Lei da Ficha Limpa: consequências para a Administração Pública. Law of Clean Sheet: consequences for Public Administration

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Transcrição:

FOCO: revista de Administração e Recursos Humanos da Faculdade Novo Milênio/FNM. Lei da Ficha Limpa: consequências para a Administração Pública Sidney Alves 1 Resumo Lei da Ficha Limpa; esse foi o nome dado pela sociedade brasileira à Lei Complementar 135/2010 que trouxe alterações a Lei Complementar n o 64, de 18 de maio de 1990. Este artigo é focado principalmente nas polêmicas que esta Lei trouxe para baila das discussões da sociedade e, suas consequências para a Administração Pública, bem como, suas características mais relevantes e críticas a sua criação. Palavras-chave: Ficha Limpa. Inelegibilidade. Consequências. Administração Pública. Law of Clean Sheet: consequences for Public Administration Abstract Clean Record Law; this was the name given by Brazilian society to Complementary Law 135/2010 which brought changes to Complementary Law No 64 of May 18, 1990. This article is primarily focused on the controversies that this law brought to the fore of society's discussions and its consequences for the Government, as well as its outstanding features and reviews its inception. Keywords: Clean Record. Ineligibility. Consequences. Public Administration. 1 INTRODUÇÃO A chamada Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis candidatos que tenham condenações criminais ou relativas à improbidade administrativa, julgadas por órgão colegiado, está no alvo das discussões jurídicas, existindo um vasto número de controvérsias sobre o tema. O Supremo Tribunal Federal é o órgão responsável por analisar a constitucionalidade das leis aprovadas, sendo certo que este, até o presente momento, firmou entendimento pela compatibilização da Lei da Ficha da Limpa com a Constituição Federal brasileira. A Lei Complementar 135/2010 é também um marco histórico, pois se configura como uma das poucas participações efetivas da população brasileira na elaboração legislativa. Esta 1 Licenciado em História, com especialização em Gestão Escolar Integrada. Atualmente cursa o programa de graduação em Administração Públicas e Pós-Graduação em Gestão Pública/UFF. 32

chegou ao Congresso Nacional após abaixo assinado da população, contendo 1.5 milhão de assinaturas. No Congresso, após modificações, a lei foi aprovada em maio de 2010, porém não foi válida para as eleições daquele ano, passando a vigorar a partir do ano de 2012. Esta Lei Complementar veio para alterar a então vigente Lei de Inelegibilidade, que é a Lei Complementar 64/1990. As alterações são relacionadas aos casos de inelegibilidade, prazos de sua cessação e, determina outras providências. Passou a incluir elementos de elegibilidade que, como objetivo, tem o de assegurar a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandado outorgado através do sufrágio. Para o candidato ter a sua candidatura a cargo eletivo vedada, basta que este responda a processo contra si tenha sido julgado por um órgão colegiado. No entendimento de alguns juristas o fato da Lei da Ficha Limpa vedar a candidatura de pessoas que respondem a processos que ainda não tiveram o seu trânsito em julgado, que seria uma decisão judicial que não coubesse mais nenhum tipo de recurso, violaria o princípio constitucional e fundamental da inocência, também conhecido como princípio da não culpabilidade. Assim, há certa obscuridade sobre o tema, o qual demanda uma análise mais detalhada sobre as mudanças que esta Lei trouxe para a Administração Pública.; o que nos propomos realizar neste presente artigo. Iniciaremos com o estudo sobre o que é inelegibilidade, para após adentrarmos ao exame sobre as mudanças que a Lei da Ficha limpa trouxe para a administração pública. 2 REFERENCIAL TEÓRICO O 1 artigo da Constituição da República Federativa do Brasil define que nosso Regime de governo está pautado em um Estado Democrático de Direito. O regime de governo democrático é composto por um conjunto de normas e princípios pelo qual o Estado expõe sua ordem jurídica, guiando a si próprio e a sua sociedade. Para Gilmar Ferreira Mendes, em sua obra Curso de Direito Constitucional: Os direitos políticos formam a base do regime democrático. A expressão ampla refere-se ao direito de participação no processo político como um todo, ao direito ao sufrágio universal e ao voto periódico, livre, direto, secreto e igual, à autonomia de organização do sistema partidário, á igualdade de oportunidade de partidos. (2011, p. 743). V.7, nº2. Jul./dez.2014. 33

FOCO: revista de Administração e Recursos Humanos da Faculdade Novo Milênio/FNM. Ou seja, nos termos de nossa Constituição Federal, a democracia se exerce pelo voto secreto, porém para que o voto possa ser investido em um candidato de vida pregressa ilibada, para o exercício correto dos direitos políticos pelo povo, deverá haver um controle do Estado. Isso deve ser feito através de critérios de elegibilidade e, consequentemente, inelegibilidade, que quando não expressos na Constituição Federal deverão ser implementados por Lei Complementar. Assim, dispõe o artigo 14 9 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em que Lei Complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade: 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Trata-se nesse âmbito da regulamentação da elegibilidade, ou seja, do exame do curriculum do candidato, como sua vida pregressa, pois elegibilidade é a qualidade de elegível, a capacidade para ser eleito. Da necessidade de se criar um mecanismo eficiente para vedar o acesso de pessoas com vida pregressa não condizente com a Administração Pública, que fosse uma espécie de guardião do princípio da moralidade, é que nasceu, da iniciativa popular, a proposta de lei que culminou na Lei Complementar 135/2010, objeto de estudo do presente artigo. 2.1 A Capacidade Eleitoral Passiva A capacidade eleitoral passiva se configura na possiblidade de eleição, concorrendo a um mandado eletivo. Este direito de ser votado, no entanto, tem que passar por algumas análises para que se torne absoluto. O candidato somente pode ter sua candidatura efetivada se preencher requisitos de elegibilidade para o cargo que se destina e, obviamente, não incorrer em nenhum dos impedimentos constitucionais. Diz-se que o candidato que possui a capacidade/direito de ser votado, se encontra elegível. 34

2.2 Direitos Políticos Negativos Os direitos políticos negativos são determinações constitucionais que privam o cidadão do direito de participação no procedimento político e nos órgãos governamentais. São considerados negativos porque consistem no conjunto de regras que negam ao cidadão o direito de se eleger, ou de ser eleito, ou de exercer atividade político-partidária ou função pública. No entendimento de Pedro Lenza: Ao contrário dos direitos políticos positivos, os direitos políticos negativos individualizam-se ao definirem formulações constitucionais restritivas e impeditivas das atividades politicas, privando o cidadão do exercício dos seus direitos políticos, bem como o impedindo de eleger um candidato ou ser eleito. (2011. Saraiva. São Paulo. 15 edição. Pag1023-1024). A privação dos direitos políticos pode ser de forma definitiva ou temporária. A definitiva se dá em somente um caso, qual seja, quando um estrangeiro tem sua naturalização cancelada por sentença transitada em julgado. A forma temporária abrange todas as demais situações. Neste tópico há a chamada suspensão dos direitos políticos que ocorre nos casos de incapacidade civil absoluta, improbidade administrativa e condenação criminal transitada em julgada, enquanto durarem seus efeitos. Estes são os casos relevantes para o presente trabalho, pois como passaremos a ver, a perda da capacidade eleitoral passiva importa na inelegibilidade destes cidadãos enquadrados em pelo menos um desses casos. 2.3 Inelegibilidade Decorrente da Renúncia a Mandato A Lei Complementar 135/10 trouxe com uma das inovações ao direito eleitoral brasileiro a causa de inelegibilidade por renúncia ao mandato eletivo, após oferecimento de representação, ou de petição competente de autorizar abertura de processo que possa resultar em cassação. Mesmo que esse dispositivo não tenha gerado no meio jurídico grandes debates, ao contrário da polêmica da condenação por órgão colegiado passível de recurso, foi exatamente com base nele que as candidaturas de Joaquim Roriz e de Jader Barbalho, então candidatos a governador do Distrito Federal e a Senador do Pará, respectivamente, foram impugnadas, levando o Supremo Tribunal Federal a debater a Lei da Ficha Limpa pela V.7, nº2. Jul./dez.2014. 35

FOCO: revista de Administração e Recursos Humanos da Faculdade Novo Milênio/FNM. primeira vez, nos julgamentos dos recursos extraordinários 630147 e 631102, respectivamente. O nosso país vem de um passado político repleto de casos de políticos que renunciaram aos seus mandatos para não serem cassados. Em especial o Congresso Nacional foi palco por diversas vezes dessa manobra. E na maioria das vezes os que renunciaram para não ficarem inelegíveis, conseguiram sair impunes e se candidatar no pleito posterior. Com o intuito de prevenir esta tática, a Lei da Ficha Limpa acresceu à Lei das Inelegibilidades a alínea k, no inciso I do Art. 1º: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (...) O principal argumento contra essa causa de inelegibilidade é a de que ela fere o princípio constitucional do devido processo legal. Com essa linha de pensamento, a renúncia, por ser ato de vontade, não pode gerar os mesmos efeitos de uma cassação, pelo simples fato de que o renunciante não exerce o direito à ampla defesa e ao contraditório, que somente seria vislumbrado no decorrer de um processo de cassação. Ato contínuo, invocam a falta de razoabilidade de tal causa de inelegibilidade, pois ela faria incidir no renunciante a pena acessória da cassação, visto que a principal é a perda do mandato. O advogado Eduardo Alckmin, procurador de Jader Barbalho na ocasião da impugnação do seu registro de candidatura, arguiu em sua sustentação no Supremo Tribunal Federal que renunciar a um mandato eletivo não se configura como ofensa a probidade administrativa ou à moralidade para exercício do cargo, razão pela qual seria inconstitucional essa causa de inelegibilidade: Seria possível alguém que renunciou para não sofrer um processo ético, que usou o direito de não se auto incriminar, agir contrariamente ao direito, ter praticado um ato contrário à probidade administrativa ou à moralidade por exercício do cargo? 36

Em outro giro, elaboradores da Lei da Ficha Limpa defendem que quem renuncia ao mandato na esteira de uma denúncia de corrupção, não o faz por livre vontade de dispor da condição de detentor de cargo eletivo. Marcelo Lavenère Machado, Márlon Jacinto Reis e Daniel Seidel ao comentar o referido dispositivo, com redação dada pela Lei Complementar 135/10, preceituam: Ao instituir a inelegibilidade do renunciante de má-fé, a lei de iniciativa popular apresentou à sociedade importante e pedagógica disposição legal que, desde logo, robustece a ideia de República, impedindo o acesso aos mandatos por aqueles que nem mesmo tiveram a dignidade de defenderem-se de graves acusações de corrupção. A inelegibilidade que decorre de renúncia, dura pelo período que falta para o término do mandato, somados ainda mais oito anos. Como exemplo, se um prefeito no primeiro ano após tomar posse e tem contra si petição capaz de abrir processo de cassação, esse estará inelegível pelos quatro anos que restariam de sua função executiva mais oito, totalizando 12 anos de impedimento ao exercício do direito de disputar eleições. É o que é chamado por alguns doutrinadores de super inelegibilidade. 2.4 Principais Pontos da Lei da Ficha Limpa Eleitoral Para demonstrar de maneira mais didática as mudanças e pontos chaves que a Lei Complementar 135/2010 trouxe ao ordenamento jurídico e eleitoral brasileiro, vejamos: Veta a candidatura de políticos com condenação na Justiça, nos julgamentos em instâncias colegiadas (nas quais houve decisão de mais de um juiz). O projeto amplia de três para oito anos a inelegibilidade. Permite que um político condenado por órgão colegiado recorra a uma instância superior, para tentar suspender a inelegibilidade. Neste caso, o tribunal superior terá que decidir, também de forma colegiada e em regime de prioridade, se a pessoa pode ou não concorrer. São abrangidos: Os crimes dolosos, onde há a intenção, e com penas acima de dois anos. Por exemplo, crimes contra a vida, contra a economia popular, contra o sistema financeiro, contra o meio ambiente, tráfico de entorpecentes, entre outros. Os condenados por atos de improbidade administrativa. Geralmente os que exercem cargos no Executivo e os ordenadores de despesa. Os que tiverem seus mandatos cassados por abuso de poder político, econômico, ou de meios de comunicação, corrupção eleitoral, compra de votos, entre outros. Os condenados por crimes eleitorais que resultem em pena de prisão. Estão fora da lista os crimes eleitorais em que os políticos são punidos com multa. Os que forem condenados, em decisão transitada em julgado, por crimes graves. V.7, nº2. Jul./dez.2014. 37

FOCO: revista de Administração e Recursos Humanos da Faculdade Novo Milênio/FNM. Os que tiverem sido excluídos do exercício da profissão, por algum crime grave ético-profissional. Neste caso incluem-se os casos de profissionais que tiverem seus registros profissionais cassados. Os eleitos que renunciarem a seus mandatos para evitar processo por quebra de decoro também ficam inelegíveis nos oito anos subsequentes ao término da legislatura. 2.5 Da omissão do Controle no Acesso ao Serviço Público pelas vias não Eletivas O advento da Lei da Ficha limpa não esgotou todas as vias possíveis de acesso a cargos na Administração Pública por pessoas consideradas fichas sujas, ou seja, que ostentem pelo menos um dos impedimentos já apontados no presente artigo. Conforme exigência típica para acesso em cargo público, através de concurso, já há certo controle que impede o acesso dos considerados pela lei como fichas sujas, advindo da exigência de comprovação de quitação eleitoral para inscrição no concurso e, posteriormente, investidura no cargo. Consequentemente o acesso a cargo público, pela via do concurso, possui controle idêntico ao acesso pela via eletiva, contemplado pela Lei Completar 135/10. Já os cargos comissionados, e de contratação temporária, não têm como primazia este mesmo controle de acesso, o que é no mínimo uma falha grave do legislador, que deve ser corrigida o quanto antes. 2.6 Das Medidas Tomadas pelos Estados e Municípios para aplicar a Ficha Limpa Dada a omissão do legislador federal, por não criar dispositivo legal que vede o acesso de servidores públicos ficha suja à administração pública, através de cargos comissionados e de contratação, alguns Estados e Municípios da federação optaram por modificarem as suas constituições e, suas leis orgânicas, respectivamente, fazendo inserir vedação de acesso ao serviço público por pessoas consideráveis inelegíveis, nos termos da legislação Federal. Assim foi o caso do estado do Rio de Janeiro, que alterou a sua Constituição Estadual através da emenda nº 50, do ano de 2011, fazendo inserir o inciso XXIX ao artigo 77, com a seguinte redação: XXIX É vedada a nomeação de pessoas que se enquadram nas condições de inelegibilidade nos termos da legislação federal para os cargos de Secretário de Estado, Sub-Secretário, Procurador Geral de Justiça, Procurador Geral do Estado, Defensor Público Geral, Superintendentes e Diretores de órgãos da administração pública indireta, fundacional, de agências reguladoras e autarquias, Chefe de Polícia 38

Civil, Titulares de Delegacias de Polícia, Comandante Geral da Polícia Militar, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, Comandantes de Batalhões de Polícia Militar, Comandante de Quartéis de Bombeiro Militar, Reitores das Universidades Públicas Estaduais e ainda para todos os cargos de livre provimento dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado. Certamente foi um avanço significativo em busca da moralidade que se espera do servidor público, princípio explícito da administração pública, esculpido no caput do artigo 37 de nossa Carta Magna. Porém, o legislador do Estado do Rio de Janeiro foi mais além, criando a Lei Complementar nº 143/2012, sancionada pelo Governador Sergio Cabral Filho, para regulamentar o inciso XXIX de sua constituição Estadual. A ementa da Lei Complementar do Estado do Rio de Janeiro, nº 143/2012, dispõe: Regulamenta o inciso XXIX do artigo 77 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro (Emenda Constitucional nº 50/2011) que veda a nomeação de pessoas que se enquadram nas condições de inelegibilidade nos termos da Legislação Federal para o alto escalão da administração pública direta e indireta dos três poderes do Estado do Rio de Janeiro, estabelecendo impedimentos, prazos de cessação e determina outras providências. Demonstrando extremo zelo com o tema, o Legislador do Estado do Rio de Janeiro acabou por vedar, também, o acesso do chamado ficha suja ao cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, o que fizera através da emenda a Constituição Estadual, nº 22/2011: Art. 1 - Acrescente-se o 7º ao artigo 128 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro com a seguinte redação: Art. 128 -... 7 - Fica vedada a nomeação para Conselheiro do Tribunal de Constas o cidadão que: I- tenha contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizaram nos 8 (oito) anos anteriores; II- que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; V.7, nº2. Jul./dez.2014. 39

FOCO: revista de Administração e Recursos Humanos da Faculdade Novo Milênio/FNM. 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; III- que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis; IV- os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. V- os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, nos 8 (oito) anos anteriores a data de indicação; VI- que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais; VII- o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, nos 8 (oito) anos anteriores a data da nomeação; VIII- que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; IX- que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário; X - a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, observando-se o procedimento previsto no art. 22; XI - os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar. 2.7 Ficha Limpa no âmbito Federal Como vimos acima, o Estado do Rio de Janeiro acabou por fechar todas as vias de acesso do servidor público que seja considerado por Lei como ficha suja, porém o mesmo não ocorre ainda em vários Estados membros da federação. Cada município do Estado do rio de Janeiro, se quiser vedar o acesso de pessoas inelegíveis à Administração Pública, deverá criar os mesmos mecanismos em suas Leis orgânicas. Neste passo se mostra importante que o legislador federal crie dispositivo idêntico ao já em funcionamento no Estado do Rio de Janeiro, restringindo o acesso de pessoas 40

consideradas ficha suja, abrangendo todos os cargos da Administração pública do Brasil, em todas as esferas do poder. Enquanto tal medida não for tomada, cada estado ou município da federação terá que criar dispositivos idênticos aos criados pelo estado do Rio de Janeiro, dada a assegurada independência de cada um deles, no que tange as suas administrações. 3 METODOLOGIA O caminho metodológico atendeu de forma ampla a parte de consultoria política, em uma pesquisa exploratória e bibliográfica com apoio de conhecimentos de alguns deputados e senadores do estado do Rio de Janeiro apresentando seus conhecimentos sobre a importância da Ficha Limpa. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES A criação da Lei da ficha limpa incomodou imensamente a classe política, que viu na referida Lei um meio de ser impedida de se recandidatar, devido a manobras políticas que poderiam vir, por exemplo, dos Tribunais de Contas, responsáveis por analisar as contas dos Governadores e Prefeitos, entre outros, já que passou a ser caso de inelegibilidade a desaprovação das contas por parte desses Tribunais Administrativos. Essa preocupação é partilhada por um dos atuais Ministros do Superior Tribunal Federal, Ministro Gilmar Ferreira Mendes, o qual também é professor de Direito. Ele assevera que a Lei da ficha Limpa possui vários aspectos que devem ser revistos pelo Congresso Nacional. Segundo ele: "Me parece que a Lei da Ficha Limpa vai causar vítimas em todos os partidos com essa amplitude. É uma roleta russa com todas as balas no revólver, feita pelos partidos". O Ministro Gilmar Ferreira Mendes vê com muita preocupação a inelegibilidade advinda das rejeições de contas por parte dos Tribunais de Contas. A esse respeito ele fez o seguinte comentário: Por exemplo, os prazos de inelegibilidade são elásticos e infindáveis. A inelegibilidade pela rejeição de contas de prefeitos, por exemplo, pelos tribunais de contas. Será que isso é bom? Nós sabemos que temos problemas hoje nos tribunais de contas. Há uma excessiva politização e partidarização dos tribunais de contas. Ou nós não sabemos disso? V.7, nº2. Jul./dez.2014. 41

FOCO: revista de Administração e Recursos Humanos da Faculdade Novo Milênio/FNM. 5 CONCLUSÃO A Lei Complementar 135/2010, que alterou a Lei Complementar 64/90, não traz lesão ao núcleo essencial dos direitos políticos e Constitucionais, porque apenas o direito passivo, ou seja, de ser candidato, sofre restrição. Assim o cidadão continua tendo pleno gozo de seus direitos ativos de participação política, ou seja, votar. De toda sorte, a Lei da Ficha Limpa, com sua égide ao processo eleitoral, dá novo ânimo à política brasileira, que se encontra em grande descrença popular e clama pelo respeito ao Princípio da Moralidade na Administração Pública. Porém, a Lei da Ficha Limpa carece de uma maior amplitude, no que tange a abrangência da vedação ao acesso de pessoas inelegíveis aos cargos de livre nomeação e exoneração da Administração Pública, chamados comissionados, bem como, aqueles cargos ocupados através de contrato temporário de trabalho. A Lei da ficha Limpa equivoca-se em sua abrangência, mas se excede ao tornar os prazos de inelegibilidade tão elásticos. Nesta seara há de ser melhor ponderado o prazo de inelegibilidade aplicado. Para aplicação da Lei da Ficha Limpa fora do âmbito eletivo, Estados e Municípios membros da federação estão sendo obrigados a alterarem as suas Constituições Federais e Leis Orgânicas, o que poderia ser resolvido se o Legislador Federal fizesse a lei mais abrangente, vedando o acesso a qualquer cargo da administração pública, eletivo ou não eletivo, para aqueles consideráveis inelegíveis. Assim, há de ser concluir que a Lei da Ficha Limpa trouxe melhorias no controle de acesso do servidor a Administração Pública, em tentativa de aplicação de um dos Princípios fundamentais e explícitos da Administração Pública, que o Princípio da Moralidade, sendo importante avanço neste sentido, mesmo carecendo ainda de melhorias para o seu pleno funcionamento. 6 REFERÊNCIAS ALCKMIM, Eduardo. Renúncia não se amolda às causas de inelegibilidade. Disponível em <http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconte udo=164824> Acesso em 2014. 42

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em 2014. BRASIL. Lei Complementar n 135, de 4 de junho de 2010. Altera a Lei Complementar n 64, de 18 de maio de 1990. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp135.htm> Acesso em 2014. Constituição Estadual do Estado do Rio de Janeiro. Emenda nº 50, do ano de 2011, fazendo inserir o inciso XXIX ao artigo 77. <http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/constest.nsf/pageconsest?openpage>. Acesso em 2014 Constituição estadual do Rio de Janeiro. Emenda Constitucional nº 22/2011. <http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/scpro1115.nsf/pagepropemendaconstautor?openpage> Acesso 2014 Lei Complementar nº 143/2012. Estado do Rio de Janeiro. Regulamenta o inciso XXIX do artigo 77 da constituição Estadual do Rio de Janeiro. <http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/constest.nsf/pageconsest?openpage>. Acesso em 2014 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 15ª ed. Saraiva. 2011. Mendes, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Saraiva. 2011 V.7, nº2. Jul./dez.2014. 43