UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL WILQUE ALVES DE CARVAIS



Documentos relacionados
RESOLUÇÃO N o 307, DE 5 DE JULHO DE 2002 Publicada no DOU nº 136, de 17/07/2002, págs

Resíduos da Construção Civil INEA DIRETORIA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL (DILAM)

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA

RESOLUÇÃO Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002 (DOU de 17/07/2002)

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

ULC/0417 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL /08/09 Ajuste de layout para adequação no sistema eletrônico.

Eloisa Maria Wistuba Dezembro/2014

GESTÃO E MANEJO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

Gerenciamento e Reciclagem de Resíduos de Construção & Demolição no Brasil. Dr. Eng. Sérgio Angulo scangulo@ipt.br (11)

GESTÃO E MANEJO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

Curso sobre a Gestão de resíduos sólidos urbanos

DIAGNÓSTICO DA COLETA E DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

PROJETO DE LEI N.º, DE 2011 (Do Sr. Deputado Marcelo Matos)

TERMO DE REFERÊNCIA PARA A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS - PGRS

PROJETO DE LEI N., DE 2015 (Do Sr. DOMINGOS NETO)

P L A N O M U N I C I P A L D E S A N E A M E N T O B Á S I C O

GESTÃO INTELIGENTE DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DEMOLIÇÃO

Eixo Temático ET Gestão Ambiental em Saneamento PROPOSTA DE SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE POMBAL-PB: EM BUSCA DE UMA SAÚDE EQUILIBRADA

TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (PGRCC)

DESAFIOS DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL RCC CASE GR2 SANTA MARIA

DECRETOS E RESOLUÇÕES - RESÍDUOS INERTES / CONSTRUÇÃO CIVIL

PROJETO DE REDUÇÃO DOS RESÍDUOS INFECTANTES NAS UTI S DO HOSPITAL ESTADUAL DE DIADEMA

PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE NAS UNIDADES DE SAÚDE

RESÍDUOS SÓLIDOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL: Diagnóstico do Cenário atual de Três Lagoas MS.

RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL: CLASSIFICAÇÃO, NORMAS E RECICLAGEM

UTILIZAÇÃO DE RECICLADOS DE CERÂMICA VERMELHA

Shopping Iguatemi Campinas Reciclagem

Gestão de Resíduos nos Canteiros: Resultados e Continuidade. Engª Tatiana G. de Almeida Ferraz, MSc. SENAI - BA

O município e sua atribuição na PNRS o que devemos fazer. Eng. Sebastião Ney Vaz Júnior

TÍTULO: PARÂMETROS PARA ESTIMATIVA DE CUSTO - PROJETOS DE INTERESSE SOCIAL

ENTECA 2003 IV ENCONTRO TECNOLÓGICO DA ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ABNT NBR ISO 14001

Acordo de Cooperação Técnica entre o Brasil e a Alemanha GTZ

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS E GESTÃO AMBIENTAL NO CANTEIRO DE OBRAS

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2016

Resíduos de Construção e. Vanderley M. John Dr.Eng., Prof. Associado Depto. Eng. Construção Civil Escola Politécnica da USP

"Água e os Desafios do. Setor Produtivo" EMPRESAS QUE DÃO ATENÇÃO AO VERDE DIFICILMENTE ENTRAM NO VERMELHO.

GESTÃO AMBIENTAL. Profª: Cristiane M. Zanini

A Estação Resgate é uma unidade recicladora de resíduos da construção civil (RCD)

Já foi o tempo em que podíamos considerar de lixo os resíduos sólidos urbanos

REUTILIZAÇÃO 100% Engenheiro Químico Celso Luís Quaglia Giampá

PEC I - Primeiro Painel Temático de Pesquisa da Engenharia Civil da UNIJUÍ 14 de Outubro de 2014

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE POÁ, SP.

PLANO METROPOLITANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS COM FOCO EM RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS) E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E VOLUMOSOS (RCCV)

APRESENTAÇÃO. Sistema de Gestão Ambiental - SGA & Certificação ISO SGA & ISO UMA VISÃO GERAL

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA A GESTÃO DOS MUNICÍPIOS. Marcos Vieira Analista Ambiental GELSAR/INEA

PLANEJAMENTO DE SENSIBILIZAÇÃO DOS POTENCIAIS CATADORES DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA DE JETIBA

GESTÃO AMBIENTAL. Avaliação de Impactos Ambientais ... Camila Regina Eberle

QUALIFICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DE PROFESSORES DAS UNIDADES DE ENSINO NA ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS FORMAIS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Postes de Eucalipto Tratados

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

Secretaria Municipal de meio Ambiente

O PAPEL DO MUNICÍPIO NA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

ECONTEXTO. Auditoria Ambiental e de Regularidade

PROGRAMA ESTADUAL DE GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO ÂMBITO MUNICIPAL PEGRSM.

SISTEMA DA GESTÃO AMBIENTAL SGA MANUAL CESBE S.A. ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS

4. ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS. Coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos. Desafio para os Municípios

"PANORAMA DA COLETA SELETIVA DE LIXO NO BRASIL"

Gestão, Arquitetura e Urbanismo

DESIGUALDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS MG

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UM AMBIENTE UNIVERSITÁRIO: ESTUDO DE CASO DO CESUMAR, MARINGÁ - PR

AUDITORIA AMBIENTAL. A auditoria ambiental está intimamente ligada ao Sistema de Gestão Ambiental.

5 Conclusão e Considerações Finais

III Simpósio sobre Gestão Empresarial e Sustentabilidade (SimpGES) Produtos eco-inovadores: produção e consumo"

ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: USO DE ECOPRODUTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM MARINGÁ

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 30 FORTALECIMENTO DO PAPEL DO COMÉRCIO E DA INDÚSTRIA INTRODUÇÃO

GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: ESTUDO NO MUNICÍPIO DE PANAMBI/RS 1

ENSINO DE QUÍMICA: VIVÊNCIA DOCENTE E ESTUDO DA RECICLAGEM COMO TEMA TRANSVERSAL

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESIDUOS SOLIDOS URBANOS

PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA PGR PROJETO PARA AQUISIÇÃO DE COLETORES PARA COLETA SELETIVA

O que é saneamento básico?

M ERCADO DE C A R. de captação de investimentos para os países em desenvolvimento.

Conteúdo Específico do curso de Gestão Ambiental

feema - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente Curso de Legislação e Normas para o Licenciamento Ambiental Junho de 2002

A LOGÍSTICA REVERSA DENTRO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Cristiane Tomaz

ESTUDO DA GERAÇÃO E DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BAIRRO DA LIBERDADE EM CAMPINA GRANDE-PB

PRÊMIO ESTANDE SUSTENTÁVEL ABF EXPO 2014

PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL SEBRAE - SP

LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE POLUIÇÃO VISUAL URBANA

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA

PROBLEMÁTICA DO LIXO: PEQUENAS ATITUDES, UM BOM COMEÇO

Conselho Gestor APA DA VÁRZEA RIO TIETÊ GTPM

Ideal Qualificação Profissional

A Política Nacional de Resíduos Sólidos e a questão dos Resíduos Sólidos Urbanos no Estado do Rio de Janeiro. Quanto à origem Sujeitos à lei

História da Habitação em Florianópolis

Diretriz 01: Diretriz 01: Eliminação e recuperação de áreas irregulares de disposição final de RCC ( bota-fora ) em todo o território nacional.

ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL UTILIZADOS EM PLANOS DIRETORES DE LIMPEZA URBANA EM TRÊS CIDADES DA BAHIA

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS NA ELABORAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Empresa jovem e 100 % nacional, a Bazze está sediada em PORTÃO RS e é referência na extrusão de perfis em PVC.

Indicadores Ambientais

SÉRIE ISO SÉRIE ISO 14000

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO (Módulo: Resíduos Sólidos) Rio Claro SP

Termo de Referência nº Antecedentes

Conteúdo. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Características do lixo domiciliar. Resíduos de Construção Civil.

Giuliana Aparecida Santini, Leonardo de Barros Pinto. Universidade Estadual Paulista/ Campus Experimental de Tupã, São Paulo.

SUSTENTABILIDADE 2014

Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL WILQUE ALVES DE CARVAIS CENÁRIO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ RO Ji-Paraná 2011

WILQUE ALVES DE CARVAIS CENÁRIO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ RO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental. Orientador: João Gilberto de Souza Ribeiro Ji-Paraná 2011

C331c 2011 Carvais, Wilque Alves de Cenário da gestão dos resíduos da construção civil no município de Ji-Paraná - RO / Wilque Alves de Carvais; orientador, João Gilberto de Souza Ribeiro. -- Ji-Paraná, 2011 58 f. : 30cm Trabalho de conclusão do curso de Engenharia Ambiental. Universidade Federal de Rondônia, 2011 Inclui referências 1.Construção civil Eliminação de resíduos. 2. Resíduos da construção civil - Gestão. 3. Resíduos sólidos. 4. Higiene urbana - Rondônia. 5. Lixo Tipos. 6. Meio ambiente Conservação. I. Ribeiro, João Gilberto de Souza. II. Universidade Federal de Rondônia. III. Titulo CDU 628.4.036 (811.1) Bibliotecária: Marlene da Silva Modesto Deguchi CRB 11/ 601

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL TÍTULO: CENÁRIO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ RO. AUTOR: WILQUE ALVES DE CARVAIS O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi defendido como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental e aprovado pelo Departamento de Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji- Paraná, no dia 17 de Novembro de 2011. Margarita Maria Dueñas Orozco Universidade Federal de Rondônia Irene Yoko Taguchi Sakuno Universidade Federal de Rondônia João Gilberto de Souza Ribeiro Universidade Federal de Rondônia Ji-Paraná, 17 de Novembro de 2011.

Dedico esta monografia a Iraci, minha mãe, por ajudar-me nas horas mais difíceis e pelo apoio incondicional. Ao Luis, meu padrasto, pela grande ajuda e disposição. Obrigado!

Agradeço a Deus pela vida, paz e saúde! Por me guiar e me proteger em todos os momentos da minha vida. Ao professor João Gilberto, meu orientador, pelas orientações e sugestões. Ao Leonardo, amigo, pela grande ajuda em parte dessa monografia. Ao Wladimir da secretaria de obras, pelas orientações. Ao Celso, representante da cooperativa de catadores de materiais recicláveis, pelas informações prestadas. Aos meus amigos Luiz Ricardo, Alyne e João Paulo, pelos esclarecimentos e tira-dúvidas. E a todos os que direta ou indiretamente contribuíram para que eu chegasse até aqui. Valeu à pena!

RESUMO Em decorrência da consolidação da econômica brasileira, intensificaram-se também as atividades construtivas no país. Este fato provocou um aumento na quantidade de resíduos gerados. Tais resíduos quando não gerenciados de forma adequada, comprometem a paisagem urbana, invadem pistas, dificultam o tráfego e a drenagem urbana, além de propiciar a atração de outros tipos de resíduos, causando a multiplicação de vetores de doenças endêmicas e a degradação de áreas urbanas, afetando a qualidade de vida da população. Logo, a presente pesquisa teve por finalidade verificar como estão sendo gerenciados os resíduos da construção civil na cidade de Ji-Paraná-RO. As informações foram obtidas através de revisão bibliográfica e entrevistas semi-estruturadas com representantes do poder público municipal, empresas coletoras de entulho e moradores circunvizinhos de áreas de depósito de entulho. Em seguida, realizou-se um estudo de caso e com registros fotográficos visualizou-se o destino final de boa parte dos resíduos produzidos na cidade. Conforme observado, o município produz diariamente grande quantidade de resíduos da construção civil e na maioria das vezes são coletados por empresas privadas. Através da análise visual descobriram-se três áreas de bota-fora e também outros pontos de depósitos irregulares espalhados pelo município. Foi percebida a falta de iniciativas públicas ou a ausência delas no que tange a gestão desses resíduos conforme estabelece a Resolução CONAMA 307. Uma alternativa seria a construção de uma usina de reciclagem, porém como isso dispõe de tempo e elevados recursos, outra solução mais imediata é a aplicação de cursos de capacitação técnica oferecida pelo poder publico local a fim de reduzir a geração de resíduos e reaproveitá-los o máximo possível para minimizar os impactos ambientais causados ao meio ambiente. Palavras-Chave: Resíduos da Construção Civil, bota-fora, disposição, Ji-Paraná.

ABSTRACT TITLE: SCENARIO OF THE MANAGEMENT OF CONSTRUCTION WASTE IN THE COUNTY FROM JI-PARANÁ-RO. Due to the consolidation of the Brazilian economy, intensified also the constructive activities in the country. This fact led to an increase in the amount of waste generated. Such wastes if not managed properly, undertake the urban landscape, invading the slopes, difficult traffic and urban drainage, and provide the attraction of other types of waste, causing the multiplication of vectors of endemic diseases and degradation of urban areas, affecting the quality of life. Therefore, this study aimed to determine how these wastes are being managed the construction waste in the city of Ji-Paraná-RO. Information was obtained through literature review and semi-structured interviews with representatives of municipal government, businesses collecting debris and residents from areas surrounding deposit of rubble. Then there was a case study and photographic records visualized if the end destination of much of the waste produced in the city. As noted, the city produces daily large amount of construction waste and in most cases are collected by private companies. Through visual analysis found three areas of send-off as well as various points around the city irregular deposits. It was perceived lack of public initiatives or lack thereof regarding the management of these wastes as established by CONAMA Resolution 307. An alternative would be to build a recycling plant, but as it has huge resources and time, another more immediate solution is the application of technical training courses offered by local government to reduce waste generation and reuse them as much as possible to minimize environmental impacts to the environment. Keywords: construction waste, send-off, disposal, Ji-Paraná.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 Diagrama de Venn Desenvolvimento Sustentável... 16 Figura 02 Fluxograma: Cadeia da construção civil... 23 Figura 03 Localização do município de Ji-Paraná, Rondônia... 31 Figura 04 Deposição irregular de RCC na Avenida Brasil... 39 Figura 05 Deposição de RCC na Rua Amazonas... 40 Figura 06 Depósito irregular próximo às margens do rio Machado... 40 Figura 07 Deposição de ferragens na Avenida Brasil... 41 Figura 08 Deposição de madeiras Rua Plácido de Castro... 42 Figura 09 Deposição de RCC às margens de um igarapé na Rua João Goulart... 42 Figura 10 Depósito irregular na Avenida Ji-Paraná... 43 Figura 11 Áreas dos bota-foras 01, 02 e 03... 44 Figura 12 Área do bota-fora 01 na Rua Seis de Maio... 45 Figura 13 Área do bota-fora 02 na Rua Plácido de Castro... 46 Figura 14 Área do bota-fora 02 na Rua Plácido de Castro... 46 Figura 15 Área do bota-fora 03 na Avenida Nazaré... 47

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. ART Anotação de Responsabilidade Técnica. ATT Áreas de Triagem e Transbordo. CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente. CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. DEA Departamento de Engenharia Ambiental. FUNASA Fundação Nacional de Saúde. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ONU Organização das Nações Unidas PAC Programa de aceleração do Crescimento. PIB Produto Interno Bruto. PGRCC Plano de Gestão dos Resíduos da Construção Civil. PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida. PNMA Política Nacional do Meio Ambiente. PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. QMR Quantidade Realmente Utilizada. QMT Quantidade de Material Teoricamente. RCC Resíduos de Construção Civil. RCRA Resource Conservation and Recovering Act.

RECESA Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental. RSD Resíduos Sólidos Domiciliares. RSS Resíduos de Serviços de Saúde. RSU Resíduos Sólidos Urbanos. SEDAM Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental. SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente. SLU Superintendência de Limpeza Urbana. URPV Unidades de Recebimentos de Pequenos Volumes.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 12 1 REFERENCIAL TEÓRICO... 15 1.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A CONSTRUÇÃO CIVIL... 15 1.1.1 Desenvolvimento explorador X sustentável... 15 1.1.2 Indústria da construção civil... 17 1.1.3 Construção sustentável... 17 1.2 CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO... 18 1.2.1 Definição... 18 1.2.2 Classificação... 19 1.3 NORMAS BRASILEIRAS PARA GESTAO DE RESÍDUOS... 20 1.3.1 Princípios legais... 20 1.3.2 Competências... 20 1.3.3 Política nacional do meio ambiente (PNMA)... 21 1.3.4 Resolução CONAMA 307 e ABNT... 21 1.4 PRINCIPAIS IMPACTOS RELACIONADOS AOS RCC... 22 1.4.1 Impacto ambiental... 22 1.4.1.1 Economia e saúde... 25 1.4.1.2 Alternativas para redução do impacto ambiental... 26 1.5 AS PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL... 27 1.6 USINAS DE RECICLAGEM DE RCC... 29

2 MATERIAL E MÉTODOS... 31 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO... 31 2.1.1 Aspectos físicos... 31 2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA... 33 2.2.1 Pesquisa bibliográfica... 33 2.2.2 Pesquisa de campo... 34 2.2.3 Estudo de caso... 34 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 35 3.1 ENTREVISTAS... 36 3.1.1 A secretaria de obras... 36 3.1.2 A população... 38 3.1.3 Os Catadores... 39 3.2 REGISTROS FOTOGRÁFICOS DA ÁREA DE PESQUISA... 40 3.2.1 Áreas de bota-foras... 45 3.3 ANÁLISE DOS DADOS... 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 52 REFERÊNCIAS... 54 ANEXOS... 58

12 INTRODUÇÃO Devido ao crescimento populacional e o aceleramento no processo de urbanização de boa parte dos municípios brasileiros, elevou-se também a geração dos Resíduos Sólidos Urbanos RSU. Logo, as cidades transformaram-se em verdadeiros depósitos de lixo a céu aberto, trazendo diversos impactos a sociedade. O saneamento ambiental é uma importante ferramenta a fim de possibilitar que as cidades se tornem em áreas limpas, sadias e habitáveis. Conforme a Fundação Nacional de Saúde FUNASA (2011) o saneamento ambiental abrange desde o sistema de abastecimento de água, o cuidado com a destinação dos resíduos sólidos e esgotamento sanitário, as melhorias sanitárias domiciliares, até obras de drenagem urbana, controle de vetores, roedores e focos de doenças transmissíveis. Inclui também a preocupação com a melhoria das condições de habitação, educação sanitária e ambiental para promover saúde e qualidade de vida. No entanto, a falta de investimentos no setor e a ineficiência no gerenciamento desses resíduos têm causado problemas à população. Porém, o desenvolvimento é imprescindível. No Brasil, constitucionalmente, cabe ao poder público local o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos em suas cidades. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PNSB 2008, as prestadoras dos serviços de manejo dos resíduos sólidos representam 61,2% das entidades veiculadas direta do poder público, 34,5%, são empresas sob o regime de concessão pública ou terceirização, e 4,3% outras entidades organizadas. O setor da construção civil é certamente o maior gerador de resíduos de toda a sociedade. Conforme o levantamento feito pelo IBGE (2010) em diversas cidades brasileiras, os Resíduos de Construção Civil RCC representam cerca de 60% de todos os resíduos sólidos urbanos, ou seja, esse valor é superior ao valor do resíduo domiciliar, o que demonstra a sua importância e necessidade de se tomar devidas medidas. Já é notório que os RCC são de baixa periculosidade, devido a suas características inertes, porém seu impacto se da pelo excessivo volume gerado nos canteiros de obra. Isso

13 demonstra que os municípios de médio e grande porte estão em situações similares às regiões de grande densidade populacional. De acordo com Pinto (1999), os RCC são parte integrante dos resíduos sólidos, porém há agravantes, como: o profundo desconhecimento dos volumes gerados; os impactos que eles causam; os custos sociais envolvidos e, inclusive, as possibilidades de seu reaproveitamento fazem com que os gestores de resíduos se apercebam da gravidade da situação unicamente quando, acuados, vêem a ineficiência de suas ações corretivas. Ainda nessa linha de raciocínio Pinto (1999) estimou que em cidades brasileiras de médio e grande porte, a geração de Resíduos da Construção e Demolição - RCD varia entre 41 a 71% da massa total dos resíduos sólidos urbanos. Ou seja, com valores aproximadamente entre 230 a 760 kg/hab./ano. Conforme o censo 2010, no Brasil, a maior parte da população concentra-se em cidades de médio porte. Essa expansão demográfica demonstra a importância que essa categoria tem no crescimento econômico do país e consequentemente na geração de resíduos. Atualmente, o país vem passando por grandes investimentos no setor da construção civil, como: o Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV, o Programa de aceleração do Crescimento PAC e os investimentos para a copa de 2014 e para as olimpíadas de 2016 que promovem o desenvolvimento e contribuem diretamente na economia. Em Rondônia também não é diferente. Com o processo de implantação das usinas hidroelétricas no Rio Madeira, vieram grandes investimentos no setor da construção civil, principalmente para a capital do estado, Porto velho. Outros municípios também passam por essa modificação estrutural. Um exemplo é a cidade de Ji-Paraná, que está localizada na parte centro-leste do estado de Rondônia, a segunda mais populosa do estado e têm sua economia baseada principalmente no setor madeireiro, industrial e laticínios. Percebe-se que, nos últimos anos, intensificaram-se a construção de novos residenciais e a venda de loteamentos em Ji-Paraná. Contudo, deve-se pensar: o que será feito com todos os resíduos gerados nesse processo de urbanização e desenvolvimento da cidade? É neste contexto que o presente trabalho objetiva investigar se há reciclagem ou reutilização e qual o destino final dado à maioria dos resíduos da construção civil gerados pelo município de Ji-Paraná. Visa também identificar as fontes geradoras e mapear possíveis áreas de depósitos irregulares ou bota-foras verificando os principais impactos econômicos, sociais e ambientais causados no entorno.

14 E ainda comparar as medidas que vêm sendo tomadas pelo poder público local com a gestão destes resíduos quanto à normatização em vigor e apontar as principais medidas mitigadoras a fim de reduzir os impactos causados.

1 REFERENCIAL TEÓRICO Com o crescimento populacional bem como as atividades para sua manutenção, ocasionou vários problemas ambientais, seja pela exploração indiscriminada dos recursos naturais ou pelo crescimento das atividades produtivas. De acordo com estimativas populacionais realizadas pela Organização das Nações Unidas ONU, atualmente, somos mais de sete bilhões de pessoas no mundo. No entanto, esse crescimento populacional e o consumo de alimentos, também aumentaram a geração de resíduos. Porém, a preocupação com os resíduos de maneira geral é relativamente recente no Brasil. Segundo Pompéia (2008) no final da década de 1960, em países desenvolvidos como os Estados Unidos, já existia uma política para os resíduos, chamada de Resource Conservation and Recovering Act RCRA. Nessa mesma linha de raciocínio Pinto (1999) cita que os países europeus e o Japão, com elevada densidade demográfica e exiguidade de espaços para o alojamento de resíduos sólidos, além de políticas mais elaboradas e consolidadas, foram os pioneiros no desenvolvimento de esforços para o conhecimento e controle dos RCC. Neste contexto, a reciclagem de RCC, encontra-se em estágio avançado. Conforme Pompéia (2008) existe atualmente um forte grupo na universidade brasileira, muito ativo no estudo dos resíduos da construção, seja na redução de sua geração durante a construção, políticas publicas para o manuseio de resíduos e ainda tecnologias para reciclagem. Diversos municípios brasileiros já operam com sucesso em centrais de reciclagem de RCC, produzindo agregados utilizados predominantemente como sub-base de pavimentação ou como fontes de matérias prima (POMPÉIA, 2008). Entretanto, o Brasil está longe de políticas mais abrangentes como a dos países europeus, que dão preferência a produtos ambientalmente saudáveis e que possam ser reciclados ou reutilizados. 1.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A CONSTRUÇÃO CIVIL 1.1.1 Desenvolvimento explorador x sustentável O desenvolvimento exploratório de recursos naturais foi intencionado principalmente pela revolução industrial. O Brasil assim como outros países, devido sua grandeza territorial e enorme biodiversidade, serviu como fonte de matéria prima para os processos indústrias.

16 Nesse contexto o modelo explorador buscava de maneira intensa e desenfreada o crescimento econômico. Os recursos naturais eram vistos como ilimitados e não se desejava saber de que forma os produtos eram produzidos e qual seria o seu destino final (PETRY, 2005). Logo, a conservação ambiental visualizava-se como um entrave para o desenvolvimento. Atualmente, os recursos naturais já não são vistos como ilimitados e o modelo de desenvolvimento mais adotado é o sustentável (POMPÉIA, 2008). Contudo, não se pode negar que essa desenfreada exploração por um lado gerou vários avanços nas áreas tecnológicas e contribuiu para um considerável salto no crescimento econômico do país. Por outro lado gerou grande desequilíbrio ambiental, aumentou a desigualdade social, a degradação da biodiversidade e a poluição (PETRY, 2005). A busca pelo equilíbrio entre a produção e a preservação ambiental tornou-se uma premissa básica de qualidade de vida e a preservação do planeta para as futuras gerações. O bem estar da população está diretamente ligado ao ambiente no qual ela está inserida e aos recursos naturais disponíveis para seu desenvolvimento e manutenção. A partir dessa nova visão de produção, surge o conceito de desenvolvimento sustentável (figura 01), o qual implica um novo modelo de desenvolvimento, e que passa a incorporar e avaliar todos os impactos das atividades de produção e consumo. Figura 01. Diagrama de Venn Desenvolvimento Sustentável. Fonte: adaptado de José Luiz Barbosa, Agosto de 2011.

17 Neste modelo existe a preocupação desde a extração da matéria prima até o destino final do produto após sua utilização. De acordo com Pompéia (2008) a conscientização a respeito dos problemas ambientais no mundo moderno conduz a procura de produtos e serviços que motivem a existência de processos industriais voltados para o consumo limpo dos recursos naturais. 1.1.2 Indústria da construção civil A indústria da construção civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. A cadeia produtiva do macro-setor da construção civil no Brasil esta inserida no construbusiness que compreende o setor de construção, o de materiais de construção e o de serviços acoplados a construção (KENYA et al., 2005). Ainda conforme o CONSTRUBUSINESS, cerca de 70% de todos os investimentos feitos no país passa pela cadeia industrial da construção civil. A participação do setor da construção civil no Produto Interno Bruto PIB vêm aumentando desde 2001, sendo que nesse ano houve registro de 15,6% no PIB nacional. Além da importância econômica, a atividade da construção civil no país tem relevante papel social em função de dois aspectos: o primeiro está relacionado à geração de empregos proporcionada pelo setor e o segundo se deve ao elevado déficit habitacional no país. Outras características do setor acentuam a importância da cadeia produtiva na construção civil, como sua capacidade de geração de impostos dentro do processo produtivo. Por outro lado, o setor apresenta um dos mais baixos coeficientes de importação, inferior a 2% em 2005. Atualmente, impulsionado pelo PAC II, e também com novos investimentos na área da construção civil para sediar a copa do mundo de futebol de 2014 e as olimpíadas de 2016, o país passa por um período grande de expectativa no desenvolvimento econômico. 1.1.3 Construção sustentável Tornar a construção civil uma atividade menos impactante ao meio ambiente, desenvolvendo projetos que usam racionalmente os recursos naturais, sem deixar de atender plenamente as necessidades humanas é uma forma de atender ao princípio do desenvolvimento sustentável.

18 A construção sustentável é definida como um sistema construtivo que promove alterações conscientes no entorno, de forma a atender as necessidades de edificação, habitação e uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras (BRAMOS, 2008). Ainda nessa linha de raciocínio Bramos (2008) comenta que ao longo dos anos e com a colocação das ações construtivas em prática, percebeu-se que a construção sustentável não consiste numa receita de bolo para solucionar problemas pontuais, mas sim numa forma de pensar a construção de forma multidisciplinar, aliando questões ambientais, sociais e econômicas e usando diferentes áreas do conhecimento para atingir os objetivos de sustentabilidade propostos. A indústria da construção civil promove diferentes alterações e impactos no sistema ambiental, dentre os quais destacam-se: a utilização de grandes quantidades de recursos naturais; a poluição atmosférica; o consumo de energia e a geração de resíduos. Considerando a importância das edificações na história do homem e a relevância dos impactos ambientais causados pela construção civil, a construção sustentável tornou-se uma importante alternativa para o desenvolvimento desenfreado. Essa alternativa pode ser utilizada como ferramenta para a melhoria da consciência ambiental da população, e consequentemente, um contribuinte para aproximar a sociedade com a natureza. 1.2 CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 1.2.1 Definição Os resíduos da construção civil (RCC), comumente conhecidos como entulhos fazem parte integrante dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e representam a maior parcela do volume gerado anualmente no Brasil. A Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT criou a NBR 1004 (2004), norma que os classifica na classe II B não perigosos e inertes como, Quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa, e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste de solubilização, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez, e sabor. Como exemplo destes materiais, podem-se citar rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente. (ABNT NBR 1004 2004).

19 Na literatura são encontrados vários autores que discutem e definem esse tipo de resíduo. De acordo com Marques Neto (2005) entulho significa caliça, pedregulho, areia, terra, tudo quanto sirva para entupir, aterrar, nivelar depressão de terreno, escavação, fossa, vala; conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, argamassa, madeira; provenientes da construção de um prédio; materiais inúteis resultantes de demolição; escombros, ruínas. Porém, a expressão inerte credita uma idéia de baixo impacto ambiental e pouco prejuízo a saúde pública, e que os problemas causados pelos Resíduos Sólidos Domiciliares RSD e os Resíduos de Serviços de Saúde RSS são mais agressivos. Em síntese, Pompéia (2008) diz que embora boa parte se submetidos à análise, os RCC típicos provavelmente seriam classificados como não inertes, especialmente devido ao seu ph e dureza da água absorvida, podendo em até certos casos conter contaminações que alterem as propriedades dos materiais e prejudiquem seu desempenho na obra. Estas contaminações podem ser oriundas tanto da fase de construção quanto de seu manuseio posterior e afetar tanto a qualidade técnica do produto quanto significar riscos ambientais. 1.2.2 Classificação A resolução CONAMA 307 de 05 de julho de 2002 estabelece as diretrizes e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil de forma a minimizar os impactos ambientais. Segundo o art. 3º os resíduos da construção civil são classificados da seguinte forma: - Classe A - São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; - Classe B - São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: Plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; - Classe C - São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

20 - Classe D - São os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: Tintas, solventes, óleos e outros. Aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Reutilização é o processo de reaplicação de um resíduo, sem a necessidade de transformação do mesmo. Já a reciclagem é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação. (CONAMA 307, 2002). 1.3. NORMAS BRASILEIRAS PARA GESTÃO DE RESÍDUOS Vários são os instrumentos normativos que disciplinam a questão dos RCC, tendo por base os princípios de competência administrativa e legal envolvida; as normas jurídicas que disciplinam a conduta dos geradores de RCC e administradores públicos; e também instrumentos aplicáveis em caso de violação dos direitos difusos. 1.3.1 Princípios legais Dentro dos princípios que norteiam a gestão dos RCC destacam-se: o princípio da prevenção, que consiste em um princípio basilar do direito ambiental pela simples constatação de que é bem mais eficiente e barato prevenir danos ambientais do que repará-los conforme previsto no 1º, IV, do artigo 225 da Constituição Federal de 1988. O princípio do poluidor pagador sujeita o agente que degradou o meio ambiente à obrigação cível de fazer, não fazer, ou de pagar, além de imposições de sansões administrativas e penais de acordo com o disposto no 3º do artigo 225 da CF/88. A declaração do Rio, elaborada da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD em 1992, determina em seu princípio 16 que: O poluidor deve, a princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comercio e os investimentos internacionais. 1.3.2 Competências De acordo com o artigo 23 da Carta Magna de 1988, é de competência comum da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios a proteção do meio ambiente, podendo

21 cada um dos entes federativos a fiscalizar e regulamentar conduta para adequada gestão dos resíduos em estudo. Ainda conforme o art. 30, 1º, V da CF/88, compete aos municípios organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, entre eles o gerenciamento de resíduos urbanos. 1.3.3 Política nacional do meio ambiente (PNMA) A lei nº 6.938/81, denominada como Política Nacional do Meio Ambiente, busca a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia a vida, visando assegurar condições de desenvolvimento sócio-econômico a interesse de todos. Para tanto, foi instituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) que representa o conjunto de órgãos, entidades e normas de todos os entes federativos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios responsáveis pela gestão ambiental, assim como os princípios e conceitos fundamentais para a proteção ambiental. Dentre os instrumentos de gestão ambiental que regulamentam o PNMA destacam-se: o licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras; o plano integrado de gerenciamento de RCC, a ser elaborado pelos Municípios e Distrito Federal, para incorporar o programa municipal de gerenciamento dos resíduos da construção civil; e projetos de gerenciamento de resíduos da construção civil. 1.3.4 Resolução CONAMA 307 e ABNT O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) pela resolução 307 de 2002 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais. Conforme o art. 4 desta resolução os geradores dos RCC deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, reutilização, a reciclagem e a destinação final, levando em conta que tais materiais não podem ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em bota-fora, em encostas, corpos d água, lotes vagos e em áreas protegidas por lei. Para tal exigência, cada Município e o Distrito Federal devem obrigatoriamente desenvolver e implantar o Plano de Gestão dos Resíduos da Construção Civil PGRCC.

22 Em síntese, o art. 11 estabelece um prazo máximo de dezoito meses para que os municípios e o Distrito Federal elaborem o PGRCC (contados a partir de 05 de julho de 2002) e para que deixem de fazer a disposição dos RCC em aterros domiciliares e áreas de bota-fora. Apesar deste preceito legal, percebe-se que este artigo não foi cumprido em boa parte dos municípios brasileiros. No Brasil, a ABNT vem trabalhando na normatização dos produtos gerados pela reciclagem dos resíduos da construção civil e já têm sido publicadas as seguintes normas: NBR 15115 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil Execução de camadas de pavimentação procedimentos. NBR 15116 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem fundação estrutural requisitos. 1.4 PRINCIPAIS IMPACTOS RELACIONADOS AOS RCC Todo processo construtivo gera resíduo, e todo resíduo gera impacto, seja ele positivo ou negativo. Este tópico tratará dos impactos causados pelos resíduos da construção civil no entorno e a importância que o setor da construção civil tem para a sociedade, e também, quais as principais medidas para redução desses impactos. 1.4.1 Impacto ambiental Por definição impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade. Estas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam variáveis relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas (SOARES, 2001). Todas as etapas do processo construtivo, como: extração da matéria-prima, produção de materiais, construção, utilização e demolição causam impactos ambientais que afetam diretamente ou indiretamente os seguintes aspectos: Saúde, segurança e o bem-estar da população; Atividades sociais e econômicas; Flora, fauna; - Condições estéticas e sanitárias do ambiente; Qualidade dos recursos naturais.