Plantações de eucalipto Povoamentos existentes Necessidades da indústria instalada

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Transcrição:

Plantações de eucalipto Povoamentos existentes Necessidades da indústria instalada João Lé A Floresta e a Crise Cenários e Consequências para a Biodiversidade Sociedade de Geografia Lisboa 23 de Abril de 2012 JL 1

O Desafio Tema 2 - Povoamentos de eucalipto Povoamentos existentes Caracterização espécies e propriedade; Necessidades e satisfação do abastecimento da produção instalada Valor acrescentado; Cenários de evolução: a) Zonas de aptidão e desenvolvimento de povoamentos; b) Transformação/crescimento da produção industrial; c) Satisfação das novas necessidades Povoamentos próprios e a pequena propriedade Ordenamento agro-florestal do território; d) Impactos e Medidas minimizadoras no quadro das alterações climáticas em curso; JL 2

Índice O eucalipto em Portugal A importância da indústria de celulose e papel a partir do eucalipto Necessidades da indústria Os desafios da gestão florestal Soluções para a mudança JL 3

O eucalipto em Portugal O eucalipto foi introduzido em Portugal há praticamente duzentos anos e no início do século XX começou a ser utilizado como matéria prima da indústria de celulose, pela primeira vez no mundo 1820 s: Eucalipto na Europa e em Portugal 1850 s: Primeiras plantações de eucalipto em Portugal; 1906: Ensaiada a produção, pela primeira vez no mundo, de pasta de eucalipto ao sulfito na Caima Pulp Company (Albergaria-a-Velha); 1926: Início da produção de pasta de eucalipto ao sulfito pela Caima 1954: Produzida pela primeira vez no mundo pasta de eucalipto ao sulfato na CPC Cacia (hoje é o standard mundial); JL 4

O eucalipto em Portugal A indústria vem reforçando as suas capacidades, aumentando o valor acrescentado na passagem da pasta para o papel e este século já investiu 2 mil milhões de euros 1960: Caima construiu a sua segunda fábrica em Constância; 1964: Arranque da Socel, em Setúbal; 1967: Inicio de actividade da Celbi, Figueira da Foz; 1974: Arranque da Celnorte (Viana do Castelo) 1984: Inicio de actividade da Soporcel (Figueira da Foz); 2000: Consolidação do grupo Portucel Soporcel e do grupo Altri JL 5

O eucalipto em Portugal A floresta portuguesa conheceu um decisivo incremento no início do século XX na sequência dos planos de fomento visando suportar uma indústria de serração e de celulose JL 6

O eucalipto em Portugal O incremento da área de eucalipto está intimamente relacionada com a produção de pasta para papel a partir desta espécie Fonte: Celpa JL 7

O eucalipto em Portugal A área de eucalipto é de 740 mil hectares e apresenta uma produtividade média muito baixa face ao potencial Segundo o IFN5 (DGF, 2005/06) Existem 740 mil ha de eucalipto em Portugal Continental com um volume associado de 38.6 milhões de m 3 (51,6 m 3 /ha) 50% da área e 60% do volume estão na região Centro A densidade média é de 424 arvores maiores que 5 cm de dap/ha (muito baixo!!!) 33% da área (10% do volume) tem menos de oito anos, 33% da área tem mais do que oito anos (50% do volume) e 33% da área tem idade irregular (40% do volume) AMA 6 m 3 /ha/ano (muito baixo!!!) JL 8

A importância da indústria de celulose e papel As indústrias de base florestal são responsáveis por 10% das exportações portuguesas de bens (42M ). Só a indústria de celulose e papel representa hoje 2.2 mil milhões de euros ( Milhões EUR) Portugal Madeira Cortiça Pasta e papel Mobiliário (Flor.) Total Percentagem das exportações totais 1,4% 1,9% 5,2% 1,1% 9,6% Fonte: INE, dados de Dezembro 2011 JL 9

A importância da indústria de celulose e papel As indústrias florestais são responsáveis por 140 mil postos de trabalho em Portugal JL 10

A importância da indústria de celulose e papel A indústria produz hoje mais de 2 milhões de toneladas de pasta para papel, processando mais de 6 milhões de m3 de madeira, ao mesmo tempo que produz 4.2% da electricidade em Portugal Volume de negócios de 2.2 mil milhões de euros; Produção de 2.1 milhões de toneladas de pasta de fibra virgem para papel Produção de 1.8 milhões de toneladas de papel de vários usos >3 mil colaboradores directos Transformação de 6.2 milhões m3 de madeira de eucalipto; Gestão directa de 205 mil hectares (199.8 mil hectares certificados pelo PEFC e 202.6 mil hectares pelo FSC) 20% de auto-abastecimento em madeira Produção de 4.2% da electricidade em Portugal Principal produtor de energia por cogeração (39% do total) JL 11

A importância da indústria de celulose e papel Esta indústria é hoje a primeira exportadora de valor acrescentado nacional JL 12

Necessidades da indústria A indústria enfrenta hoje um sério défice de abastecimento que é suprido com recurso a importações massivas que ascendem a 200 milhões de euros anuais 6.3 Mm3 8.3 Mm3 2.0 Mm3 Oferta Procura Défice JL 13

Necessidades da indústria Para além do défice a indústria tem a sua competividade ameaçada pelo elevadíssimo custo da matéria prima (75% acima do custo de produção no Brasil) JL 14

Necessidades da indústria O país precisa de adoptar urgentemente medidas para inverter esta situação de défice estrutural, pois temos potencial para produzir mais O eucaliptal não industrial está localizado maioritariamente em boas zonas de produtividade, regiões A e B da macrozonagem definida pela Portaria nº 528/89, de 11 de Julho: 79.4% em zonas A e B 14.5% em zonas C 6.1% em zonas D Produtividade média acima dos 10 m 3 /ha.ano apenas em zonas A e B Área de povoamentos sublotados significativa Mais de 20% dos povoamentos na zonas A e B com produtividade <4m3 Áreas sem gestão É urgente promover o aumento da oferta (exemplo para os próximos 15 anos): 1. Rejuvenescer os velhos eucaliptais, replantando a um ritmo de 20 mil ha por ano 2. Aumentar a área de eucalipto nas zonas de boa aptidão, arborizando a um ritmo de 15 mil ha por ano e saindo das zonas inaptas 3. Aumentar a produtividade média com recurso a boas práticas silvícolas (e.g. análises de solo) e material genético melhorado JL 15

Os desafios da gestão florestal O problema do mini-fúndio: mais de 400 000 proprietários florestais, 85% detém áreas florestais inferiores a 3 hectares. A região onde predomina a pequena propriedade é aquela onde existe maior área e maior produtividade para o eucalipto (Norte-Centro Oeste). Dimensão média da propriedade florestal (ha) Número de proprietários privados (#) < 3 ha 347277 85% 3-10 ha 34596 11-50 ha 20178 51-100 ha 2989 101-500 ha 3737 501-10000 ha 747 Total 409524 Fonte: DGF, 1999 Fonte: DGRF e Mendes, 2005 JL 16

Os desafios da gestão florestal O território florestal apresenta fragilidades e oportunidades FRAGILIDADES OPORTUNIDADES GESTÃO FLORESTAL INCIPIENTE FALTA DE ESCALA DESEQUILÍBRIO OFERTA/PROCURA EXPANSÃO FÍSICA DO RECURSO REESTRUTURAÇÃO FUNDIÁRIA MERCADOS E CONSUMIDORES DISPONÍVEIS JL 17

Os desafios da gestão florestal Esta indústria dispõe de vantagens competitivas, industriais e comerciais, mas é fundamental resolver a questão da gestão florestal, como uma consequência do mini-fúndio É urgente a eliminação dos estrangulamentos que estão a impedir maior desenvolvimento e mais emprego e que só dependem do País: Insuficiência de matéria-prima Fraca produtividade Desordenamento florestal Incêndios Legislação florestal inadequada (e organização da administração) Falta de investimento público em infra-estruturas florestais Deficientes incentivos ao investimento e à certificação, desalinhados com a contribuição de cada espécie para o VAN e para as exportações ZIFs sem capacidade de gestão florestal Falta de aproveitamento produtivo dos baldios e terrenos abandonados Mas é necessário começar por atacar o problema do MINI- FÚNDIO, cujo tecido social se alterou dramaticamente JL 18

Os desafios da gestão florestal É fundamental começar por reconhecer o problema do mini-fúndio e adoptar medidas para o ultrapassar Alguns exemplos: Promover aumentos de escala Associativismo ZIF s, se devidamente dotadas de capacidade de gestão por delegação dos proprietários aderentes Via legal, incentivando a agregação da propriedade rústica Implementando um sistema de cadastro simplificado, num primeiro momento Via fiscal, promovendo a tributação justa da propriedade rústica que indirectamente induzirá a colocação no mercado dos terrenos improdutivos/abandonados e reconhecendo as características particulares da actividade florestal (investimento de longo prazo) Sistema de incentivos para premiar os terrenos dedicados aos serviços dos ecossistemas (zonas de protecção e conservação), pagando a perda de rendimento na pequena propriedade JL 19

Os desafios da gestão florestal E podemos fazer tudo isto em harmonia com a defesa dos recursos naturais e sem impactes irreversíveis? Boas práticas Conhecimento I&D Certificação DFCI JL 20

Obrigado joao.paulo.le@gmail.com JL 21