PROCESSO Nº: 0804286-21.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO RELATÓRIO 1. Trata-se AGTR interposto pela UNIÃO FEDERAL, contra decisão do douto Juiz Federal da 1ª Vara da SJ/RN que, nos autos da ação ordinária de origem, deferiu o pedido de antecipação de tutela, determinando a realização do implante coclear bilateral sequencial pelo Hospital do Coração, devendo ser feito, pela União, o depósito do valor de R$ R$ 111.283,68 (cento e onze mil, duzentos e oitenta e três reais e sessenta e oito centavos) referentes ao procedimento e materiais necessários e honorários médicos, sendo dispensada ao autor toda a atenção e garantido o acesso a todos os recursos necessários à realização do procedimento. 2. Alega a agravante que: (a) está ausente o requisito legal do perigo de dano irreparável ou de difícil reparação, exigido pelo art. 273 do CPC, dado que não restou demonstrado qual o risco iminente que a saúde do autor correrá caso o procedimento cirúrgico em seu outro ouvido não venha a ser realizado de imediato, sendo tal cirurgia eletiva; (b) não pode a União ser obrigada a custear procedimento que possui cobertura plena pelo SUS, conforme tabela SIGTAB, sendo o Hospital do Coração o único no Estado do Rio Grande do Norte credenciado pelo SUS para realizar tal procedimento, como também o é o médio que acompanha o autor; (c) o único óbice à realização da referida cirurgia pelo SUS é a Portaria 1.278/99, do Ministério da Saúde, que apenas autoriza a realização do procedimento em um ouvido, já tendo o autor se submetido a tal cirurgia em momento anterior; e (d) tal óbice não pode autorizar que seja importa ao SUS o ônus de pagar o procedimento como se particular fosse, no valor de R$ 11.283,68, enquanto que pelo SUS tal cirurgia teria o custo de R$ 45.603,43. 3. Foi atribuído o efeito suspensivo ao presente recurso. 4. Foram apresentadas contrarrazões. 5. É o que havia de relevante para relatar.
MP PROCESSO Nº: 0804286-21.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO VOTO 1. A decisão agravada, proferida nos autos da ação ordinária de origem, deferiu o pedido de antecipação de tutela, determinando a realização do implante coclear bilateral sequencial pelo Hospital do Coração, devendo ser feito, pela União, o depósito do valor de R$ R$ 111.283,68 (cento e onze mil, duzentos e oitenta e três reais e sessenta e oito centavos) referentes ao procedimento e materiais necessários e honorários médicos, sendo dispensada ao autor toda a atenção e garantido o acesso a todos os recursos necessários à realização do procedimento. 2. Compulsando os autos, verifica-se que não restou comprovada, pelos documentos acostados ao presente recurso, a urgência premente na realização da cirurgia pretendida pelo autor, ora agravado, máxime tendo em consideração que o autor já realizou uma cirurgia de implante coclear unilateral com resultados satisfatórios quanto à estimulação monoaural (unilateral). 3. Não se está dizendo que o referido procedimento cirúrgico não deve ser realizado nem que o mesmo não é necessário à melhoria da qualidade de vida do autor, ora agravado, mas tão somente que tal cirurgia pode aguardar o trâmite do feito de origem, sem que sejam causados prejuízos maiores ao requerente. 4. Por outro lado, a decisão agravada imputa à ora agravante a realização de depósito no valor de R$ 111.283,68, o que acarreta prejuízo financeiro imediato à agravante, até mesmo porque se o procedimento em tela fosse realizado pelo SUS custaria aos cofres públicos o valor de R$ 45.603,43, de modo que a realização da cirurgia poderia aguardar o trâmite do feito de origem, no qual poderá ser determinada a realização da cirurgia pelo SUS, afastando-se a proibição contida na Portaria 1.278/99, do Ministério da Saúde. 5. Nesse sentido já se manifestou a douta Primeira Turma desta Corte
Regional: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGTR. AÇÃO ORDINÁRIA. TUTELA ANTECIPADA. PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO COM MATERIAL IMPORTADO. AUSÊNCIA DE PROVA INEQUÍVOCA DA INEFICIÊNCIA TERAPÊUTICA DO MATERIAL SIMILAR NACIONAL. INFORMAÇÃO PRESTADA PELA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA A QUE FEZ REFERÊNCIA A DECISÃO AGRAVADA. NÃO ATENDIMENTO AOS REQUISITOS DO ART. 273 DO CPC. AGTR IMPROVIDO. 1. A decisão agravada indeferiu o pedido de tutela antecipada, por considerar que a autora, ora agravante, não apresentou qualquer documento comprobatório de uma suposta ineficiência terapêutica dos tratamentos disponibilizados pelo SUS, não tendo sido constatada a superioridade do material importado sobre o material nacional, conforme informações prestadas pela Sociedade Brasileira de Ortopedia (fls. 9/12). 2. A agravante alega ser portadora de artrose no joelho esquerdo, doença degenerativa com processo de desgaste da cartilagem, que afeta as articulações, tendo se submetido a uma cirurgia há cerca de 2 anos, tendo sido indicada uma nova intervenção cirúrgica com material de revisão de prótese de joelho, sendo que o material necessário à realização do procedimento não teria similar nacional e não é coberto pelo SUS, custando cerca de R$ 47.850,00. 3. Verifica-se, entretanto, que não restou demonstrada a necessidade de realização da cirurgia pretendida fazendo uso do referido material importado, vez que na decisão agravada fez-se menção a informação da Sociedade Brasileira de Ortopedia, anexada aos autos de origem, na qual constaria que o procedimento cirúrgico prescrito à agravante é realizado pelo SUS com componentes nacionais, bem como que não restou constatada, cientificamente, a superioridade do material importado requerido pela agravante. 4. A ora agravante não logrou infirmar, no presente recurso, os fundamentos adotados pelo douto Juízo a quo para indeferir a tutela antecipada pleiteada, não tendo apresentado prova inequívoca da necessidade de realização do procedimento cirúrgico em comento tal como pretendido, o que afasta, também, a presença do requisito da verossimilhança das alegações. 5. Ausentes os requisitos da verossimilhança das alegações e da prova inequívoca, insculpidos no art. 273 do CPC, deve ser indeferido o pedido de tutela antecipada, mantendo-se a decisão agravada em todos os seus termos. 6. AGTR improvido, restando prejudicado o pedido de reconsideração. (PROCESSO: 00126802120124050000, AG128755/RN, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 25/04/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 02/05/2013 - Página 22). 6. Assim, ausente prova inequívoca da necessidade de realização imediata do procedimento cirúrgico em comento tal como pretendido, afasta-se, também, o requisito da verossimilhança das alegações, não sendo possível o deferimento da tutela antecipada requerida pelo autor, ora agravado, no feito de origem, ante a ausência dos seus requisitos autorizadores, insculpidos no art. 273 do CPC.
7. Ante o exposto, dou provimento ao AGTR. 8. É como voto. MP PROCESSO Nº: 0804286-21.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO EMENTA CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA. TUTELA ANTECIPADA. PEDIDO DE REALIZAÇÃO IMEDIATA DE CIRURGIA DE IMPLANTE COCLEAR BILATERAL SEQUENCIAL. AUSÊNCIA DE PROVA INEQUÍVOCA DA URGÊNCIA DA CIRURGIA NOS MOLDES PLEITEADOS. POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DA CIRURGIA, PELO SUS, POR VALOR MUITO AQUÉM AO VALOR DETERMINADO NA DECISÃO AGRAVADA. NÃO ATENDIMENTO AOS REQUISITOS DO ART. 273 DO CPC. PRECEDENTE. AGTR PROVIDO. 1. A decisão agravada, proferida nos autos da ação ordinária de origem, deferiu o pedido de antecipação de tutela, determinando a realização do implante coclear bilateral sequencial pelo Hospital do Coração, devendo ser feito, pela União, o depósito do valor de R$ R$ 111.283,68 (cento e onze mil, duzentos e oitenta e três reais e sessenta e oito centavos) referentes ao procedimento e materiais necessários e honorários médicos, sendo dispensada ao autor toda a atenção e garantido o acesso a todos os recursos necessários à realização do procedimento. 2. Não restou comprovada, pelos documentos acostados ao presente recurso, a urgência premente na realização da cirurgia pretendida pelo autor, ora agravado, máxime tendo em consideração que o autor já realizou uma cirurgia de implante coclear unilateral com resultados satisfatórios quanto à estimulação monoaural (unilateral).
3. Não se está dizendo que o referido procedimento cirúrgico não deve ser realizado nem que o mesmo não é necessário à melhoria da qualidade de vida do autor, ora agravado, mas tão somente que tal cirurgia pode aguardar o trâmite do feito de origem, sem que sejam causados prejuízos maiores ao requerente. 4. Por outro lado, a decisão agravada imputa à ora agravante a realização de depósito no valor de R$ 111.283,68, o que acarreta prejuízo financeiro imediato à agravante, até mesmo porque se o procedimento em tela fosse realizado pelo SUS custaria aos cofres públicos o valor de R$ 45.603,43, de modo que a realização da cirurgia poderia aguardar o trâmite do feito de origem, no qual poderá ser determinada a realização da cirurgia pelo SUS, afastando-se a proibição contida na Portaria 1.278/99, do Ministério da Saúde. Precedente desta Primeira Turma: AG128755/RN, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 25/04/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 02/05/2013 - Página 22. 5. Não se fazendo presente prova inequívoca da necessidade de realização imediata do procedimento cirúrgico em comento tal como pretendido, afasta-se, também, o requisito da verossimilhança das alegações, não sendo possível o deferimento da tutela antecipada requerida pelo autor, ora agravado, no feito de origem, ante a ausência dos seus requisitos autorizadores, insculpidos no art. 273 do CPC. 6. AGTR provido. MP Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.