INSTITUTO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO JORNADA PAULISTA DE DIREITO COMERCIAL



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Transcrição:

INSTITUTO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO JORNADA PAULISTA DE DIREITO COMERCIAL GRUPO I Empresa e estabelecimento Presidente: Rodrigo Castro Relatores: Luiz Antonio Alves de Souza Walfrido Jorge Warde Jr.

Proposta de Enunciado 1.01 Proponente: Prof. Dr. Newton Silveira Enunciado: O artigo 68, 3º, da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre o conceito de locais de frequência coletiva, deve ser interpretado com a seguinte observação ao seu final exceto quando tais locais estejam interditados ao público em geral para uso ou evento privado. Justificação: O ECAD Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais vem insistindo na cobrança de direitos autorais pela execução de músicas em festas de casamentos. Para justificar essa cobrança, o ECAD se utiliza do disposto no artigo 68, da Lei 9.610/98, segundo o qual sem prévia e expressa autorização do autor e titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas em representações e execuções públicas. O que aqui interessa é saber o que dispõem os 2º e 3º, do art. 68 da Lei 9.610/98, que define o conceito de execução pública e apresenta rol exemplificativo dos locais de frequência coletiva. Nos termos da lei, considera-se execução pública a utilização de composições musicais, mediante a participação de artistas, remunerados ou não, ou a utilização de fonogramas e obras audiovisuais, em locais de frequência coletiva. O rol que enumera os locais de frequência coletiva, por sua vez, não é taxativo, mas exemplificativo e pouco explicativo, e por essa razão dá azo a inúmeras interpretações subjetivas, entre elas o fato de se entender que o espaço de eventos onde é realizada festa de casamento é local de frequência coletiva. De acordo com Walter Morais, in Artistas e Intérpretes e Executantes, a execução pública não é a ocorrida em lugar público necessariamente, pois o artista pode executar para o público a partir de um ambiente privado[...]; pode, por outro lado, atuar em lugar público uma execução não pública, como a pessoa que canta ou declama num parque ou numa

praia para um círculo privado. Tampouco se trata de um critério numérico ou quantitativo; pública não é necessariamente a execução dirigida a uma multidão de pessoas, porque o artista que interpreta para uma multidão de convivas não realiza com isso uma execução pública. Por essas razões, a importância de se entender o 3º com a observância exceto quando tais locais estejam interditados ao público em geral para uso ou evento privado. Indicação de Jugados da Justiça Paulista: EMENTA: DIREITOS AUTORAIS. Festa de casamento realizada em salão alugado no clube local, com música operada por DJ. Aplicação do art 46, VI, da Lei 9610/98. Hipótese de isenção. Recesso familiar, independentemente da grandiosidade da festa ou do local do evento. Restrição a participação. Ausência de finalidade lucrativa, ainda que indireta. Sentença mantida (Apelação nº 542.012-4/2, Relator o Desembargador TEIXEIRA LEITE, j. em 14/5/2009, por maioria de votos); EMENTA: ECAD Festa de casamento em bufê de luxo, restrita a convidados Alegação, aceita pela sentença, de que se trataria de simples prolongamento da residência de quem contratou os serviços, assim não sendo devidos direitos autorais pela reprodução de obras musicais Descabimento, pelas razões constantes do corpo do voto. Apelo provido, para julgar improcedente a ação. (Apelação nº 0139275-09.2010.8.26.0100. Relator Des. Luiz Ambra. 8ª. Câmara de Direito Privado do TJ/SP. Nº de registro do acórdão 2013.0000314334. Julgado em 29.05.2013. v.u.) EMENTA: COBRANÇA. DIREITOS AUTORAIS. ECAD. ESPAÇO DISPONIBILIZADO PARA LOCAÇÃO PELA RÉ, PARA REALIZAÇÃO DE EVENTOS COMEMORATIVOS. CASAMENTOS, FESTAS DE ANIVERSÁRIO, ETC. EVENTOS PRIVADOS, SEM ACESSO AO PÚBLICO GERAL OU VENDA DE INGRESSOS. EXTENSÃO DO LAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. 1. Ação de cobrança de direitos autorais movida pelo ECAD. Sentença de improcedência. Manutenção. 2. Hipótese em que todos os contratos apresentados pela ré demonstram que ela apenas disponibiliza à locação um espaço (tipo chácara) para realização de eventos, sendo que a utilização de aparelhagem de som, buffet, filmagens, etc., fica a cargo exclusivo dos locatários, porquanto não disponibilizados pela ré/apelada. 3. Caso que não se confunde com aqueles envolvendo hoteis, academias, bares, etc., que utilizam a reprodução de obras musicais como incremento dos serviços prestados, para atrair clientes e aumentar a aferição de lucro, ou de casas de shows, buffets, salões, etc., que disponibilizam ou reproduzem diretamente obras musicais como parte dos serviços prestados. 4. Realização de eventos privados (como casamentos, aniversários e confraternização de empresas, etc.), sem acesso ao público geral ou venda de ingressos. Mera circunstância de terem sido realizados em um imóvel locado que não altera sua natureza jurídica privada. Extensão do lar. Precedentes. 5. Autor/apelante que não se incumbiu do ônus de comprovar que os eventos realizados pelos locatários tenham ultrapassado esse limite de eventos privados. Art. 333, II, CPC.

6. Apelação do autor não provida. (Apelação nº 0002549-84.2012.8.26.0576. Relator Des. Alexandre Lazzarinni. 6ª. Câmara de Direito Privado do TJ/SP. Julgado em 21.02.2013. Votação Unânime. Acórdão registrado sob nº 2013.0000075948) EMENTA: PRELIMINARES - Ilegitimidade ad causam - Legitimidade ativa e passiva - Partes guardam pertinência subjetiva com o débito objeto da ação - Preliminares rejeitadas. DIREITOS AUTORAIS - Ação declaratória de inexigibilidade de débito relativo a direitos autorais - Obras musicais reproduzidas em festa de casamento da apelada - Sonorização em evento de natureza íntima - Ausência de execução pública e de finalidade lucrativa (art. 46, VI, da Lei nº 9.610/98) - Litigância de má-fé não caracterizada - Sentença que reconheceu a inexigibilidade de pagamento por violação aos direitos autorais mantida - Recurso desprovido. (Apelação nº 0182211-15.2011.8.26.0100. 7ª. Câmara de Direito Privado do TJ/SP. Relator Des. Mendes Pereira. Julgado em 07/11/2012. Votação unânime. Acórdão registrado sob nº 2012.0000593741).

Proposta de Enunciado 1.02 Proponente: Comissão Científica Enunciado: A Junta Comercial não pode examinar o mérito do documento apresentado para arquivamento, mas exclusivamente o atendimento às formalidades legais. Justificativa: a competência da Junta Comercial (Lei n. 8.934/94) não compreende a aferição do mérito dos documentos apresentados para arquivamento, mas apenas o exame do cumprimento das formalidades legais.

Proposta de Enunciado 1.03 Proponente: Comissão Científica Enunciado: O desarquivamento de documento registrado na Junta Comercial depende de ordem judicial. Justificativa: uma vez arquivado o documento pela Junta Comercial não dispõe esta de competência para, de ofício ou a pedido do interessado, proceder ao seu desarquivamento ou cancelamento do ato de registro. Eventuais vícios só poderão ser apreciados pelo Poder Judiciário e não pela própria autoridade administrativa, tendo em vista a natureza registraria do ato praticado e os efeitos produzidos.

Proposta de Enunciado 1.04 Proponente: Paulo Brancher Enunciado: Provedor de Serviços de Internet não pode ser responsabilizado por conteúdo de terceiros hospedado em seus servidores. Responsabilidade deve ser buscada do autor direto do dano. Justificação: A massificação do acesso à Internet e a existência de tecnologias que permitam que o usuário gere conteúdo publicável e acessível indistintamente, resultou em número relevante de demandas judiciais em todo o território nacional. O provedor de serviços de internet (assim definido de modo genérico) é a entidade que armazena o conteúdo gerado por seus usuários, de modo que tem papel fundamental na identificação de autoria de eventual ilícito. No entanto, há que se delimitar a responsabilidade do provedor, no sentido de que este não pode ser considerado como co-autor do ato ilícito, meramente por armazenar referido conteúdo. Sabe-se ser impossível o controle sobre a legalidade de todo o conteúdo gerado e armazenado nos servidores do provedor de acesso. Ele serve apenas de meio. Ademais, não pode o provedor de acesso ser censor do direito de livre manifestação. Os julgamentos abaixo, todos do Tribunal de Justiça de São Paulo, demonstram a sensibilidade dos Desembargadores a respeito do tema, confirmando que a responsabilidade deve ser buscada diretamente do autor do dano. Indicação de julgados dso Tribunal de Justiça de São Paulo que sirvam de referência à discussão da proposta de enunciado. 0201240-56.2008.8.26.0100 Apelação Relator(a): João Pazine Neto Comarca: São Paulo Órgão julgador: 3ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 27/08/2013 Data de registro: 28/08/2013 Outros números: 2012405620088260100 Ementa: Apelação. Ação de Indenização por danos. Preliminares afastadas. Ré que é responsável pela mera hospedagem de e-mails pessoais de usuários, sem que se possa a ela atribuir a obrigação de fiscalizar as mensagens encaminhadas. Responsabilidade que deve ser buscada do autor direto do dano. Sentença reformada. Preliminares rejeitadas. Recurso provido. 0005619-74.2012.8.26.0038 Apelação Relator(a): Alexandre Lazzarini Comarca: Araras Órgão julgador: 6ª Câmara de Direito Privado

Data do julgamento: 06/06/2013 Data de registro: 10/06/2013 Outros números: 56197420128260038 Ementa: AÇÃO INDENIZATÓRIA. INTERNET. PÁGINA DIFAMATÓRIA NO "ORKUT". DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO PROVEDOR DE SERVIÇOS. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DA RÉ NA DIVULGAÇÃO DE IP. DECURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL PARA O AJUIZAMENTO DE AÇÃO CONTRA O VERDADEIRO CAUSADOR DO DANO. APELAÇÃO DO AUTOR NÃO PROVIDA E APELAÇÃO DA RÉ PROVIDA. 1. Ação indenizatória movida em face de provedor de conteúdo, em razão da criação de página difamatória no "Orkut". 2. Sentença de parcial procedência, apenas para condenar a ré a fornecer dados de "IP" ("Internet Protocol") e informar quanto tempo a página ficou no ar, sob pena de multa diária. Recursos de ambas as partes. 3. Inexistência de responsabilidade civil do provedor pelos danos morais. Ausência de dever de controle prévio acerca das informações divulgadas pelos usuários dos serviços. Precedentes. 4. Sentença que comporta reparo para afastar a condenação da ré em fornecer os dados de IP do usuário, ante o longo tempo decorrido desde a data da ciência quanto à referida página (agosto/2009), bem como em informar quanto tempo a página ficou disponível, eis que, pelas alegações das partes, ocorreu logo depois. 5. Decurso do prazo prescricional de 3 anos estabelecido para o ajuizamento da ação indenizatória contra o verdadeiro causador do dano (art. 2063 3º, V, CC). 6. Apelação do autor não provida e apelação da ré provida. 0160018-40.2010.8.26.0100 Apelação Relator(a): Giffoni Ferreira Comarca: São Paulo Órgão julgador: 2ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 04/06/2013 Data de registro: 06/06/2013 Outros números: 1600184020108260100 Ementa: Dano moral. Ação de Indenização. Suposta ofensa na internet em página pessoal criada por terceiro e hospedada pela ré. A GOOGLE é mera recipiendária de informes, sem responsabilidade por seu conteúdo. Recurso da ré provido. Sentença reformada. 0033209-06.2007.8.26.0554 Apelação Relator(a): James Siano Comarca: Santo André Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 22/05/2013 Data de registro: 22/05/2013 Outros números: 332090620078260554 Ementa: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Comunidade com fotografia da autora criada com o intuito de difamá-la (Orkut). Sentença de improcedência, com antecipação de tutela determinando à ré a retirar a comunidade do ar e identificar seu autor. Data da Distribuição: 23/08/2007; Valor da causa: R$ 19.000,00. Apela a autora sustentando que foi concedida tutela para a exclusão de imagens e referências indevidas à sua pessoa do site de relacionamento Orkut; a sentença é citra petita; insiste no dano moral e na responsabilidade objetiva da ré. Cabimento parcial. A disponibilização de perfil não autorizado da autora gera responsabilidade civil ao provedor, quando este toma

conhecimento do fato e persiste no comportamento de mantê-las. Não há demonstração de que a autora tenha comunicado o fato ao réu e pedido providências. Responsabilidade do provedor de hospedagem não caracterizada. Pedido procedente com relação à obrigação de fazer, para excluir seu perfil. Recurso provido para julgar parcialmente procedente a ação. 0024919-33.2012.8.26.0002 Apelação Relator(a): Giffoni Ferreira Comarca: São Paulo Órgão julgador: 2ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 05/03/2013 Data de registro: 09/03/2013 Outros números: 249193320128260002 Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. Indenização por dano moral. Ofensas pela Internet. Ação visando responsabilizar o provedor. Descabimento, visto se tratar de mero hospedeiro, sem controle prévio do conteúdo das páginas. Recurso improvido. 9178918-58.2009.8.26.0000 Embargos Infringentes Relator(a): Salles Rossi Comarca: São Paulo Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 06/02/2013 Data de registro: 08/02/2013 Outros números: 9178918582009826000050001 Ementa: VOTO DO RELATOR EMENTA EMBARGOS INFRINGENTES - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Internet Danos que, segundo a autora, decorrem de manifestação proferida por terceiro em site mantido pela ré (intitulado blogger) Improcedência decretada pela r. sentença (reformada pela maioria) Ausência, no entanto, de ato ilícito imputável ao provedor/hospedeiro do site (que não pode responder pelo teor de reclamações proferidas por terceiros) - Requerida que apenas permite o acesso dos usuários mediante a ferramenta de busca que disponibiliza na rede, não podendo ser responsável pelo conteúdo das notícias (reclamações) ali veiculadas Precedentes Se tal não bastasse, o teor da matéria/reclamação não reúne o condão de ensejar dano moral indenizável - Improcedência mantida Embargos infringentes acolhidos. 0132295-80.2009.8.26.0100 Apelação Relator(a): Neves Amorim Comarca: São Paulo Órgão julgador: 2ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 18/12/2012 Data de registro: 18/01/2013 Outros números: 1322958020098260100 Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO OCORRÊNCIA. DANOS MORAIS INEXISTÊNCIA DO DEVER DE CONTROLE PRÉVIO DE CONTEÚDO INDENIZAÇÃO EMPRESA RÉ APENAS OFERECE ESPAÇO NA INTERNET AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO PROVEDOR DE SERVIÇOS PELAS INFORMAÇÕES DIVULGADAS, MORMENTE SENDO POSSÍVEL A IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELO CONTEÚDO SENTENÇA MANTIDA. PRELIMINAR REJEITADA. RECURSO IMPROVIDO.

9131597-27.2009.8.26.0000 Embargos Infringentes Relator(a): Gilberto de Souza Moreira Comarca: Cubatão Órgão julgador: 7ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 28/11/2012 Data de registro: 20/12/2012 Outros números: 9131597272009826000050000 Ementa: EMBARGOS INFRINGENTES AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Identificação do responsável pelas mensagens ofensivas no curso do processo, mediante imediato acatamento de ordem judicial para tal finalidade. Desnecessidade de prévia fiscalização do conteúdo das informações disponibilizadas no Orkut. Iterativa jurisprudência. Reparação que deverá ser perseguida contra o causador do dano. EMBARGOS INFRINGENTES REJEITADOS. 0001984-85.2011.8.26.0405 Apelação Relator(a): Caetano Lagrasta Comarca: Osasco Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 28/11/2012 Data de registro: 06/12/2012 Outros números: 19848520118260405 Ementa: Responsabilidade civil. Ofensas proferidas em site da internet. Responsabilidade do autor das ofensas e do provedor que não tomou providências após a devida notificação. Valor da indenização majorado. Julgamento do apelo. Agravo de instrumento prejudicado. Recurso da requerida não provido e provido o da autora. 0166744-64.2009.8.26.0100 Apelação Relator(a): Fábio Podestá Comarca: São Paulo Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Privado Data do julgamento: 08/05/2013 Data de registro: 12/08/2013 Outros números: 990100403842 Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL NA INTERNET - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - Ilegitimidade passiva da ré afastada - Autor que pleiteia a exclusão de endereços eletrônicos que contêm informações inverídicas e ofensivas associadas ao seu nome no site de busca da ré - Páginas de sites diversos e também da rede de relacionamento "Orkut" - Ré que é parte legítima para figurar no pólo passivo da demanda - Extinção afastada - Aplicação do art. SIS, parágrafo 3, do CPC. Autor alega responsabilidade da ré como "controlador negligente" - Ré que é mera provedora de pesquisa, não é responsável pelo conteúdo das informações veiculadas pêlos sites vinculados à Revista Época, Isto É, Terra, Planalto, etc. -Google Search apenas divulga os resultados das pesquisas, não filtra o conteúdo, tampouco armazena nos seus servidores, apenas facilita o acesso - Precedente do STJ. Páginas de relacionamento do "Orkut" - Responsabilidade da ré como provedora de hospedagem de conteúdo - Dever de retirada de texto ou mensagem quando da ciência do conteúdo ilícito - Mensagens impugnadas pelo autor que não revelam informações

inverídicas - Operação da Policia Federal no INSS por suspeita de fraude -Autor envolvido na investigação criminal - Ampla divulgação pela imprensa falada, escrita e virtual - Interesse Público das Informações - Manifestação dos usuários da rede de relacionamento que não implicam ato ilícito - Livre manifestação do pensamento - Direito assegurado pela Constituição Federal. Insurgência contra a fixação dos honorários advocatícios - Verba Elevada - Necessária a Redução - Ausência de Dilação Probatória - Fixação com base na equidade. Apelo provido para anular a sentença - Preliminar de ilegitimidade passiva afastada - Aplicação do art. SIS, parágrafo 3o, do CPC - Improcedência da ação.

Proposta de Enunciado 1.05 Proponente: Comissão Científica Enunciado: A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada pode ser constituída por pessoa jurídica. Justificativa: O art. 980-A do Código Civil, que disciplina a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), não restringe à pessoa natural o direito de constituir esta modalidade de pessoa jurídica. A Instrução Normativa 117 do DNRC, ao impedir a constituição de EIRELI por pessoas jurídicas, é ilegal.

Proposta de Enunciado 1.06 Proponente: Maurício Andere von Bruck Lacerda Enunciado: A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada EIRELI não é sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária. Justificação: Seguindo uma tendência mundial, já verificada em outros ordenamentos jurídicos de tradição romano-germânica, como, por exemplo, nas leis portuguesa e alemã, o ordenamento jurídico brasileiro recepcionou por meio do advento da lei 12.441, que altera dispositivos do Código Civil Brasileiro com a criação de uma nova modalidade de pessoa jurídica, a possibilidade do exercício da empresa, de forma individual e com responsabilidade limitada. A nova figura possibilita que os riscos inerentes ao exercício da empresa sejam, em regra, dissociados do patrimônio pessoal do sujeito responsável pela gestão da atividade na medida em que prevê a necessidade de constituição de um capital mínimo e afasta a necessidade de constituição de sociedades pro forma para atender ao requisito da pluralidade de membros cujo objetivo precípuo é o de garantir a limitação de responsabilidade dos sócios, sendo que, frequentemente, se verifica que um destes sócios mantém-se completamente alheio ao cotidiano da sociedade. Não obstante as críticas que possam ser levantadas a respeito do tratamento sui generis conferido à referida figura, em especial se observadas as denominadas sociedades unipessoais em realidades jurídicas estrangeiras, o fato é que o formato jurídico atribuído à EIRELI não interfere no tratamento conferido à sociedade pela lei brasileira (art. 981CC), em especial no que se refere ao caráter transitório da sociedade unipessoal, salvo no caso das conhecidas sociedades subsidiárias integrais, previstas pelo artigo 251 da Lei 6.406 e não se confunde com a figura do Empresário Individual (art. 966 e seguintes do CC). A presente proposta de enunciado reforça o teor do enunciado nº3 aprovado na I Jornada de Direito Comercial (CJF) e do enunciado 469 aprovado na V Jornada de Direito Civil (CJF), ambos resultantes de propostas enviadas pelo autor. Indicação do julgado do TJ/SP: Apelação nº 0000602-93.2010.8.26.0081, da Comarca de Adamantina, em que é apelante/apelado ALINE CRISTINA PERINI, são apelados/apelantes EDUARDO DE JESUSBOCARDI e LÚCIA HELENA DE OLIVEIRA.

2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo. Desembargadores JOSÉ REYNALDO (Presidente sem voto), LIGIA ARAÚJO BISOGNI E ROBERTO MAC CRACKEN. RICARDO NEGRÃO (Relator) Julgado em São Paulo, 6 de maio de 2013 EMENTA: SENTENÇA Nulidade Alegação de que sócia de fato é a autora Aline Cristina Perini e não a pessoa jurídica Aline Cristina Perini ME, como consignado na sentença Improcedência Empresária individual é pessoa natural que exerce individualmente a atividade empresarial, constituindo-se, portanto, ente único, dotado de único patrimônio Nulidade inexistente Apelação improvida nesse tocante ILEGITIMIDADE AD CAUSAM Alegação de que corréu não é sócio de fato Improcedência Prova documental e confissão do corréu nesse sentido Legitimidade passiva reconhecida Apelação improvida Dispositivo: negam provimento ao apelo dos réus e dão provimento ao recurso da autora.

Proposta de Enunciado 1.07 Proponente: Comissão Científica Enunciado: O art. 1.146 do Código Civil é norma cogente, de sorte que não se admite, no contrato de trespasse, seja afastada, com efeitos perante terceiros, a sucessão do adquirente do estabelecimento, nem a solidariedade do alienante Justificação: Podem os contratantes dispor acerca da responsabilidade da sociedade empresária no contrato de trespasse, segundo os interesses que justificam o negócio. Essa disposição não afeta terceiros, os credores da sociedade alienante, que contam com o estabelecimento (ou seus elementos) para a efetivação da responsabilidade patrimonial. Decidiu a 19ª Câmara de Direito Privado do TJSP, no julgamento da Apelação nº 9000001-88.1998.8.26.0586, rel. o Des. Ricardo Pessoa de Mello Belli: 3. Responsabilidade do adquirente de fundo de comércio Responsabilidade pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, nos termos do art. 1.146 do CC Demonstração da anterioridade dos débitos e da circunstância de não estarem eles contabilizados à época do negócio que tocava aos embargantes Sem relevo a circunstância de o instrumento contratual não haver indicado, supostamente, todos os débitos remanescentes à época do trespasse. Consta do corpo do v. acórdão Daí que, em absoluto, a responsabilidade dos apelantes se restringiria aos débitos mencionados no item 4 do contrato de trespasse, haja vista que, independentemente de obrigações anteriores constarem ou não expressamente especificadas no instrumento contratual, integrariam elas tal responsabilidade, se contabilizadas na escrituração da pessoa jurídica, nos termos do sobredito art. 1.146 do CC Invocou-se ainda a doutrina de MARCELO GAZZI TADDEI, referido por MÔNICA ÉLLEN PINTO BEZERRA ANTINARELLI, e que, segundo a decisão, foi Retirado de http://jus.com.br/revista/texto/17780/aresponsabilidadeno-contrato-de-trespasse, acessado em 30.10.12: O art. 1.146 do Código Civil não admite exceção, tem natureza cogente, não havendo espaço para a autonomia de vontade das partes restringir os interesses dos credores. Cláusula que contraria o disposto no art. 1.146 não terá validade.

Proposta de Enunciado 1.08 Proponente: Comissão Científica Enunciado: Não é suficiente, para fins de caracterização da sucessão prevista no art. 1.146 do Código Civil, a mera instalação do empresário em lugar antes ocupado por outro, no mesmo ramo de atividade. Justificação: Pressuposto da sucessão é a alienação do estabelecimento. O mero ocupante de um lugar, que antes já fora sede de sociedade empresária, não é, só por isso, sucessor do empresário anterior, à falta do contrato de trespasse. Decidiu a 16ª Câmara de Direito Privado do TJSP, no julgamento do AI nº 0004401-28.2012.8.26.0000, j.17/4/2012, rel. o Des. Jovino de Sylos: Ação de cobrança decorrente de contrato de fornecimento de gás natural encanado pretensão da companhia de gás credora de responsabilidade por sucessão não ocorrência responsabilidade que só se manifesta quando uma pessoa natural ou jurídica adquire de outra o fundo de comércio ou o estabelecimento comercial, industrial ou profissional; a circunstância de que tenha se instalado em prédio antes alugado à devedora, não transforma quem veio a ocupá-lo posteriormente, também por força de locação, em sucessor ilegítimo inconformismo agravo improvido.

Proposta de Enunciado 1.09 Proponente: Comissão Científica Enunciado: Pratica concorrência desleal, na modalidade denigração, o empresário que, em veículo de comunicação, atribui a concorrente conduta criminosa, como a de sonegação fiscal, crime contra a administração pública e outros. Justificação: Segundo o artigo 10 bis, 2, da Convenção da União de Paris, constitui ato de concorrência desleal qualquer ato de concorrência contrário aos usos honestos em matéria industrial ou comercial. Afasta-se do uso honesto, despede-se da correção profissional, o empresário que atribui ao seu concorrente a prática de ato ilícito, no afã de vencer a disputa pelo mercado. O países integrantes da Convenção de Paris deverão proibir, particularmente, as falsas alegações no exercício do comércio, suscetíveis de desacreditar o estabelecimento, os produtos ou a atividade industrial ou comercial de um concorrente (10 bis 2º). A lei interna tipifica como crime de concorrência desleal falsa afirmação, ou falsa informação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem (incisos I e II do art. 195 da Lei 9.279/96). Por se tratar de infração penal, com muito mais razão a denigração é ilícito civil. Decidiu a 6ª Câmara de Direito Privado do TJSP, no julgamento da Apelação n.0336914-78.2009.8.26.0000, rel. o Des. Francisco Loureiro: INDENIZAÇÃO Danos morais Réus que adquiriram horário na programação da emissora de TV requerida e passaram a transmitir atração cujo único objetivo era denegrir a imagem da pessoa jurídica autora Programa produzido pelos requeridos (que pertencem ao grupo Dolly, concorrente direto da demandante no mercado de refrigerantes), dedicou-se exclusivamente a veicular acusações contra a Coca-Cola de sonegação fiscal, crimes contra a Administração Pública e uso de substância entorpecente em seus produtos, entre outras Reportagens e entrevistas que, apesar de apresentarem, em tese, interesse público, violaram os deveres de veracidade e de continência que são inerentes às matérias jornalísticas Nítido intuito difamatório do programa televisivo, com conotação de concorrência desleal Responsabilidade pelos danos causados à imagem da autora que se estende à emissora ré, não obstante o programa tenha sido produzido por terceiro que adquiriu espaço em sua grade Responsabilidade por fato de terceiro, cabendo à emissora, diante do evidente conteúdo ilícito do programa e notificada pelo ofendido, tomar providências imediatas para fazer cessar a agressão Evidentes danos morais causados à empresa autora, que teve sua reputação e credibilidade abaladas perante os consumidores Indenização fixada adequadamente em R$ 1.000.000,00, se considerados o dolo dos agentes, a gravidade das acusações, o porte das empresas rés, e o prejuízo de ordem extrapatrimonial experimentado pela demandante Correta distribuição da sucumbência Recursos não providos.

Proposta de Enunciado 1.10 Proponente: Comissão Científica Enunciado: Pratica concorrência desleal, na modalidade parasitismo, o empresário que fabrica o mesmo produto de seu concorrente, usando embalagem idêntica ou assemelhada. Justificação: Segundo o artigo 10 bis, 2, da Convenção da União de Paris, constitui ato de concorrência desleal qualquer ato de concorrência contrário aos usos honestos em matéria industrial ou comercial A necessidade de distinção de produtos no mercado leva o empresário a confeccionar embalagens que possam atrair o cliente. Afasta-se do uso honesto o empresário que usa embalagem idêntica ou semelhante à de outro, a ensejar desvio de clientela, independentemente de confusão em que possa incidir o consumidor. Nesse sentido tem decidido o Tribunal de Justiça de São Paulo: AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE USO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO. Ré que apresenta seus produtos com rótulo em imitação do rótulo do produto "H2OH!" de titularidade das autoras. Depósito do pedido de registro de marca que já á apto a ensejar a tutela do artigo 130, III da Lei nº 9.279/96. Rótulo do produto "Cachoeira" que, analisado em seu conjunto, permite concluir pela imitação da marca da autora, em exploração indevida do prestígio alheio. Perícia conclusiva no sentido da imitação. Prática de concorrência desleal da ré que, por meio da imitação da marca das autoras, promove desvio de clientela, já que atuam no mesmo mercado e comercializam o mesmo produto. Nítida remissão da embalagem da ré à marca líder de mercado, em manifesta prática de parasitismo. Vedação ao enriquecimento sem causa. Inviabilidade da indenização em face da não comprovação do dano sofrido na fase de conhecimento. Ação improcedente. Recurso parcialmente provido (6.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento da Apelação 0165677-35.2007.8.26.0100, rel. o Des. Francisco Loureiro). PROPRIEDADE INDUSTRIAL Tutela antecipada. Verificação dos conjuntos de embalagens, tomando em conta formatos, cores e padrões gráficos, reveladores, a um primeiro exame, compatível com este momento processual, de confusão aos consumidores e parasitismo. Inadmissibilidade de produtos concorrentes, que já têm marcas nominativas semelhantes, com indicação de origem geográfica, manterem a similitude em cores, embalagens e padrões gráficos. Proteção ao trade dress, com o escopo de vedar a concorrência desleal. Provimento em parte do recurso, para determinar a abstenção de

utilização de embalagens, cores e formatos de letras que, no conjunto, evoquem o produto da autora (Decidiu a 1.ª Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento do Agravo Regimental 0083598-32.2012.8.26.0000, Rel. o Des. Francisco Loureiro). PROPRIEDADE INDISTRIAL. AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE USO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO. Ré que, indevidamente, apresenta seus produtos com marca que incorpora parte essencial de marcas consagradas titularizadas pelas autoras. Marca "Bombril" e família de produtos com o sufixo "BRIL" que gozam de fama e prestígio construídos ao longo de décadas de investimento em publicidade. Prática de concorrência desleal da ré que, por meio da imitação da marca das autoras, promove desvio de clientela, já que atuam no mesmo mercado de produtos de limpeza. Concorrência parasitária, ademais, pela exploração indevida do prestígio alheio na promoção dos próprios produtos de limpeza. Nítida remissão da embalagem da ré à marca líder de mercado, em manifesta prática de parasitismo. Vedação ao enriquecimento sem causa. Inviabilidade da indenização em face da não comprovação do dano sofrido na fase de conhecimento. Marca "MAGIC BRILHO", contudo, que não incide em prática ilícita, vez que não há remissão às marcas das autoras e que o termo "BRILHO" constitui mero designativo de ação esperada do produto. Recurso adesivo da ré não conhecido face à ausência de interesse recursal, em virtude de a ação ter sido julgada improcedente. Ação improcedente. Recurso da ré não conhecido. Recurso das autoras parcialmente provido (Decidiu a 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento da Apelação 0048309-97.2009.8.26.0564, rel. o Des. Francisco Loureiro). PROPRIEDADE INDUSTRIAL - Embalagens de creme de leite - Inegáveis semelhanças entre as três embalagens em exame comparativo - Concorrência desleal a ser apreciada por dois ângulos distintos, o da potencialidade de levar o consumidor a erro e o do parasitismo e apropriação do prestígio da marca concorrente - Desnecessidade da ré alterar as embalagens de seus produtos para tornálos semelhantes, em cor, composição, frutas e imagens, com a precedente embalagem da autora, líder de mercado - Ausência de danos indenizáveis - Recurso provido em parte, para o fim de determinar a abstenção da ré de fabricar e comercialização de produtos com embalagens semelhantes, sob pena de incidência de multa diária ( Decidiu a 4ª Câmara de direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento da Apelação 9170069-68.2007.8.26.0000, rel. o Des. Francisco Loureiro).

Proposta de Enunciado 1.11 Proponente: Comissão Científica Enunciado: O prazo de caducidade de registro de marca, previsto no art. 143, II, da Lei 9.279/96 (interrupção do uso da marca por mais de cinco anos consecutivos), não se interrompe nem se suspende pela decretação da falência. Justificação: É preciso estar o Administrador Judicial advertido de que deve tomar providências para a proteção da marca de sociedade falida. O simples eclodir da quebra não tem nenhum significado sobre o curso do prazo em que a marca entra em desuso. Decidiu a 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, no julgamento do AI 0586828-93.2010.8.26.0000, ao apreciar a questão envolvendo a marca MAPPIN, em acórdão da relatoria do Desembargador José Francisco Loureiro: FALÊNCIA Registro de marca Prazo decadencial de caducidade do registro, previsto no art. 143, II, da L. 9.279/96 que não se interrompe ou se suspende pela decretação da quebra Necessidade de o síndico promover os atos conservatórios do registro e de pagar as respectivas taxas, diante da ausência de isenção prevista em lei Cancelamento do registro, todavia, que se subordina a prévia comunicação do juízo da falência, diante dos interesses em jogo em uma execução coletiva - Impossibilidade de perda de ativo intangível da massa, de expressivo valor, tal como ocorre no caso concreto, sem prévia e necessária comunicação ao juízo falimentar, para que possa o síndico adotar as providências tendentes a preservar os interesses da comunidade de credores Determinação judicial de restauração do registro já coberta pela preclusão Impossibilidade de reabertura do prazo recursal em razão de seguidos pedidos de reconsideração formulados pelo INPI - Correta determinação de restauração do registro. Recurso não conhecido, por intempestivo.