TONICO E TINOCO: O QUE FAZER COM O LIXO? José Nascimento Jr. e Rafael T. Guerra Todos os dias, Tonico o galo da vizinha ficava em cima do muro, observando a natureza e, principalmente, seu reino, o galinheiro. Num dia chuvoso, Tonico percebeu que era impossível observar as galinhas do seu harém. Ele viu que o muro que cercava sua propriedade, sim, pois ele se achava o dono do galinheiro em que vivia, estava sendo derrubado pela chuva que há horas caía das nuvens negras que cobriam a cidade. Tonico ficou pensando numa forma de evitar alguma tragédia que poderia acontecer, principalmente com o seu galinheiro. A chuva aumentava, e o lixo que estava acumulado nas ruas foi sendo arrastado pelas águas e acabou entupindo as galerias. Foi
quando Tonico avistou um pássaro encharcado que se aproximava com dificuldades para voar. Era Tinoco seu amigo de farra, que estava desesperado. - Tonico voei por toda a cidade e vi que o lixo, está entupindo todas as bocas-de-lobo. As águas estão correndo feitas loucas, arrastando tudo que encontra. Esse tal de homem racional e dominante é uma piada: destrói e polui tudo. - Calma Tinoco. Chamarei minhas lindas galinhas e meus outros amigos para nos ajudar. Se o homem não o faz, nós o faremos. Não se desespere, formaremos uma equipe para desentupir as galerias e salvar os desabrigados. - Tudo bem Tonico. Vamos lá. Os dois amigos saíram em busca dos outros companheiros e começaram a trabalhar. Levaram as pessoas que estavam sendo carregadas pela enchente, como se fossem o lixo jogado por elas mesmas nas ruas, para um lugar seco, onde a água não poderia chegar. Toneladas e mais toneladas de lixo iam sendo retiradas dos bueiros pelos animais, fazendo com que a água escoasse com facilidade e as ruas aos poucos, deixaram de ser rios temporários. No dia seguinte, depois de parar de chover, a cidade estava um caos. Casas, prédios e lojas com muita lama e sujeira. O prejuízo foi grande para os comerciantes, pois a força da água carregou tudo. Muitos desabrigados e outros que não chegaram a tanto se juntaram para reconstruir seus lares. Graças a Tonico e seus amigos, ninguém morreu. Mesmo assim, os humanos e os animais estavam tristes pela tragédia. O galo Tonico passou a ser respeitado, ganhando grande fama e prestígio na cidade. Com tamanho reconhecimento, convocou a população para uma reunião. Falou então aos presentes:
- O lixo que deixamos acumular em lugares públicos, traz danos para as nossas vidas, como o que acabamos de vivenciar neste temporal devastador. A chuva não é a culpada, e sim nós, pela nossa falta de respeito e responsabilidade com a vida, o patrimônio público e com o ambiente. Ao invés de jogarmos o nosso lixo pelas ruas e terrenos abandonados, deveríamos reaproveitá-lo ao máximo, e o restante, reciclar. Desta forma, pouparíamos os recursos naturais e deixaríamos limpas as nossas ruas. E foi falando o galo Tonico, explicando os efeitos da poluição do homem e da falta de um comportamento ambientalmente responsável. Através do descaso, o homem devasta a vegetação que sustenta o solo dos morros e barrancos, que ajudaria a absorver a água da chuva e evitaria os deslizamentos. Muitos foram embora, pois a verdade doeu. Mas os que ficaram prometeram mudar. Somos capazes de destruir o nosso próprio bem-estar, diminuindo anos de nossas vidas.
Temos que adquirir daqui para frente um senso crítico e mudarmos, para que um futuro belo e majestoso seja possível. - Vocês homens, que são animais racionais dominadores, que tem um polegar opositor, são criativos e inteligentes, tornam-se egoístas e maltratam as belas paisagens que a natureza nos ofereceu. Já no final da reunião, surge uma dúvida com relação a que frase ou palavra usariam para sensibilizar a população para o problema enfrentado. O passarinho Tinoco, mesmo chegando atrasado para a reunião, trouxe consigo uma idéia. - Que tal começarmos uma mudança e adotarmos de agora em diante a frase LIMPEZA SIM, LIXO NÃO... PARA UM FUTURO MELHOR? E assim foi feito!
CHRISTIANE R. C. GUSMÃO Desenhos EDGARD RUIZ SIBRÃO Pintura RAFAEL TORQUEMADA GUERRA Supervisão Geral