TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA CÂMARA CRIMINAL CORREIÇÃO PARCIAL PROCESSO 0065537-84.2013.8.19.0000 RECLAMANTE: CARLOS ALBERTO SIMÕES RECLAMADO: JUÍZO DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS RELATOR: DESEMBARGADOR CAIRO ÍTALO FRANÇA DAVID EMENTA Correição Parcial ajuizada pela defesa, inconformada com a decisão que deferiu pedido ministerial de diversas diligências a destempo. 1. O cerne da reclamação envolve a possibilidade do Órgão Ministerial poder requerer diligências após a conclusão da audiência de instrução e julgamento, já na fase de apresentação das alegações finais. 2. O artigo 402 do CPP dispõe que Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e os assistentes e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. 3. Constata-se dos autos que foi assegurado ao Ministério Público na AIJ a oportunidade de requerer às diligências que julgasse convenientes. O artigo 403 do mesmo diploma legal prevê que não sendo requeridas diligências ou havendo indeferimento, segue a fase de alegações finais. 4. Na hipótese em tela, o Ministério Público não requereu diligências após a audiência de instrução e julgamento e o feito prosseguiu e na fase de alegações finais é que foi feito este requerimento, portanto, de modo intempestivo. 5. As diligências foram deferidas e após manifestação da defesa, a MM. Juíza reconsiderou o despacho e as indeferiu, entretanto, outro Magistrado, posteriormente, veio a deferir o pleito do Ministério Público. 6. Correição Parcial deferida, para considerar intempestivo o requerimento de diligências feito pelo Órgão Ministerial, mantendo, assim, a decisão que indeferiu esse pedido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e examinados estes autos de Correição Parcial, processo nº 0065537-84.2013.8.19.0000, onde figura como reclamante CARLOS ALBERTO SIMÕES e reclamado o JUIZO DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS/RJ.
ACORDAM os Desembargadores que compõem a Quinta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade, em conhecer e, por maioria, dar provimento à Correição Parcial, vencida a Desembargadora DENISE VACCARI que a julgava improcedente. Sessão de Julgamento, 20 de fevereiro de 2014. DES. CAIRO ÍTALO FRANÇA DAVID Relator
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA CÂMARA CRIMINAL CORREIÇÃO PARCIAL PROCESSO 0065537-84.2013.8.19.0000 RECLAMANTE: CARLOS ALBERTO SIMÕES RECLAMADO: JUÍZO DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS RELATOR: DESEMBARGADOR CAIRO ÍTALO FRANÇA DAVID RELATÓRIO Correição Parcial interposta pela defesa, pretendendo cassar a decisão interlocutória proferida pelo JUÍZO DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS, que deferiu pedido ministerial de diversas diligências após a conclusão da audiência de instrução e julgamento (peça 00002). Esclareceu em suas razões que:... Não pode, portanto, o Ministério Público ao argumento de que estaria em busca da verdade real, pugnar por diligências após o interrogatório dos acusados, extemporaneamente, invertendo a ordem processual, causando tumulto, prejudicando os acusados. Parecer da Procuradoria de Justiça, da lavra da Drª. MARIA TERESA DE ANDRADE RAMOS FERRAZ, às fls. 01/08, da peça 00014 e peça 00032, opinando pela procedência da reclamação, para que seja mantida a decisão do Juízo de Direito da 2ª Vara da Comarca de Duque de Caxias que considerou intempestivo o requerimento ministerial de diligências. Destacou que:... Aberto o prazo para a apresentação das alegações finais, está caracterizado o término da instrução, não podendo o MP em nome da verdade real aumentar seu prazo para diligenciar, uma vez que atua como parte e a igualdade deve ser mantida. É o relatório.
VOTO A defesa, fazendo uso da presente Correição Parcial, busca a cassação da decisão monocrática, que deferiu pedido ministerial de diversas diligências após a conclusão da audiência de instrução e julgamento (peça 00002). Sustentou, em síntese, a intempestividade do pleito Ministerial. Destacou que o momento processual oportuno para requerimento de diligências, conforme preceitua o art. 402, do Código de Ritos, é durante a AIJ. A Procuradora de Justiça opinou pelo provimento da reclamação. A Magistrada à frente da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, Drª MONIQUE ABREU DAVID, despachou no sentido de deferir as diligências então requeridas pelo parquet; posteriormente, a defesa requereu a reconsideração deste decisum ao argumento de estar encerrada a instrução processual. Ao analisar o pleito defensivo, entendeu a Juíza de 1º grau por revogar a sua decisão que antes autorizava as diligências requeridas pelo parquet (peça 00002 anexo um). O Ministério Público, insatisfeito com a decisão, requereu reconsideração da reconsideração, obtendo êxito em seu pleito, tendo deferido o requerimento Ministerial o magistrado Dr. CARLOS MÁRCIO DA COSTA CORTAZIO CORREA (peça 00070 anexo 1). O cerne da reclamação envolve a possibilidade das partes poderem requerer diligências após a conclusão da audiência de instrução e julgamento, ou seja, depois de encerrada a instrução processual, já na fase de apresentação de alegações finais. Constata-se dos autos que foi assegurado ao Ministério Público, na AIJ do dia 05/06/2013, a oportunidade de requerer as diligências que julgasse conveniente (peça 00040 anexo1), mas ele quedou-se inerte. Somente no momento da elaboração das alegações finais, é que verificou a necessidade de realização de diligências imprescindíveis para a verdade real, oportunidade em que requereu as suas diligências em 04/07/2013, após o encerramento da instrução processual (peça 00059 anexo 1). O artigo 402 do CPP dispõe que: Produzidas às provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e os assistentes e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. Conforme bem destacado pela ilustre Procuradora de Justiça em seu parecer:
... Desse modo percebe-se que o legislador não conferiu à diligência uma fase autônoma do procedimento. Agora, as diligências são requeridas na própria audiência. Ademais, o pedido de diligência deve se limitar a circunstâncias ou fatos apurados durante a audiência de instrução. Assim, das cinco diligências requeridas pelo parquet (a, b, c, d e), acima descritas, apenas a postulada na alínea a configura fato apurado durante a audiência de instrução. As demais são anteriores à audiência, como por exemplo, a vinda de AECD, RO e cópia de declarações. Contudo, muito embora a diligência da alínea a seja fruto de fatos apurados durante a instrução criminal, as partes devem requerê-las após o término da colheita dos depoimentos e interrogatório do denunciado. Esse prazo não foi respeitado pelo Promotor de Justiça que atuou na audiência. Acusação e Defesa não requereram diligências, incidindo, assim, o instituto da preclusão. Destarte, verifica-se que o prazo não foi respeitado pelo Promotor de Justiça que atuou na audiência, incidindo, assim, o instituto da preclusão. Feitas estas considerações, posiciono-me no sentido do conhecimento e provimento da Correição Parcial, para manter a decisão do Juízo de Direito da 2ª Vara da Comarca de Duque de Caxias que considerou intempestivo o requerimento ministerial de diligências. É como voto. Sessão de Julgamento, 20 de fevereiro de 2014. DES. CAIRO ÍTALO FRANÇA DAVID Relator