DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL Apelação Cível nº 2007.001.34761 Apelantes: (1) GILSON DIAS PEREIRA (2) HOTEL FAZENDA ACALANTO DO VILAREJO LTDA. Apelados: OS MESMOS e CONEXTUR WHOLESALERS TOUR OPERATOR LTDA. Relator: Des. Marilia de Castro Neves Vieira CIVIL E CONSUMIDOR. VIAGEM DE FÉRIAS. AGÊNCIA DE VIAGEM E HOTEL. DEFEITO NA PRESTAÇAO DO SERVIÇO. Transtornos e aborrecimentos causados em razão da má prestação de serviços da empresa de viagem que não teve o cuidado na contratação dos serviços prestados aos viajantes e do Hotel que recebeu a integralidade das diárias e cancelou as reservas. Defeito na prestação do serviço bem reconhecido. Reparações material e moral arbitradas em sede singular que se mostram adequadas a compor os danos sofridos. Reparação moral arbitrada em R$ 12.000,00 que atende ao princípio da proporcionalidade. Sentença que nesse sentido apontou, incensurável, improvimento aos recursos que pretendiam revertê-la. Unânime. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 2007.001.34761, da 4ª Vara Cível, da Regional de Jacarepaguá, em que são Apelantes (1) GILSON DIAS PEREIRA e (2) HOTEL FAZENDA ACALANTO DO VILAREJO LTDA. e Apelados os mesmos e CONEXTUR WHOLESALERSE TOUR OPERATOR LTDA. TJERJ 14ª Câmara Cível Ap. 34.761/07 p. 1
A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Décima Quarta Câmara Cível, do Tribunal de Justiça, do Estado do Rio de Janeiro, em improver os recursos. Decisões unânimes. Relatório nas fls. 217. A hipótese deve ser tratada à luz das regras do Código de Defesa do Consumidor sendo responsáveis todos aqueles que se inserem na cadeia de consumo. Vamos aos fatos: o autor adquiriu um pacote turístico para o carnaval de 2003 no Hotel Vilarejo, com reserva iniciando-se no dia 28/02/2003 (sexta-feira) mas só compareceu ao hotel no dia 02 de março e foi informado na recepção que as reservas estavam canceladas. Segundo afirmação do segundo réu o cancelamento deu-se porque a ocupação não se deu na data aprazada e não tendo o hóspede comparecido na data marcada, ficou a reserva liberada, ocorrendo o que se convencionou chamar no show. Não é bem assim, data venia. O cliente adquiriu o pacote para o carnaval, pagou integralmente o preço e tem direito à reserva dos quartos nesse período. Pouco importa que tenha comparecido dias depois o que conduz à perda das diárias pagas e não utilizadas mas tem direito à utilização dos dias faltantes. Daí que tanto a agência de viagem quanto o hotel são responsáveis solidários pela falha na prestação do serviço, por se inserirem na cadeia de consumo. Neste sentido colhe-se a jurisprudência desta Corte: 2003.001.20578 - APELACAO CIVEL TJERJ 14ª Câmara Cível Ap. 34.761/07 p. 2
DES. CLAUDIO DE MELLO TAVARES - Julgamento: 05/11/2003 - DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL EMPRESA DE TURISMO FATO DO SERVICO DANO MORAL INDENIZAÇÃO. AQUISIÇÃO DE PACOTE TURÍSTICO. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANOS MORAIS. ARBITRAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A inoperância das rés, que se mostraram despreparadas no exercício da atividade turística, causou danos morais aos autores, tendo o Juizo fixado o quantum indenizatório no valor de R$15.000,00 (quinze mil reais), enquanto que na exordial requereram valor não inferior a 200 (duzentos) salários mínimos para cada um dos dez autores. A indenização no valor que foi fixado, abrangendo todos os autores, no nosso entender, representa uma forma tímida de indenização, tendo em vista os problemas enfrentados, pois deixa fragilizado o aspecto punitivo / compensatório da indenização e sua correspondente natureza educativa e desestimulante da reincidência ilícita. Portanto, a verba indenizatória deve ser majorada, não no patamar pleiteado pelos autores, mas de forma razoável e proporcional, no valor de R$18.000,00.(dezoito mil reais) para cada autor, sem diferenciação, eis que não restou comprovado nos autos a situação fática da 2ª autora, com os acréscimos legais até a data do efetivo pagamento, na forma do decisum. Com relação a verba honorária arbitrada em 15% (quinze por cento), deve a mesma incidir sobre o valor da condenação (art.20, 3º, CPC) e não sobre o valor atribuído à causa. Recurso conhecido e provido parcialmente. 2006.001.41690 - APELACAO CIVEL DES. MALDONADO DE CARVALHO - Julgamento: 03/10/2006 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL DIREITO DO CONSUMIDOR. PACOTE TURÍSTICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS FORNECEDORES DE SERVIÇOS. DANOS MATERIAIS E MORAIS. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA. São responsáveis solidários todos aqueles que participaram, de maneira efetiva, da TJERJ 14ª Câmara Cível Ap. 34.761/07 p. 3
produção, circulação e distribuição dos produtos ou de prestação de serviços. Daí porque, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo (arts. 7º, parágrafo único, e 25, 1º, do CDC). Quando a expectativa da viagem se transforma em grande frustração diante da injustificável conduta do prestador dos serviços, a agência de viagens responde pelos danos que decorreram do mau serviço do hotel contratado por ela para a hospedagem durante o pacote de turismo. Não restando demonstrado a Incidência de qualquer uma das hipóteses previstas no art. 17 do CPC, infundado se mostra o pedido de condenação da autora-apelante na litigância de má-fé. PROVIMENTO DO RECURSO. Daí que foi bem composta a responsabilidade das rés em compor os danos materiais e morais, estes fixados em R$ 12.000,00 (doze mil reais), que se mostrou justo a reparar a lesão sofrida, diante do princípio da razoabilidade. Improsperam os pleitos recursais. P O R I S S O, a Turma Julgadora, sem discrepância, improvê os recursos. Rio de Janeiro, Marilia de Castro Neves Vieira Desembargador Relator TJERJ 14ª Câmara Cível Ap. 34.761/07 p. 4
DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL Apelação Cível nº 2007.001.34761 Apelantes: (1) GILSON DIAS PEREIRA (2) HOTEL FAZENDA ACALANTO DO VILAREJO LTDA. Apelados: OS MESMOS e CONEXTUR WHOLESALERS TOUR OPERATOR LTDA. Relator: Des. Marilia de Castro Neves Vieira R E L A T Ó R I O O autor contratou com a empresa segunda ré um pacote turístico para o feriado de Carnaval de 2003 com hospedagem no hotel primeiro réu, com entrada no dia 28/02/2003 (sexta-feira) e saída no dia 05 de março de 2.003, pagando a integralidade do preço. Alega que chegou no hotel somente no dia 02 de março, acompanhado de sua família e foi informado na recepção que não havia reserva no seu nome, retornando para sua residência, aduzindo que não recebeu a integralidade do valor pago sendo retida parte do pagamento por conta de despesas. Demanda a empresa de turismo e o hotel pela falha do serviço, perseguindo a devolução integral do preço pago e reparação moral no equivalente a 100 (cem) salários mínimos. A tese defensiva da agência de viagem é de que o autor e sua família deveriam ter se hospedado no dia 28 de fevereiro e só deram entrada no dia 02 de março ocorrendo o que se chama no show perdendo o hóspede direito à reserva que é transferida para terceiro. Já o hotel entende que ao devolver o valor das diárias estaria isento de qualquer responsabilidade no evento. Atraindo o CDC, por se cuidar de relação de consumo, e as provas colhidas, concluiu S.Exa. que houve falha do serviço das rés, visto que o autor pagou por todo o período e por isso sua reserva deveria ser observada tanto pela operadora de turismo como pelo hotel, não restando demonstrando houvesse ele pedido o cancelamento das reservas. TJERJ 14ª Câmara Cível Ap. 34.761/07 p. 5
Daí julgou procedente em parte o pedido e condenou a ré restituir o valor indevidamente retido a título de despesas, com juros e correção desde a propositura da ação, e na reparação moral que fixou em R$ 12.000,00 (doze mil reais), corrigida e com juros a partir da sentença. Imputou às vencidas a sucumbência e fixou a honorária em 10% (dez por cento) do total da condenação. Apelaram as partes: O autor querendo a majoração da verba de dano moral ao patamar pedido na inicial. O primeiro réu, Hotel Acalanto, repristinando a tese defensiva, garantindo que não pode ser responsabilizado pelo cancelamento da reserva feita pela agência de turismo. Perseguindo, de forma subsidiária, a redução do valor fixado a título de reparação moral. Os recursos são tempestivos, vieram corretamente preparados e foram contrariados. Este, o relatório. À d. revisão. Rio de Janeiro, 21 de novembro de 2.007 Marilia de Castro Neves Vieira Desembargador Relator TJERJ 14ª Câmara Cível Ap. 34.761/07 p. 6