Direção de Produção/Região Florestal Norte A cultura do Eucalipto em Portugal Miguel Monteiro Grillo Forum Florestal Estratégias e Oportunidades de Valorização Florestal Santa Comba Dão, 08 de Dezembro 2015
O eucalipto em Portugal e sua evolução. Introduzido nos anos de 1850, provavelmente com fins ornamentais. Em 1870 ocorrem as primeiras plantações comerciais por parte da Companhia Real de Caminhos de Ferros, para a produção de travessas de apoio dos carris. Com a florestação das dunas do litoral (com sementeira de Pinheiro-bravo) nascem algumas plantações de eucalipto a titulo experimental. Mata Nacional do Urso, 1910
Primeiras plantações com fins industriais para a pasta de papel, realizadas pela Caima Pulp Company em 1926 (Albergaria-a-Velha).
A partir de meados de 1960, assiste-se a uma notória expansão da cultura do eucalipto com fins industriais, fruto do inicio de laboração de várias industrias de pasta de papel.
Ocupação do solo
A floresta de eucalipto nacional 812 mil hectares 39 milhões de metros cúbicos Dois principais proprietários Industrias de celulose (27 %) Outros proprietários privados (73 %) Método de gestão Curtas rotações de exploração (10-12 anos). Reflorestação após 2-3 rotações com intuito de aumentar potencial produtivo.
A fileira do eucalipto, a industria e seus impactes Pequeno numero de empresas tecnologicamente muito evoluídas. Grande numero de pequenas empresas com elevado impacto local. Produção de 2,5 milhões de toneladas de pasta de fibra virgem para papel e 2,1 milhões de papel de vários usos. Portugal é o 3º maior produtor europeu de pastas químicas e o 1º produtor europeu de papel fino de impressão. A industria consome cerca de 7 milhões de m3/ano de madeira de eucalipto. Representa cerca de 5,2 % das exportações nacionais. Gestão de mais de 210 000 ha de floresta certificada (FSC e/ou PEFC).
Distribuição do eucaliptal Pure Dominating Dominated Scattered trees Produtividades
A evolução da área de eucalipto está directamente relacionada com a produção de pasta para papel a partir desta espécie Desenvolvimento do processo de industrialização. Potencialidades de solos e clima do nosso território para a adaptação ecológica e fisiológica do eucalipto. Elevada produtividade do eucalipto e características tecnológicas adequadas à produção de pasta. A capacidade técnica (aperfeiçoamento dos processos de instalação dos povoamentos, produção de plantas em viveiro, preparação do solo).
Aumento das necessidades mundiais de papel e seus derivados
Necessidades de mais matéria prima (madeira)
Produtividade actual é 30% inferior ao potencial teórico O eucaliptal está localizado maioritariamente em boas zonas de aptidão (regiões A e B da macro zonagem definida pela Portaria nº 528/89, de 11 de Julho): 80% em zonas A e B 15% em zonas C 5% em zonas D Acréscimo Médio Anual (AMA) atual < 9 m3 sc/ha/ano (muito baixo!!!) A floresta de eucalipto encontra-se, no seu geral, pouco gerida, sub-lotada, envelhecida e pouco saudável: para além de todo um potencial económico, ambiental e social que se encontra desaproveitado, é uma vítima fácil de incêndios, de pragas e doenças.
Produtividade Florestal Potencial Fatores determinantes Radiação Níve CO2 is de Temperatura Prod Precipitação ução Realizável Fatores Limitantes Real Genéticos Fatores de Redução Nutrientes Pragas Água Preparação do terreno Tratamentos culturais Compasso Doenças Incêndios Geadas, secas e ventos
Produtividade Florestal Como aproximar a produtividade real da potencial? Fatores Genéticos Melhoramento e seleção Mais produção Qualidade do produto Resistência/tolerância a pragas e doenças e ambiente A AltriFlorestal tem o mais antigo programa de melhoramento genético de Eucalyptus globulus, iniciado em 1965 (fez 50 anos!)
Produtividade Florestal Como aproximar a produtividade real da potencial? Estratégia de produção de plantas Seminal - Famílias de Cruzamentos controlados, em pomares - Semente de povoamentos selecionados Clonal Clones puros de Eucalyptus globulus - Clones híbridos Os Viveiros do Furadouro (grupo ALTRI) produzem plantas de reconhecida qualidade, para venda interna e a particulares.
Produtividade Florestal Como aproximar a produtividade real da potencial? Nutrientes - Importância da adubação de instalação Sem adubação
Como aproximar a produtividade real da potencial? Preparação de terreno Fundamental manter e/ou melhorar a fertilidade do solo Optar por operações que mantenham os horizontes do solo e a matéria orgânica; que minimizem a compactação e erosão Exemplo da Altri Florestal Destroçamento dos cepos/toiças Gradagem incorporação dos restos de biomassa Ripagem ou subsolagem mobilizar o solo em profundidade 80cm Em situações de declive >30% - construção ou melhoria de socalcos
Preparação de terreno e genética Eucaliptal privado, ao lado do da Altri Florestal reviramento do solo do solo Eucaliptal Altri Florestal, com 2,5 anos de idade
Como aproximar a produtividade real da potencial? Tratamentos culturais Controlo de infestantes e invasoras O eucalipto é sensível à competição por infestantes e matos. É fundamental o controle desde a instalação - forte competição por água e nutrientes: Maior sobrevivência > maior uniformidade > maior produção Sacha e amontoa; gradagens; controlo químico
Como aproximar a produtividade real da potencial? Pragas Gorgulho do eucalipto Gonipterus platensis a altitudes > 400m, região centro/norte Controlo biológico vespa anaphes sp. Controle químico Calypso e EPIK Silvicultura gradagens; fertilização Melhoramento Genético seleção de material resistente e resiliente; procura de novas espécies Outros métodos em investigação
Eucaliptais com perda de produção significativa, devido ao Gonipterus
Como aproximar a produtividade real da potencial? Doenças Doença das folhas do eucalipto: Mycospharella Região litoral, temperaturas amenas e humidade elevada Folhas jovens do eucalipto Seleção material genético Silvicultura fertilização Em zonas de risco, dar preferência a materiais que mudem rapidamente para folha adulta, nomeadamente clones
Como aproximar a produtividade real da potencial? Geada / Seca Seleção material genético dar preferência a materiais que mudem rapidamente para folha adulta, nomeadamente clones; híbridos resistentes Silvicultura fertilização, boro; potássio
A ALTRI Florestal (grupo ALTRI) e a produção de eucalipto. 50%* Celbi Celtejo Caima Altri Florestal Pasta p/ papel Pasta p/ papel Pasta p/ papel Gestão florestal EDP Bioeléctrica Electricidade c/ base em biomassa * Em conjunto com a EDP
Celbi 685 mil toneladas, consumo de 1 780 000 m3 de madeira Caima 90 000 mil toneladas (pasta solúvel), consumo de 270 000 m3 de madeira Celtejo 220 mil toneladas, consumo de 615 000 m3 de madeira Mortágua 10 MVA, consumo de 110 mil toneladas BFR / ano Figueira da Foz 30 MVA, consumo de 370 mil toneladas BFR / ano Vila Velha de Ródão 13 MVA, consumo de 140 mil toneladas BFR / ano Constância 13 MVA, consumo de 140 mil toneladas BFR / ano
84 mil hectares sob gestão Altri 25 % de auto-abastecimento Produção centrada no Eucalyptus globulus Posicionamento estratégico Proximidade dos centros industriais Áreas de boa produtividade Crescimentos médios superiores a 10 m3/ha/ano eq. SC Grande aposta em I&D 50 anos de experiencia em I&D Certificação de gestão florestal sustentada FSC e PEFC Investimento anual de cerca de 7 000 000
Utilização actual Área (%) Eucalipto 79,7 Vegetação natural 6,6 Sobro e outros carvalhos 4,9 Pinheiro 4,1 Infra-estruturas 3,9 Agricultura 0,5 Outras florestas 0,3 Total 100
ALTRI Florestal no concelho de Santa Comba Dão e região envolvente.
Património sob gestão da ALTRI Florestal em Santa Comba Dão e região envolvente O concelho: Região com grandes potencialidades para a cultura de eucalipto. Apesar de ser das zonas de Portugal com melhores produções e com gestão ativa por parte dos proprietários, ainda existe bastante área muito abaixo do seu potencial produtivo. A Altri Florestal: 68 propriedades. 3571 ha de área total, dos quais 3130 ha dedicados à produção intensiva de eucalipto. Acréscimos Médios Anuais (AMA) de 14,3 m3/ha/ano.
Certificação Florestal A totalidade da área sob gestão da ALTRI Florestal (84 000 ha) está certificada FSC e PEFC (Gestão Florestal Sustentável). A certificação de Gestão Florestal Sustentável, assenta sobre os princípios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, social e económica. Para além da mais-valia na gestão, a certificação proporciona uma valorização da produção (madeira) para os proprietários com matas certificadas (bónus de certificação).
A ALTRI Florestal em parceria comercial com os proprietários rurais Contratos de gestão ou compra de madeira: Arrendamento para arborização (normalmente para um prazo de 24 anos, com uma renda pecuniária anual ou uma renda no final de cada corte, calculada com base no valor de uma percentagem da madeira produzida). Arrendamento com manutenção da floresta já instalada (com um prazo de 12 ou 24 anos, com renda nas condições e alternativas referidas na situação anterior). Contrato de Assistência Técnica (com um prazo a acordar, que prevê o acompanhamento técnico pela Altri Florestal e a prescrição das intervenções silvícolas a realizar pelo proprietário, assumindo a opção na compra da madeira).
Compra de madeira para corte diferido (contrato de compra de madeira, com a idade que tiver, preferencialmente com mais de 6 ou 7 anos, que define as condições em que se processará o corte e a valorização da madeira em pé, para pagamento ao proprietário). Compra de madeira para corte diferido com prestação de serviços (Contrato de compra da madeira futura, com definição da forma de valorização da madeira em pé, na altura do corte e, entretanto, com a realização de operações de silvicultura pela Altri Florestal, cujos custos são previamente definidos e com acerto de contas, eventualmente, no final do corte). Compra de madeira para corte imediato (contrato de compra de madeira em pé para corte imediato de matas com idade de explorabilidade). Todos os contratos carecem de uma avaliação prévia, em função dos seus custos, perspetivas de produção, riscos, etc.
Resumo A cultura intensiva (com fins industriais) de eucalipto em Portugal já tem mais 60 anos de tradição. A sua presença em larga escala é uma realidade, tendo alcançado a dimensão de principal espécie florestal do nosso território. A sua cultura, como quase tudo, tem vantagens e desvantagens => economia vs sociedade vs ambiente. A sua importância na economia nacional é inequívoca e estrategicamente crucial. O consumo mundial de papel e seus derivados está em continuo crescente, naturalmente acompanhando o aumento demográfico global. Havendo maiores necessidades de papel, naturalmente a industria necessita de maiores necessidades de madeira. A floresta de eucalipto nacional está abaixo da sua potencialidade produtiva.
Resumo (continuação) Deveremos planear, realizar e intervir de modo a maximizar a nossa produção (melhorias de gestão). Melhorias do material genético, técnicas de instalação, tratamentos culturais, controlo de pragas e demais intervenções, são fundamentais para o aumento produtivo. A floresta de produção é necessária e quando devidamente planeada e gerida é perfeitamente compatível com outros valores (proteção, conservação) e usos do solo. O concelho de Santa Comba Dão, tem um elevado potencial para a produção de eucalipto. A certificação florestal (Gestão Florestal Sustentável) é uma mais-valia de gestão e de valorização da produção. Quando gerida de forma responsável, a cultura do eucalipto é um caminho de valorização da propriedade rural e uma aposta com futuro.
Obrigado pela atenção!