Volume 20 número 1 março 2002 ISSN

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Transcrição:

Volume 20 número 1 março 2002 ISSN 0102-0536 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Journal of the Brazilian Society for Vegetable Science UNESP FCA C. Postal 237-18.603-970 Botucatu SP Tel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203 Fax: (0xx14) 6802 3438 E-mail: sob@fca.unesp.br www.hortciencia.com.br www.sobhortalica.com.br Presidente/President Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente/Vice-President Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário / 1 st Secretary Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário / 2 nd Secretary Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro / 1 st Treasurer Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro / 2 nd Treasurer Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190-70.359-970 Brasília DF Tel.: (0xx61) 385 9051 / 385 9073 / 385 9000 Fax: (0xx61) 556 5744 E-mail: hortbras@cnph.embrapa.br Presidente / President Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores / Editors Ana Maria Resende Junqueira UnB Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Celso Luiz Moretti Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Clementino Marcos Batista de Farias Embrapa Semi-Árido Daniel J.Cantliffe University of Florida Eduardo S. G. Mizubuti UFV Egon J. Meurer UFRGS Eunice Oliveira Calvete UFP Francisco Bezerra Neto ESAM João Carlos Athanázio UEL José Ernani Schwengber UFPel José Magno Q. Luz UFU Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Maria Urbana C. Nunes Embrapa Tabuleiros Costeiros Murillo Lobo Júnior Embrapa Arroz e Feijão Paulo César R. Fontes UFV Paulo César Tavares de Melo ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Antônio Ayub UEPG Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO e TROPAG. Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Trimestral Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1998: Semestral de 1999 a 2001: Quadrimestral a partir de 2002: Trimestral 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Sociedade de Olericultura do Brasil. CDD 635.05 Tiragem: 1.000 exemplares 2 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

Volume 20 número 1 março 2002 SUMÁRIO/CONTENT ISSN 0102-0536 ARTIGO CONVIDADO / INVITED ARTICLE Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira de 1.983 a 2.000. Assessment of multiple-comparison procedures of published articles in the journal Horticultura Brasileira from 1,983 to 2,000. F. Bezerra Neto; G. H. S. Nunes; M. Z. Negreiros. 5 PESQUISA / RESEARCH Produção e qualidade de frutos de diferentes cultivares de morangueiro em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Production and quality of some cultivars of strawberry fruits in field experiments at Atibaia and Piracicaba, Brazil. J. H. Conti; K. Minami; F. C. A. Tavares. 10 Ação de fitorreguladores no crescimento da erva-cidreira-brasileira. Action of plant growth regulators over the development of Lippia alba. M. B. Stefanini; S. D. Rodrigues; L. C. Ming. 18 Acumulação de matéria seca e rendimento de frutos de morangueiro cultivado em substrato com diferentes soluções nutritivas. Dry matter accumulation and fruit yield of strawberry plants grown on substrate under different nutrient solutions supply. J. L. Andriolo; J. V. Bonini; M. P. Boemo. 24 Desenvolvimento vegetativo da pupunheira irrigada por gotejamento em função de níveis de depleção de água no solo. Effects of soil water depletion levels on the vegetative development of drip irrigated peach palm plants. A. Ramos; M. L. A Bovi; M. V. Folegatti. 28 Divergência genética entre linhagens de melão e a heterose de seus híbridos. Genetic divergence among melon lines and the heterosis in their hybrids. W. O. Paiva 34 Calidad postcosecha de tomates almacenados en atmósferas controladas. Postharvest quality of tomato fruits stored under controlled atmospheres. P. A. Gómez; A. F. L. Camelo. 38 Caracterização morfológica de acessos de batata-doce. Morphologic characterization of sweet potato. M. Daros; A. T. Amaral Júnior; T. N. S. Pereira; N. R. Leal; S. P. Freitas; T. Sediyama. 43 Análise da capacidade combinatória em cruzamentos dialélicos de três cultivares de jiloeiro. Combining ability analysis in diallel crosses among three garden egg cultivars. A. C. P. P. Carvalho; R. L. D. Ribeiro. 48 Divergência genética em acessos de quiabeiro com base em marcadores morfológicos. Genetic divergency of okra accessions based on morphological characteristics. G. E. Martinello; N. R. Leal; A. T.Amaral Júnior; M. G. Pereira; R. F. Daher. 52 Estimativas de tamanho de parcela em experimentos com mandioca. Estimates of plot sizes in experiments with cassava. A. E. S. Viana; T. Sediyama; P. R. Cecon; S. C. Lopes; M. A. N. Sediyama. 58 Alterações sensoriais em alface hidropônica cv. Regina minimamente processada e armazenada sob refrigeração. Sensorial changes of minimally processed hydroponic lettuce cv. Regina stored under refrigeration. M. Freire Júnior ; R. Deliza; A. B. Chitarra. 63 Desempenho de sementes peletizadas de alface em função do material cimentante e da temperatura de secagem dos péletes. Performance of pelleted lettuce seeds in response to glue material and temperature during the drying of the pellets. J. B. C. Silva; P. E.C. Santos; W. M. Nascimento. 67 Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras. Biotic potential of Bemisia argentifolii to different host plants. G. L. Villas Bôas; F. H. França; N. Macedo. 71 Avaliação de acessos de batata-doce para resistência à broca-da-raiz, crisomelídeos e elaterídeos. Screening of sweet potato accessions for resistance to the West Indian sweet potato weevil, chrysomelids and elaterids. F. H. França; P. S. Ritschel. 79 Resistência genética à mancha-bacteriana em genótipos de pimentão. Genetic resistance to bacterial leaf spot on sweet pepper genotypes. R. A. Costa; R. Rodrigues; C. P. Sudré. 86 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE Absorção de nutrientes pelo tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido. Nutrient absorption by tomato plants grown under field and protected conditions. J. A. Fayad; P. C. R. Fontes; A. A. Cardoso; F. L. Finger; F. A. Ferreira. 90 Comparação de métodos de enxertia em pepino. Comparison of grafting methods in cucumber. K. A. L. Canizares; R. Goto. 95 Influência do boro no desenvolvimento e na composição mineral do pimentão. Influence of boron application on sweet pepper development and mineral composition. S. C. Mello; A. R. Dechen; K. Minami. 99 Germinação de sementes de alface sob altas temperaturas. Lettuce seed germination at high temperature. W. M. Nascimento; D. J. Cantliffe. 103 Micropropagação do jaborandi Micropropagation of the jaborandi. R. T. Sabá; O. A. Lameira; J. M. Q. Luz; A. P. R. Gomes; R. Innecco. 106 Produção de sementes pré-básicas de batata em sistemas hidropônicos. Production of potato pre-basic seeds in hydroponic systems. C. A. B. Medeiros; A. H. Ziemer; J. Daniels; A. S. Pereira. 110 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE / PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST Qualidade do inhame Da Costa em função das épocas de colheita e da adubação orgânica. Da Costa yam quality in relation to harvest time and organic fertilization. A. P. Oliveira; P. A. Freitas Neto; E. S. Santos. 115 NOVA CULTIVAR / NEW CULTIVAR Ouro Verde MG 2: nova cultivar de mungo-verde para Minas Gerais. Ouro Verde MG 2: new mungbean cultivar for Minas Gerais State, Brazil. R. F. Vieira; V. R. Oliveira; C. Vieira; C. M. F. Pinto. 119 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS 121 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

artigo convidado BEZERRA NETO, F.; NUNES, G.H.S.; NEGREIROS, M.Z. Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira de 1983 a 2000. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 05-09, março, 2.002. Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira de 1.983 a 2.000. Francisco Bezerra Neto; Glauber Henrique S. Nunes; Maria Zuleide de Negreiros. ESAM, Depto. Fitotecnia, Km 47 BR 110, C. Postal 137, 59.625-900, Mossoró-RN; E-mail: bezerra@esam.br RESUMO Vários procedimentos de comparações múltiplas têm sido usados para explicar a resposta de tratamentos testados em experimentos agronômicos. Entre esses, está o uso de testes de comparação de médias, muitas vezes apropriados a alguns tratamentos e inteiramente inapropriados a outros. Um levantamento e uma avaliação do uso e mau uso desses testes foi realizado com os trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira no período de 1.983 a 2.000. Procedimentos alternativos são sugeridos para situações onde os testes de comparação de médias não são apropriados. Dos 294 trabalhos analisados, algum tipo de teste foi utilizado para a comparação de médias. Em 65,6% dos artigos consultados, os testes como o de Tukey, Duncan e a DMS de Fisher foram adequadamente aplicados com relação ao tipo de dados envolvidos. Em 22,8% dos artigos, esses testes estavam parcialmente corretos e nos 11,6% dos artigos restantes estavam incorretamente aplicados ao tipo de tratamento utilizado na pesquisa. ABSTRACT Assessment of multiple-comparison procedures of published articles in the journal Horticultura Brasileira from 1,983 to 2,000. Several procedures of multiple-comparison have been used to explain the response of treatments applied in experimental units of agronomic experiments. Among these are the mean comparison tests, sometimes appropriate for some kinds of treatments and completely inappropriate for others. The use and misuse of these tests were surveyed and assessed in the articles published in the journal Horticultura Brasileira from 1,983 to 2,000. Alternative procedures are suggested for situations in which mean comparison tests are inappropriate. We observed that in 294 articles some kind of test was used for mean comparison. In 65,6% of these articles multiple comparison tests (as Tukey, Duncan and LSD) were appropriately used for the type of involved data. In another 22,8% tests were used in a partially correct form. For the 11,6% remaining articles multiple comparison tests were inappropriately used for the type of treatments used in the research. Palavras-chave: Tratamentos qualitativos, tratamentos quantitativos, contrastes, procedimentos de comparações múltiplas, técnicas de regressão. Em experimentos agronômicos, o objetivo da análise estatística dos dados é fornecer tantas informações quanto possíveis a respeito da maneira como as unidades experimentais respondem aos tratamentos aplicados. Para isso, é muito comum submeter os dados a uma análise de variância (ANOVA) para saber se existem ou não diferenças significativas entre as médias dos tratamentos aplicados. Feita a análise, a tentativa é explicar a resposta desses tratamentos de maneira mais detalhada. Vários procedimentos podem ser usados com esse propósito, como o ajustamento de funções de resposta, usando as técnicas de regressão (Little, 1981; Dawkins, 1983), os conjuntos de contrastes planejados entre as médias ou grupos de médias (Gill, 1973; Jones, 1984; Swallow, 1984; Klockars & Sax, 1990), os procedimentos de comparações múl- (Aceito para publicação em 07 de dezembro de 2.001) Keywords: Qualitative treatments, quantitative treatments, contrasts, multiple comparison tests, regression techniques. tiplas de médias (Chew, 1976; Carmer & Walker, 1985) ou o método aglomerativo, tal como o proposto por Scott & Knott (1974). Nenhum desses procedimentos deve ser usado indiscriminadamente, pois, alguns deles são apropriados a certos tipos de tratamentos e inteiramente inapropriados a outros. Um dos mais freqüentes e incorretamente utilizados é o teste de comparação múltipla de médias (Petersen, 1977; Aflakpui, 1995). O uso inapropriado de um teste pode conduzir o pesquisador a interpretações equivocadas dos resultados de um experimento bem como a tirar conclusões erradas. Os tipos de experimentos para os quais os procedimentos de comparações múltiplas de médias são apropriados, são aqueles cujo objetivo é determinar os melhores tratamentos dentro de um conjunto qualitativo de tratamentos. Vários procedimentos são possíveis. Um deles é quando os contrastes (que envolvem grupos de médias) são definidos após prévia inspeção dos dados, sendo sua significância verificada usando o teste de scheffé (Banzatto & Kronka, 1995). Quando os contrastes são definidos a posteriori e são ortogonais o procedimento adequado para verificar as suas significâncias seria o teste F ou equivalente ao teste t (Gill, 1973). Porém, quando os contrastes não são ortogonais e que o interesse é comparar todos os pares de médias entre si, neste caso deve-se escolher um procedimento de comparação múltipla tal como o de Tukey (Carmer & Walker, 1985; Perecin & Malheiros, 1989). Se o número de tratamentos é grande e há o interesse numa separação real de grupos de médias, sem a ambigüidade de resul- Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 5

Bezerra et al. Tabela 1. Classificação dos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira no período de 1.983 a 2.000, quanto ao uso de testes de comparação de médias. Mossoró, ESAM, 2000. Testes Uso dos testes de comparação de médias Adequado Parc. adequado Inadequado Total Usados Nº % Nº % Nº % Nº % Tukey 103, 61,3 41, 24,4 24, 14,3 168, 57,1 Duncan 62, 64,6 25, 26,0 9, 9,4 96, 32,6 Skott-Knott 10, 100,0 0, 0,0 0, 0,0 10, 3,4 DMS 7, 77,8 1, 11,1 1, 11,1 9, 3,1 SNK 2, 100,0 0, 0,0 0, 0,0 2, 0,7 Dunnett 2, 100,0 0, 0,0 0, 0,0 2, 0,7 Não informado 7, 100,0 0, 0,0 0, 0,0 7, 2,4 Total 193, 67, 34, 294, Porcentagem 65,6 22,8 11,6 100,0 tados, o procedimento apropriado seria o teste de Scott Knott (Ferreira et al., 1999; Silva et al., 1999; Ramalho et al., 2000). Se o interesse é comparar a média de qualquer tratamento com a média do tratamento testemunha (controle), o procedimento adequado seria usando o teste de Dunnett (Lentner & Bishop, 1986; Christensen, 1996). Cardelino & Siewerdt (1992), revisando 260 trabalhos publicados na Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ) de 1984 a 1989, constataram que 24,6% dos testes de comparação de médias estavam corretos, 11,2% parcialmente correto e 64,2% incorretos. Santos et al. (1998), em levantamento realizado em 628 trabalhos publicados na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) de 1980 a 1994, observaram que os testes de comparação de médias foram adequados em 57,0%, parcialmente adequados em 11,5% e inadequados em 35,5%. Este trabalho teve como objetivo fazer uma avaliação dos procedimentos de comparações múltiplas de médias empregados na análise dos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira, de 1.983 a 2.000, além de apresentar alternativas adequadas aos procedimentos inapropriadamente usados. MATERIAL E MÉTODOS Uma revisão dos procedimentos de comparações múltiplas de médias foi realizada nos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira (HB) de 1983 a 2000, correspondendo aos volumes de 01 a 18. Esses procedimentos quanto à aplicação de testes foram classificados em adequado, parcialmente adequado ou inadequado. Foi considerado adequado quando o teste de comparação de médias consistia no procedimento mais apropriado aos tratamentos de natureza qualitativa e não estruturados. Foi considerado parcialmente adequado quando o teste de comparação de médias consistia no procedimento apropriado a tratamentos estruturados (tratamentos de um conjunto formado pela adição de um ou mais fatores, muito comuns nas áreas de fitotecnia e de sementes), a experimentos fatoriais (onde se compara todos os tratamentos entre si, dois a dois), e a situações onde, após ajustar uma equação de regressão aos dados, ainda é utilizado um teste de comparação múltipla. Foi considerado inadequado quando o teste de médias foi aplicado a tratamentos de natureza quantitativa ou, ainda, em experimentos fatoriais, em médias marginais dos fatores, sem levar em conta possíveis interações entre os efeitos principais. Uma distribuição de freqüência absoluta e percentual foi realizada para as três categorias dos testes de comparação de médias. Entre os testes levantados estão a DMS de Fisher (teste t de amplitude fixa), o de Tukey, o de Duncan, o de SNK (Student-Newman- Keuls), o de Scott-Knott e o de Dunnett. Nos trabalhos em que os autores não informaram o tipo de comparação múltipla empregado, o teste foi classificado como Não informado. RESULTADOS E DISCUSSÃO A distribuição de freqüência absoluta e percentual dos testes de comparação de médias aplicados aos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira no período de 1.983 a 2.000 estão apresentados na Tabela 1. Nesses dezoito anos, 294 trabalhos foram analisados, dos quais 193 (correspondendo a 65,6%) foram classificados como adequados, com relação à aplicação dos testes de comparação de médias, 67 (correspondendo a 22,8%) foram considerados como parcialmente adequados e 34 (correspondendo a 11,6%) foram classificados como inadequados. Entre os testes utilizados, os mais freqüentes foram o de Tukey (57,1%) e o de Duncan (32,6%). Estes resultados estão em concordância de certa maneira com os obtidos por Cardellino & Siewerdt (1992) que obtiveram percentuais em torno de 63% e 25%, para os teste de Tukey e de Duncan, respectivamente. Por outro lado, os percentuais encontrados estão mais próximos dos obtidos por Santos et al. (1998), que encontraram resultados próximos a 59% e 32%, para os respectivos testes. Observando-se os procedimentos de forma individual, dentro da categoria adequado, verificou-se que 61,3% dos testes de Tukey, 64,6% dos testes de Duncan e 77,8% da DMS de Fisher fo- 6 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Tabela 2. Porcentagem de germinação de sementes de Maytenus ilicifolia após tratamentos de secagem e armazenamento. Tratamentos Médias* (%) T 1 : Testemunha 100, a T 2 : Secagem (22ºC, 15 % UR) 82, b T 3 : Armazenamento (5ºC) 93, ab T 4 : Armazenamento (-20ºC) 85, ab T 5 : Secagem + Armazenamento (5ºC) 82, b T 6 : Secagem + Armazenamento (-20ºC) 75, b * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 3. Efeito do nível de adubação orgânica sobre o rendimento de óleo essencial de Lipia Alba. Níveis de adubação orgânica (kg/m²) ram utilizados de forma apropriada. Para os outros tipos de teste estas percentagens foram 100%. Ainda dentro dessa categoria, em sete trabalhos de competição de cultivares, usou-se procedimentos de comparações múltiplas apropriados para identificar as melhores cultivares, porém observou-se o descuido dos pesquisadores em não mencionarem o tipo de procedimento usado nos ensaios (Tabela 1, Não informado ), indispensável na elaboração da tomada de decisão. O uso mais comum dos procedimentos de comparações múltiplas de médias é efetuar comparações de cada uma das médias com cada uma das outras, com o objetivo de detectar possíveis Rendimento de óleo essencial (ml/g x 100%)* 0 0,3395 a 1 0,3091 a 2 0,2940 ab 4 0,2696 bc 8 0,2642 c * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Tabela 4. Efeito do teor de cinza vegetal sobre peso médio da cabeça de alface, cv. Brasil 303. Níveis de cinza vegetal (t/ha) Peso médio (g)* 0 170,2 b 10 265,8 a 15 262,9 a 20 233,3 a 30 220,4 a * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade. grupos entre um conjunto de tratamentos não estruturados. Um exemplo que ilustra esta categoria foi extraído de um trabalho em que se comparou a produção de nove cultivares de cebola (Allium cepa L.), através do teste de Tukey, identificando-se quatro grupos. Em outro exemplo, avaliando a produtividade de vinte linhagens de abóbora (Curcubita moschata Duchesne), através do teste Scott-Knott, os autores identificaram dois grupos. Foram incluídos na categoria parcialmente adequado, 24,4% dos trabalhos onde se empregou o teste de Tukey, 26% dos trabalhos onde se empregou o teste de Duncan e 11,1% dos trabalhos onde se empregou a DMS de Fisher. A aplicação deste tipo de procedimento é comum em tratamentos estruturados (tratamentos formados pela adição de um ou mais fatores) ou em experimentos fatoriais onde se comparam todos os tratamentos entre si, dois a dois ou em situações após ajustar uma equação de regressão, ainda se utiliza um teste de comparação de médias. O exemplo da Tabela 2 ilustra a situação, onde os pesquisadores avaliaram a porcentagem de germinação de sementes de Maytemus ilicifolia após tratamentos de secagem e armazenamento. Embora parcialmente correta a aplicação do teste de Tukey, os autores poderiam ter formulado contrastes importantes como: Y 1 = (m 3 + m 4 ) 2m 1 (armazenamento x testemunha); Y 2 = m 5 + m 6 - m 3 - m 4 (secagem e armazenamento x armazenamento); Y 3 = m 5 + m 6-2m 2 (secagem e armazenamento x secagem). Outra situação está ilustrada em um experimento fatorial 2 x 2 x 3, onde os autores estudaram a influência de duas fontes de potássio, duas doses de cloreto de sódio e três doses de potássio sobre o teor de nitrogênio da matéria seca da parte aérea de tomateiro. Pode-se constatar que, o emprego do teste de Duncan é parcialmente apropriado, embora o procedimento correto, no caso de nenhuma interação significativa, fosse comparar as médias marginais dos fatores principais (caso de natureza qualitativa) ou ajustar uma equação de regressão a eles (caso de natureza quantitativa). No caso de interação significativa, deve-se comparar médias dos níveis de um fator (de natureza qualitativa) dentro dos níveis de outro fator. Por exemplo, comparar as médias dos efeitos das fontes de potássio dentro de cada dose de cloreto de sódio. O ajustamento de uma equação de regressão aos teores de nitrogênio em função das doses de potássio dentro de cada dose de cloreto de sódio também seria um procedimento correto, apesar de apenas três níveis para a estimação dos parâmetros da equação. Quando este número de níveis é menor do que quatro pode-se ter problema no processo de estimação dos parâmetros. Dentro da categoria inadequada, registrou-se que, nos trabalhos onde foi empregado o teste de Tukey, 14,3% Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 7

Bezerra et al. utilizaram-no de forma inapropriada, seguido pela DMS de Fisher com 11,1% e pelo teste de Duncan com 9,4% (Tabela 1). Esses testes foram responsáveis pelos 11,6% do uso inadequado dos testes de comparação de médias nos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira. Nas Tabelas 3 e 4 estão ilustrados exemplos de má aplicação dos testes de comparações múltiplas a tratamentos quantitativos (como níveis de adubação orgânica e níveis de cinza vegetal). O procedimento estatístico mais correto para essas situações, seria examinar os dados das variáveis observadas através de uma relação funcional com os níveis dos tratamentos aplicados. As equações resultantes proporcionam uma descrição das variações ocorridas nas variáveis observadas em função dos níveis dos tratamentos aplicados, permitindo estudar qualquer nível intermediário dos tratamentos, mesmo que eles não estejam diretamente incluídos no estudo (Figura 1). Por exemplo, na Figura 1 (b), podese identificar o nível de cinza vegetal que proporciona o maior peso médio (cerca de 263 g) de cabeça de alface, que é de aproximadamente 11 t/ha. As causas prováveis do mau uso desses testes podem estar associadas ao desconhecimento de procedimentos alternativos aos testes de comparações múltiplas de médias, como a técnica de análise de regressão, bem como a falta de conhecimento das condições de uso adequado desses testes aos tipos de dados estudados. Além disso, pode também ser devido à falta de habilidade dos pesquisadores na interpretação dos resultados, podendo levá-los a fazer inferências errôneas acerca dos tratamentos investigados. Cardellino & Siewerdt (1992) e Pearce (1993) advertem que deficiências como estas podem levar o pesquisador à simplificação do uso de um teste de comparação múltipla, mesmo quando ele não se constitui na melhor opção para a análise dos dados experimentais. Por outro lado, Matos (1993) evidencia que a formação acadêmica da maioria dos pesquisadores tem sido baseada em receitas estatísticas com muita ênfase na parte matemática e pouca ou nenhuma consideração na adequação dos métodos ou na interpretação dos resultados obtidos. Figura 1. (a) Rendimento de óleo essencial em função de diferentes níveis de adubação orgânica e (b) Peso médio da cabeça de alface em função de diferentes níveis de cinza vegetal. De modo geral, pode-se observar a verificação pouca cuidadosa da adequabilidade dos testes de comparações múltiplas aos tipos de tratamentos considerados na análise. Além disso, nota-se que o uso inadequado dos testes é comum, principalmente, nos casos nos quais estão envolvidos tratamentos de natureza quantitativa. O uso indiscriminado desses testes pode resultar em perda de informação e eficiência reduzida quando procedimentos mais adequados estão disponíveis. Por fim, ressalta-se que o pesquisador deve consultar, sempre que possível, um estatístico quando existir dúvidas na escolha do teste a ser aplicado, de modo que os dados possam ser explorados de maneira correta e conseqüentemente, os resultados advindos da pesquisa possam auxiliar nas tomadas de decisões. LITERATURA CITADA AFLAKPUI, G.K.S. Some uses/abuses of statistics in crop experimentation. Tropical Science, v. 35, n. 2, p. 347-353, 1995. CARDELLINO, R.A.; SIEWERDT, F. Utilização correta e incorreta dos testes de comparação de médias. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 21, n. 6, p. 985-995, 1992. CARMER, S.G.; WALKER, W.M. Pairwise multiple comparisons of treatment means in agronomic research. Journal of Agronomic Education, v. 14, n. 1, p. 19-26, 1985. CHEW, V. Comparing treatment means: a compendium. Hortscience, v. 11, n. 4, p. 348-357, 1976. 8 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista CHRISTENSEN, R. Analysis of variance, design and regression. London: Chapman & Hall, 1996. 587 p. DAWKINS, H.C. Multiple comparisons misused: Why so frequently in response curve studies? Biometrics, v. 39, n. 3, p. 789-790, 1983. FERREIRA, D.F.; MUNIZ, J.A.; AQUINO, L.H. Comparações múltiplas em experimentos com grande número de tratamentos utilização do teste de Scott Knott. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 23, n. 3, p. 745-752, 1999. GILL, J.L. Current status of multiple comparisons of means in designed experiments. Journal of Dairy Science, v. 56, n. 8, 1973. JONES, D. Use, misuse, and role of multiple comparison procedures in ecological and agricultural entomology. Environmental Entomology, v. 13, n. 3, p. 635-649, 1984. KLOCKARS, A.J.; SAX, G. Multiple comparisons. 3 ed. California: SAGE, 1990. 87p. LENTNER, M.; BISHOP, T. Experimental design and analysis. Blacksburg, VA: Valley Book Company, 1986. 565 p. LITTLE, T.M. Interpretation and presentation of results. Hortscience, v. 16, n. 5, p. 637-640, 1981. MATOS, L.L. O pesquisador, o estatístico e a sociedade. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDA- DE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 30, 1993, Rio de Janeiro, RJ. Anais... Rio de Janeiro: SBZ, 1993. p. 121. PEARCE, S.C. Data analysis in agricultural experimentation. III. Multiple comparisons. Experimental Agriculture, v. 29, n. 1, p. 1-8, 1993. PERECIN, D.; MALHEIROS, E.B. Procedimentos para comparações múltiplas. Lavras: UFLA, 1989. 67p. PETERSEN, G.R. Use and misuse of multiple comparison procedures. Agronomy Journal, v. 69, n. 2, p. 205-208, 1977. RAMALHO, M.A.P.; FERREIRA, D.F.; OLIVEI- RA, A.C. Experimentação em genética e melhoramento de plantas. Lavras, UFLA, 2000. 326 p. SANTOS, J.W.; MOREIRA, J.A.N.; BELTRÃO, N.E.M. Avaliação do emprego dos testes de comparação de médias na Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) de 1980 a 1994. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 33, n. 3, p. 225-230, 1998. SCOTT, A.J.; KNOTT, M.A. A cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, v. 30, n. 2, p. 507-512, 1974. SILVA, E.C.; FERREIRA, D.F.; BEARZOTI, E. Avaliação do poder e taxas de erro tipo i do teste de Scott-Knott por meio do método de Monte Carlo. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 23, n. 3, p. 687-696, 1999. SWALLOW, W.H. Those overworked and oftmisused mean separation procedures Duncan s, LSD, etc. Plant Disease, v. 68, n. 10, p. 919-921, 1984. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 9

pesquisa CONTI, J.H.; MINAMI, K.; TAVARES, F.C.A. Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20,n.1, p. 10-17, março 2.002. Produção e qualidade de frutos de diferentes cultivares de morangueiro em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. José Henrique Conti; Keigo Minami; Flavio C. A. Tavares ESALQ, C. Postal 83, 13.418-900 Piracicaba-SP; E-mail: jhconti@hiway.com.br RESUMO Foram instalados experimentos em Atibaia (SP), região de clima ameno, e Piracicaba (SP), região de clima quente, no ano de 1996, com delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições e dezesseis plantas por parcela, com as cultivares Campinas, Dover, Guarani, Princesa Isabel e AGF 080. Dos frutos avaliou-se a presença de pescoço, formato, teor de sólidos solúveis, ph, cor interna e externa, textura e a produção e seus componentes. Atibaia destacou-se pela produção maior de frutos (468,30 g/planta), maior número de frutos (46,75 frutos/planta) e maior peso médio de fruto (10,06 g) em relação a Piracicaba. As características do fruto e da planta do morangueiro foram pouco variáveis ao efeito de locais. As medidas de cor interna, textura e presença de pescoço possibilitaram indicar a cultivar Guarani como apto para o uso industrial e Dover como pouco indicado. Em função das medidas de peso, teor de sólidos solúveis, ph e textura, as cultivares Campinas, AGF 080 e Princesa Isabel são as mais adequadas ao consumo in natura, enquanto que Guarani e Dover são pouco adequadas. Os dados de resistência à compressão, que estimam a textura dos frutos, comprovam que as cultivares Guarani, Dover e Princesa Isabel são as mais resistentes ao transporte e Campinas e AGF 080 as menos resistentes. ABSTRACT Production and quality of some cultivars of strawberry fruits in field experiments at Atibaia and Piracicaba, Brazil. Field experiments were carried out in São Paulo State (Brazil), in Atibaia, Cfb climate and Piracicaba, Cwa climate, in 1996. The experimental design was of randomized blocks with four replications and sixteeen plants per plot using the cultivars Campinas, Dover, Guarani, Princesa Isabel and AGF 080. The presence of neck, shape, yield, number and average weight, amount of soluble solids, ph, external and internal color, texture and components of yield and of the fruits were evaluated. Atibaia experiment resulted in greater production of fruits (468,30 g/plant), greater number of fruits (46,75 fruits/plant) and greater fruit mean weight (10,06 g) in relation to Piracicaba. Characteristics of the strawberry fruit and plant were not influenced by local effects. The internal color measures, texture and neck presence indicate the cv. Guarani suitable for industrial purposes. In function of the weight measures, amount of soluble solids, ph and texture, the Campinas, Agf 80 and Princesa Isabel cvs. are the most suitable for the fresh market while Guarani and Dover are inadequate. Guarani, Dover and Princesa Isabel are the most resistant cvs. to transportation and Campinas and Agf 80 are the less resistant. Palavras-chave: Fragaria x ananassa Duch., cultivares, clima, tropical, consumo in natura, rendimento. Keywords: Fragaria x ananassa Duch., climate, tropical, fresh market, yield. Uma complexa interação entre os fatores temperatura e comprimento do dia determinam o desempenho produtivo e a qualidade dos frutos em cultivares de morangueiro em uma determinada região produtora (Scott & Lawrence, 1975). Em vista disso, quando uma cultivar é selecionada para determinada região fisiográfica e plantada em outra, dificilmente apresentará elevada produção de frutos de qualidade (Dávalos, 1979). Human & Evans (1989) e Rice Jr. (1990) testaram cultivares do morangueiro na África e confirmaram que estas, quando melhoradas para regiões temperadas, não mostraram bom desempenho em áreas tropicais. As principais regiões brasileiras produtoras de morango localizam-se em (Aceito para publicação em 14 de fevereiro de 2.002) áreas de clima tropical de altitude elevada, ameno. Atualmente a cultura está se expandindo para áreas de clima tropical de altitude média, quente. A produção comercial do morango no Brasil está baseada em poucas cultivares. A Campinas, selecionada para consumo in natura na década de cinqüenta pelo IAC (Camargo, 1960), ainda hoje é uma das mais cultivadas. Na década de setenta foi lançada a cultivar Guarani para uso industrial e, na década de oitenta, a cultivar Princesa Isabel com frutos mais duráveis após a colheita (Passos & Camargo, 1993). Na década de noventa foi importada dos EUA a cultivar Dover, selecionada, segundo Howard & Albregts (1980), para a resistência a antracnose nas condições da Florida. A alta incidência de antracnose, doença conhecida como flor preta no morangueiro, tem levado os agricultores a buscar novas alternativas de produção. Entre elas, a utilização de novas cultivares supostamente mais resistentes, como a Dover, estão sendo avaliadas. Por a introdução dela ser recente, não há dados científicos sobre o seu desempenho em nossas condições. Sabe-se que na região produtora de Atibaia e Jarinu (SP) a mesma tem apresentado suscetibilidade à bacteriose, resistência duvidosa à antracnose e características de frutos inadequadas ao consumo in natura. No entanto, teve grande aceitação pelos agricultores quando estes, para escapar da antracnose, mudaram o local de plantio para áreas no- 10 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. vas distantes dos mercados consumidores e pela textura muito firme dos frutos, mostrou-se adequada para o transporte a longas distâncias. Também estão sendo avaliadas mudanças no sistema de produção. Com a finalidade de estudar a introdução da irrigação por gotejamento, o cultivo protegido e o uso de cobertura morta de solo orgânica ou de polietileno, Passos (1997) realizou trabalho na região produtora de Atibaia e Jarinu com a cultivar Campinas. A introdução de germoplasma exótico, vem sendo realizada pelos próprios produtores sem que estes novos materiais sejam avaliados adequadamente quanto à adaptabilidade ao cultivo em condições tropicais e exigências do mercado consumidor. Estes frutos de morango sendo oferecidos no mercado com características de qualidade inadequadas, têm resultado em menor consumo da fruta e, como conseqüência, prejuízos ao agricultor. Assim foi proposto o presente trabalho, com o objetivo de avaliar o desempenho de diferentes cultivares de morangueiro quanto à produção e seus componentes e a qualidade dos frutos em Atibaia e em Piracicaba, regiões de clima ameno e quente respectivamente. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliadas neste trabalho as cultivares Campinas, Guarani e Princesa Isabel desenvolvidas pelo IAC (Passos & Camargo, 1993), a cultivar AGF 080 pela empresa Agroflora e a cultivar Dover selecionada na Flórida (Howard & Albregts, 1980), cultivadas em duas regiões distintas, Atibaia e Piracicaba. Piracicaba está localizada na latitude de 22º 43, longitude de 47º 37 e a uma altitude de 505 m, e Atibaia em latitude de 23º 07 e longitude de 46º 33 e o experimento estava a uma altitude de 811 m. Em Piracicaba, o experimento foi plantado em solo denominado Terra Roxa Estruturada e clima do tipo Cwa segundo classificação pelo sistema internacional de Koeppen e em Atibaia, em Latossolo Vermelho Escuro e clima predominante Cfb. Os frutos foram coletados em experimentos em 1996, nos municípios de Atibaia e Piracicaba, respectivamente em campo de produção comercial de frutos e em área experimental do Departamento de Horticultura da ESALQ. Os experimentos obedeceram o mesmo delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições de cinco cultivares e parcelas constituídas de dezesseis plantas, sem bordadura como proposto pôr Nagai et al. (1978). A cobertura de solo foi feita com filme plástico de polietileno preto e irrigação por aspersão. Em Atibaia foram plantadas mudas de raiz nua em 25 de março de 1996 e, após cinco floradas, as plantas foram retiradas no dia 7 de novembro. Em Piracicaba as mudas eram de torrão, e foram plantadas em 30 de abril de 1996 e retiradas no dia 28 de novembro, após cinco floradas. As características do fruto analisadas nas diferentes cultivares foram a presença de pescoço (prolongamento afunilado na base do fruto); o formato; a produção e seus componentes; o teor de sólidos solúveis, o ph, a textura e a coloração externa e interna. O pescoço foi estudado com base no trabalho de Passos et al. (1994), em cinqüenta frutos no estágio maduro, na segunda florada, por parcela. Para a análise da forma dos frutos nas cultivares Campinas, Dover, Princesa Isabel e AGF 080, que apresentam frutos com formato cônico ou cônico alongado, foi desenvolvido um método que consiste em cortar os frutos de morango ao meio no sentido do maior comprimento. A face cortada de uma das metades do fruto foi pressionada em uma folha de cartolina branca onde deixou uma marca. Em torno da marca foi traçado um triângulo onde a mesma ficou inscrita. Foram analisados, por este método, cinqüenta frutos de segunda ou terceira ordem, no estágio maduro, na segunda florada por parcela. Em cada triângulo foram medidas a base e a altura; A razão entre as mesmas foi utilizada na obtenção das médias de cada cultivar. O teor de sólidos solúveis e o ph foram obtidos (100 g de frutos, de terceira florada em cada parcela) triturando os frutos em liqüidificador juntamente com 100 ml de água por três minutos a alta velocidade, seguindo o descrito por Passos (1982). No material obtido foram realizadas três medidas de ph, com volume de 50 ml, (peagâmetro da marca Analion) e três medidas de quantidade de sólidos solúveis expressos em graus Brix (densitômetro marca Anton Paar, modelo DMA 46). A textura foi obtida em texturômetro TA-XT2 nas seguintes condições: os frutos foram medidos individualmente nas mesmas condições, determinandose a força de resistência à compressão na condição de retorno ao início ( return to start ). A ponta de prova ( probe ) utilizada foi a haste de base plana de 3 mm de diâmetro. Foram utilizadas as velocidades de perfuração de 2 mm/s na fase pré-teste teste, 1 mm/s na fase teste e 2 mm/s na fase pós-teste. A distância de perfuração foi padronizada em 10 mm e o resultado expresso pela força máxima (g). Para cada análise tomaramse cinco frutos maduros ao acaso, de terceira florada por parcela. A cor dos frutos de morango foi quantificada em espectrofotômetro COMCOR 1500 PLUS e os dados obtidos correspondem aos componentes analíticos L*, a* e b*, segundo o descrito por Ferreira (1981). Os valores de L* variam do claro ao escuro, sendo o valor 100 correspondente à cor branca e o valor 0 (zero) à cor preta; o componente a* varia entre o vermelho e o verde onde os valores positivos correspondem ao vermelho, o 0 (zero) ao cinza e os valores negativos, à cor verde; o componente b* varia do azul ao amarelo onde os valores negativos correspondem ao azul, o 0 (zero) ao cinza e os valores positivos, à cor amarela. Os valores de a* e b* foram convertidos ao índice c* (croma), obtido da raiz quadrada de a* 2 + b* 2. A cor do fruto inteiro foi determinada com a seguinte configuração do aparelho: abertura pequena, uv (ultra violeta) excluso, brilho incluso, ângulo de 10 0, leitura média de quatro determinações em cada parcela. A cor do morango cortado foi determinada na mesma configuração, com a única diferença que a abertura utilizada foi a normal. Os frutos foram cortados longitudinalmente e as metades arranjadas no vidro óptico, contidas pelo anel de PVC. Foram colocadas três a quatro camadas de frutos, arranjadas de modo a não deixar espaços vazios, colocan- Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 11

J. H. Conti et al. do-se na mesma camada metades de frutos diferentes. Também foram realizadas quatro determinações por parcela dos experimentos com frutos maduros de terceira ordem. O estudo da coloração de frutos, através da análise dos componentes L* (luminosidade) e de a* e b* que juntos resultam no valor de c* (croma), é uma maneira de quantificar a característica cor. Em morangos, vários trabalhos com estes componentes da cor foram realizados tanto para a cor externa como interna dos frutos. Miszczak et al. (1995) e Paraskevopoulou-Paroussi et al. (1995) estudaram o comportamento dos componentes L*, a* e b* em morangos inteiros pós colheita e concluíram que os valores de L*, a* e b* diminuem conforme avança o tempo de armazenamento, ou seja, neste período os frutos amadurecem e tornam-se mais vermelho-escuros visualmente. Sacks & Shaw (1993) estudaram a cor interna dos morangos e concluíram que em sete dias de armazenamento os frutos se tornaram mais escuros e mais cromáticos, isto é, apresentaram valores menores de L* e elevados de croma enquanto que, na coloração externa, quanto mais amadurecem os frutos, estes apresentam-se mais escuros e menos cromáticos. Baseados nestas constatações e considerando que as cultivares estudadas apresentam diferenças visuais de cor externas e internas desde o vermelho claro até o escuro, foi proposta, no presente trabalho, uma classificação para coloração em frutos de morango utilizando os valores de L* e c*. Estabeleceu-se uma faixa intermediária, baseando-se na média de todas as cultivares e considerando o desvio padrão para mais e para menos da média, como a amplitude daquelas cultivares que estão nesta faixa. Assim, considerando o componente L* como a luminosidade indicativa do grau de claro e escuro, é viável estabelecer que para a coloração externa, valores menores que 29,24 indicam cor escura, valores de L* entre 29,34 e 34,62 indicam condição intermediária e valores maiores que 34,62 cor clara. Para a coloração interna, valores menores que 38,35 indicam cor escura, valores entre 38,35 e 51,57 são intermediários e maiores que 51,57 de cor clara. O valor de Figura 1. Frutos das cultivares: forma dos frutos, ocorrência de pescoço e cor externa. Piracicaba, ESALQ, 1996. c* expressa o grau de croma dos frutos, onde, pela classificação proposta, frutos mais coloridos externamente apresentam valores menores que 24,92, a faixa intermediária está entre este valor e 36,08 e os frutos menos coloridos têm valores de croma maiores que 36,08. O valor de c*, na coloração interna dos frutos, apresentou uma faixa intermediária entre 33,28 e 42,88, assim frutos menos cromáticos apresentam valores de c* menores que 33,28 e os mais cromáticos valores maiores que 42,88. A produção total de frutos, o número de frutos e o peso médio dos frutos foi obtida da colheita. Esta foi feita em todas as plantas de cada uma das parcelas, ocorreu quando os frutos estavam entre os estágios ¾ maduros e maduros, duas vezes por semana, durante todo o período de produção sendo contados e pesados os frutos comerciáveis, isto é, aqueles apropriados para o consumo (Passos, 1982; Passos, 1997; Tessarioli Neto, 1982; Tessarioli Neto, 1993). Os resultados de formato, ph, teor de sólidos solúveis, textura, cor interna e externa, produção, número e peso médio dos frutos foram submetidos à análise de variância e as diferenças entre as médias dos tratamentos foram comparadas por Tukey a 5% de probabilidade. A análise dos dados de presença de pescoço considerou a presença ou ausência de determinada estrutura se esta estiver presente em 95% da amostra (Queiroz-Voltan et al., 1996). Os resultados dos experimentos, embora obtidos separadamente, puderam ser analisados em conjunto, pois a relação entre os quadrados médios dos resíduos dos dois experimentos foi menor que sete para todas as características estudadas (Cruz & Regazzi, 1994). RESULTADOS E DISCUSSÃO A característica presença de pescoço foi útil para caracterizar e também para ajudar na determinação da finalidade de uso de algumas cultivares. As cultivares Guarani e Dover foram caracterizadas pela ausência ou presença desta característica, sendo ausência de pescoço em Dover (100,0% dos frutos analisados) e presença de pescoço em Guarani (97,7% dos frutos analisados). Campinas apresentou 67,2% dos frutos com pescoço, AGF 080 79,0% dos 12 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002.

Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Tabela 1. Razão entre a base e a altura do triângulo circunscrito, teor de sólidos solúveis (graus Brix), ph, textura, cor interna e externa pelos componentes luminosidade (L*) e croma (c*) em frutos de morangueiro, em análise conjunta dos experimentos de Atibaia e Piracicaba. Piracicaba, ESALQ, 1996. Cultivares Razão Base/ altura Teor de sólidos solúveis (graus Brix) ph textura Cor interna Luminosidade (L*) Cor interna Croma (c*) Cor externa Luminosidade (L*) Cor externa Croma (c*) Campinas 0,942 a 8,37 a 3,77 b 85,75 c 43,66 a 39,17 ab 34,15 a 34,29 a Dover 0,652 c 7,10 c 3,66 c 123,27 b 49,26 a 32,47 c 30,10 b 28,66 b Guarani 7,20 c 3,58 d 144,78 a 35,81 b 43,68 a 28,27 c 21,23 c Princesa Isabel 0,838 b 7,77 b 3,84 a 110,26 b 48,77 a 36,63 bc 33,01 a 33,96 a AGF 080 0,944 a 8,52 a 3,77 b 82,75 c 47,33 a 38,42 b 34,12 a 34,43 a CV% 1,920 4,532 1,051 23,59 14,70 12,60 8,42 18,29 */ Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, 5%. frutos com pescoço e Princesa Isabel 41,7% dos frutos com pescoço. Como as cultivares Campinas, AGF 080 e Princesa Isabel apresentaram menos de 95% dos frutos com uma mesma característica, não foi possível definir a qual das duas categorias pertenciam (Figura 1). Os resultados obtidos com a cultivar Guarani demonstraram sua característica de produção de morangos para uso industrial pela facilidade na remoção do cálice, finalidade para a qual havia sido selecionada. A forma do fruto do morangueiro é de fundamental importância para o sucesso das cultivares devido às exigências do mercado consumidor. Sendo, no entanto, uma característica de difícil identificação pela análise comparativa com formatos padrões estabelecidos de maneira diferente, por vários autores (Passos, 1982; Lemaitre & Linden, 1968; Queiroz-Voltan et al., 1996). Diante da dúvida de qual dos sistemas propostos pelos autores acima mencionados utilizar e, aliado ao fato de que quatro das cinco cultivares estudadas apresentarem formato muito semelhante, tipo cônico ou cônico-alongado, decidiu-se propor um novo sistema para distinguir frutos com formato tipo cônico. Na análise conjunta dos experimentos, as cultivares Campinas e AGF 080 não apresentaram diferenças significativas entre si mas diferiram da Dover e da Princesa Isabel. As cultivares Campinas e AGF 080 apresentaram a maior relação entre a base e a altura do fruto (0,943), o que caracteriza um formato de fruto pouco alongado, assemelhando-se a um pião. Com valores menores ficou a cultivar Princesa Isabel e com os valores mais baixos a cultivar Dover, o que significa frutos com o formato mais cônico alongado entre as quatro cultivares testadas (Tabela 1 e Figura 1). O teor de sólidos solúveis é característica de interesse para frutos comercializados in natura pois o mercado consumidor prefere frutos doces. Os resultados obtidos com o teor de sólidos solúveis estimados em graus Brix (Tabela 1), evidenciaram, como esperado, grande variação nas cultivares testadas contudo não houve variação significativa para o fator locais. Na análise conjunta dos experimentos as cultivares Campinas e AGF 080 apresentaram os maiores valores de graus Brix, em seguida ficou a cultivar Princesa Isabel e diferente destes mas semelhantes entre si as cultivares Guarani e Dover. Passos (1982) em experimento realizado em Jundiaí, 1979, chegou aos valores de 8,10 graus Brix para a cultivar Campinas e 5,20 para a cultivar Guarani em frutos maduros. No presente trabalho, o teor de sólidos solúveis em Atibaia, onde o clima é semelhante a Jundiaí, foi de 8,45 graus Brix na cultivar Campinas e 7,10 graus Brix na cultivar Guarani. Podemos afirmar que o valor elevado no teor de sólidos solúveis da cultivar Campinas confirma a descrição de Camargo & Passos (1993), que consideram esta cultivar de sabor adocicado e o sabor da cultivar Princesa Isabel, menos doce que a cultivar Campinas, como suave-adocicado. O ph dos frutos apresentou variação significativa entre as cultivares. A análise conjunta dos experimentos de Atibaia e Piracicaba apresentou valores de ph mais elevados para a cultivar Princesa Isabel. Em seguida, diferentes dos demais mas semelhantes entre si, ficaram as cultivares Campinas e AGF 080 seguidas por Dover e Guarani (Tabela 1). A determinação do ph dos frutos é importante na definição da finalidade de uso das cultivares. O ph ácido é propriedade de morangos para uso industrial (Passos, 1982), e o mercado consumidor para frutos in natura prefere frutos pouco ácidos. A característica de ph torna difícil o desenvolvimento de cultivares de dupla aptidão, já que as exigências para cultivares de uso industrial e consumo in natura são opostas. Comparando com os resultados obtidos por Passos (1982) e no presente trabalho, em Atibaia, notamos que o ph médio dos frutos foram semelhantes para a cultivar Campinas e diferentes para a cultivar Guarani. O fruto de Guarani, considerado ácido por Camargo & Passos (1993) também apresentou valores mais baixos de ph neste trabalho. As diferenças de textura e cor são de fundamental importância para o produtor na escolha das cultivares, mas é difícil diferenciar as texturas muito firme da firme, e esta da pouco firme, e também as tonalidades da cor vermelha. A caracterização quantitativa de caracteres fornece parâmetros mais exatos quanto às propriedades de textura e cor dos frutos, Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 13