CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO - CEPEAD NÚCLEO DE MARKETING E ESTRATÉGIA CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA A GERAÇÃO DE CONHECIMENTO EM LISTAS DE DISCUSSÃO NA INTERNET BELO HORIZONTE, MG JULHO DE 2001

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO NÚCLEO DE MARKETING E ESTRATÉGIA CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA A GERAÇÃO DE CONHECIMENTO EM LISTAS DE DISCUSSÃO NA INTERNET Área de Concentração: MERCADOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA PARTICIPANTES: CARLOS ALBERTO GONÇALVES Professor Coordenador PhD ANDRÉIA CÁSSIA DE MOURA Colaboradora LETÍCIA GOMES MAIA Bolsista I.C. MARILENA MARKUS Bolsista I.C. BELO HORIZONTE, MG JULHO DE 2001 II

AGRADECIMENTOS Ao CNPq pelo apoio financeiro à Pesquisa. Ao CEPEAD e CAD/UFMG pelo apoio ao desenvolvimento do projeto. Ao orientador e aos colaboradores do projeto: Professor Carlos Alberto Gonçalves, PHD, Andréia Cássia Moura, Alexandre I. Moura e ao Professor Marco Aurélio Rodrigues. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a execução deste trabalho III

APRESENTAÇÃO Em 1969 a Advanced Research Projects Agency (ARPA), do Departamento de Defesa dos EUA criou uma rede de interligação dos computadores para compatibilizar a comunicação e transmissão de dados entre todos os computadores de maneira igualitária. E em 1986, os departamentos de ciência da computação das universidades foram interligados da mesma forma, interligando pesquisadores e universitários. A origem da tecnologia da Internet remota à interligação destas duas redes, e desde o seu advento no final da década de 80, a Internet interligou cientistas e educadores, permitindo o compartilhamento e reunião de informações e trabalhos, propagando e gerando conhecimento apesar da distância. Contudo, a Internet só se consolidou como a tecnologia conhecida hoje após o advento da World Wide Web, em 1993, ficando até então, mais restrita ao ambiente científico. A World Wide Web introduziu a possibilidade de se montar sites interativos, que combinam sons, imagens, textos e vídeos, expandindo o seu uso comercial, e se popularizando, por consequência. A introdução da Internet no cotidiano das pessoas adveio da sua crescente utilização para publicação de páginas Web e delineou uma nova forma de interação, à medida em que a nova tecnologia foi sendo assimilada. As listas de discussão como uma aplicação da Internet ágil e rápida, constituída por meio do e-mail, passou a ser utilizada freqüentemente por um amplo número de indivíduos. Elas possibilitam a congregação de pessoas com o objetivo de discutir um determinado tema, em geral se tratando de especialistas ou pessoas envolvidas diretamente com o tema em questão. Algumas listas de discussão possuem rigorosos processos de seleção para admitir seus participantes, delineando e limitando o conhecimento intrínseco à discussão, ficando mais restritas, desta forma, ao ambiente acadêmico. Por outro lado, há listas que não selecionam seus participantes, sendo abertas à quaisquer pessoas que se interessem. IV

A democratização da informação nestas listas pode se tornar um instrumento estratégico para a gestão do conhecimento nas empresas, que atualmente se utilizam de técnicas como focus group, reuniões ou congressos como suporte no gerenciamento do capital intelectual. A pesquisa sobre a natureza dos discursos e relacionamentos estabelecidos em uma lista de discussão aberta poderá revelar novas formas sociais de transmissão e geração do conhecimento, as quais se pretende investigar. V

RESUMO A emergência das empresas em administrar valores como informação, conhecimento, experiência e criatividade fez com que as corporações modernas investissem em estratégias para o gerenciamento do seu capital intelectual. Nesse contexto, as listas de discussão na Internet favorecem um ambiente interativo para que, a partir de troca de informações, conhecimentos possam ser gerados para uma determinada comunidade. A pesquisa tem por objetivo, então, responder às seguintes perguntas: a) Como se dá a geração de conhecimento numa lista de discussão? b) Como as listas de discussão podem servir de instrumentos de suporte ao gerenciamento do capital intelectual nas empresas? Para atingir esse objetivo, foram selecionados discursos de uma lista de discussão sobre marketing classificados em trinta assuntos diferentes relacionados à atividade em questão e, através da Análise do Discurso, levantou-se as variáveis lingüísticas que classificaram os discursos quanto ao nível de interatividade e de argumentação, importantes para definir o grau de conhecimento gerado nas discussões. VI

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Comunicação da Fonte ao Receptor 10 VII

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS...III APRESENTAÇÃO... IV RESUMO... VI LISTA DE FIGURAS...VII SUMÁRIO... 8 INTRODUÇÃO... 9 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA... 10 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS DO PROJETO... 13 REFERENCIAL TEÓRICO... 14 INTRODUÇÃO - ADMINISTRAÇÃO E PROJETO DE LISTAS DE DISCUSSÃO... 14 CONTEXTO DA LINGÜISTICA NAS LISTAS DE DISCUSSÃO... 21 RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA ANÁLISE DO DISCURSO... 23 Primeira fase da Análise do Discurso... 23 Segunda fase da Análise do Discurso... 26 Terceira fase da Análise do Discurso... 27 VARIÁVEIS DO DISCURSO INTERATIVO E TEÓRICO-INTERATIVO A SEREM CONSIDERADAS... 37 Discurso Interativo... 37 Discurso Teórico-Interativo... 37 ANÁLISE DO DISCURSO PARA ESTUDO DAS LISTAS DE DISCUSSÃO... 38 Cibercultura e contexto social... 40 Inteligência coletiva e cibercultura... 41 METODOLOGIA E DISCUSSÃO... 44 RESULTADOS... 47 Não Reticulares... 98 CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES... 101 A GERAÇÃO DE CONHECIMENTO NA INTERNET... 101 LISTAS DE DISCUSSÃO COMO SUPORTE AO GERENCIAMENTO DO CAPITAL INTELECTUAL DAS EMPRESAS.. 106 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 108 VIII

INTRODUÇÃO As constantes mudanças ocorridas na comunidade gerencial, em função de novas tecnologias informacionais, conduziram as empresas à busca por um diferencial competitivo sustentável para manutenção ou expansão de seus mercados. A sobrevivência das organizações passou, então, a depender do conhecimento subjacente em rotinas e práticas da empresa, como sendo o principal foco de um mundo competitivo globalizado. Nesse sentido, as listas de discussão na Internet são um importante suporte para a geração de conhecimento e a troca de e-mails um valioso recurso no gerenciamento deste conhecimento. Segundo TERI ROBINSON (2001): Os fornecedores não estão adornando o e-mail com um conjunto esplendoroso de recursos só para torná-lo uma ferramenta de marketing mais poderosa. Algumas empresas oferecem produtos que o transformam ao mesmo tempo em um coletor e um provedor de conhecimento. Apesar de adotarem abordagens diferentes, todos dão vigor ao e-mail tradicional e impulsionam a capacidade de KM 1 de uma organização. Uma das falhas das estratégias de KM dispendiosas tem sido demandar que os funcionários participem não só compartilhando, mas também buscando conhecimento. Porém, o e-mail pode minimizar o problema indo ao encontro dos usuários, descobrindo dados relevantes, agregando e classificando as informações e depois oferecendo-as a quem procura informações. 1 KM Knowledge Management (Gestão do Conhecimento) 9

COLOCAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA Em meados dos anos 60, as organizações utilizavam muito de memorandos, serviços de telégrafos, telegramas e correios para mensagens externas. Embora o telefone permita que as pessoas transmitam mensagens verbais instantaneamente, só muito recentemente essa mesma velocidade tornou-se disponível para a palavra escrita. Hoje, é possível se transmitir as comunicações escritas com a mesma velocidade do telefone. O telefone e as outras formas de comunicação permitem uma interação relativamente ágil, embora limitada a um determinado número de pessoas. No caso do telefone, por exemplo, a fonte está limitada na maior parte das vezes a um indivíduo, e o receptor em geral é um só também. FONTE RECEPTOR Figura 1 Comunicação da Fonte ao Receptor O e-mail introduz a possibilidade de comunicação todos todos, onde pessoas comunicam-se entre si, sem necessariamente precisarem se conhecer. Nas listas de discussão, o objeto aglutinador das pessoas é o conhecimento em torno do qual se reúnem para discutir. 10

Quando um participante envia um e-mail para a lista de discussão, aquela mensagem escrita é enviada automaticamente para todos os assinantes do grupo, que podem apenas receber ou discutir, responder. Figura 2 Comunicação Todos - Todos No universo corporativo, a comunicação se realiza através de várias vias, sejam elas formais ou informais. A comunicação desempenha a função de facilitar a tomada de decisão e de propagar informação, podendo resultar em geração de conhecimento. O e-mail emergiu dessa realidade como uma forma de comunicação informal entre empresas ou dentro das empresas. Segundo DAVENPORT, (1998): (...) dentro das empresas, o conhecimento é gerado também pelas redes informais e auto - organizadas, as quais podem tornar-se mais formalizadas com o tempo. Comunidades de possuidores do conhecimento acabam se aglutinando motivados por interesses comuns, e em geral conversam pessoalmente, por telefone, e pelo correio eletrônico e groupware para compartilhar o conhecimento e resolver problemas em conjunto. Nesse sentido, vislumbramos a possibilidade de analisar redes de conhecimento on-line via Internet nas quais profissionais de várias áreas de conhecimento podem trocar idéias, discutir temas relevantes em suas áreas de interesse, conhecidas como listas de discussão, ou grupos de e-mail, composta por profissionais na área de mercadologia. 11

As listas de discussão são uma aplicação de correio eletrônico muito utilizada para troca de informações entre grupos e foi desenvolvida logo depois que a Internet foi criada, no final da década de 80, pelos cientistas que a utilizavam através de um programa que aceitava "assinaturas" dos interessados em determinado tema e que enviava as mensagens de todos para todos. As listas de discussão podem ser usadas para reuniões, como instrumento de marketing institucional, como maneira de propagação de boletins informativos, ou ainda como instrumento de planejamento de eventos sociais. As listas de discussão seriam, portanto, uma forma de comunicação informal que se origina da reunião de determinadas pessoas possuidoras do conhecimento específico a um tema, com a finalidade de discuti-lo. A partir desta reunião de pessoas em torno de um tema, decorrerá a interação, da qual pode resultar em transmissão ou geração de conhecimento. No decorrer dos estudos sobre o processo de transmissão e de geração de conhecimento, surgiram os seguintes problemas de pesquisa: A. Como se dá a geração de conhecimento numa lista de discussão? B. Como as listas de discussão podem servir de suporte ao gerenciamento do capital intelectual das empresas? 12

OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS DO PROJETO Esse projeto de pesquisa pretende, como objetivo geral, analisar como se dá a geração de conhecimento no ambiente virtual na forma de listas de discussão com ênfase em Marketing, e de que maneira as empresas poderiam utilizá-las como instrumento de suporte ao gerenciamento do capital intelectual. Esses ambientes de discussão possibilitarão a troca de experiências, a obtenção de informações e a geração de conhecimento por parte de gerentes atuantes na área de marketing do mercado corporativo conduzindo à formação de redes de conhecimento e ao desenvolvimento da pesquisa. Desta forma, como objetivo complementar, serão levantados o comportamento e as opiniões dos gerentes de marketing diante da lista de discussão e ainda informações sobre quais são as principais contribuições da lista de discussão para a gestão de conhecimento. Com a finalidade de analisar o processo de geração de conhecimento nas listas de discussão, a pesquisa possui alguns objetivos específicos e complementares, dentre eles: I. Observar as técnicas de administração e funcionamento das listas de discussão II. Analisar quais seriam as variáveis de natureza lingüística que influenciariam o processo de transferência, de propagação das informações e de laboração do conteúdo, como fenômenos desencadeadores do conhecimento. III. Observar a freqüência dos fenômenos desencadeadores do conhecimento e procurar relacioná-la de maneira causal com o conhecimento. 13

REFERENCIAL TEÓRICO Introdução - Administração e projeto de listas de discussão As atividades de um administrador de listas de discussão são das mais diversas, sendo que a atividade de administrar uma delas significa, antes de tudo, planejamento e conhecimento das necessidades do grupo de participantes e dos objetivos pretendidos pelos idealizadores do projeto. Para manter a harmonia no grupo, o seu bom funcionamento e para evitar conflitos, o administrador precisará conhecer as características técnicas e sociais deste tipo de rede de conhecimento na Internet. Algumas listas são bastante simples de serem administrados enquanto outras são complexas em sua administração - tudo depende do número de usuários e das configurações escolhidas durante o projeto e planejamento das necessidades, do propósito e intenções gerais. Pode-se optar por um rápido crescimento do grupo, fazendo com que qualquer pessoa possa assinar a lista e fazer parte dela sem a prévia autorização de um administrador. Isto significa que não se tem controle sobre quem irá participar, mas é a opção ideal para atrair novas pessoas e debater sobre assuntos diversos. Ao contrário da opção anterior, pode-se optar pela necessidade de prévia autorização do administrador para fazer parte do grupo - esta solicitação pode ser realizada através de e-mail ou pelo Website. É a melhor solução quando se deseja controlar o crescimento do grupo. O administrador da lista de discussão deverá optar se deseja ter o controle dos assuntos discutidos, podendo para esta finalidade, atuar diretamente na limitação de envio dos participantes. A moderação de mensagens possibilita aos administradores permitir ou não o envio de mensagens à lista de discussão, funcionando como uma censura, restrição ao conteúdo das mensagens. Para que uma lista de discussão seja moderada, é necessário que exista uma pessoa dedicada à administração da lista, empenhada em seu sucesso, que irá, ao 14

receber cada mensagem, autorizar ou não o envio da mesma para a lista. O administrador também determina a aceitação de inscrição de usuários, assim que eles submetem pedido de afiliação, e ainda tem a opção de determinar as opções de configuração da lista mais avançadas. A demora na aprovação ou reprovação de mensagens pode atrasar discussões e impedir a propagação de informações em ritmo natural. Mesmo em listas de discussão de envio de mensagens não moderado é possível optar por moderar apenas um participante. Assim, é possível analisar o comportamento do novo membro antes de permitir que ele envie mensagens livremente à lista. Para esta opção é preciso alterar posteriormente as configurações nas assinaturas destes novos membros. Um aspecto fundamental a se considerar diz respeito a quem irá participar das discussões. Pode-se ainda evitar que pessoas que não pertençam ao grupo tenham a possibilidade de se reportar aos seus membros, assim como pode-se configurar para que apenas os administradores da lista enviem as mensagens: Esta opção bloqueia praticamente qualquer tipo de mensagem enviada à lista - apenas os moderadores podem enviar mensagens para a mesma. É o ideal para grupos estritamente fechados ou mala-direta. Embora a fase de planejamento das características da lista seja uma fase imprescindível, o papel essencial do administrador é facilitar a utilização da mesma para o participante, auxiliando-o e sanando eventuais problemas, de forma que o assinante que inicia a participação em uma lista possa ter a certeza de que esta lista não irá lhe proporcionar muito desgaste pelo alto número de e-mails, ou o recebimento de e-mails não autorizados, prática conhecida como SPAM. Para evitar o SPAM, o administrador da lista pode optar por ocultar alguns caracteres dos e-mails dos participantes, uma vez que, conforme as configurações do grupo, outras pessoas poderão ter acesso à lista de membros, e nada impedirá que estas pessoas copiem os endereços de e-mail com a finalidade de utilizá-los, se eles não estiverem obscurecidos. Outra atitude recomendável é de que qualquer um que 15

seja incluído ou convidado para participar de uma lista receba uma mensagem de notificação que inclua endereços de e-mail para relatar abuso de correio nãoautorizado. O assinante da lista também pode optar por receber todas as mensagens individuais, ao momento de seu envio por parte do remetente, ou por receber em seu correio eletrônico um agrupamento de todas as mensagens do dia em apenas uma mensagem diária. O assinante pode ainda optar por não receber mensagens sobre a lista em seu e-mail, e apenas ter acesso a elas através do Website onde a lista está hospedada. Mas o SPAM não é a única prática que pode vir a impedir um usuário de se cadastrar a uma lista. O Mail-Bomb é outro exemplo e ocorre quando um usuário envia uma série de mensagens seguidamente para um endereço de e-mail lotando as caixas postais de todos. Uma solução é desabilitar o envio ou forçar a moderação de mensagens do usuário em questão. Podem ocorrer ainda conflitos entre os participantes da lista de discussão, e neste caso, cada um possui uma forma particular de solucioná-los. O ideal é que o administrador interfira de modo imparcial e verifique os fatos e as circunstâncias que geraram o conflito e, ao invés de tentar encontrar um culpado, procure promover a solução por consenso de ambas as partes. As formas corretas para divulgar, e manter, a lista na Internet constituem sua política de marketing, mas também as atitudes erradas, porque estas também formam uma imagem da lista na mente do usuário, embora negativa. Há por exemplo, uma opção ao adicionar membros que os insere diretamente, mas que deve ser usada somente quando já se tem aprovação do membro para participar do grupo (por exemplo: entre funcionários que já autorizaram em uma reunião). Pessoas que são inseridas diretamente em listas e passam a receber as mensagens sem aviso prévio, raramente gostam. 16

A melhor estratégia de expansão do número de usuários é convidar amigos e colegas ou pessoas de mesmo interesse ou grupo social, ou divulgar a lista na Webpage da empresa, ou Webpage relacionada ao assunto. Fazer SPAM (mandar inúmeras mensagens para vários e-mails pedindo para as pessoas participarem do grupo) então, está fora de questão, normalmente as pessoas se sentem agredidas ao receberem e-mails com propaganda de estranhos. A verificação do tipo de e-mail que é enviado ao grupo antes de enviar as mensagens funciona como um termômetro: piadas e imagens impróprias, mensagens de "correntes", SPAM de qualquer tipo, etc. podem não ser bem recebidos no grupo e podem ser evitadas previamente, assim como o tamanho das mensagens: várias pessoas não gostam de receber e-mails com grandes imagens de fundo ou arquivos atachados; O fluxo de mensagens do grupo é outro fator que deve ser monitorado pelo administrador: se os membros do grupo enviam uma mensagem por dia cada um, não é aconselhável que se envie dez mensagens por dia, por exemplo. As listas de discussão podem conjugar em um meio de comunicação a informalidade da discussão e associação livre, com a formalidade da forma escrita de expressão, similar a pequenos artigos de revistas especializadas, se optar por delimitar o assunto e não moderar as mensagens. Escrever é um ato formal de comunicação quando se está diante de leitores abstratos, potenciais. Nas listas de discussão os processos de leitura e escrita acontecem quase no mesmo movimento: os leitores da lista são também seus autores de forma que aí nada é abstrato; conhece-se, quem é quem, o que torna a comunicação a um só tempo direta e indireta. Direta no sentido em que um clique do mouse coloca todos os participantes da lista em contato com a mensagem; por isso mesmo, não se diz tudo o que é pertinente ao tema, especialmente se se tem pontos de vista discordantes: comunicação indireta, portanto. A diferença é que essa conversa ou comunicação ou interação, no caso das listas de discussão são sempre referentes a um tema específico que dá inclusive nome à lista. A especificidade das listas de versarem 17

sempre sobre um tema particular que as coloca como "discussão" teórica ou técnica não destipifica a discussão. Essas colocações confirmam o questionamento proposto por (Araújo & Freire 1996) se a Internet é um canal formal de comunicação informal condensa, talvez, os dois importantes aspectos da rede, repositório e comunicação. Esta dupla função da Internet de repositório e comunicação, permite ligação entre pessoas de forma livre (nos chamados chats ou bate papo) ou em relação a temas de interesse, ao mesmo tempo que se torna um repositório de informações documentais acessíveis como um sistema de informação. Também no âmbito internacional as conferências eletrônicas ou lista de discussão, têm sido comparadas a uma biblioteca onde se vai buscar informação, ler e pensar; um seminário conferência ou salão onde há um debate informal de idéias com colegas. (Gresham, 1994). Este tipo de lista, que constitui um canal formal de comunicação informal é o objetivo maior desta pesquisa. No canal formal de comunicação informal entre os participantes de uma lista de discussão no ciberespaço, a transferência da informação se coloca como um processo de troca de mensagens; o espaço perde seus limites geográficos e possibilita a comunicação simultânea; o espaço torna-se mais dinâmico não estando restrito ao local de trabalho. Como HARNARD (1993:85) bem argumenta, as listas de discussão "prometem restabelecer a velocidade da comunicação acadêmica na razão da velocidade do pensamento", dessa maneira, as despesas com viagem e a limitação de tempo e espaço poderá ser vencida pela comunicação mediada por computador. LÉVY vai trabalhar o conceito de grupal, o aspecto coletivo do pensamento e das práticas do saber, desfocando o processo de geração de conhecimento de um sujeito transcendental, individual, psicológico. Nesta nova configuração inserem-se as fontes eletrônicas de informação, como as listas de discussão, verdadeiros "coletivos inteligentes ". 18

"A investigação sobre a natureza dos relacionamentos e links de uma área de conhecimento pode revelar formas sociais de construção do conhecimento. Um programa curricular será sempre a demonstração didática de construção e transmissão de áreas temáticas específicas. (...) Links são pois pistas ou rastros por onde flui a construção e transmissão do conhecimento. O desenvolvimento das novas tecnologias e da linguagem em hipertexto evidenciou a importância dos links como construtores sociais na organização do conhecimento" (Mostafa, idem) A mudança estrutural da pragmática comunicacional, ou seja, a comunicação engendrada pelos meios de massa cede lugar à comunicação interativa e o computador é o marco definitivo dessa modificação paradigmática da comunicação. Segundo SILVA (2000): As novas tecnologias interativas renovam a relação do usuário com a imagem, com o texto, com o conhecimento. (...) Na modalidade comunicacional massiva, (...) a mensagem é fechada uma vez que a recepção está separada da produção. O emissor é um contador de histórias que atrai o receptor de maneira mais ou menos sedutora e/ ou impositora para o seu universo mental, seu imaginário, sua récita. Quanto ao receptor, seu estatuto nessa interação limita-se à assimilação passiva ou inquieta, mas sempre como recepção separada da emissão. Na modalidade comunicativa interativa viabilizada pela tecnologia da informação, haverá uma mudança significativa na natureza da mensagem, no papel do emissor e do receptor, isto é, a mensagem não está fechada, cristalizada, ela é passível de se modificar conforme as solicitações daquele que a consulta, que a explora e a manipula como co-autor e co-criador. Essa nova relação entre o emissor e o receptor, propiciada pela emergência da interatividade, e na qual não existe mais passividade entre eles, vem definir uma nova maneira de adquirir o conhecimento, na qual o que predomina, segundo SILVA (2000) é: uma crescente autonomia de busca onde cada indivíduo faz por si mesmo ( Esta expressão é uma modulação do curioso imperativo punk que diz do-it-yourself (faça você mesmo). Trato desta 19

máxima como sendo uma orientação à livre significação, quando estão em ruínas as significações pré-determinadas. Pode-se dizer: na pós-modernidade vive-se à deriva das significações, uma vez que desmancham-se os grandes discursos (J-F. Lyotard) legitimadores de significações universais.) 20

Contexto da Lingüistica nas listas de discussão Aplicar a Análise do Discurso na tentativa de se entender os discursos das listas de discussão implica em esclarecer algumas posições adotadas pela Lingüística. Esta, segundo o lingüista francês MAINGUENEAU (1993), opõe de forma constante um núcleo que alguns consideram rígido a uma periferia cujos contornos instáveis estão em contato com as disciplinas vizinhas (Sociologia, Psicologia, História, Filosofia, etc). A primeira, a do núcleo rígido, se dedica ao estudo da língua no sentido estritamente formal e a segunda, a que está em contato com as disciplinas vizinhas, inscreve o sujeito em estratégias de interlocução, em meio a posições sociais ou em conjunturas históricas, fazendo com que a dualidade da linguagem seja definida na sua dimensão formal e ao mesmo tempo atravessada por embates subjetivos e sociais. SUBJETIVO NÚCLEO RÍGIDO E FORMAL DA LINGÜÍSTICA SOCIAL Figura 3 Linguística: Dualidade Formal e Subjetiva Assim, a análise de um determinado texto disseminado nas listas de discussão irá se configurar de acordo com referências que faz à Psicologia, à História, à 21

Lógica, à Filosofia e naturalmente uma diversificação simétrica em relação à Lingüistica. Nestas condições, MAINGUENEAU (1993) afirma: a Análise do Discurso é uma espécie de coringa para um conjunto indeterminado de quadros teóricos, fazendo a esta afirmação uma ressalva de que, se por um longo período, foi-lhe suficiente definir como o estudo lingüistico das condições de produção de enunciados, estes, agora, passam a ter de se enquadrar no que FOUCAULT chama de formações discursivas e definido como um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram uma época dada, e para uma área social, econômica, geográfica ou lingüistica, dada as condições de exercício da função enunciativa. Neste sentido, a discursividade define uma ordem própria, diversa da materialidade da língua e ao mesmo tempo se realizando nela, o que faz com que a Lingüistica, parte constitutiva da Análise do Discurso, seja um método, não exclusivo de se pensar como os processos discursivos sejam compreendidos com maior eficácia, considerando as questões que vão além da Lingüística, levantadas pela Análise de Discurso. Segundo o lingüista francês, PATRICK CHARAUDEAU (1984), citado por LYSARDO-DIAS (1998), todo ato de linguagem é sempre uma espécie de expedição e uma aventura. Expedição pelo seu caráter intencional e aventura por implicar em um certo número de estratégias. Felizmente, no momento atual, não existe uma única Análise do Discurso, um monobloco teórico fechado em si mesmo. Existem, sim, várias teorias, tanto da vertente anglo-saxônica quanto da européia, que fazem, na possibilidade das diferentes apropriações, a riqueza da Análise do Discurso enquanto disciplina. (MACHADO & LYSARDO-DIAS, 1998) 22

Retrospectiva histórica da Análise do Discurso Primeira fase da Análise do Discurso Na perspectiva teórica francesa, a Análise do Discurso adquire seu estatuto de disciplina no final dos anos 60, graças aos trabalhos de PÊCHEUX que estabeleceu um método de pesquisa que evoluiu por quase três décadas. Esta abordagem tem por finalidade articular o discurso à Lingüística e às proposições marxistas sobre ideologia, condicionando os documentos estudados às condições sócio-históricas vigentes em determinada sociedade. Em 1975, PÊCHEUX se faz valer do sintagma 2 e o conceito de Formações discursivas, criado por FOUCAULT, que em termos lingüísticos, significa o que pode e deve ser dito em uma dada conjuntura. (idem) Nessa fase, PÊCHEUX E FUCHS (1975) preconizam um quadro epistemológico 3 geral da AD que englobavam três regiões de conhecimento, segundo NAGAMINI BRANDÃO (1998): O materialismo histórico 4, como teoria das formações sociais e suas transformações; AD A Lingüística, como teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciação; A teoria do discurso, como a teoria da determinação histórica dos processos semânticos. Figura 4 Análise do Discurso 2 Sintagma é uma estrutura dentro da oração desempenhando uma determinada função, por exemplo, sujeito, predicado ou objeto. 3 Epistomológico é referente a epistemologia que é um estudo crítico dos princípios, hipótese e resultados das ciências já constituídas, e que visa determinar os fundamentos lógicos, o valor e o alcance objetivo delas; teoria da ciência. (AURÉLIO) 23

Neste percurso, a Semântica, parte da Lingüística, será, para MICHEL PÊCHEUX, o ponto nodal das contradições que atravessam e organizam a Lingüística sob a forma de tendências, direções de pesquisa, escolas lingüisticas, etc., e justamente neste ponto nodal, representado pelas contradições geradas pela Semântica que a Lingüística se alia à ciência das formações sociais ou o materialismo histórico, na sua perspectiva filosófica. (BRANDÃO, 1998) No que diz respeito à Lingüística como parte integrante do conhecimento da Análise do Discurso, PÊCHEUX, citado por NAGAMINI BRANDÃO (1998), identifica três tendências: O materialismo histórico Tendência formalista-logiscista AD A Lingüística; Tendência histórica A teoria do discurso; Linguística da fala 1. A tendência formalista-logicista, representada pela escola chomskiana 5, enquanto desenvolvimento crítico do estruturalismo lingüístico através das teorias gerativas. (...) 2.A tendência histórica, (...) conhecida como linguística histórica, desembocando hoje nas teorias da variação e da mudança lingüística geo, etno, sociolinguística.(...) 3. Uma terceira tendência constitui uma lingüística da fala (ou da enunciação, da performance, da mensagem, do texto, do discurso, etc.) em que o acento do primado lingüístico da comunicação faz reativar certas preocupações da retórica e da poética. Essa tendência desemboca numa lingüística do estilo como desvio, transgressão, etc, e numa lingüística do diálogo como jogo de afrontamento. Figura 5 Tendências da linguística 4 Materialismo Histórico coloca as relações sociais (modos de produção, exploração da força de trabalho, os circuitos do capital) no centro de seu sistema teórico. 5 A gramática gerativa de Chomsky interpretava a língua como atividade mental. 24