COLÉGIO ELEITORAL ESPECIAL COMISSÃO ELEITORAL OFÍCIO- Nº 005/2012 COMISSÃO ELEITORAL/UFAC Ao Senhor Eduardo Henrique de Almeida Aguiar Procurador da República Av. Epaminondas Jacome, nº 3017, Centro NC Rio Branco, 24 de agosto de 2012. Assunto: Ofício nº 44/2012-PR/AC/EHHA Senhor Procurador, Cumprimentando-o cordialmente, em atenção ao Ofício nº 44/2012-PR/AC/EHHA, informamos o que segue: 1. A Lei Complementar nº. 64/1990, alterada pela Lei Complementar nº. 135/2010 estabelece em seu art. 1º, inciso I, os casos de inelegibilidade apresentados nas suas alíneas. A alínea g impõe como inelegível, in verbis: Art. 1 - São inelegíveis: I (...)... g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010).
2. A mesma Lei estabelece em seu art. 2, que compete à Justiça Eleitoral conhecer e decidir as argüições de inelegibilidade, conforme pode se observar Art. 2º Compete à Justiça Eleitoral conhecer e decidir as argüições de inelegibilidade. Parágrafo único. A argüição de inelegibilidade será feita perante: I - o Tribunal Superior Eleitoral, quando se tratar de candidato a Presidente ou Vice-Presidente da República; II - os Tribunais Regionais Eleitorais, quando se tratar de candidato a Senador, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital; III - os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. 3. A mesma Lei Complementar em seu texto estabelece regras e os procedimentos para a declaração de inelegibilidade sempre vinculando às decisões aos juízes eleitorais, ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral, a depender de qual cargo o candidato concorrer. Ao dispor sobre os cargos faz a distinção entre a competência para a decisão de inelegibilidade entre os cargos do executivo, taxativamente, de Presidente da República, Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeito Municipal, bem como aos cargos de Vice-Presidente, Vice-Governador ou Vice-Prefeito, dos cargos do poder legislativo. A lei estabelece legitimidade para os partidos políticos, candidatos e coligações representarem em determinadas situações, bem como, estabelece como uma das conseqüências da declaração de inelegibilidade a negação do registro da candidatura ou sua suspensão, quando já deferida. Desta forma, podemos claramente observar que a aludida Lei Complementar trata da inelegibilidade para os candidatos às eleições de cargos políticos, vez que notadamente atribui tal competência para a Justiça Eleitoral. 4. Ressaltamos que o sistema federativo brasileiro se estrutura em três esferas de governo, a da União, a do Estado e do Distrito Federal e a do Município. Esses entes federados têm tríplice divisão de poderes de governo: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, menos o Município que se governa com o Poder Executivo e Poder 2
Legislativo. O Poder Legislativo da União é bicameral, com o Senado e a Câmara dos Deputados. No direito eleitoral brasileiro só os cargos do poderes legislativo e executivo são providos por eleição. Assim, São cargos eletivos, do Poder Executivo, os de Presidente e Vice-Presidente da República, os de Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e os de Prefeito e Vice-Prefeito, já no Poder Legislativo são cargos eletivos: na União, os de Senadores e os de Deputados Federais; nos Estados, os de Deputados Estaduais; no Distrito Federal, os de Deputados Distritais e nos Municípios, os de Vereadores. 5. A própria Constituição Federal, antes de serem estabelecidos quem são os inelegíveis, por meio da Lei Complementar, estabeleceu quem são os elegíveis, conforme art. 14, 3º, in verbis: Art. 14. (...) (...) 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz; d) dezoito anos para Vereador. Pode-se observar que a elegibilidade são para os cargos políticos, tais quais taxativamente descritos. 6. Ocorre que o cargo de Reitor não é um cargo eletivo, na sua concepção, mas compreende-se como um cargo comissionado de direção, sendo, portanto, um agente público e não um agente político. 7. Neste cenário, devemos observar que o art. 16, da Lei nº. 5.540/1968, com as alterações estabelece que o Reitor e Vice-Reitor de Universidade Federal serão nomeados e 3
não eleitos, pelo Presidente da República e escolhidos entre professores dos dois níveis mais elevados da carreira ou que possuam o título de doutor, cujos nomes figurem em listas tríplices organizadas pelo respectivo colegiado máximo, ou outro, colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim, sendo a votação uninominal. Desta forma, o Presidente da República é competente para nomear dentre os nomes constantes em lista tríplice o dirigente das Universidades. A lei não estabelece que haverá eleição direta, tampouco vincula o eleito à nomeação para o cargo de Reitor. O Decreto nº. 1.916/1996 estabelece em seu art. 1º, que o Reitor e Vice-Reitor de Universidade serão nomeados pelo Presidente da República, escolhidos dentre os indicados em listas tríplices elaboradas pelo colegiado máximo da instituição, ou por outro que o englobe, instituído especificamente para este fim. Assim sendo, pelo Decreto podemos claramente concluir que não se trata de eleição nos termos do significado da palavra, pois resta claro que o Presidente escolherá um nome para ser nomeado Reitor, dentre os indicados na lista tríplice e não eleito, ou seja, extrai-se daí a natureza jurídica da elaboração da lista tríplice, pois, repise-se, trata de indicação pelo colegiado máximo da instituição e não eleição. Neste cenário, não sendo eleição, a Lei Complementar não se estende ao cargo de Reitor e Vice-Reitor, pois não são cargos políticos, como se pode notar. Há de se observar, ainda, que a UFAC realiza uma consulta à comunidade universitária para analisar a preferência do todo. Entretanto, quem elaborará a lista tríplice a ser encaminhada ao Ministério da Educação para que o Presidente da República nomeie o novo Reitor e Vice-Reitor da Universidade será o Colégio Eleitoral Especial da UFAC, instituído especificamente para este fim. 8. Por isso, considerando tratar-se de mera consulta à comunidade universitária, o Colégio Eleitoral Especial decidiu que todos os docentes que se enquadrassem no perfil estabelecido pela legislação para exercer o cargo de Reitor e poder figurar na lista tríplice estariam aptos a apresentar seu nome para manifestação da comunidade universitária. Assim, a legislação estabeleceu que o professor integrante da Carreira de Magistério Superior, ocupantes dos cargos de Professor Titular ou de Professor Associado 4, ou que sejam portadores do título de doutor poderão compor a lista tríplice. Desta forma, todos os candidatos que se inscreveram para participar da consulta à comunidade acadêmica e que apresentaram a documentação solicitada, no ato da inscrição, quais sejam: programa de 4
trabalho, curriculum lattes, ficha de inscrição, declaração de aceite das regras, bem como o candidato que preenchesse o perfil estabelecido na legislação federal tiveram suas inscrições deferidas, vez que não há qualquer vedação legal para aqueles que tenham suas contas julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União, sejam impedidos de serem nomeados pelo Presidente da República dirigente de Universidade Federal, tampouco de figurarem nas listas tríplices a serem encaminhadas ao MEC. 9. Por fim, vale enfatizar que compete exclusivamente ao Presidente da República escolher dentre os três nomes encaminhados na lista tríplice, aquele que será nomeado Reitor, cabendo a ele, pelos critérios da conveniência e da oportunidade, decidir se nomeará ou não alguém cujas contas tenham sido consideradas irregulares pelo TCU, não cabendo esse papel à Comissão Eleitoral, vez que não há qualquer vedação legal. Sem mais para o momento, despedimo-nos renovando os votos de estima e apreço. Atenciosamente, Isla Maria Amorim de Souza Mansour Presidente da Comissão Eleitoral Resolução nº. 003/2012 5