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Transcrição:

Efeitos da temperatura de armazenamento sobre a ação de Sitophilus sp. e Rhyzopertha dominica em trigo Rafael de Almeida Schiavon 1, Alexandra Morás 1, Marcos Rosa Pereira 1, Cristiano Dietrich Ferreira 1, Henrique Chiarelo 1, Álvaro Renato Guerra Dias 1, Moacir Cardoso Elias 1 98 1 Laboratório de Pós-colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Campus Universitário, Caixa Postal 354, 96010-900, Capão do Leão, RS, Brasil. www.labgrãos.com.br - E-mail: raschiavon@gmail.com Resumo Objetivou-se, no trabalho, estudar o crescimento populacional dos insetos em ambiente natural e refrigerado, com temperaturas de 25, 17 e 12 ± 1 C, e avaliar perdas associadas à infestação de Sitophilus sp. e Rhyzopertha dominica em trigo armazenado durante 60 dias. Foram avaliados o crescimento populacional dos insetos e o consumo de grãos, mediante a contagem do número de insetos vivos e mortos e com a pesagem inicial e no decorrer do armazenamento. A perda da massa de grãos é diretamente influenciada pelo crescimento populacional dos insetos. Palavras-chave: trigo, consumo, Sitophilus sp., Rhyzopertha dominica. Introdução Os grãos armazenados são atacados por pragas que causam sérios prejuízos qualitativos e quantitativos. Há necessidade de se dar a devida atenção a esses seres vivos, pois pouco resolve todos os cuidados e as despesas realizadas para o controle dos danos na lavoura, se o produto for atacado e destruído durante o armazenamento (ELIAS, 2007; 2008). Os insetos que atacam grãos armazenados se caracterizam por elevada capacidade reprodutiva e número elevado de gerações em curto período de tempo (LORINI & SCHNEIDER, 1994). Perdas no peso de grãos, ocasionadas por pragas em armazéns, presença de fragmentos de insetos nos subprodutos alimentares, deterioração da massa de grãos, contaminação fúngica, presença de micotoxinas, efeitos negativos na saúde humana e animal, dificuldades para exporta- 682

ção de produtos e subprodutos brasileiros constituem problemas que as tecnologias de armazenagem têm enfrentado para reduzir os prejuízos ocasionados pelas pragas que atacam grãos armazenados. Há também perdas qualitativas, que são mais preocupantes, pois podem comprometer totalmente o uso do grão ou desclassificá-lo para outro uso de menor valor. No trigo, por exemplo, os moinhos não aceitam lotes com insetos, pois isso compromete a qualidade da farinha, uma vez que fragmentos de insetos não são aceitos pelas indústrias de panificação e de outros subprodutos de trigo (ELIAS et al., 2009). Frequentemente são observados apodrecimentos e outros problemas ligados à deterioração de grandes quantidades de grãos nos armazéns, dificultando ou inviabilizando a comercialização de grãos e de farinha, devidos à presença de insetos ou de restos de insetos, fatores oriundos da má conservação de grãos. A descrição, a biologia e os danos de cada espécie-praga devem ser conhecidos, para que seja adotada a melhor estratégia para evitar os respectivos prejuízos. As pragas, R. dominica e Sitophilus sp., são as mais prejudiciais e justificam a maior parte do controle químico praticado nas unidades armazenadoras de grãos (LORINI, 2007). A R. dominica, praga primária interna, possui elevado potencial de destruição em grãos, pois é capaz de destruir de 5 a 6 vezes seu próprio peso em uma semana (POY, 1991). É a principal praga de pós-colheita de trigo no Brasil, devido à elevada incidência e da grande dificuldade de se evitar os prejuízos que causa aos grãos (LORINI, 2008). O Sitophilus sp., uma praga primária interna de grande importância, pode apresentar infestação cruzada, ou seja, infestar grãos no campo e também no armazém. Apresenta elevado potencial de reprodução, possui muitos hospedeiros, como trigo, milho, arroz, cevada, triticale, etc. Tanto larvas como adultos são prejudiciais e atacam grãos inteiros. A postura é feita nos grãos; as larvas, após se desenvolverem no grão, saem deste para empupar e se transformarem em adultos. Os danos decorrem da redução de peso e de qualidade do grão (LORINI & SCHNEIDER, 1994). A temperatura do ar ambiente, que é o ar intergranular no caso de um sistema de grãos armazenados, e a umidade do grão, são os fatores físicos importantes no estabelecimento e desenvolvimento de uma população de insetos pragas de grãos armazenados (HAGSTRUM & FLINN, 1992). O sistema formado por grãos armazenados é altamente controlado. Os grãos são armazenados depois de expurgados e com teor de umidade conhecido, estipulado na secagem, em uma estrutura projetada para isolá-los ao máximo da influência externa de fatores físicos e biológicos. O próprio grão é um isolante térmico. Por tudo isso, as características psicrométricas da atmosfera intergranular são conhecidas e pouco variáveis e, consequentemente, a umidade do grão também é, ainda menos, variável. Para este sistema, pode-se assumir condições Malthusianas, isto é, o crescimento populacional é geométrico porque não há, praticamente, limitações de alimento, de espaço e nem climáticas (HARDMAN, 1976; THRONE, 1995). Portanto, é possível o uso de modelos analíticos de crescimento populacional de insetos de grãos armazenados para estudos de situações isoladas: uma só espécie de grão, umidade de grão e inseto. Entretanto, os modelos mais usados são os de simulação, pois permitem avaliar simultaneamente diferentes combinações de grão, umidade, temperatura e inseto. O objetivo neste estudo foi avaliar efeitos da temperatura no armazenamento sobre o seu crescimento populacional dos insetos, Sitophilus sp. e R. dominica, e comparar seu potencial de consumo de grãos de trigo. 683

Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas. Foram utilizados frascos de vidro previamente esterilizados, contendo 200 g de trigo em cada. Os frascos foram infestados com 10 insetos adultos recém emergidos, de Sitophilus sp. e de R. dominica, coletados de populações da coleção do próprio laboratório. Os frascos infestados foram armazenados, em câmaras com controle de temperatura, nas condições de 25, 17 e 12 C ± 1 por um período de 60 dias. A avaliação do desenvolvimento populacional foi feita através da peneiragem e contagem do numero de insetos vivos. A determinação do consumo foi obtida através da pesagem dos grãos no início e a cada avaliação, o parâmetro populacional adotado foi o número de insetos adultos. Resultados e discussão Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados, respectivamente, o número de insetos vivos na massa de grãos e o consumo dos insetos Sitophilus sp.e da Rhyzopertha dominica em grãos de trigo armazenados sob três temperaturas 25, 17 e 12 C ± 1. Tabela 1. Infestação por insetos em grãos de trigo armazenados em três diferentes temperaturas por 60 dias. Dias de armazenamento Espécie Temperaturas ( C) 1 30 60 Sitophilus sp. 25 a 10 C a 5,0 B a 476 A 17 a 10 C a 6,5 A b 4,0 B 12 a 10 B b 1,5 A c 1,0 A R. dominica 25 a 10 C a 3,8 B a 17,5 A 17 a 10 B a 4,2 A b 4,0 A 12 a 10 B b 1,8 A c 1,0 A Para o mesmo inseto as médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância. 684 Tabela 2. Consumo (em gramas) de grãos de trigo em função da temperatura de armazenamento por 60 dias. Dias de armazenamento Espécie Temperaturas ( C) 1 30 60 Sitophilus sp. 25 a 0,0 C a 4,20 B a 15,65 A 17 a 0,0 C b 1,96 B b 2,84 A 12 a 0,0 C c 0,14 B c 0,27 A R. dominica 25 a 0,0 C a 3,36 B a 10,10 A 17 a 0,0 B b 1,98 A b 2,22 A 12 a 0,0 C c 0,17 B b 0,32 A Para o mesmo inseto as médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Observando-se os dados apresentados nas Tabelas 1 e 2 é possível verificar que a temperatura de armazenamento influencia no desenvolvimento e no consumo dos grãos pelos insetos. O maior desenvolvimento dos insetos e o maior consumo de grãos ocorreram no armazenamento a 25 C. Temperaturas inferiores a 17 C dificultam o desenvolvimento dos insetos, mas em intensidade diferente para cada espécie. O armazenamento em ambiente com 25 C proporcionou maiores infestações por Sitophilus sp., independentemente do tempo de armazenamento. Partindo da mesma infestação (Tabela 1), nos primeiros 30 dias a população de Sitophilus sp. era praticamente o dobro da população de R. dominica. Essa proporção se ampliou para cerca de 45 vezes ao se completarem mais 30 dias de armazenamento. O armazenamento a 17 C manteve as populações adultas dos insetos em intensidades semelhantes nos primeiros 30 dias e nos subsequentes, enquanto o armazenamento a 12 C reduziu as populações adultas das pragas para valores em níveis de controle técnico (Tabela 1) similarmente ao que ocorreu com o consumo dos grãos (Tabela 2). Os ciclos de vida de cada espécie de inseto, em cada temperatura explicam os comportamentos. Referências bibliográficas ELIAS, M.C. Manejo Tecnológico da Secagem e do Armazenamento de Grãos. Ed. Santa Cruz, Pelotas, UFPEL, 2008, 372p. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. 1. ed. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária UFPEL,. v.1., 2007, 424p. HAGSTRUM, D.W.; FLINN, P.W. Integrated pest management of stored- grain insects. In: Sauer, D. B. (ed.). Storage of Cereal Grains and their Products. St. Paul: American Association of Cereal Chemists, 1992, p. 535-562. HARDMAN, J.M. Life table data for use in deterministic and stochastic simulation models edicting the growth of insect populations under Malthusian conditions. The Canadian Entomologist, Lanham, v.108, n.9, 1976, p. 897-906. ELIAS, M.C.; LORINI, I.; MALLMANN, C.A.; OLIVEIRA, M.; MALLMANN, A.O. Controle integrado de pragas em unidades armazenadoras de grãos e derivados. In: ELIAS, M.C. e OLIVEIRA, M. Aspectos tecnológicos e legais na formação de auditores técnicos do sistema nacional de certificação de unidades armazenadoras. Pelotas, UFPEL, 2009, p. 230-283. LORINI, I. Manual Técnico para o Manejo Integrado de Pragas de grãos de cereais armazenados. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2007. 80p. (Embrapa Trigo. Documentos, 73). LORINI, I. Manejo Integrado de Pragas de Grãos de Cereais Armazenados. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 2008, 72p. LORINI, I.; SCHNEIDER, S. Pragas de grãos armazenados: resultados de pesquisa. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 1994, 47p. POY, L. de A. Ciclo de vida de Rhizopertha dominica (Fabricius, 1972) (Col., Bostrychidae) em farinhas e grãos de diferentes cultivares de trigo. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1991, 135p. Dissetação de Mestrado. 685

THRONE, J. E. Computer modeling of the population dynamics of stored-product pests. In: Jayas, D.; White, N. D. G.; Muir, W. E. (ed.). Stored-Grain Ecosystems. New York: Marcel Dekker, 1995, p.169-197. Agradecimentos ao CNPq, à CAPES, à SCT-RS, à UPF, à UFPel-Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul pelo apoio recebido. 686