1 DIREITO PENAL PONTO 1: Lei Penal no Espaço PONTO 2: Local do Crime PONTO 3:Eficácia da Lei Penal em Relação a Pessoas que exerçam certas funções públicas - Imunidades PONTO 4: Conflito Aparente de Normas 1. LEI PENAL NO ESPAÇO REGRA: PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA Relativizado pelas normas, regras e tratados internacionais. EXCEÇÕES: Demais princípios: A) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE/PERSONALIDADE se aplica a lei da nacionalidade do agente. Nacionalidade pode ser: a.1) Ativa aplica-se a lei da nacionalidade do agente qualquer que seja a nacionalidade da vítima. a.2) Passiva somente é aplicada a lei da nacionalidade do sujeito ativo se ele ofender bem jurídico do seu próprio país, ou de um co-cidadão. Discussão sobre o princípio da Personalidade Passiva: seria o único princípio que não está no CP. Nucci e Capez entendem que está no art. 7º, 3º do CP. B) PRINCÍPIO DA DEFESA, REAL OU PROTEÇÃO aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico ameaçado ou exposto a risco. C) JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL, COSMOPOLITA, UNIVERSALIDADE aplica-se a lei da nacionalidade do local em que se encontrar o agente. É muito utilizado em tratados internacionais de repressão ao tráfico. D) PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO, BANDEIRA OU PAVILHÃO - aplica-se a lei da nacionalidade do meio de transporte privado em que foi praticado o crime.
2 TERRITÓRIO NACIONAL pode ser: a) Efetivo, real ou concreto três hipóteses: a.1) a superfície terrestre (solo e subsolo). a.2) as águas territoriais, marítimas, lacustres e fluviais. a.3) o espaço aéreo correspondente. b) Ficto ou por Presunção as embarcações e as aeronaves por ficção legal. Sedes consulares e diplomáticas são invioláveis, mas não são extensão do território nacional. Aeronaves ou Embarcações brasileiras públicas aplica-se a lei brasileira em qualquer lugar. Aeronaves ou Embarcações brasileiras privadas aplica-se a lei do país onde se encontra. Aeronave ou Embarcação Militar aplica-se a lei do país a que pertencem, mesmo em território brasileiro. MAR TERRITORIAL Lei n. 8.617/93 Delimitado em 12 milhas incide a lei brasileira. ZONA CONTÍGUA de 12 a 24 milhas. ZONA DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA até 200 milhas. Na zona contígua e na zona de exploração econômica, aplica-se os princípios supletivos para aferição da competência. 2. LOCAL DO CRIME LOCUS DELICTI TEORIAS: 2.1 TEORIA DA ATIVIDADE, AÇÃO OU CONDUTA lugar do crime é o lugar onde foi cometida a conduta. 2.2. TEORIA DO RESULTADO, EFEITO OU EVENTO lugar do crime é o lugar da produção do resultado.
3 2.3 TEORIA DA UBIQUIDADE Teoria Mista ou Teoria da unidade lugar do crime é tanto o lugar da conduta quanto o da produção do resultado. tentativa. Art. 6º do CP adotou expressamente a Teoria da Ubiqüidade, mesmo no caso de CRÍTICA A UBIQUIDADE: o bis in idem. Afastado pelo art. 8º do CP é o PRINCÍPIO DA DETRAÇÃO PENAL. (art. 42 do CP). É compensada ou atenuada a pena de acordo com a natureza da mesma. Art. 8º do CP Ne bis in idem. Art. 9º do CP Só há necessidade de homologação pelo STJ nas hipóteses de: I obrigar o condenado à reparação do dano, a restituição e a outros efeitos civis; II sujeitá-lo a medida de segurança. EXTRATERRITORIALIDADE Art. 7º do CP é a aplicação da lei penal brasileira a fatos que não ocorreram dentro do território nacional. I EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA não há nenhuma condição para aplicar a lei brasileira, nem mesmo o ingresso no Brasil. Obs.: TPI (Tribunal Penal Internacional) criado pelo Estatuto de Roma, possui quatro frentes de atuação: a) crimes contra direitos humanos; b) crimes de guerra; c) crimes de genocídio; d) crimes de agressão ainda não definidos pelo TPI. O TPI foi ratificado pelo Dec. 4.388/02, acrescido na CF, no art. 5º, 4º da CF, por reflexo do art. 7º da ADCT. II EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA deve reunir todas as condições do 2º do art. 7º do CP. No CP há apenas duas hipóteses de requisição pelo Ministro da Justiça: art. 7º, 3º do CP; art. 141, I c/c art. 145, parágrafo único do CP.
4 3. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO A PESSOAS QUE EXERÇAM CERTAS FUNÇÕES PÚBLICAS - IMUNIDADES 3.1 IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS E CONSULARES Fundamento: Convenção de Genebra de 1961 e de 1963, ambas ratificadas. DIPLOMATAS no exercício das suas funções, não podem ser presos e nem processados no Brasil Imunidade Absoluta. Essa imunidade alcança: todo corpo administrativo, familiares e representantes estrangeiros quando em visita ao Brasil. Os empregados particulares do diplomata não estão abrangidos pela imunidade, pois não possuem função representativa. EMBAIXADAS não são extensão do território estrangeiro, mas são invioláveis. Quando embaixada não está sendo utilizada para o fim a que se destina (função representativa), não será inviolável Relativização da inviolabilidade das embaixadas. CÔNSULES Convenção de Genebra de 1963 Imunidade está ligada ao exercício da função. A imunidade não abrange: familiares, o cônsul honorário e o adido consular e funcionários particulares. 3.2 IMUNIDADES PARLAMENTARES Não é um direito subjetivo do parlamentar, é do parlamento. É irrenunciável. Vale enquanto for parlamentar. Súmula 4 do STF está cancelada. A) ABSOLUTAS, PENAIS, SUBSTANCIAIS OU MATERIAIS Art. 53, caput da CF Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. A manifestação pode ser escrita ou falada, dentro ou fora da casa. Limitação: deve ter ligação com a função de parlamentar. Imunidade não se estende ao suplente, só quando ele assumir o cargo. Natureza Jurídico Penal do Instituto: é causa de atipicidade, conforme posição majoritária.
5 B) RELATIVAS, FORMAIS OU PROCESSUAIS. Art. 53, 3º da CF Controle posterior pelo Legislativo, com possibilidade de sustação da ação penal. Art. 53, 1º da CF Privilégio de foro: processados pelo STF. Art. 53, 4º e 5º da CF Deliberação em 45 dias, com suspensão da prescrição. Súmula 394 do STF Cancelada. Art. 84 do CPP, 1º, acrescido pela Lei n. 10.628/02 tentativa de represtinar a súmula 394 do STF. ADI 2.797 e 2.860 declararam inconstitucional a Lei n. 10.628. Hoje: se deputado ou senador está sendo processado na comarca de origem, expedido o diploma, processo é remetido ao STF, não se reelegendo, processo baixa à comarca de origem. Deputados e Senadores não podem ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável art. 53, 2º da CF. No caso de prisão civil por alimentos, ele não pode ser preso, pois não é inafiançável. Art. 53, 6º e 8º da CF Deputados e Senadores não são obrigados a testemunhar e não perdem as imunidades durante o estado de sítio. DEPUTADOS ESTADUAIS - art. 27, 1º da CF. Todas as imunidades do deputados federais se estendem aos deputados estaduais. PREFEITOS Não possuem imunidade, art. 29, X da CF, possuem prerrogativa de foro. (TJ). VEREADORES art. 29, VIII da CF possuem imunidade penal, substancial e material por: opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. Ministério Público não precisa de autorização para denunciar vereadores pois é imunidade penal e não processual. ADVOGADO art. 133 da CF só terá eficácia plena com a Lei n. 8.906/94, art. 7º. STF entendeu que o art. 7º, 2º não é inconstitucional, mas suspendeu a expressão ou desacato. IMUNIDADE JUDICIÁRIA art. 142, I do CP Ofensas em juízo, na discussão da causa, para a maior parte dos autores é causa de exclusão da ilicitude.
6 4. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 4.1 Requisitos: a) pluralidade de normas; b) vigência contemporânea de todas elas; c) unidade de fato. Qual a diferença entre o conflito aparente de normas e o conflito de leis penais no tempo? No conflito aparente de normas todas as normas estão vigendo ao tempo do fato, e, no conflito de lei penais no tempo apenas uma das normas está vigendo ao tempo do fato. Qual a diferença entre concurso aparente de normas e o concurso de crimes? São expressões sinônimas, no primeiro, apenas uma das normas violadas será imposta ao agente ao passo que, no concurso de crimes, todas as normas violadas serão impostas ao agente. PRINCÍPIO DA SUCESSIVIDADE Lex posterior derogat priori esse princípio prejudica o concurso aparente de normas. Se lei posterior revogou ou ab-rogou a lei, não há conflito aparente de normas. 4.2 PRINCÍPIOS: A) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE Lex specialis derogat legi generali. Lei especial afasta a aplicação da lei geral. Lei especial contém todos os elementos da lei geral e ainda acrescenta outros: ELEMENTOS ESPECIALIZANTES. Cabe a aplicação de lei especial e geral entre crimes diversos, desde que ambos tutelem o mesmo bem jurídico. Ex: infanticídio (homicídio está incluso). B) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE Lex Primaria Derogat Legi Subsidiariae. Uma norma que prevê uma ofensa maior a um bem jurídico, afasta a aplicação de outra norma que prevê uma ofensa menor a esse mesmo bem jurídico. Expressão: Soldado de Reserva (Hungria).
7 Princípio da Subsidiariedade pode ser: B.1) Expresso ou Explícito a própria lei, formalmente já declara que só terá incidência se o fato não constituir crime mais grave. Ex: art. 132 do CP crime de perigo só incide se não houver crime mais grave. Outros exemplos: art. 238, 239, 307, 325 do CP; art. 21 e 46 da LCP. B.2) Tácita ou Implícita a norma subsidiária já funciona como elementar ou circunstância da norma mais grave. Ex: art. 163 e 155, 4 do CP; art. 163 e 250 do CP; art. 148 e 159 do CP; art. 158 e 159 do CP. DIFERENÇAS PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE Um tipo é espécie do outro. Um tipo não é espécie do outro. A relação em tipo geral e especial se dá em A relação entre a norma subsidiária e a mais abstrato. grave se dá em concreto. Aplica-se sempre a lei especial, mesmo que A norma subsidiária (menos grave) é sempre menos grave. afastada pela mais grave. especiais: Art. 12 do CP Trata do Princípio da Especialidade Especialidade entre lei Cabe homicídio qualificado privilegiado? Sim, desde que a qualificador tenha caráter objetivo (meios e modo de execução, em regra).