 2005 e 2010, o município de Parnamirim teve um crescimento de 24% nesse período de 5 anos, passando de 163.143 habitantes para 202.456 habitantes. Em 2005 o Produto interno bruto (PIB) parnamirinense correspondia a R$1.124.275,7, equivalente a 109% de aumento em relação a 2010 (R$2.350.562). Além de Natal (R$11.997.401), Mossoró (R$3.496.776) e Guamaré (R$1.197.834), Parnamirim está dentro do grupo de municípios que exerce maior representatividade para contribuição no PIB do estado do RN, cerca de 7,3% em relação ao PIB total estadual (2010) (CLEMENTINO & FERREIRA, 2015). Nessa perspectiva, o setor que mais cresceu foi o terciário, na ampliação de novos serviços administrativos, ramos de atividades, educação, comércio em geral, saúde e lazer. Com esse desenvolvimento urbano, a cidade ganhou mais atividades turísticas, pois além de ser uma cidade histórica que teve participação conjunta com esforços de guerra na Base Aérea de Natal ela ocupa uma área litorânea tornando um atrativo aos 3

visitantes (GIESTA, 2013). O Índice de Desenvolvimento Humano parnamirinense de 2010 é de 0,766. Este trabalho busca avaliar a dinâmica demográfica da cidade de Parnamirim em seus aspectos mais gerais, identificando o efeito da migração e dos eventos vitais (nascimentos e óbitos) no período de 2005 a 2010. Espera-se que os resultados possam servir de base para a elaboração de políticas públicas com embasamento científico, de forma a melhorar a qualidade de vida da população. Material e Métodos No que concerne a obtenção dos dados sobre população, óbitos e nascimentos de Parnamirim/RN, para o período de 2005 a 2010 foram extraídos do Departamento de Informática do SUS DATASUS e do Censo Demográfico de 2010. Em relação a informação sobre o tamanho da população em 2005 foi estimada pelo IBGE e o tamanho da população em 2010 corresponde àquela contabilizada pelo censo de 2010. Os nascimentos anuais correspondem às informações dos dados disponíveis do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) em conjunto com as Secretarias de Saúde. E as informações de óbitos são provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), cuja origem do registro são as Declarações de Óbitos dos cartórios. Na análise do crescimento populacional, toma-se a conceituação de saldo migratório como a diferença entre imigrantes e emigrantes definida como troca migratória (BRITO ET AL, 2004). Nesse sentido, será utilizada a migração de data fixa para a análise da dinâmica demográfica. Para tanto, utilizou-se a equação fundamental da população (equação de balanceamento) que representa o total da população em função da contabilidade dos eventos vitais e das entradas e saídas por migração, conforme a equação abaixo: Pt = P0 + N O + I E (1) Onde, Pt: População final do período P0: População inicial do período N: Nascimentos O: Óbitos I: Imigrantes 4

E: Emigrantes Portanto, o incremento da população pode ser decomposto em função dos nascimentos, óbitos e migração: Pt - P0 = N O + I E, (2) Que também pode ser escrito como: Pt - P0 = CV + SM, (3) CV: N O (Crescimento vegetativo) SM: I E (Saldo migratório) Portanto, pela decomposição do incremento será possível estimar qual é a participação da migração no crescimento da cidade de Parnamirim, frente ao peso dos eventos vitais. Resultados e Discussão De acordo com os resultados obtidos no período (2005-2010) a população da cidade de Parnamirim cresceu 24%. O seu incremento populacional de 2005 para 2010 foi de 39.313 habitantes. Conforme a Tabela 1, entre os anos de 2005 e 2010, ocorreram 20.034 nascimentos e 3.998 óbitos, resultando num incremento vegetativo de 16.036 habitantes. Segundo as informações do Censo 2010, o saldo migratório entre 2005 e 2010 correspondem à diferença entre imigrantes e emigrantes (CARVALHO E RIGOTTI, 1998) foi de 29.902 habitantes (Tabela 2). Então, ao somar o incremento vegetativo com o saldo migratório tem-se 45.938 habitantes do incremento populacional. Essa estimativa difere em 6.625 habitantes do incremento populacional mesurado apenas pela diferença entre a população de Parnamirim recenseada em 2010 e aquela estimada por 2005, o que pode ser consequência da metodologia adotada para estimar a população em 2005, ou pelo sub-registro dos eventos vitais ou pelos erros contidos na estimação dos saldos migratórios. Para a análise, será considerada a estimativa do incremento populacional obtida por meio da soma dos eventos vitais e do saldo migratório. Considerando os resultados já descritos em termos absolutos, 65,1% do incremento populacional de Parnamirim foi consequência dos fluxos migratórios, ao passo que 34,9% foi pelos eventos vitais. Ou 5

seja, mais da metade do crescimento da cidade de Parnamirim foi proporcionado pela migração. Tabela 1 Número de eventos vitais e população por período no município de Parnamirim/RN 2005 a 2010 Período População Nascimentos Óbitos 2005 163.143 2.994 568 2006 170.058 3.321 543 2007 176.907 3.116 645 2008 178.819 3.381 721 2009 184.223 3.634 743 2010 202.456 3.588 778 Total - 20.034 3.998 Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Dados: DATASUS, 2005 2010. Crescimento Vegetativo = 16.036 Tabela 2 Saldo migratório do Município de Parnamirim/RN, 2005-2010 Grupos de idade Saldo 5 a 9 anos 2.032 10 a 14 anos 2.318 15 a 19 anos 2.688 20 a 24 anos 4.046 25 a 29 anos 4.470 30 a 34 anos 4.121 35 a 39 anos 2.482 40 a 44 anos 2.339 45 a 49 anos 1.687 50 a 54 anos 1.155 55 a 59 anos 827 60 a 64 anos 691 65 a 69 anos 289 70 a 74 anos 237 75 a 79 anos 131 80 anos e mais 389 TOTAL 29.902 Fonte: Elaborado pelo próprio autor. Dados: IBGE, Censo Demográfico 2010. 6

Taxa líquida de migração As taxas líquidas de migração (Gráfico 1) evidenciam que a participação da migração tem sido mais importante para o crescimento dos grupos etários entre 20 e 34 anos e também para o grupo 80 anos e mais. A migração nas idades mais jovens pode ser consequência do crescimento das seguintes ocupações em Parnamirim: membros de forças armadas, policiais e bombeiros; agentes imobiliários; pedreiros e trabalhadores elementares da construção de edifícios; trabalhadores dos serviços domésticos em geral; professores do ensino fundamental; cuidadores de crianças; contadores; comerciantes de lojas; cabeleireiros e especialistas em tratamento de beleza e afins; advogados e juristas; condutores de automóveis, taxis e caminhonetes; mecânicos e reparadores de veículos a motor; vendedores ambulantes e vendedores a domicílio (Censo Demográfico 2010). Outro fato que pode ajudar a explicar esse crescimento é a expansão imobiliária para a cidade de Parnamirim, que proporcionou um número maior de moradias com um custo benefício mais atrativo do que na cidade de Natal, o que incentivou parte da população que trabalha em Natal a residir em Parnamirim. O crescimento da participação da população mais idosa, acima de 80 anos, também pode ser consequência dessa expansão imobiliária e da própria atratividade da cidade. 30 Gráfico 1: Taxas líquidas de migração, Parnamirim-RN, 2005-2010 25 20 15 10 5 0 Fonte dos dados básicos: Censo Demográfico 2010 7

A metodologia adotada não permite separar o efeito indireto da migração dos nascimentos totais, espera-se que o efeito da migração seja ainda maior, na medida em que os filhos dos migrantes nascidos em Parnamirim não estão sendo contabilizados no efeito da migração. Os resultados sugerem que grande parte do crescimento da cidade de Parnamirim é consequência da absorção de imigrantes que vieram para região metropolitana de Natal advindos de outras localidades, bem como de imigrantes da própria região metropolitana. Os imigrantes têm como principais atrativos a proximidade de Parnamirim da capital, o que permite os movimentos pendulares, a expansão imobiliária e o desenvolvimento de novos serviços administrativos, da educação, do comércio, da saúde e do lazer. Conclusão Os resultados evidenciam que o efeito da migração se sobrepôs ao efeito dos eventos vitais no crescimento da cidade de Parnamirim, ao longo dos anos 2005 a 2010. A cidade, por pertencer a região metropolitana de Natal, fazer fronteira com a capital e vivenciar um desenvolvimento em diversas áreas, tem atraído a população que chega à região metropolitana e a população da própria região metropolitana. Portanto, a cidade de Parnamirim pode ser considerada com um destino natural do crescimento urbano da capital do RN, Natal. Os migrantes tendem a ter um perfil etário jovem ou adulto, pois as motivações de migrar geralmente estão relacionadas com as oportunidades de trabalho e estudo. E os resultados também evidenciam uma maior absorção de idosos acima de 80 anos. Nesse sentido, é importante que a cidade esteja preparada para atender as demandas desses perfis, que se concentram em habitação, educação, comércio e saúde. Além disso, um planejamento urbano e regional deve ser tomado como prioridade, com o objetivo de integrar as atividades cotidianas dos indivíduos e facilitar os fluxos de deslocamentos pendulares. 8

Referências BRITO, F. G; R. A.; SOUZA. R. G. V. de. As tendências recentes das migrações interestaduais e o padrão migratório. In: XIV encontro Nacional de Estudos Populacionais. Anais... Caxambu-MG, 2004. CARVALHO. J. A. M. de.; RIGOTTI, J. I. R. Os dados censitários brasileiros sobre migrações internas: algumas sugestões para análise. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 7-16, 1998. GIESTA, J. P. Outorga onerosa do direito de construir e dinâmica do mercado imobiliário formal: planejamento e descaminhos na expansão urbana de Parnamirim RN (2008-2010). Dissertação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2013. GOMES, R. C. C.; ALVES, L. S. F.; DANTAS, J. R. Q.; FRANÇA, R. S. O processo de metropolização. In: CLEMENTINO, M. L. M.; FERREIRA, A. L. Natal: transformação na ordem urbana. Natal: Letrcapital, 2015, p. 53-56. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE. Sistema de Recuperação Automática. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp?e=v&p=cd&z=t&o=25>. Acessado em: 20 mar 2016. NICOLAU, D. G. B. A produção capitalista do espaço: os loteamentos, os condomínios fechados e o seu papel na formação do bairro de Nova Parnamirim/Parnamirim-RN. Dissertação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008. OJIMA, R.; COSTA, J. V.; CALIXTA, R. K. Minha vida é andar por esse país : migração recente no semiárido setentrional, políticas sociais e meio ambiente, REMHU Revista Interdiscip. Mobil. Hum. n. 43, p 150-152, Brasília, 2014. PRESTON, S. H., HEUVELINE, P., GUILLOT, M. Demography: Meansuring and Modeling Population Processes, 1ed. Blackwell Publishing Ltd, 2001, p. 291 SINGER, P. Migrações internas: considerações teóricas sobre o seu estudo. In: Economia política da urbanização. São Paulo: Editora Brasiliense, 1973. SOUZA, F. E. O processo de reprodução de Espaço Urbano de Nova Parnamirim. Dissertação (Mestre), Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia. Rio Grande do Norte, Natal, 2004. 9