FÉRIAS INDIVIDUAIS. Neste fascículo de Uma entrevista com o Advogado, apresentamos algumas respostas aos questionamentos sobre férias individuais.



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Transcrição:

FÉRIAS INDIVIDUAIS Neste fascículo de Uma entrevista com o Advogado, apresentamos algumas respostas aos questionamentos sobre férias individuais. 1) Quem tem direito a férias individuais? Todos os empregados possuem direito ao gozo do período de férias. O direito ao gozo será adquirido após cumprido o chamado período aquisitivo de 12 (doze) meses. 2) E se o funcionário for demitido ou pedir dispensa antes de completado o período aquisitivo de 12 meses? Neste caso o empregado terá direito ao recebimento proporcional das férias, sendo o valor pago no Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho. 3) Quando o empregado deve gozar o período de férias? Uma vez adquirido o direito, o empregador, avaliando a época que melhor atenda aos seus interesses, fixará o período de férias do empregado. Ressalta-se que o período não poderá ultrapassar o limite dos 12 (doze) meses subseqüentes à aquisição do direito. 4) Existe alguma situação em que o trabalhador que ainda não completou o período aquisitivo de 12 (doze) meses pode gozar férias? Sim. Quando o empregado contratado há menos de 12 meses entrar em gozo de férias proporcionais por ocasião das férias coletivas, nos termos do artigo 140 da CLT. Assim, caso a empresa paralise suas atividades, ou de determinado setor, através da concessão de férias coletivas o trabalhador ainda em processo de aquisição do direito poderá goza-las. Rua Ébano Pereira, nº 60, cjto.1302, Centro, Curitiba/PR. CEP 80.410-902. Telefone: (41) 3225-6608

Cabe lembrar que, gozadas as férias proporcionais pelo empregado contratado há menos 12 (doze) meses, iniciará novo período aquisitivo. 5) Existe situações em que o período aquisitivo se dá pela soma de dois períodos distintos? Sim. Caso o empregado, após ser demitido, venha a ser novamente admitido no prazo de 60 (sessenta) dias. Cabe destacar que tal situação somente deverá ser observada se o empregado não tiver sido despedido por falta grave, não tiver recebido indenização legal ou não tiver se aposentado espontaneamente. 6) Qual deve ser o primeiro dia de férias do empregado? Recomenda-se que o início do período de gozo coincida com dia útil, excluindo-se a possibilidade do início de férias em domingos, feriados, bem como sábados já compensados. Assim, caberá à empresa analisar a possibilidade de conceder o início das férias o mais próximo possível ao início da semana, visando atender ao objetivo de oferecer ao empregado o descanso a que faz jus. Importante destacar que a existência de previsão por meio de Convenção Coletiva de Trabalho determinando que o primeiro dia de férias deve coincidir com o primeiro dia útil da semana. 7) As férias podem ser fracionadas? Está é uma questão merece cuidados especiais, merecendo atenção dos departamentos de recursos humanos. Isso porque, o artigo 134 da CLT determina que as férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. Contudo, o parágrafo 1º do mesmo dispositivo prevê que somente em casos excepcionais serão as férias concedidas em dois períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias corridos. 2

Veja-se, então, que a legislação permite que em casos excepcionais as férias sejam fracionadas em apenas dois períodos, não podendo um deles ser inferior a 10 dias. Na prática isso indica algumas situações tais como, por exemplo: 20 +10 ou 15+15 ou 12+18 ou 16+14. As férias não poderão, em hipótese alguma, serem fracionadas em 03 (três) períodos, ou seja, 10+10+10. 8) Aos trabalhadores menores de 18 (dezoito) anos e aos maiores de 50 (cinquenta) anos existe alguma condição específica? Sim, pois aos menores de 18 (dezoito) anos e aos maiores de 50 (cinqüenta) anos de idade, as férias serão sempre concedidas de uma só vez, restando inaplicável o fracionamento. 9) Com quanto tempo de antecedência a empresa deve comunicar o empregado sobre a concessão das férias? A concessão das férias será informada, por escrito, ao empregado, com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa notificação o interessado dará recibo. 10) Quando a empresa deve efetuar o pagamento das férias o trabalhador? O pagamento é antecipado. Assim, o pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, do abono pecuniário, será efetuado até dois dias antes do início do respectivo período. 11) Além da notificação expressa, existe alguma outra obrigação acessória? Sim. A respectiva concessão de férias deve ser anotada na CPTS do empregado, bem como no livro ou ficha de registro. 12) Quem escolhe os dias de férias do empregado? Segundo estabelece o artigo 136 da CLT, a época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses do empregador. 3

No caso de empregado menor de 18 (dezoito) anos, as férias deverão coincidir suas férias com as férias escolares. Vale destacar que a Convenção OIT no 132 recomenda que a ocasião em que as férias serão gozadas será determinada pelo empregador, após consulta ao trabalhador em questão ou seus representantes, a menos que seja fixada por regulamento, acordo coletivo, sentença arbitral ou qualquer outra maneira conforme à prática nacional. 13) E se o empregado incorreu em faltas injustificadas em dias de trabalho? O funcionário que incorrer em faltas injustificadas terá o número de dias de férias reduzido, podendo, inclusive, perder integralmente o direito em caso de número elevado de faltas. Para estabelecer os dias de férias a empresa deve observar o quadro abaixo: Número de Faltas Injustificadas Até 05 De 06 a 14 De 15 a 23 De 24 a 32 Número de Dias de Férias 30 dias 24 dias 18 dias 12 dias 14) E se o empregado faltar mais do que 32 dias injustificadamente? Em que pese não expresso na legislação, o entendimento defendido inclusive pelo Tribunal Superior do Trabalho (PROCESSO Nº TST-RR-783086/2001.6 TRT - 9ª REGIÃO) é de que se o empregado faltar injustificadamente mais do que 32 (trinta e dois) dias, perderá o direito a férias. 15) Existe alguma diferença na concessão de férias aos trabalhadores em regime parcial? Sim. Os trabalhadores que possuírem contrato de trabalho em regime de tempo parcial (que é aquele cuja duração não exceda a 25 horas semanais) terão direito ao gozo de férias na seguinte proporção: Duração do Trabalho semanal Superior a 22 horas até 25 horas Superior a 20 horas até 22 horas Superior a 15 horas até 20 horas Superior a 10 horas até 15 horas Número de Dias de Férias 18 dias 16 dias 14 dias 12 dias 4

Superior a 05 horas até 10 horas Igual ou inferior a 05 horas 10 dias 08 dias Cabe lembrar que o trabalhador contratado sob o regime de tempo parcial que tiver mais de 07 (sete) faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo terá o seu período de férias reduzido à metade. 16) Quem não fará jus ao gozo de férias? O artigo 133 da CLT indica as situações em que o empregado perderá o direito ao gozo de férias. Assim, perderá o direito o empregado que, no curso do período aquisitivo, (i) deixar o emprego e não for readmitido dentro dos 60 (sessenta) dias subsequentes à sua saída; (ii) permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 (trinta) dias; (iii) deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; (iv) tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos 17) Perdendo o direito a férias em razão de licença remunerada por período superior a 30 dias perderá também direito ao recebimento do terço constitucional? Está é uma situação que não foi expressamente tratada pela legislação. Por tal razão é um tema que ainda suscita muitas dúvidas e entendimentos diversos. Adotando uma postura conservadora, visando com isso reduzir os riscos de um passivo trabalhista, entendemos que, por ser um direito constitucionalmente assegurado, o terço constitucional é devido mesmo quando ocorre a perda do direito em virtude da licença remunerada por mais de 30 dias. Ainda conforme apresenta a doutrina especializada, admitir o não-pagamento do terço constitucional, nesta situação, implicaria possibilitar ao empregador utilizarse da concessão de licença remunerada para eximir-se do pagamento do terço, o que não se percebe compatível com a interpretação sistemática das normas. 5

As decisões judiciais também coadunam com o mesmo entendimento, conforme se pode ver das ementas abaixo: "Licença remunerada - Período de trinta dias - Substituição das férias - Admissibilidade - Terço constitucional - Pagamento devido 'Recurso de revista - Licença remunerada - Terço constitucional de férias - Em que pese o art. 133, inciso II, da CLT eximir o empregador de remunerar as férias na hipótese de licença remunerada por mais de trinta dias, o terço constitucional é direito do trabalhador, previsto no art. 7º, XIV, da Constituição Federal de 1988, sendo devido o pagamento, independente de estar o empregado de licença remunerada." (TST - RR 439.211/98.7-1ª Turma - Rel. Juiz Conv. Aloysio Corrêa da Veiga - DJU 19.11.2004 - pág. 540) "Recurso de revista - Licença remunerada por período superior a 30 dias - Nãoconcessão de férias - Terço constitucional - Divergência jurisprudencial reconhecida - Não - Apesar da legislação prever a impossibilidade do gozo de férias, quando o empregado ficar afastado, por período superior a 30 dias, recebendo remuneração licença remunerada devido o pagamento do terço constitucional sobre a remuneração como se as férias tivessem sido gozadas, uma vez que garantido constitucionalmente. Recurso de Revista conhecido e não provido." (TST - RR 664866-1ª Turma - Rela Juíza Conv. Maria de Assis Calsing - DJU 13.02.2004) 18) E a licença não remunerada ocasiona alguma alteração na sistemática de férias? Sim, mas não a perda do direito, e sim a alteração do período aquisitivo. Por não existir previsão legal, a licença não remunerada poderá ou não ser concedida pelo empregador, a pedido do empregado. Caso ocorra a concessão, culminará na suspensão temporária de todos os efeitos do contrato de trabalho. Assim, independentemente do tempo de duração da licença não remunerada, não ocasiona a perda do direito a férias, mas suspende a contagem do período aquisitivo. Dessa forma, o período aquisitivo deverá ser completado pelo empregado quando do seu retorno ao trabalho. 6

Nesta situação deve ser observado que, cumprido o período aquisitivo com a complementação do tempo trabalhado antes da licença, inicia-se a contagem de novo período aquisitivo. 19) E se o empregado ficar afastado das atividades laborais em decorrência de doença ou acidente? O afastamento por motivo de doença ou acidente, com recebimento de benefício pelo INSS, durante mais de 6 meses, no mesmo aquisitivo ainda que descontínuos, implica a perda do direito às férias correspondentes. 20) Estando o empregado no gozo do período de férias, poderá prestar serviço a outra empresa? Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele. 21) E se a empresa paralisar suas atividades, o empregado fará jus ao gozo de férias? Na situação de paralisação das atividades pode período superior a 30 (trinta) dias, o empregado não faz jus a férias desde que a empresa adote alguns procedimentos: (i) notifique o empregado do período de paralisação; (ii) não convoque o empregado a trabalhar antes de 31 dias corridos; (iii) efetue o pagamento dos correspondentes salários ao trabalhador; (iv) tenha comunicado ao órgão local do MTE, com antecedência mínima de 15 dias, as datas de início e fim da paralisação total ou parcial dos serviços; (v) tenha comunicado ao sindicato representativo da categoria profissional, com antecedência mínima de 15 dias, as datas de início e término da paralisação; (vi) a empresa tenha afixado aviso, nos termos supracitados, nos respectivos locais de trabalho. 22) Pode o direito ao gozo de dias de férias serem convertidos em pecúnia? Sim. Conforme estabelece o artigo 143 da CLT, ao empregado é facultado converter apenas 1/3 do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. 7

23) O trabalhador que pretende converter 1/3 dos dias de férias em abono deve notificar a empresa? Sim. A referida conversão deve ser requerida pelo empregado até 15 dias antes do término do período aquisitivo. Caso o empregado não proceda com a notificação no prazo estabelecido, a concessão ou não do abono fica a critério exclusivo do empregador. 24) Quando as férias serão pagas em dobro ao empregado? Isso ocorrerá sempre que as férias forem concedidas após o prazo legal (período concessivo). Nesta situação a empresa pagará em dobro a respectiva remuneração. 25) O que devo fazer se o trabalhador avisar a empresa que ficou doente durante o período de gozo de férias? Na verdade o contrato de trabalho é interrompido durante o gozo de férias. Assim, caso o empregado fique doente neste período, as férias não serão suspensas, fluindo normalmente o período de gozo até o seu final. Situação diferente será no caso de o trabalhador permanecer doente após o termino das férias. Nesta hipótese a empresa pagará os 15 (quinze) primeiros dias de afastamentos da atividade, ou, se for o caso, período inferior, contados a partir da data em que o empregado deveria retornar ao trabalho. Caso o trabalhador fique afastado por mais de 15 (quinze) dias após o término do período de férias, a empresa o remeterá à Previdência Social para o pagamento do auxílio-doença. 26) E se ocorrer o nascimento de filho enquanto a trabalhadora estiver gozando o período de férias? Nesta especial hipótese o curso do gozo de férias fica suspenso, passando a empregada a receber o salário-maternidade. A trabalhadora não perde os dias de férias não usufruído, gozando-os após o término da licença-maternidade. 8

27) A não observância em relação à concessão de férias pode acarretar que problemas para a empresa? Além do pagamento dobrado das férias não concedidas no prazo legal, além de poder ocasionar a rescisão indireta do contrato de trabalho, poderá a empresa sofrer autuação por parte do Ministério do Trabalho e Emprego. Conforme estabelecem as normas aprovadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego para a imposição de multas administrativas previstas na legislação trabalhista, a infração às normas previstas na CLT, relativas a férias, corresponde a 160 Ufir por empregado, dobrada no caso de reincidência, embaraço ou resistência. Vale lembrar que a Ufir já foi extinta e, de acordo com a Lei nº 10192/2001, para a conversão em real deve-se utilizar R$ 1,0641. 28) Até quando o trabalhador pode pleitear seus direitos relativos ao gozo e recebimento das férias? A Constituição Federal de 1988 assegura aos trabalhadores urbanos e rurais o direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 anos até o limite de 2 anos após a extinção do contrato de trabalho. A prescrição do direito de reclamar a concessão das férias ou o pagamento da respectiva remuneração é contada a partir do término do período concessivo ou, se for o caso, da cessação do contrato de trabalho. Importante destacar que através das considerações acima apresentadas buscouse sanar algumas das eventuais dúvidas relacionadas à concessão das férias individuais, não existindo intuito de esgotar toda a matéria nem de tratar de todas as situações observadas na prática. Por fim, considerando a eventual hipótese de existir entendimento diverso daquele que foi aqui apresentado, especialmente nas situações em que não existe dispositivo legal que discipline a contento a situação, sugerimos que a empresa, por medida preventiva visando evitar um passivo trabalhista, consulte o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), bem como o departamento jurídico 9

sobre o assunto. Vale também esclarecer que caberá à Justiça do Trabalho a decisão final sobre o tema caso seja ajuizada medida nesse sentido. 10