POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA ALUNOS COM NECESSIDADES

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Transcrição:

POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE MANAUS. Elis Cristina Vieira Lima Universidade Federal do Amazonas Maria do Perpétuo Socorro Duarte Marques Universidade Federal do Amazonas Eixo Temático: Política Educacional Inclusiva CAPES Inclusão. Educação Inclusiva. Políticas de Inclusão 1. Introdução A partir da década de 1990 a Educação especial inclusiva passou a estar presente no cerne de discussões voltados para educação no país e no mundo, vários mecanismos internacionais e nacionais foram criados como resultados dessas discussões dentre eles destacamos a Declaração Mundial de Educação para Todos de 1990, onde resgata a Educação como direito fundamental a todos e advoga a mesma como um direito social que deve ser oferecido pelo setor público, sustentando assim o paradigma da educação Inclusiva (MENDES, 2010) e a Declaração de Salamanca de 1994, onde engendrou o princípio fundamental da escola inclusiva onde diz que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Tendo como norte esses dois documentos a gestão educacional do Brasil e no mundo passaram a orientar suas políticas educacionais atendo ao viés inclusivo. O Brasil já apresentava tais princípios na Constituição Federal de 1988, nos artigos 205, 206 e 208 e também nesse mesmo período (1990), a Constituição outorga autonomia aos estados e municípios concedendo-lhes plena responsabilidades de gerir a educação nos âmbitos público e privado em consonância com os normativos legais e políticos do país.

2. Objetivo Este trabalho possui o objetivo de descrever a organização legal e política da Educação Especial Inclusiva na rede pública municipal de Manaus. O mesmo é parte integrante do Projeto de Mestrado em Educação intitulado como Gestão escolar e educação especial na perspectiva da inclusão na rede municipal de Manaus no período de 2010 a 2015 pelo programa de pós-graduação em educação da Universidade Federal do Amazonas PPGE/UFAM. O mesmo se encontra em desenvolvimento em fase de coleta de dados. 3. Metodologia O estudo utilizará uma abordagem qualitativa de caráter exploratório descritivo, sendo desenvolvido por meio da pesquisa bibliográfica documental. Neste estudo, traremos os dados parciais da pesquisa documental onde se privilegiou a análise dos documentos legais das políticas públicas nacionais e locais disponível em acervo público, incluindo Decretos e Resoluções do Conselho Municipal de Manaus Resultados e discussões parciais A Educação especial na rede municipal de Manaus tem início a partir da década de 1990, resultante do art. 52 dos Atos Transitórios da Lei Orgânica do Município de Manaus dessa, mesma data, que previa a criação de classes especiais nas escolas. A educação Especial no município era norteada pelas Políticas de Integração (Política de Integração Institucional de 1994 e a Política de Integração Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência de 1999), onde eram fundamentadas no princípio de normalização, que pressupunha a ideia de que toda pessoa com deficiência teria o direito inalienável de experienciar um estilo ou padrão de vida que seria comum ou normal em sua cultura (MENDES, 2010. p. 15. grifo do autor). Até 1996, o município recebia orientações do Ministério da Educação e Cultura MEC, para gerir as questões educacionais voltadas para as pessoas com deficiência (SANTOS, 2011). Apenas em 1996, o município passou a ter um delineamento político educacional com a criação do Conselho Municipal de Educação por meio da Lei Municipal n. 377, ao qual criara esse órgão com o objetivo de nortear a política educacional do município (MATOS, 2013).

Em 2003, o Conselho publicou no Diário Oficial do município de Manaus a Resolução N. 05/CME/ 2003 que trazia os procedimentos e orientações que deveriam ser observados para a oferta da Educação Especial no Sistema de Ensino Municipal a partir daquele mesmo ano. Observa-se a partir desse documento que a Educação Especial no Município seria oferecida em escolas especiais, classes especial na escola regular e Salas de recursos pedagógicos, estas deveriam atender aos alunos integrados nas salas comum de ensino. De acordo com Glat e Pletsh, 2011 a educação especial no município se caracterizava como um sistema paralelo de ensino. No ano subsequente, fora criado em 2004 o Centro Municipal de Educação Especial. Este estabelecimento dispunha de uma equipe pedagógica multiprofissional que realiza o acompanhamento do aluno e assessoramento pedagógico das escolas. O mesmo veio a se constituir numa das principais referências de Educação Especial na cidade. A Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência de 2006 - ONU, assegurou para as pessoas com deficiência o direito a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades de ensino. Vários países do mundo modificaram seus sistemas de ensino para atenderem as exigências da Convenção. O Brasil se tornou signatário dessa conferência por meio do Decreto de nº. 186/2008 ao qual influenciou a elaboração da atual Política de Educação Especial e Inclusiva na Perspectiva da Inclusão. Como reflexo da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência de 2006, o Brasil cria seu primeiro Plano Nacional de Educação 2001 a 2010, onde também traz o enfoque inclusivo. Santos 2011, relata que no ano de 2006, houve uma tentativa de incluir os alunos das escolas e classes especiais em Manaus, na classe regular das escolas públicas, a mesma descreve esse fato como a implantação da inclusão escolar nas escolas municipais de Manaus, segundo ela, a maioria das escolas especiais foi sendo fechada e as crianças com 67 necessidades especiais que estavam matriculadas nessas escolas ou nas salas de recurso, foram transferidas para as salas de ensino comum (SANTOS, 2011. p. 66-67). Contudo, mesmo com a desativação das escolas e classes especiais nesse período, dados da Gerência de Educação Especial do Município de Manaus ano base 2015, mostram há um quantitativo de 25 classes especais atualmente nas escolas públicas do Município.

Em 2008, foi promulgada da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, todavia o município de Manaus em processo de implementação dessa Política, manteve a organização legal da escola pública pautada na Política de Integração. Em 2010, o Conselho Municipal de Educação aprova a Resolução de n. 06/CME/2010 que dá nova redação a Resolução n. 05/CME/ 1998 que regulamentava a implantação da Lei n. 9.394/96 no Sistema Municipal de Educação a partir de 1998. Esta nova Resolução, no art. 22 diz que a Educação Especial, modalidade da educação escolar, será oferecida preferencialmente, em classes comuns da Rede Regular de Ensino, para alunos com deficiência limitadora, no parágrafo 1 desse mesmo artigo versa que na impossibilidade de integração do aluno nas Classes Comuns do Ensino Regular, o seu atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados. Essa resolução deu margem ao entendimento de que, os alunos que não forem possível a sua inclusão na sala de aula, deve ser atendido em escola especial ou classes especiais. Tal entendimento contrapõe as princípios inclusionistas apregoado pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008. No subsequente em 2011, com a aprovação da Resolução n. 10/CME/2011 que instituía os procedimentos na Perspectiva da Educação Inclusiva no Sistema Municipal de Ensino de Manaus, que houve mudanças na normativa de Educação Especial no Município, pois está última, substituiu a Resolução n. 05/CME/ 2003. Essa nova Resolução, abre margem para o entendimento de que o ensino escolar público está pautado nos princípios da Inclusão e que as formas segregadoras de ensino estão sendo eliminadas. O art. 15, da mesma Resolução, sustenta o atendimento de alunos com deficiência na Escola Especial do município, mas em caráter transitório, todavia não define e nem esclarece o que vai determinar a entrada e o tempo de permanência desse aluno. Conclusões parciais Dessa forma, por meio desses dados parciais, percebemos que mesmo com a promulgação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, a educação das crianças com deficiência no município de Manaus, ainda está em fase de transição, pois se enquadra tanto nos padrões integracionistas quanto nos inclusionistas. Enquanto a isso, observamos que há uma necessidade iminente que a sociedade como um todo

esteja envolvido no processo de consolidação da inclusão e que as...políticas públicas possam garantir sua efetividade, que seja através de regulamentação de leis em diferentes setores ou por meio da promoção de ações cotidiano da sociedade (MARQUES, 2010. p. 27-28). Assim, compreendemos que a educação inclusiva no município ainda está em implementação, buscando a operacionalização das leis nacionais e mecanismo internacionais de regulação para educação, sua conclusão ainda depende de um esforço contínuo dos atores sociais que formam a escola como um todo permanecer na luta para que venhamos alcançar a uma escola para todos. Referências Livros MATOS, Maria Almerinda de Souza. Cidadania, diversidade e Educação Inclusiva: um diálogo entre a teoria e a prática na rede Municipal de Manaus. Manaus: EDUA, 2013. MENDES, Enicéia Gonçalves. Inclusão Marco Zero: começando pelas creches. São Paulo: Junqueira&Marin, 2010.. PLETSCH, Marcia Denise Pletsch. Inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. Rio de Janeiro: eduerj, 2011. Documentos Oficiais on line RESOLUÇÃO N. 06/ CME/ 2010. Dá nova redação à Resolução n. 05/CME/ 1998 que regulamentou a implantação da Lei n. 9.394/96 no Sistema Municipal de Educação a partir de 1998. Disponível em: http://dom.manaus.am.gov.br/. Acessado em 15 de dezembro de 2014. RESOLUÇÃO N. 011/CME/ 2011. Aprova o Regimento Geral das Unidades de Ensino da Rede Pública Municipal de Manaus. Disponível em: http://dom.manaus.am.gov.br/. Acessado em 25 de outubro de 2014. Dissertações MARQUES, Maria do Perpétuo Socorro Duarte. O acesso de pessoas com deficiência ao Sistema Público de Ensino de Manaus na percepção dos professores. 141 páginas. Tese de doutorado apresentada a Faculdade de Filosofia e Letras de Ribeirão Preto / USP. Área de concentração, psicologia: Manuscrito SANTOS, Luzia Mara. A política pública de educação do município de Manaus: o atendimento educacional especializado na organização escolar. Manaus: UFAM, 2011. Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas.