Introdução ao Novo Testamento

Documentos relacionados
Curso de PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO I I Semestre de Professor: José Martins Júnior. Quartas-feiras. (11) (Whatsapp)

OS EVANGELHOS SINÓTICOS

Evangelhos e atos. Observações

Gr.Bíblico. Evangelho de. Nossa Senhora Conceição. São Marcos Ano litúrgico B

Introdução ao Novo Testamento I

Efésios 4: E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.

Curso de PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO II II Semestre de 2016 DE ATOS A APOCALIPSE. Professor: José Martins Júnior. (11) (Whatsapp Telegram)

O EVANGELHO DE JESUS CRISTO. Segundo: MARCOS, MATEUS, LUCAS e JOÃO

MESTRADO EM TEOLOGIA

Doutrina. a c e r c a d a : Breve Exposição das Principais Doutrinas Cristã - Introdução. Vidanova I G R E J A B A T I S T A

ESBOÇO DE AULA ASSUNTO: HERMENÊUTICA PARA PREGADORES. Roney Cozzer 1 TEXTO BÍBLICO BASE

Novo Comentário Bíblico São Jerônimo

MESTRADO EM TEOLOGIA

No contexto da fé cristã, a teologia não é o estudo de Deus como algo abstrato, mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Escritura.

Curso de PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO I I Semestre de 2017 DE GÊNESIS A ESTER. Professor: José Martins Júnior. (11) (Whatsapp Telegram)

JUSTIFICATIVA. OBJETIVOS Gerais: Capacitar expositores da Bíblia a utilizá-la de forma teológica e metodologicamente fundam Específicos:

ESCOLA DA FÉ Paróquia Santo Antonio do Pari Aula 7: Jesus, o Filho de Deus - 2ª parte.

Lição 13. HEBREUS, TIAGO e 1 PEDRO

Síntese do Novo Testamento (Curso de Formação Ministerial, 2014) Prof. Marco Aurélio Correa

PLANO DE ENSINO. Curso: TEOLOGIA. Ano: 2018 Período: 3º Semestre: 1º Horas: 72 Créditos: 04

Fundamentos Teológicos

Aula 7 : 22/Mar/2015. Te m a d a A u l a O Evangelho de João Proclamando Fé em Jesus como única fonte de salvação

Lição 1. A plenitude dos tempos 1 O mundo judaico

O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO. Jörg Garbers Ms. De Teologia

Você conhece a sua Bíblia?

Edição nº 01 Julho/ Agosto/ Setembro 2005

PARÓQUIA SANTA RITA DE CÁSSIA DIOCESE DE JUNDIAÍ

IV JORNADA BÍBLICO-TEOLÓGICA 2004

Devocional. Céus Abertos Pastor Carlito Paes

COPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ

Estudo sobre o evangelho de Marcos

Acesso ao Jesus da História

EDUCAÇÃO CRISTÃ E HERMENÊUTICA: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO

Lição 5 ATOS 1. Atos destinado a Teófilo período 63 d.c apóstolo Pedro apóstolo Paulo Atos do Espírito Santo que Jesus operou por meio da igreja

Copyright Construção do livro. Diagramação: Fernando Holanda. Projeto gráfico: Fernando Holanda. Capa: Fernando Holanda

Utilização do Nestle-Aland Novum Testamentum Graece (NA 27 )

Hoje falaremos de A BÍBLIA OUTROS NOMES FATOS E PARTICULARIDADES DA BÍBLIA

As Revelações do Apocalipse

Departamento de Teologia Programa de Pós-Graduação em Teologia Mestrado em Teologia Edital 2018

I NTRODUÇÃO À BÍ BLI A

A palavra Bíblia é de origem grega - τα βιβλια - e significa. os rolos, os livros.

Acesso ao Jesus da História ROSSI & KLINGBEIL

Atos dos apóstolos (1)

BIBLIOLOGIA IV Epístolas e Apocalipse. Prof. Eloi Pereira dos Santos Faesp Extensão Mairiporã

A história de Jesus Vida e Ministério

Introdução ao Antigo Testamento I

A CONFIABILIDADE E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS. Augustus Nicodemus Lopes

Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (Recife, 1982)

APÓCRIFOS LIVROS APÓCRIFOS. Aula 1 Introdução. Guilherme A. Wood. Guilherme Wood

VISÃO PANORÂMICA DA BÍBLIA

PREGAÇÃO CRISTÃ COM BASE EM TODOS OS TEXTOS DA BÍBLIA

A 2 3:18 PNEUMATOLOGIA

PREPARAÇÃO DA MISSA DE S. NUNO HISTÓRIA DO COLÉGIO ADVENTO E NATAL

E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É me dado todo o poder no céu e na terra.

Escola Ryle de Teologia. Grade Curricular 1º Ano

EBD Evangelho de Marcos Aula 01

Edson de Faria Francisco. São Bernardo do Campo, março de 2014.

3. Introdução do Livro Depois de ter estudado agora leia a introdução ao livro de Filemom que está no final da lição.

Uma igreja adoradora

Sumário. Prefácio... 13

Treinamento de Instrutores Bíblicos. Como Ensinar Doutrinas Básicas Adventistas

Quando a Bíblia é vista assim, ela parece um livro caído do céu. E aí, acaba negando a relação que a Bíblia tem com a história de um povo.

Quer estudar teologia com qualidade?

Panorama Bíblico O Pentateuco

Os Quatro Evangelhos

PARTE 2 - A PALAVRA NORMATIVA. O CÂNONE BÍBLICO

Paróquia de Nossa Senhora da Assunção - Cabo Frio

PARA NÃO ESQUECER. Blog IEBU:

Curso de Teologia Prof. Márcio Ruben. Capítulo 2. Esta matéria trata da Bíblia: Sua formação, seu desenvolvimento e seu fechamento.

NÚCLEO DE ESTUDO E PESQUISA DO EVANGELHO - NEPE

Introdução: as incertezas e os fatos

Bibliografia. Interpretação. O Texto Bíblico

LIÇÃO 1 A LEI E A ALIANÇA Êxodo 19

Guia de Jornada Cristã

SUMÁRIO INTRODUÇÃO. A revelação A. A revelação em geral B. A revelação geral C. A revelação especial... 30

EVANGELISMO. Por Evaristo Filho. SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BÍBLICO SETEB Global

APÓCRIFOS LIVROS APÓCRIFOS. Aula 4 Canônicos e Apócrifos do Novo Testamento. Guilherme A. Wood. Guilherme Wood

LIÇÃO 11 DESPERTEMOS PARA A VINDA DE UM GRANDE REI

Iniciação. Seminário Teológico e de Treinamento Unida. Curso de Iniciação Teológica. Investimento*

Jesus, um mero homem? Jesus, um outro mártir? Jesus, um líder religioso? Jesus, um mistério? Jesus, um simples mestre?

LIÇÃO 3 - O CRESCIMENTO DO REINO DE DEUS PROF. LUCAS NETO

Escola Bíblica Dominical. Lição 01. Introdução à carta. Pb. Rodrigo da Silva Gomes 22/03/2015

Teorias da Inspiração da Bíblia

O CAMINHO. O PODER DE UMA METÁFORA : Jo 14.6

Noções Gerais sobre a Bíblia Parte 2 Novo Testamento. Curso Aprendizes do Evangelho Aula 3

A 2 3:18 PNEUMATOLOGIA

LIÇÃO 3 - O DIA DO SENHOR. Prof. Lucas Neto

A 2 3:18 PNEUMATOLOGIA

DEUS NÃO SERVE PARA NADA!

LÚCIO ADRIANO MACHADO DE SOUZA GLEISON OLIVEIRA CAVALHEIRO. DONS ESPIRITUAIS Palavra de Sabedoria e Conhecimento

Nova Estrutura do Curso: Avisos

Patriarcado de Lisboa JUAN AMBROSIO / PAULO PAIVA 1º SEMESTRE ANO LETIVO Instituto Diocesano da Formação Cristã

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA IGREJA

LIÇÃO 10 ÉTICA CRISTÃ E VIDA FINANCEIRA. Prof. Lucas Neto

Catequese Paroquial e CNE Escutismo Católico Português

Os Pães da Proposição

II TRI LIÇÃO 1. evange ho LUCAS A PRIMEIRA VINDA DE JESUS

Utilização do BibleWorks NA 27

O SALVO E SEU RELACIONAMENTO COM A IGREJA

A REVELAÇÃO E A MISSÃO DE DEUS (MISSIO DEI)

Transcrição:

Introdução ao Novo Testamento Prof. Roney Ricardo roneycozzer@hotmail.com Site Teologia & Discernimento

A Autoridade do Novo Testamento Em Jesus, os primeiros cristãos tinham descoberto a realidade para a qual apontavam as sombras do AT. Eles perceberam que estavam vivendo na era do cumprimento, e olhavam para os séculos anteriores como os séculos. HOWLEY, G.C.D. in: BRUCE, 2008, p. 1383.

A Autoridade do Novo Testamento Mas, na verdade, o teólogo cristão, ao reconhecer a autoridade da Bíblia no seu testemunho da revelação de Deus, precisa tanto reconhecer a fé do AT como revelação do único Deus da adoração cristã como, também, tratar o AT como algo inerentemente incompleto, com a chave da sua própria compreensão não contida em si mesmo, de forma que o seu real significado se torna claro somente em Jesus Cristo. HOWLEY, G.C.D. in: BRUCE, 2008, p. 1384.

A Autoridade do Novo Testamento Se o judaísmo havia reverenciado os escritos de Moisés, não é de surpreender que os cristãos dessem importância suprema às palavras de alguém infinitamente maior do que Moisés; nem que, quando suas palavras haviam sido registradas de forma escrita, eles dessem alto valor a esses registros... Num sentido muito real, então, as palavras e obras de Jesus Cristo estão diretamente por trás dos escritos dos livros do NT. HOWLEY, G.C.D. in: BRUCE, 2008, p. 1384.

A Autoridade do Novo Testamento Na medida em que estamos em condições de comparar esses escritos do cânon original com os seus concorrentes, especialmente com aqueles que depois foram excluídos, não pode haver dúvida de que, como um todo, eles estão, em termos espirituais, intelectuais e estéticos, em um nível completamente superior... Quanto aos outros [os que foram excluídos], faltava-lhes aquela marca direta e imediata de autoridade própria, e, como tem sido dito muitas vezes, ninguém os excluiu do corpo de escritos do NT; eles mesmos se excluíram. HOWLEY, G.C.D. in: BRUCE, 2008, p. 1385.

A Autoridade do Novo Testamento A palavra testamento entra na nossa Bíblia em português vinda do latim testamentum, que significa aliança ou testamento, enquanto o termo grego diatheke tem os mesmos significados. HOWLEY, G.C.D. in: BRUCE, 2008, p. 1385.

A palavra sinóticos é usada em referência aos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Vem do grego synoptikos, que por sua vez deriva de synopsis, formada de syn ( com ) e opsis ( vista ). No sentido teológico, assumiu o sentido de ver em conjunto. Cf. CHAMPLIN, vol. 1, 2002, p. 174.

O plano nos três primeiros evangelhos é tão semelhante, que se pode copiá-los sobre três colunas e fazer uma leitura paralela de um só golpe de vista: daí seu nome de evangelhos Sinóticos. Este termo, usado pela primeira vez no século XVIII por Griesbach, deriva do grego synoráo, que significa: ver junto, ver sob o mesmo ângulo. CULLMANN, 2001, p. 16.

Desde os primeiros anos, após sua produção, sempre se reconheceu que os três evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas, são mui similares em conteúdo e apresentação. Essa semelhança aparece não só no plano geral da narrativa histórica e dos ensinamentos, mas até nos termos escolhidos para expressar essas coisas. É quase impossível evitar a conclusão de que houve um empréstimo de uns aos outros, ou, pelo menos, de fontes informativas comuns. CHAMPLIN, vol. 1, 2002, p. 174.

Conforme explica Champlin, existem algumas teorias sobre as origens dos sinóticos. Vejamos: 1. A teoria do não-documento, que rejeita a ideia de qualquer fonte comum; os evangelistas teriam produzido seus materiais independentemente uns dos outros, somente a partir do que viram. 2. A teoria do documento único, que afirma que os evangelistas escreveram a partir de um documento único, escrito ou da tradição oral, e a partir daí adicionando seus próprios materiais e daí surgiram as diferenças.

3. A teoria dos dois documentos, que crê ser Marcos o mais antigo e que, além dele, Mateus e Lucas teriam recorrido a uma segunda fonte: a assim chamada Fonte Q. 4. A teoria dos quatro documentos, que admite que é possível haver mais de quatro fontes informativas, embora tente identificar quatro fontes informativas, a saber: 1) o Protomarcos, 2) M tradição da Igreja de Antioquia, 3) A fonte Q e 4) a Fonte L. Cf. CHAMPLIN, vol. 1, 2002, pp. 174-77.

EVANGELHOS SINÓTICOS MATEUS MARCOS LUCAS 85% DE MATERIAL EM COMUM

Alguns dados importantes para se entender a discussão: Marcos contém 661 versículos, dos quais aproximadamente 80% são reproduzidos em Mateus e cerca de 65% em Lucas (Comentário Bíblico São Jerônimo, 2011, p. 50). A fonte Q seria constituída de 250 versículos (CHAMPLIN, vol. 1, 2002, p 175). Existem as chamadas matérias M (conteúdos exclusivos de Mateus) e L (conteúdos exclusivos de Lucas) (idem).

Alguns dados importantes para se entender a discussão: A fonte informativa M consiste de mais de 300 versículos, que corresponde a uma terça parte da totalidade do volume do evangelho de Mateus (idem). A fonte informativa L corresponde a cerca de 40% do volume total de Lucas (idem). A assim chamada fonte Q corresponde a um grupo de 250 a 300 versículos comuns a Mateus e Lucas e que não constam em Marcos.

Alguns dados importantes para se entender a discussão: Tendo em vista que Mateus e Lucas usaram Marcos como fonte, de modo que dos 661 versículos que constituem o livro de Marcos, Mateus usou 600 e Lucas incorporou cerca de 60% de Marcos em seu evangelho, podemos supor que Mateus e Lucas mantêm certa independência um do outro. Mateus não traz em sua narrativa 16 parábolas e material de cunho histórico que consta em Lucas, e Lucas não traz dez parábolas e três milagres registrados por Mateus, além de outras narrativas importantes. Concluímos com isso, que de fato Mateus e Lucas recorreram a Marcos e a fonte Q (cf. op. cit. p. 176).

Alguns dados importantes para se entender a discussão: Tradição Tripla: corresponde ao material de Marcos se encontra nos três evangelhos sinóticos. Tradição Dupla: o material que não consta em Marcos e que estão em Mateus e Lucas (220 versículos). A tradição dupla, conforme a teoria das duas fontes, dependeria, assim, da fonte Q. (Comentário Bíblico São Jerônimo, 2011, p. 50).

Referências BRUCE, F.F. (org.). Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Trad.: Valdemar Kroker. São Paulo: Editora Vida, 2008. CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado: versículo por versículo. vol. 1. São Paulo: Hagnos, 2002. BROWN, Raymond E. FITZMYER, Joseph A. MURPHY. Roland E. (edit.). Novo Comentário Bíblico São Jerônimo: Novo Testamento e artigos sistemáticos. Trad.: Celso Eronides Fernandes. Santo Andre (SP): Academia Crista; São Paulo: Paulus, 2011. CULLMANN, Oscar. A formação do Novo Testamento. Trad.: Bertoldo Weber. 7 ed. rev. São Leopoldo: Sinodal, 2001.

REFERÊNCIAS PESSOAIS Professor Roney Ricardo serve a Deus e a igreja como presbítero, é graduado em Teologia, Psicanalista Clínico, licenciado em História e Pedagogia, pós-graduado em Metodologia do Ensino da História e Geografia, Psicopedagogo, mestrando intra corpus em Teologia Histórica, pós-graduando em Gestão e Docência do Ensino a Distância e aluno no Curso de Extensão Universitária "Iniciação Teológica" da PUC-RJ. Contatos: Email: roneycozzer@hotmail.com