REEDUCAÇÃO ALIMENTAR E UM GRUPO DE PESSOAS COM SOBREPESO E OBESIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA



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Transcrição:

REEDUCAÇÃO ALIMENTAR E UM GRUPO DE PESSOAS COM SOBREPESO E OBESIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA ALIMENTARY REEDUCATION AND A GROUP OF PEOPLE WITH OVERWEIGHT AND OBESITY: AN EXPERIENCE REPORT José Mearim Pereira¹, Lúcia Maria Frazão Helene² ¹ Enfermeiro Unidade de Saúde da Família, Antonio Pedro da Silva Neto, Diadema/SP. ² Departamento de Saúde Coletiva, Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. * Monografia do Curso de Especialização em Saúde Coletiva com Enfoque no Programa Saúde da Família da Escola de Enfermagem da USP, 2005. Correspondência: amigomearim@uol.com.br Resumo Atualmente, as condições de peso da população revelam que o sobrepeso e a obesidade vêm tornando-se uma epidemia com alta incidência e constitui-se em um problema de saúde pública mundial. A medida de massa corporal tem sido obtida pelo indicador denominado Índice de Massa Corporal. O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo que teve por objetivo relatar a experiência de implantação de um Grupo em Reeducação Alimentar, para pessoas obesas e com sobrepeso, no Programa Saúde da Família. Foram sujeitos deste estudo 18 pessoas, sendo 16 participantes do sexo feminino, com a idade média de 55 anos, das quais, 8 pessoas eram hipertensas e 3 eram diabéticos; 7 participantes tinham sobrepeso e 8 eram obesas. O Grupo foi implantado durante o ano de 2005 e teve encontros semanais que versavam sobre um conteúdo teórico fundamentado nas diretrizes das publicações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério de Saúde do Brasil. Teve como finalidade contribuir para a promoção da saúde e a prevenção de doenças e utilizou-se a Educação em Saúde, como estratégia do processo de intervenção para o desenvolvimento do Grupo. Conclui-se que foram estabelecidas reflexões sobre as condições alimentares e nutricionais possibilitando uma melhora da qualidade de vida dos participantes. Frente à complexidade da temática abordada recomenda-se que o presente Grupo continue sendo monitorado para que seja possível futuramente ser avaliado de forma mais profunda. Descritores: Obesidade; Educação em saúde; Qualidade de vida. Abstract Currently, the conditions of weight of the population disclose that the overweight and the obesity come becoming an epidemic with high incidence and consist in a problem of world-wide public health. The measure of corporal mass has been gotten for the called pointer Index of Corporal Mass. The present work is about a descriptive study that had for objective to tell the experience of implantation of a Group in Alimentary Re-education, for obese people and with overweight, in the Program Health of the Family. Eighteen people had been citizens of this study, being 16 participants of the female gender, with the average age of 55 years, of which, 8 people were hyper tense and 3 were diabetic; 7 participants were overweight and 8 were obese. The Group was implanted during the year of 2005 and had weekly meeting that they turned on a theoretical content based on the lines of direction of publications of the World Health Organization and the Ministry of Health of Brazil. It had as purpose to contribute for the promotion of the health and the prevention of illnesses and used it Education in Health, as strategy of the process of intervention for the development of the Group. One concludes that reflections on the alimentary and nutritionists conditions had been established making possible an improvement of the quality of life of the participants. Front to the thematic complexity of the boarded one sends regards that the present Group continues being monitored so that it is possible future to be evaluated of deeper form. Keywords: Obesity; Health education; Quality of life. 32

Reeducação alimentar e obesidade: relato de experiência INTRODUÇÃO Este estudo visa relatar a experiência profissional desenvolvida com um grupo de pessoas com sobrepeso e obesas na rede básica de saúde e, especificamente, no Programa Saúde da Família no município de Diadema, SP. A obesidade e o sobrepeso são reconhecidos sem grandes dificuldades, entretanto, o diagnóstico correto exige que os níveis de risco sejam identificados e para isso, necessita-se de algumas formas de quantificação. Historicamente, observa-se que ocorreram mudanças nas técnicas utilizadas para avaliar o peso na população. Atualmente, a medida de massa corporal, tradicionalmente utilizada, tem sido realizada por meio do peso ajustado para a altura. E, considera-se que a melhor opção para realizar uma avaliação clínica consiste na combinação de massa corporal e distribuição de gordura obtida pelo indicador denominado Índice de Massa Corporal IMC (Kg/m 2 ), calculado pela razão do peso corporal em quilos pelo quadrado da altura em metros para a população adulta e idosa. Essa medida do IMC apresenta variação entre os sexos. Para o sexo feminino, o IMC de sobrepeso é de 24,9 a 28,9 e de 25,9 a 29,9 para sexo masculino.¹ Esta proporção relativa maior de peso e o excesso de peso podem advir de uma ingestão energética alimentar além da necessidade individual, da falta de atividade física que reduz o gasto de energia, de uma predisposição genética para armazenar estoques de gordura, principalmente em ambientes onde os hábitos alimentares e de atividade física favoreçam o aumento de peso, dos fatores social e cultural.² Para Oliveira e Mony 3 as práticas alimentares e de atividade física dos pais têm uma influência nas atividades cotidianas dos filhos e que pode persistir na vida adulta acarretando o sobrepeso e obesidade ou a manutenção do peso saudável. A prevalência do sobrepeso e obesidade vem tomando vultos de epidemia em todo mundo, atingindo crianças e adultos de todos os estratos sociais e, de acordo com Santos 4 os dados contidos na Pesquisa Nacional de Alimentação e Nutrição realizada em 2003, evidenciaram que cerca de 32% da população adulta brasileira tinha algum grau de sobrepeso. No Brasil, a prevalência de obesidade na população adulta urbana foi estimada em cerca de 8% para os homens e 12,9% para as mulheres com 20 anos ou mais, em inquérito realizado em 1997 nas regiões Sudeste e Nordeste. 5 As condições de peso da população, segundo as pesquisas realizadas, revelam que o sobrepeso e a obesidade, vêm tornando-se uma epidemia com alta incidência e prognóstico ruim para a saúde pública. 6 De acordo com os dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde 7, cerca de quinze milhões de crianças e da população infanto-juvenil estão acima do peso ideal, o que representa que 15% desta população encontra-se com excessivo peso. Deste problema decorrem várias considerações importantes, dentre as quais, podemos citar a existência de uma série de agravos à saúde, uma vez que a obesidade contribui para surgimento de doenças crônicas, como a hipertensão, diabetes e as dislipidemia, bem como, o grande investimento financeiro e de recursos humanos que são aplicados para a recuperação dessa situação 8. Segundo alguns autores como Mouräo et al. 9, o tratamento e a prevenção da obesidade têm sido considerados uma enorme batalha para os profissionais da área de saúde, ao mesmo tempo em que, as indústrias de alimentos e de fármacos, por sua vez, têm oferecido cada vez mais uma vasta gama de novos produtos que preconizam a perda de peso. Dentre as várias diretrizes do Ministério da Saúde para conter esse agravo, destaca-se a publicação denominada Alimentos Regionais Brasileiros 10 que visa estimular o interesse em todas as regiões do país para a vasta quantidade de alimentos regionais, verduras, frutas, tubérculos e outros. Quando se lida com hábitos do cotidiano, estabelecidos durante o período de socialização primária, como é o caso da alimentação, torna-se necessário empregar métodos que permitam intervir nestes hábitos, sem, contudo destituir o comer dos seus significados culturais, pois através da alimentação o homem se expressa psicológica e culturamente. 11 33

Pereira JM, Helene LMF A educação alimentar tem um papel importante em relação ao processo de transformação e mudanças, à recuperação e promoção de hábitos alimentares saudáveis, que pode proporcionar conhecimentos necessários à auto-tomada de decisão de formar atitudes, hábitos e práticas alimentar sadias e variados. 12 No Brasil, o Sistema Único de Saúde, consolidado por meio da Lei Orgânica de Saúde n.º 8080/90, que visa criar as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, destaca a vigilância nutricional e alimentar, como uma realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. 1. ASPECTOS SOCIAIS E CULTURAIS DA ALIMENTAÇÃO O processo de socialização das pessoas que compõem uma comunidade requer que seja instituído um comportamento alimentar adequado à prevenção de agravos nos diferentes grupos sociais da sociedade. Entretanto, estas questões são permeadas pelo poder aquisitivo dos segmentos sociais e por oscilações entre aquilo que é ditado pela nossa cultura e aquilo que é entendido como saudável 3. Ressaltam ainda que a má alimentação não é problema apenas para a população carente de recursos, mas um problema de todas as classes sociais em definir uma alimentação saudável. Em relação à alimentação e as práticas alimentares, Rotenberg e Vargas 12 entendem que são práticas sociais, não podendo ser abordada por uma única perspectiva disciplinar, pois alimentar, nutrir, ultrapassa o mero ato biológico. Envolve a seleção, o modo de preparação, de distribuição, de ingestão, isto é, o que se planta, o que se compra, o que se come, onde se come, com quem se come, em que freqüência, em que horário, em que combinação. Estas práticas alimentares ainda são determinadas por influências culturais, pelo modo de vida, pela introdução de novos alimentos através da mídia, entre outros. Diversos autores 3,5,11 apontam que os aspectos mais evidenciados relacionados aos hábitos alimentares têm sido o aumento do consumo de alimentos com alto teor energético, como as gorduras, excesso de açúcar, sal e estilo de vida sedentário. Como conseqüências desse balanço energético positivo acarretam repercussões a saúde, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, e obesidade com redução tanto na qualidade como em anos de vida. 5,11 Um relatório pericial sobre dieta alimentar, nutrição e prevenção de doenças crônicas da Organização Mundial da Saúde 7, com a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), apontam que as doenças associadas a obesidade contribuíram com aproximadamente 59% do total de 65,5 milhões de mortes oficialmente conhecidas a nível mundial, e para 46% do fardo de doenças a nível mundial. O relatório conclui que uma dieta alimentar com poucas gorduras saturadas, açúcar e sal e muitos legumes e fruta, aliada a uma atividade física regular terá um grande impacto no combate a mortalidade e prevenção de doenças relacionadas aos hábitos alimentares. 7 Nessa perspectiva, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Brasil 10 apresentou como diretriz promover a alimentação saudável, e assim, implantou algumas sugestões sobre alimentação, chamado de Dez Passos de uma alimentação saudável, como comer frutas, legumes e verduras, usar açúcar e sal com moderação, evitar balas, frituras, enlatados, refrigerantes e outras guloseimas, cujos objetivos são: (1) aumentar o nível de conhecimento da população sobre a importância da promoção à saúde e de se manter peso saudável e de se levar uma vida ativa; (2) modificar atitudes e práticas sobre alimentação e atividade física; (3) prevenir o excesso de peso. Os dez passos são: comer frutas e verduras variadas, pelo menos duas vezes por dia; consumir feijão pelo menos quatro vezes por semana; evitar consumir alimentos gordurosos como carnes gordas, salgadinhos e frituras; retirar a gordura aparente das carnes e a pele do frango; nunca pular refeições: fazer três refeições e um lanche por dia e no lanche escolher uma fruta; evitar refrigerantes e salgadinhos de pacote; fazer as refeições com calma e nunca na frente da televisão; aumentar a sua atividade física diária; subir escadas ao invés de usar o elevador, caminhar sempre que possível, não passar longos períodos sentados assistindo televisão, e acumular trinta minutos de atividade física todos os dias. Dessa forma, é mais econômico prevenir novos casos de sobrepeso/obesidade ou nas situações mais tardias fazer intervenção para perda de peso, quando já desencadeado o processo do sobrepeso/obesidade para a 34

Reeducação alimentar e obesidade: relato de experiência melhoria de vida e saúde. A promoção da saúde é um meio de intervenção, no entanto, segundo Brienza et al. 14, a promoção da saúde é um processo ativo, não é algo que possa ser prescrito ou ordenado. Neste contexto descrito do problema da gravidade do sobrepeso/obesidade sobre a saúde da pessoa, se faz necessário o reconhecimento de etapas fundamentais para o êxito dos programas de prevenção e promoção à saúde: a) que a população (indivíduos) participe e modifique condutas e estilo de vida nocivos à saúde, reduzindo os riscos e desenvolvendo um sentido de responsabilidade compartilhada com os serviços de saúde, b) que as políticas públicas atuem efetivamente na promoção da saúde, reconhecendo que o empreendimento é uma tarefa inter-setorial, interdisciplinar e que todos os esforços devam ser feitos no sentido da complementaridade, comunhão e coletividade, tendo como alvo o auto-cuidado e autoresponsabilidade. Boog 13 refere que é de total responsabilidade das pessoas decidirem sobre sua alimentação, ou seja, cabe ao indivíduo processar as alterações que irão ajudá-lo a melhorar seu próprio estado de saúde e atingir um nível de bem estar. Diante do exposto, este trabalho propõe-se a fornecer subsídios por meio do relato da experiência com um grupo de reeducação alimentar, realizada na rede básica de saúde, de tal forma que esta possa subsidiar reflexões para a intervenção sobre o tema tratado. A Unidade Básica de Saúde do Piraporinha, faz cobertura de sua área de abrangência com 3 equipes de Programa Saúde da Família, sendo cada equipe constituída conforme rege a norma do Ministério da Saúde para a composição mínima de profissionais da saúde, atendendo uma população de aproximadamente 3.500 famílias cadastradas, com um total de 13.500 pessoas, das quais, 1.150 maiores de 65 anos, 525 hipertensas e 190 pessoas diabéticas tipo II. 3.1 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO No início do ano de 2005, as equipes de saúde começaram a perceber que havia uma quantidade significativa de pessoas das áreas de responsabilidade do PSF, que ao passarem em consulta médica ou consulta de enfermagem, apresentavam sobrepeso e obesidade e tinham indicação clínica para redução de peso. Algumas dessas pessoas não apresentavam doenças crônicas associadas e outras, tinham necessidade de um controle mais rigoroso dos agravos como a diabete, hipertensão e dislipidemia. Essa preocupação estava fundamentada nos riscos que estes dados poderiam acarretar à saúde dessas pessoas e sinalizavam para a necessidade de uma intervenção ou assistência mais cuidadosa, ou seja, exigia um monitoramento da saúde desses pacientes. Frente a esta questão, optou-se por além da assistência biológica a estas pessoas, prestar uma intervenção mais específica por meio da implantação de um Grupo de Reeducação Alimentar. 2. OBJETIVO O presente estudo tem por objetivo descrever uma experiência de implantação e desenvolvimento de um Grupo em Reeducação Alimentar, na rede básica de saúde no Programa Saúde da Família. 3. PERCURSO DO GRUPO Este trabalho trata-se de um estudo descritivo, que relata a experiência de implantação e desenvolvimento de um grupo em reeducação alimentar para um grupo de pessoas adultas, com sobrepeso e/ou obesas, em uma Unidade de Saúde da Família da cidade de Diadema, serviço da rede básica de saúde da região metropolitana de São Paulo. Inicialmente, para a implementação do Grupo foram realizadas reuniões com as equipes da Unidade de Saúde, onde ocorreram discussões sobre os problemas detectados, tais como, um número elevado de pessoas com sobrepeso e obesidade. Em seguida, identificadas as possíveis conseqüências que esses agravos poderiam acarretar a essas pessoas e, posteriormente, foram selecionadas algumas estratégias de intervenções com a finalidade de atender às necessidades das pessoas a partir da realidade diagnosticada. Dentre as várias estratégias estudadas optou-se pela formação e implantação de um Grupo de pessoas com sobrepeso e obesidade. Foi discutido e acertado nessas reuniões que caberia ao enfermeiro e ao médico a responsabilidade pela implementação, 35

Pereira JM, Helene LMF acompanhamento e avaliação do desenvolvimento do Grupo. A etapa seguinte consistiu na elaboração de uma ficha de inscrição que tinha como objetivo obter dados que possibilitassem realizar uma caracterização sócio-demográfica e de saúde dos participantes. Para obter a participação da população, nesse Grupo de Reeducação Alimentar, foi realizada uma divulgação por meio dos Agentes Comunitários de Saúde, bem como por cartazes fixados na recepção da Unidade de Saúde. 3.2 O INÍCIO DAS ATIVIDADES NO GRUPO O grupo teve início durante o mês de junho de 2005 e contou com a participação de 22 pessoas, sendo que ao longo dos encontros foi registrado a desistência de 4 participantes devido a vários motivos. Os encontros aconteceram semanalmente, sempre às quintas-feiras, no horário das 14:00 às 15:30 horas, essencialmente com 1 hora e meia de duração cada reunião. As reuniões foram realizadas nas dependências da própria Unidade de Saúde, na sala existente para a realização de reuniões com os trabalhadores e usuários. No primeiro dia do encontro com o Grupo, foi solicitado que todos os participantes preenchessem uma ficha de inscrição com a finalidade de identificação dos vários aspectos que estão envolvidos no tema estudado, dentre os quais, dos dados de identificação (idade, estado civil, sexo e local de moradia, resultados do peso e dados da pressão arterial). Em seguida, estão as informações relativas às atividades realizadas no cotidiano das pessoas envolvidas relacionadas à alimentação, lazer, presença de doenças crônicas, (hábitos e condições de moradia frente à quantidade de pessoas com quem convive). 3.3 PROGRAMA E CONTEÚDO O conteúdo teórico dos encontros foi elaborado tendo em vista dois pontos fundamentais. Primeiro, a experiência profissional dos trabalhadores envolvidos nesta experiência, levando em consideração a formação desses profissionais (médico, enfermeiro e demais membros da equipe de enfermagem) que teriam como contribuição aspectos diferentes sobre a temática abordada. Em segundo lugar, recorreu-se às diretrizes, princípios ou normas já existentes em manuais e publicações de organizações públicas de saúde, como a Organização Mundial de Saúde e o Ministério de Saúde do Brasil. Esse conteúdo teórico refere-se às ações e abordagens que contribuam para a promoção da saúde e a prevenção de doenças 10. Partiu-se do entendimento de que a promoção da alimentação saudável visa contribuir para a prevenção e o controle das doenças provocadas por desequilíbrio energético, como as doenças não transmissíveis, tais como a obesidade, diabetes, hipertensão, câncer, entre outras. Para a classificação da obesidade, adotaramse neste estudo, os parâmetros estabelecidos pela OMS que classifica a obesidade em três níveis: o grau I ou leve que corresponde ao IMC entre 30,0 Kg/m 2 e 34,9 Kg/m 2 ; o grau II ou moderado em que o IMC está entre 35,0 Kg/m 2 e 39,9 Kg/m 2 e, o grau III ou obesidade mórbida está relacionado ao IMC igual ou superior a 40,0 Kg/m 2.¹ O conteúdo programático do Grupo versou sobre: segurança alimentar e nutricional; direitos à alimentação saudável; informações sobre uma vigilância alimentar e nutricional e a prática de atividades físicas, além das significações das medidas antropométricas (medidas corporais relativas ao peso e altura). Estabeleceram-se discussões e orientações sobre as condições alimentares e nutricionais a partir das informações e vivências dos participantes. Destaca-se que se optou pela Educação em Saúde como uma estratégia de ensino no processo de intervenção para o desenvolvimento do Grupo, tendo como premissa estimular a autonomia e reflexão dos participantes. 3.4 O DESENVOLVIMENTO DO GRUPO No primeiro encontro foi explicado sobre os objetivos do grupo e ressaltado que não existia a finalidade de determinar o quanto cada participante deveria emagrecer. Assim como, os encontros do Grupo não tinham como intenção adotar uma postura disciplinadora e nem mesmo de determinar regras para que os participantes cumprissem rigorosamente. Foi ressaltado que a proposta da implementação do Grupo era fortalecer e promover a integração e o relacionamento entre os membros, com a utilização de algumas dinâmicas de grupo, e ao mesmo 36

Reeducação alimentar e obesidade: relato de experiência tempo propiciar um espaço para a discussão e exteriorização dos sentimentos e dificuldades enfrentados no processo de reeducação alimentar. Bem como, fornecer conhecimentos sobre os grupos alimentares, os alimentos com maior teor energético, as informações e orientações sobre as necessidades diárias da ingestão energética e orientações sobre a elaboração de cardápios alimentares. Vale destacar que foram abordados os diferentes aspectos relacionados ao tema em questão, o sobrepeso e a obesidade, envolvendo tanto as questões da fisiologia, como os processos etiológicos, genéticos, ambientais, econômicos e sociais. Ao final, foi possível realizar uma avaliação do processo e estabelecer um monitoramento da situação alimentar e nutricional dos participantes. Pretende-se que essa estratégia, possa futuramente contribuir para um maior conhecimento das necessidades de saúde da população adulta da área adstrita à Unidade de Saúde em estudo. 4. OS PARTICIPANTES DO GRUPO A análise das informações contidas nas fichas de inscrições dos participantes do Grupo de reeducação alimentar nos possibilitou realizar a seguinte caracterização da população, de acordo com os itens abaixo relacionados. Foram sujeitos deste estudo 18 pessoas, sendo 16 (89%) participantes do sexo feminino, com a idade média de 55 anos, das quais, 8 (44%) participantes estavam na faixa etária entre 45 a 60 anos. Da totalidade dos participantes, 8 (44%) pessoas apresentaram mensuração da pressão arterial compatível com pressão alta e 3 pessoas tiveram resultados positivos para diabetes. Quanto à avaliação de peso, de acordo com o IMC, foi detectado que 7 (39%) participantes tinham sobrepeso, sendo 6 pessoas do sexo feminino e um do sexo masculino. Em relação à classificação de obesidade, observou-se também o predomínio de mulheres, com os seguintes resultados: no grau I de obesidade verificou-se a presença de 8 participantes, dos quais, 7 eram mulheres; no grau II e grau III, os resultados foram 2 e 1, respectivamente, todas pertencentes ao sexo feminino. Frente à temática adotada e as estratégias utilizadas no Grupo de Reeducação Alimentar foi possível verificar que foram estabelecidas reflexões sobre as condições alimentares e nutricionais possibilitando uma melhora da qualidade de vida dos participantes. Assim como, propiciou-se uma interação entre os membros do grupo através da troca e fornecimento de receitas e o preparo de alimentos por meio das experiências relatadas pelos participantes. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho permitiu reconhecer a complexidade dos aspectos envolvidos no processo de re-orientação com vistas à mudança de hábito alimentar e estilo de vida mais saudável; bem como, a importância de um trabalho integrado com a equipe multiprofissional de saúde e os usuários. Vale destacar que as estratégias de ensino utilizadas e o conteúdo programático adotado possibilitaram, tanto ao educando como ao educador, desenvolverem uma reflexão a partir da realidade dos participantes e desencadear um processo de reflexão e conscientização. Frente à complexidade da temática abordada recomenda-se que o presente Grupo continue sendo monitorado pela equipe de profissionais responsáveis pela sua implementação, para que seja possível futuramente ser avaliado de forma mais profunda, com destaque às suas variáveis quali e quantitativas. REFERÊNCIAS 1. World Health Organization. Report of a WHO expert committee: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: World Health Organization; 1995. 2. Oliveira AMA, Cerqueira EMM, Souza JS, Oliveira AC. Sobrepeso e Obesidade Infantil: influência de fatores biológicos e ambientais em feira de Santana, BA. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47:144-150. 3. Oliveira SP, Mony AT. Estudo do consumo alimentar: em busca de uma abordagem multidisciplinar. Rev Saúde Pública 1997; 31:201-208. 4. Santos GVB. Excesso de peso e seus fatores de risco em adolescentes da rede pública e privada de ensino do município de Ribeirão Preto, SP [Tese de Doutorado]. Ribeirão Preto: Escola de 37

Pereira JM, Helene LMF Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2002. 5. Mondini L, Monteiro CA. Mudanças no padrão de alimentação da população urbana brasileira (1962-1988). Rev Saúde Pública 1994; 28(6):25-34. 6. Ferriani MGC, Dias TS, Silva KZ, Martins CS. Auto-Imagem corporal de adolescentes atendidos em programa multidiciplinar de assistência ao adolescente obeso. Rev Bras Saúde Mater Infant 2005; 5:27-33. 7. Organização Mundial da Saúde. Comunicado de Imprensa Conjunto da OMS/FOA.[comunicado online]. Geneva; Organização Mundial da Saúde. [citado 2005 Ago 10]. Disponível em: http://www.who.int/nut/documentos/pr32.pt 8. Gentil P. Comer com os olhos [entrevista online]. São Paulo; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. [citado 2005 Ago 8]. Disponível em: http://www.fapesp.br/agência. 9. Mouräo DM, Monteiro SPC, Minim VPR, Dias CMGC. Acido linoléico conjugado e perda de peso. Rev Nutr 2005; 18:391-399. 10. Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Departamento de Atenção Básica. Atenção Básica: alimentação e nutrição. Brasília; 2004. 11. Garcia RWD. Reflexos da globalização na cultura alimentar: Considerações sobre as mudanças na alimentação urbana. Rev Nutr 2003; 16:483-492 12. Rotenberg S, Vargas S. Práticas alimentares e o cuidado da saúde: da alimentação da criança à alimentação da família. Rev Bras Saúde Mater Infant 2004; 4:85-94. 13. Boog MCF. Dificuldades encontradas por Médicos e Enfermeiros na abordagem de problemas alimentares. Rer Nutr 1999; 12:261-272. 14. Brienza AM, Mishima SM, Frederico P, Clápis MJ. Grupo de reeducação alimentar: uma experiência holística em saúde na perspectiva familiar. Rev Bras Enferm 2002; 55:697-700. Recebido em 04/04/2006 Aprovado em 05/06/2006 38